APOSENTADORIA
Os
desgastes e protestos serão enormes, mas o governo Temer não terá como escapar
de medidas radicais em relação aos gastos gritantes, e se essas medidas começam
doendo em 4 mil ocupantes de cargos de confiança, que serão cortados, haverão
de doer também nos que estão correndo contra o tempo para atingir a
aposentadoria. A explicação é simples: com um déficit atual que chega perto de
R$ 180 bilhões, dentro de mais alguns meses os que já dispõem do benefício não
receberão, vão levar o calote. E os que esperam continuarão expulsos.
Está
decidido: o governo vai mandar o brasileiro trabalhar mais antes de ir para o
pijama. E nesse particular não há contestá-lo. Em 1935, quando Getúlio Vargas
criou as bases para a aposentadoria por tempo de serviço, a expectativa de vida
ficava em torno de 40 anos. Hoje vivemos em média 78. Há que haver um
ajustamento à realidade dos tempos.
Não
se sabe até que ponto vai a coragem do governo para atacar esse problema nas
suas bases. Por exemplo: não seria a hora de partirmos para estudar parcial
participação da previdência privada, dividindo o ônus com o velho e cansado
INSS?, mesmo tirando dele um rendimento substancial. Mas é certo que isso seria
mexer demais com a estrutura estatal que administra o setor. E a gestão de
Temer só começou e enfrenta muitos gritos.
Há
anos, escrevendo sobre esse desafio, o ministro Roberto Campo, ainda que muito
contestado, disse algo que vale a pena refletir. A compulsoriedade das
contribuições para o INSS é péssima para os pobres, pois os priva de decidirem
sobre o administrador a quem confiar suas poupanças. Seu dinheirinho vai para
uma vala comum exposto à predação das classes politicamente mobilizadas, que
caçam aposentadorias especiais e sempre são contempladas. Por falar nessas
ricas aposentadorias especiais: se for possível conter o apetite delas já
teremos dado um grande passo.
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