A VEZ DO LEÃO
A se tomar por base o primeiro
relatório da Receita sobre o volume das declarações de renda apresentadas na
semana passada, quando expirou o prazo para o cumprimento dessa obrigação, o
número de faltosos neste ano será significativo, sem considerar os que
praticaram omissões e, portanto, ficam sujeitos à malha fina. Imposto todos têm
de pagar, ainda que protestando o fato de não ser aplicado, não reverter à
sociedade como devia ser. Educação, saúde, transportes em situação caótica,
além da corrupção, explicam a cara feia do contribuinte.
Mas o poder é forte, é preciso
pagar, mesmo com choro, como escreveu José Nêumanne Pinto em “A ceia da aranha”
para lembrar aquela passagem mitológica da conversa de Júpiter com a ovelha:
são injustos e odiosos, além disso contra a lei, os sucessivos sustos com que
os lobos afligem. É melhor, entretanto, que suportes com paciência os agravos.
A questão é que o lobo é forte demais para não ter razão.
Sobre o Imposto de Renda é
oportunamente citado o professor Miguel Reale. A maior prova do estado
catatônico em que mergulhou a sociedade brasileira é o próprio símbolo do Fisco
Federal, o leão, o rei das feras, aquele que sempre reserva para si, sem a
menor cerimônia, o mais suculento naco da injusta divisão.
Ainda Nêumanne, que dispensa
apresentação: “O estado-devedor se dá o direito da inadimplência impune; o
brasileiro é vítima da farra sodomita que o monstro estatal promove porque não
precisa pagar”.
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