Foi preciso que a região se visse mais uma vez assolada pelas chuvas para que o desleixo oficial nesse setor fosse conhecido em detalhes. Até então, não se sabia que o governo federal retém, há meses, verbas carimbadas para socorrer áreas de Minas que sempre estiveram sob risco na temporada das chuvas. No total, R$ 24 milhões devidos. Do pouquíssimo que foi liberado, apenas Ubá ficou com a metade dos R$ 2,2 milhões que lhe foram prometidos para cuidar de uma ponte e obras modestas.
Esse escândalo só teve a superá-lo a decisão do ministro Fernando Bezerra de deslocar as verbas para o Pernambuco, preparando sua campanha eleitoral num estado onde o problema mais agudo são as secas, diferentemente dos mineiros, ensopados dos pés à cabeça, com mortos, doenças, casas e cidades destruídas. Na verdade, há algo que horroriza ainda mais nesta temporada em que todo o governo passa férias em lugares seguros: é esse ministro permanecer no cargo.
O Congresso abre sua nova legislatura em 1º de fevereiro, para um período em que as previsões indicam baixa produtividade, com carnaval, copa do mundo e eleições à frente das prioridades. Mas a imagem de destruição que os deputados conheceram, de passagem, na Zona da Mata, é mais que suficiente para a cobrança das verbas e dos projetos destinados a prevenir esses desastres que se repetem em janeiro. Se fizerem isso já terão feito muito.
Para defender
os candidatos
A onda de dúvidas que despertou seu projeto, proibindo divulgação dos processos contra candidatos, durante a campanha eleitoral, não fez o deputado Bonifácio Andrada desistir dessa ideia. Ele retirou o projeto para, segundo explicou, torná-lo mais claro e compreensível.
Muitos não apostam no êxito da proposta, sob a alegação de que se tira do eleitor o direito de conhecer melhor o candidato. Mas Andrada também guarda um argumento que tem comprovação em eleições anteriores: há muitos casos em que a mera investigação sobre determinado concorrente é aproveitada pelos adversários para fulminá-lo.
Votar agora para
ganhar em 2014
O PT mineiro, consciente de suas forças atuais e futuras, está, por isso mesmo, dividido em duas correntes, quando se trata de avaliar projetos imediatos e a longo prazo. É o que se dá em Belo Horizonte, onde um grupo quer a candidatura própria na disputa da prefeitura, enquanto um segundo acena para o bom acordo que leve à reeleição do prefeito Márcio Lacerda, que é do PSB.
Quanto ao primeiro grupo, não há como condenar o esforço que vem empreendendo em nome da solução interna, porque um partido não deve perder cara e personalidade próprias. Deve disputar sempre O segundo grupo segue lições do PMDB, que tem preferido um bom acordo com o partido mais forte. Em Minas, na atual conjuntura, os aliancistas querem evitar disputas agora, na esperança de fazer disso um passo seguro para a candidatura do ministro Fernando Pimentel ao governo estadual em 2014.
Essa dúvida não vem perturbar apenas os petistas. Em outros partidos e muitos lugares haverá candidaturas lançadas como ensaio de encenação futura: se possível, ganhar agora, mas com as intenções guardadas para os dois anos seguintes.
Receita para a dignidade
O crescimento é o único meio de aliviar a pobreza das massas. O distributivismo, pela chamada via direta, não é alternativa sustentável. Perpetua a cultura da dependência e a pobreza das massas, diizia Diapak Lai, que gostava de pensar a realidade ocidental com base na filosofia oriental.
Agora, segundo consta, há quem recomende à presidente cobrar uma compensação dos que se beneficiam do Bolsa Família. Vale lembrar que em 2007, visitando a cidade, o então ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, garantiu que essa preocupação já era do governo, e, nesse sentido, passaria a investir mais em programa destinado a conferir dignidade pessoal aos beneficiários do Bolsa Família. Para se chegar a isso, o primeiro passo seria a qualificação profissional. Falava-se também na criação de empregos, quando ideal é que se falasse em empregabilidade.
Entretanto, qualquer que seja o caminho escolhido, importante e urgente é que o governo faça alguma coisa para combater certo conteúdo de ociosidade que o Bolsa Família não tem evitado, como consequência de suas boas intenções.
Um decálogo para
velhas desconfiança
Se a eleição é a forma de alguém manifestar confiança em determinado político, a campanha, não é de hoje, sempre traz dúvidas e desconfianças. Para isso há um decálogo fundamental, que vale a pena considerar:
1 - Numa época em que não havia pastor evangélico, o grande Homero já advertia: “Agamenon é o pastor do povo. Mas dá mesma forma como pede a Deus pelo rebanho, tosquia a lã e come a carne das ovelhas”.
2 - Von Bismarck dizia que “nunca se mente tanto antes da eleição, durante a guerra e depois da pescaria”.
3 - Para Mark Twain há três espécies de mentiras: “as ostensivas, as disfarçadas e as que se ouvem na campanha eleitoral”.
4 – De Bias Fortes, que conhecia como a palma da mão a política do interior Minas: “respeitar, sobretudo, o padre, que consegue os votos; o juiz, que proclama os eleitos; o soldado, que garante a posse”.
5 - Dizia Chales De Gaulle que “as promessas em campanhas eleitorais só comprometem quem as recebe” .
6 – Hubert Humphrey, senador norte-americano, advertia sobre eleições parlamentares: “É verdade que há vários idiotas no Congresso. Mas os idiotas constituem boa parte da população. Devem estar representados lá”.
7 – Mario Como, que foi governador de Nova York, ia direto ao assunto: “”Faz-se campanha com poesia; governa-se com prosa”.
8 – ''É mais fácil encontrar uma mulher resignada a envelhecer do que um político a se retirar de cena”, segundo o poeta Amado Nervo.
9 – No entendimento de Paul Valéry: “a política, depois de uma campanha eleitoral, é a arte de impedir que as pessoas se intrometam no que lhes diz respeito”.
10 - “Cada povo tem o governo que merece”, ensinou o filósofo francês Joseph De Maistre.
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Numa fase em que as bruxas andam ameaçando a saúde dos políticos, diga-se, de passagem, que elas foram mais suaves em relação ao ex-ministro Hélio Costa. Com um stent e a palavra tranquilizadora dos médicos, vai continuar em cogitação no PMDB para disputar a prefeitura da capital.
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Quando a questão é saber o peso da participação de Brasília na eleição do prefeito de Juiz de Fora, os petistas terão toda razão se avaliarem o seguinte: neste ano, só a prefeitura e a universidade realizarão obras federais importantes, sempre com recursos do governo. Em ambos os casos prestigiando o candidato do PSDB, não o PT.
(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))
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