ÚLTIMA
CARTADA
De
volta ao chão a poeira da batalha que travou e perdeu, e perdeu feio, na Câmara
dos Deputados, o governo dispõe de alguns caminhos para evitar que o Senado
decrete o impeachment da presidente Dilma. O primeiro é afastar o ex-presidente
Lula das negociações políticas, porque nesse particular se revelou desastrado,
sem tato, antecipando premiações antes de ser conferida a votação. Foi um mau
leiloeiro.
O
segundo caminho é queimar a bandeira do “golpe”, porque isso não existe com
70% dos votos da Câmara. Nem aqui nem em qualquer outra parte. Não colou
a pregação governista.
Terceiro
caminho é apressar e expor logo as bases desse pacto que ela propôs, mas ainda
sem detalhes. Isso talvez seja decisivo para a presidência, porque ao Senado,
ao contrário da Câmara, que é uma casa essencialmente política, compete
basicamente a unidade federativa. Essa ideia do pacto pode ser mais simpática
aos senadores. Os deputados nem falaram de pacto.
E,
ainda, o governo precisa superar lamúrias contra a Câmara, que, como se
adiantou, tem na sua base a representação político-partidária. Não adiantaria,
como não adiantou, querer limitar a visão dos deputados à interpretação
jurídica dos fatos, por mais que sejam sustentáveis.
Não
se ignora que são escassas as possibilidades de o governo ter êxito no Senado,
onde é desafiado a barrar uma maioria simples, pois as bancadas do PSDB, PMDB e
DEM são quase suficientes para acatar a proposta de impedimento. Mas, se vai
tentar essa última cartada, é preciso que reconsidere a linha de atuação que
vem adotando. E eliminar também as ameaças de “botar fogo” no Brasil através do
MST. Caberia sensibilizar o Senado para as bases de um amplo acordo nacional.
É
preciso, por fim, que a presidente explique, de viva voz, confirme ou desminta
a notícia já veiculada de que teria sondado lideranças militares para a
decretação do chamado “estado de defesa”, o que proporcionaria a ela a
suspensão da votação do impeachment no Congresso e o incômodo das hostilidades
públicas da oposição. Uma espécie de estado de sítio com maquiagem; dessas
maquiagens que usam veteranas senhoras, que escondem alguns sinais do tempo,
mas não as rugas das ditaduras.
OMISSÃO
Sejam
quais tenham sido as ideias e opiniões que se fizeram sobre a presidente
Dilma e seu governo; concordem ou não com alegações jurídicas ou
políticas para a decretação de seu impedimento; perdoem-se as pieguices de deputados
que justificaram o voto para o agrado das mamães e dos netinhos; relegue-se até
o fato de uma sessão histórica ser presidida por Eduardo Cunha. Para tudo
tem perdão ou explicação. Só não se pode perdoar é a abstenção de 7 deputados.
Como admitir que diante de uma questão de tamanha importância, quando se
discute o futuro do Brasil, o sujeito se abstenha, manifestando
indiferença, indefinição, um tanto faz como tanto fez. Para o omisso não
há salvação.
O QUE FAZER?
Num
ato de derradeira esperança, quando lhe escapavam as últimas bóias para
sobrenadar no naufrágio, o governo da presidente Dilma mostrou coragem
suficiente para mandar circular edição extra do Diário Oficial com centenas de
nomeações de deputados e seus indicados, resultado dos “acertos” para conter o
impeachment. Muitos estavam ali contemplados, mas votaram contra o governo. E
agora? O que fazer com os amigos que traíram? Outra edição extra para o nada
feito?
INAPTIDÃO
A
presidente tem direito de acreditar na capacidade das pessoas que a cercam,
sobretudo em tempo de grandes dificuldades. Mas há de convir que o
ex-presidente Lula goza de total incapacidade para articular votos no Congresso
Nacional. Fala muito e convence pouco.
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