terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Após a tempestade, a bonança

Depois da semana de calamidades que deixaram o estado às voltas com as chuvas e as cobranças, o tempo amanheceu melhor também para a política mineira. A começar pela chegada de um aval importante para o projeto presidencial de Aécio Neves: o ex-presidente Fernando Henrique passou a considerar que o PSDB tem no senador um candidato natural em 2014, principalmente se se confirmar a desistência de José Serra. A declaração pode não significar tudo, mas, pelo menos, é o reconhecimento, pela figura de maior expressão do partido, de que os tucanos têm obrigação de examinar uma alternativa fora de São Paulo.
Importante também nesta semana é a volta de uma opção de Minas para a reforma ministerial implementada pela presidente Dilma. O deputado Luiz Fernando Faria, que tem sua base eleitoral em Santos Dumont, surgi como uma solução para o PP continuar ocupando o Ministério das Cidades, principalmente agora, quando a presidente abre mão de uma indicação pessoal.
O deputado preside a Comissão de Minas e Energia da Câmara. Na última eleição foi votado em Juiz de Fora, com apoio do grupo político do prefeito Custódio Mattos.




Outra visão

Espera-se muito da nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, mineira de Caratinga, que tem a seu favor o conhecimento profundo da empresa, a maior do País. Entre o muito que se espera, longe da simples preocupação com o faturamento astronômico, é ela dar à gasolina brasileira condições de ser menos poluente. Por falta de tratamento adequado, nosso combustível figura entre os piores do mundo, com um teor de chumbo 50 vezes maior que o registrado em outros países.



Um candidato sem partido?

É sabido que, poucos dias antes de deixar o cenário político, e logo depois morrer, o senador Itamar Franco conseguiu sensibilizar os pares no sentido de que avaliassem seu polêmico projeto de adoção de candidaturas avulsas, isto é, o candidato em eleição proporcional poder se registrar como tal, independentemente de estar filiado a qualquer partido. Dizia o senador que muitos candidatos ficam reféns das legendas, às vezes nem conseguem se inscrever para disputar.
Em 1936 houve uma iniciativa nesse sentido, logo abortada, porque os partidos tradicionais viram logo que poderiam sofrer um processo de esvaziamento.
Os senadores conseguiram sensibilizar Itamar, reduzindo suas intenções à eleição dos vereadores, com a promessa de que, exitosa a experiência, ela se estenderia mais tarde aos deputados. A primeira tentativa seria na eleição de 2016.
Mas restou uma dúvida, e não há mais Itamar para dirimi-la. É que, ao se registrar na Justiça Eleitoral para disputar fora de um partido, o candidato teria de comprovar o apoiamento de 10% dos eleitores; no caso de Juiz de Fora, cerca de 30 mil. Se isso fosse possível, ele estaria pensando em ser prefeito, não vereador.


Décio Lopes e
João Loredo

Em um só dia, a cidade perdeu duas figuras ligadas aos meios de comunicação: Décio Lopes, que morreu no Hospital Militar, com problemas respiratórios, e João Loredo, aos 81 anos, que vinha de longo tratamento de diabetes.
Décio teve sua passagem pela imprensa através do Diário Mercantil, onde assinava coluna de cinema e crítica de artes. Publicou vários trabalhos sobre os Bracher, uma família de artistas. Desejou, sem êxito, produzir filme sobre a vida do sindicalista Clodesmidt Riani, tendo convidado um jornalista para elaborar o roteiro. Mas o que realmente marcou a vida de Décio, e a cidade lhe ficou devendo por isso, foi sua insistente e bem sucedida campanha para salvar e preservar o acervo de telejornais de João Carriço.

Loredo

Há mais de dez anos morando em Juiz de Fora, o carioca João Loredo atuou na TV Tiradentes e na TV Educativa, onde foi um dos integrantes do programa Mesa de Debates. Também publicou jornal semanal de variedades e um livro em que contou a história da televisão no Brasil.
Na TV Globo, onde trabalhou 15 anos, dirigiu vários programas, entre os quais o Fantástico, na sua fase inicial. Boni o definiu como um diretor que em uma das mãos tinha o chicote e uma rosa na outra. No ano passado, teve algumas participações no Zorra Total. Era irmão de outra figura conhecida nas telas, o humorista Zé Bonitinho.




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De memória

Acidentes ofídicos

Em 1968, haviam sido registrados na zona rural de Juiz de Fora nada menos de 417 acidentes ofídicos, com 60% de óbitos. Foi quando Ernâni Lara Mourão, funcionário aposentado do Banco do Brasil, com o estímulo do arcebispo, dom Geraldo Penido, criou um serviço de prevenção e socorro às vítimas, com base na soroterapia. Em pouco tempo, 44 postos estavam instalados na roças, com soro e instruções aos que eram picados pelas cobras. Se a vítima era analfabeta, não tendo como ler a orientação, aprendia em casa e nas paróquias como agir, segundo as cores dos frascos e os diferentes tipos de veneno. Nos postos, viam-se também os desenhos de gavião, siriema e sucura, que de forma alguma podem ser mortos, porque limpam os pastos das cobra venenosas.
Ernâni recebia soros em troca de cobras que enviava ao Instituto Butatã. Em 1974 já havia enviado a São Paulo 10.700 cobras.

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(( publicado também na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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