quarta-feira, 4 de maio de 2016





A VEZ DO LEÃO


A se tomar por base o primeiro relatório da Receita sobre o volume das declarações de renda apresentadas na semana passada, quando expirou o prazo para o cumprimento dessa obrigação, o número de faltosos neste ano será significativo, sem considerar os que praticaram omissões e, portanto, ficam sujeitos à malha fina. Imposto todos têm de pagar, ainda que protestando o fato de não ser aplicado, não reverter à sociedade como devia ser. Educação, saúde, transportes em situação caótica, além da corrupção, explicam a cara feia do contribuinte.

Mas o poder é forte, é preciso pagar, mesmo com choro, como escreveu José Nêumanne Pinto em “A ceia da aranha” para lembrar aquela passagem mitológica da conversa de Júpiter com a ovelha: são injustos e odiosos, além disso contra a lei, os sucessivos sustos com que os lobos  afligem. É melhor, entretanto, que suportes com paciência os agravos. A questão é que o lobo é forte demais para não ter razão.

Sobre o Imposto de Renda é oportunamente citado o professor Miguel Reale. A  maior prova do estado catatônico em que mergulhou a sociedade brasileira é o próprio símbolo do Fisco Federal, o leão, o rei das feras, aquele que sempre reserva para si, sem a menor cerimônia, o mais suculento naco da injusta divisão.


Ainda Nêumanne, que dispensa apresentação: “O estado-devedor se dá o direito da inadimplência impune; o brasileiro é vítima da farra sodomita que o monstro estatal promove porque não precisa  pagar”.




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