quinta-feira, 19 de maio de 2016







APOSENTADORIA 


Os desgastes e protestos serão enormes, mas o governo Temer não terá como escapar de medidas radicais em relação aos gastos gritantes, e se essas medidas começam doendo em 4 mil ocupantes de cargos de confiança, que serão cortados, haverão de doer também nos que estão correndo contra o tempo para atingir a aposentadoria. A explicação é simples: com um déficit atual que chega perto de R$ 180 bilhões, dentro de mais alguns meses os que já dispõem do benefício não receberão, vão levar o calote. E os que esperam continuarão expulsos.  

Está decidido: o governo vai mandar o brasileiro trabalhar mais antes de ir para o pijama. E nesse particular não há contestá-lo. Em 1935, quando Getúlio Vargas criou as bases para a aposentadoria por tempo de serviço, a expectativa de vida ficava em torno de 40 anos. Hoje vivemos em média 78. Há que haver um ajustamento à realidade dos tempos.

Não se sabe até que ponto vai a coragem do governo para atacar esse problema nas suas bases. Por exemplo: não seria a hora de partirmos para estudar parcial participação da previdência privada, dividindo o ônus com o velho e cansado INSS?, mesmo tirando dele um rendimento substancial. Mas é certo que isso seria mexer demais com a estrutura estatal que administra o setor. E a gestão de Temer só começou e enfrenta muitos gritos.   

Há anos, escrevendo sobre esse desafio, o ministro Roberto Campo, ainda que muito contestado, disse algo que vale a pena refletir. A compulsoriedade das contribuições para o INSS é péssima para os pobres, pois os priva de decidirem sobre o administrador a quem confiar suas poupanças. Seu dinheirinho vai para uma vala comum exposto à predação das classes politicamente mobilizadas, que caçam aposentadorias especiais e sempre são contempladas. Por falar nessas ricas aposentadorias especiais: se for possível conter o apetite delas já teremos dado um grande passo.  






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