Na eleição do prefeito em 2008 alguns fatores contribuíram para empurrar a disputa a um clima de polarização, o que acabou sendo favorável aos candidatos do PSDB e do PT, levados ao desempate do segundo turno, que, como se sabe, mais que a guerra pelo voto e uma guerra contra o veto. Polarizada a disputa, ela foi útil tanto para Custódio Mattos como para Margarida Salomão, que passaram a contar com o apoio de forças que não teriam ao seu lado em situações diferentes.
Há quem perceba que fatos políticos, recentes ou cristalizados desde 2008, podem contribuir para a repetição daquele quadro, até porque em nada ficou alterada a disputa entre PT e PSDB na política nacional, e a tendência nos grandes centros eleitorais, como Juiz de Fora, é receber o impacto dos conflitos entre os dois principais partidos.
O primeiro esforço para dificultar a repetida polarização entre os dois candidatos caberá aos deputados Bruno Siqueira e Júlio Delgado, que são apontados como candidatos naturais do PMDB e do PSB. Há nos dois partidos a confiança em que, chegado outubro, os eleitores deverão se mostrar mais acessíveis à ideia da renovação, como contraponto à concentração de poder político que favoreceria à petista e ao tucano. O desafio dos deputados é sensibilizar seus partidos em torno de uma cruzada de tenha como proposta a renovação, pois ambos têm história recente muito ligada aos setores veteranos da política municipal, tendo o grupo do ex-prefeito Tarcísio Delgado como um exemplo principal.
Mas, seja qual for o êxito pela mudança de estilos ou prioridades na prefeitura, ela terá maior força de argumentação na eleição de 2016, porque estarão fora da disputa os tradicionais, por idade ou por desistência, a não ser que a professora Margarida se eleja agora e queira a reeleição. Já não estarão mais para disputar ou influenciar Tarcísio, Itamar, Mello Reis e Custódio, entre outros.
Um plano para atrair sindicatos
Iniciada em Juiz de Fora no segundo semestre do ano ano passado, o projeto do PSDB de levar para sua órbita de influência grandes sindicatos de representação dos trabalhadores desloca-se agora para Belo Horizonte, onde o propósito é ambicioso: os tucanos querem ganhar os sindicatos dos professores, dos eletricitários e os trabalhadores em serviços de água; o que, vale dizer, é pretender os trabalhadores de Cemig, da Copasa e da rede oficial de ensino.
Esse propósito vem encontrando resistências, principalmente junto ao PT, que controla ou tem influência sobre a maioria das organizações sindicais. O presidente do PSDB de Minas, Marcus Pestana, nega que a proposta seja estabelecer controles. “O que queremos não são sindicatos, mas sindicalistas”, explica.
Em Minas, algumas federações de trabalhadores estarão elegendo suas novas diretorias ainda neste primeiro trimestre. Os tucanos têm seus candidatos na disputa.
Quem começa?
Apesar de notícia em contrário, que circulou no fim de semana, a reforma do secretariado do governador deve começar mesmo pela Secretaria de Defesa Social, onde Lafayette Andrada vem realizando um trabalho que o governo reconhece, mas Anastasia precisa dele para liderar a bancada situacionista em ano eleitoral, geralmente delicado.
Essas e outras alterações no primeiro escalão mineiro devem ser anunciadas a partir da próxima semana.
Faixa própria
Corre pelos gabinetes políticos da capital que as bancadas evangélicas, estadual e federal, começam a examinar os nomes dos candidatos a prefeito das cidades mineiras, para a elaboração de uma lista com seus preferidos a serem levadas aos templos. Esse trabalho já foi realizado na eleição passada, onde os pastores cuidaram de indicar, além das candidaturas preferenciais, aquelas que deviam ser repudiadas pelos crentes.
Os líderes evangélicos geralmente são cotejados pelos candidatos, porque se mostram objetivos nos seus interesses. Apoiam ostensivamente, como também condenam e hostilizam os que consideram “filhos do demônio”.
As alianças
Em breve, certamente antes do fim do primeiro trimestre, será possível testar a capacidade de os dirigentes estaduais dos partidos que estão na base do governo estenderem ao interior o modelo de alianças que já começam a ser acertadas na capital. Como seria, por exemplo, em Juiz de Fora uma aliança, informal ou não, com o PSDB, PMDB e PSB? No caso local, admite-se que o PSDB aceite ajustes informais.
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De Memória
Um erro histórico
Em 1980 o presidente João Figueiredo veio para inaugurar o que era o grande sonho da cidade: a nova Juiz de Fora - Rio, substituta da velha União Indústria. Mas bastou a inauguração da placa “sobre o Rio Paraibuna”, na divisa de Minas com o Rio de Janeiro, para que se reacendesse uma discussão que já vinha de 1944. Um erro histórico: aquele não é o Paraibuna, mas o Rio Preto, no qual o rio que passa por Juiz de Fora desemboca dois quilômetros acima. Terminada a festa, a Fundação Educacional Rio Preto, apoiada pelo historiador Paulino de Oliveira, propôs ao governo, em 2 de março de 1981, que mudasse a placa, mas nunca chegou a ser atendida. O jornal traz hoje a foto do momento da inauguração, vendo-se, ao fundo, a placa polêmica.
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(( publicado também na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))
Wilson, talvez este blog não seja para isto, mas gostaria de deixar registrada a minha consternação com a morte de Décio Lopes, jornalista, crítico de cinema d'O Jornal no Rio no início da década de 70, grande difusor e mantenedor do pouco que havia nesta área na cidade, como os arquivos do Carriço, um dos primeiros documentaristas do país, dono de salas de exibição populares em JF dos anos 30 aos 50. Abçs. Gerrô Melo
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