quinta-feira, 18 de janeiro de 2018






Antigas lições

 

Quais as lições que se extraem do atual quadro da política brasileira? Seriam muitas, dada a vastidão dos problemas que  afloram. Uma  dentre elas é que continuam o Congresso Nacional e as cortes de Justiça – sobretudo estes -  mesmo atacando a avalancha da corrupção, negam-se a traçar o bisturi da competência no tumor onde a doença prospera nos gabinetes, ministérios e autarquias. Esse tumor, não há quem seja capaz de negar, é a própria estrutura político-jurídica que facilita o crime e só incomoda o criminoso se ele passar dos limites, como esse carioca Cabral, que descobriu fontes diversas do enriquecimento ilícito.

Se nada se fizer para mudar o terreno em que viceja o crime, depois de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e outros desse tipo, o caminho da maldade, a estrutura viciosa permitirá o aparecimento de novos delinquentes sucessores. É preciso combater com vigor a fonte da corrupção. Não será suficiente atacar os corruptos, porque se os veteranos vão para a cadeia surgem logo os novatos, estes possivelmente mais hábeis e ágeis, bons alunos dos que os antecederam, cuidando para não serem facilmente pilhados com a mão na massa. Serão os aproveitadores do estado corruptível, este impune e até agora intocado. E isso não é bom.

 2  -  Outra realidade que clama por uma varredura é a escravidão a que deputados e senadores conseguem submeter o Executivo, quando está em pauta a indicação de ministros, secretários e dirigentes de estatais e autarquias. O momento atual é ilustrativo. O presidente Temer está visivelmente amarrado em seu projeto de reformas, sobretudo a da Previdência, porque a sede e a gulodice dos congressistas exigem cargos e mais cargos, funções, benesses e atendimento a interesses pessoais em troca dos votos necessários em plenário. O que submete o Congresso à condição de balcão de negócios no atacado e varejo. Vende-se, compra-se, permuta-se.

Essa situação deprimente já seria suficiente para o presidente Temer dar um basta, entornar o caldo, expor o banditismo explícito que o escraviza, mesmo lembrando que, tendo sido três vezes presidente da Câmara, ele sabe que o jogo é esse mesmo, com suas sujeiras.  







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