As expectativas dos políticos mineiros em relação à reforma do Secretariado deverão se manter até o fim do carnaval e a chegada da Quaresma, com a disposição do governador Antônio Anastasia de examinar melhor os nomes para a composição de sua assessoria. Nesse sentido, ele pediu aos secretários possíveis candidatos a prefeito que se abstenham de tomar decisões nos próximos dias.
A extensão da reforma no primeiro escalão mineiro fica dependendo, basicamente, dos secretários que têm de se desincompatibilizar para disputar a prefeitura em seus redutos eleitorais, e na acomodação dos partidos que compõem a base de apoio.
Em relação aos partidos não há defecções. Nenhum dele retirou apoio ao governador; pelo contrário, o problema de acomodação se acentua com a possibilidade de o PMDB passar a integrar a base parlamentar. Como se trata de um partido de peso, sua participação significa destinar a um peemedebista uma secretaria importante. Para os políticos que acompanham as articulações, o PMDB já deixou insinuado que pretende a Secretaria de Saúde, mas é pouco provável que o governador altere os rumos da politica sanitária implantada pelo médico Antônio Jorge.
Ainda em relação à participação do PMDB no primeiro escalão: não é conhecido, até este momento, o número de deputados que vão aderir ao Palácio da Liberdade. Se forem maioria, o partido poderá dispor de maior visibilidade no governo.
Minas tem de acordar sua bancada
Se Minas tem recebido tratamento secundário no governo federal, em alguns casos até humilhante, devemos isso, pelo menos em parte, a duas deficiências da bancada parlamentar que nos representa em Brasília: a falta de agressividade, no que contrasta com os nordestinos, e a dificuldade em superar questões partidárias para agir em bloco. Em relação à Câmara dos Deputados temos 53 cadeiras, mas a luta por questões de interesse geral do estado raramente provoca a união.
Surgiu agora uma oportunidade, talvez motivada pela humilhação a que Minas foi submetida pelo Ministério da Integração, que, por interesse político, destinou o dinheiro das chuvas a Pernambuco, exatamente onde elas são raríssimas. Os deputados mineiros se reuniram para propor ações conjuntas, a fim de que se apresse o socorro da União aos municípios atingidos pelos desastres. É preciso, porque neste janeiro estamos saindo com um prejuízo da ordem de R$ 1 bilhão.
Ontem, discutia-se sobre a escolha do parlamentar que terá a missão de liderar o grupo, que pode ser tanto o senador Clésio Andrade como o deputado Bonifácio Andrada, veterano na bancada mineira, onde se encontra há 27 anos.
Presidente desafiada de novo
São conhecidas as bravatas de ministros quando chega a hora de limpar as gavetas: “só saio morto”, “amo a presidente”, “daqui ninguém me tira”. O último desafio veio do líder da bancada do PMDB, Henrique Alves, que não admitia a saída de um protegido seu, Elias Fernandes Neto, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. “Só sai”, disse ele, “se as denúncias forem amplamente confirmada”. Pois nem chegaram a ser confirmadas e ele já saiu.
O deputado podia ter dito tudo isso, sem termos de desafio. Uma denúncia que pesa contra Elias é o favorecimento de seu filho, no Rio Grande do Norte, com verbas para facilitar sua eleição à Assembleia.
Havendo ou não fundamento nessa e em outras denúncias de irregularidades, a presidente Dilma bem que podia aproveitar a ocasião e mandar apurar o que efetivamente esse departamento tem feito para justificar sua existência. Há décadas ele consume verbas, e as secas continuam vitoriosas em quase todo o Nordeste.
Trabalhistas
O PTB mineiro não tem revelado grande disposição em relação a projetos de disputa das prefeituras com candidatos próprios, a não ser em municípios onde o partido consegue se manter independentemente de alianças ou tem nome em condições de vencer. Esses casos, segundo levantamento realizado pelo diretório estadual, não chegam a 10%, mas nem por isso a legenda deixa de ser atraente, por causa dos bons minutos de propaganda gratuita que a campanha eleitoral terá em rádio e televisão.
Juiz de Fora foi a primeira cidade de Minas em que o PTB se definiu: fará aliança com o PSDB.
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De Memória
O dia do ”Mergulhão”
Na manhã de 2 de junho de 1982 a cidade estava inaugurando a obra que a opinião geral indicava como a mais importante e mais urgente para Juiz de Fora: a passagem de nível inferior, logo batizada de ”mergulhão”, na Avenida Rio Branco. Naquela época, já por ali passavam diariamente 30.000 veículos, e quando vinha o trem era um transtorno. A obra, que custou 400 milhões, realizada pela empresa Concic, foi apontada pelo ministro dos Transportes, Eliseu Resende, como um modelo para todo o Brasil onde havia problemas de entroncamento. Mas, segundo ele, o projeto “não teria sido possível sem a participação decisiva do prefeito Mello Reis”. A solenidade foi marcada pelas autoridades chegando em um Ford 29, dirigido por Congo, veterano entre os taxistas, e também teve um caráter político, pois Eliseu era candidato a governador, e os votos para ele foram pedidos sem constrangimento.
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(( publicado também na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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