quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PSDB ajuda a salvar o ministro Bezerra

Se o ministro da Integração, Fernando Bezerra, conseguir se safar do tiroteio a que está sendo submetido, por força de favorecimentos ao seu estado, Pernambuco, ficará devendo uma cota de obrigações ao PSDB. O partido do senador Aécio Neves e ele próprio têm revelado posições que consideram ser improdutivo o sacrifício do ministro, porque disso não resultariam proveitos para o País.
Mais ainda, contudo, Bezerra ficará devendo graças à coincidência de, no momento, os tucanos,de olho na sucessão presidencial de 2014, não terem interesse em digladiar, via ministro, com a figura mais influente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A tentativa de fazer os dois partidos chegarem juntos (ou não conflitantes) na disputa pela cadeira de Dilma também se explica em outro lance da política mineira: o PSDB abriu mão de ter um candidato à prefeitura de Belo Horizonte, para se associar ao projeto de reeleição do prefeito Márcio Lacerda, que pertence à legenda socialista.
Se o grupo político do senador Aécio Neves pretendesse estender essa convivência, com reflexos já na eleição majoritária deste ano, unindo PSB e PSDB, encontraria facilidade em vários municípios de expressão, menos Juiz de Fora, porque aqui tucanos e socialistas têm projetos próprios, sem condições de se fundirem.


Um recado objetivo dos
peemedebistas a Dilma

Para bom entendedor, um breve lampejo é sinal para que as coisas fiquem bem entendidas. Nesta semana, sem razão objetiva para tocar no assunto, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, disse que o partido não tem reivindicações a levar à presidente sobre cargos, mas insiste em que são pequenos os espaços que estão destinados aos peemedebistas. Bem traduzida para a experiência de Raupp, e conhecido o ânimo do partido para ocupar posições de destaque e poder, a declaração significa o seguinte: queremos mais cargos. Por ora, sem que sejam especificadas as áreas que mais interessam ao aliado, insinuações desse tipo podem deixar a presidente Dilma em dificuldade. Ela não tem como abrir mão do apoio do PMDB, não apenas por causa de sua presença expressiva no Congresso, mas principalmente por se tratar de uma bancada disciplinada: quando se trata de apoiar o governo, raros são os deputados e senadores que discrepam da conduta recomendada pela liderança.
Por outro lado, Dilma não tem como dar ao PMDB o mesmo que dá ao PT, que não é apenas um aliado do governo, mas o próprio partido do governo.



Alianças em teste

Já tomando espaço na agenda dos partidos, as alianças para a eleição de outubro passam por um teste importante em Minas neste final de semana. No domingo termina o prazo para que o diretório do PT em Belo Horizonte se posicione sobre promover ou não uma aliança com o PSB, o que define apoiar ou não a aliança para a reeleição do prefeito Márcio Lacerda.
Hoje, correm entre os membros do diretório listas que pedem apoio à candidatura própria ou adesão a Lacerda. Dos dois lados fala-se em vitória.
Essa disputa, à medida em que envolve dirigentes estaduais dos dois partidos, transcende a política da capital, à medida em que uma aliança PT - PSB pode estimular acordos desse tipo em outros municípios.


Ausência de veteranos

Com quase duas centenas de pré-candidatos a vereador que estão se apresentando aos diversos partidos, percebe-se que são raros os casos de antigos integrantes do Legislativo que manifestam disposição de tentar voltar. É a conclusão a que se chega, tomando-se por base a observação dos dirigentes. Os veteranos não se animam. Entre as exceções, uma está no PP, onde Luiz Sefair deverá figurar na lista dos candidatos. Ele foi vereador em duas legislaturas e deputado federal, quando ainda filiado ao PMDB.



Faltaram emendas

No balanço das emendas que foram propostas pelos 53 deputados que integram a bancada mineira, uma constatação. Eles não cuidaram de privilegiar recursos destinados a obras de contenção e prevenção contra chuvas, ao contrário do que se deu em outros estados.
Os parlamentares têm direito a propor, cada um deles, emendas que onerem o orçamento da União em até R$ 15 milhões, dinheiro que pode significar pouco, quando diluído, mas representa muito se concentrado em obras e serviços contra as chuvas.
Há casos interessantes, como a deputada Jô Morais, que destinou R$ 1milhão à base brasileira na Antártida. Mas a maioria dos deputados, preocupados com os dividendos eleitorais, prefere contemplar obras visíveis ou que prestigiam grupos isolados, como quadras esportivas.



Tempo de conversar

O presidente do PMN, Isauro Calais, definiu como precipitada a análise de um membro de seu partido sobre os planos de aliança para 2012, dos quais estaria excluída a possibilidade de um entendimento com o PSDB. Segundo ele, o PMN não vai se negar a dialogar com qualquer partido, e, em relação aos tucanos, afirma que algumas vezes já tem conversado sobre a campanha eleitoral com Rodrigo Mattos, que, além de vereador do PSDB, é filho do prefeito, que vai disputar a reeleição.
Sobre a eleição municipal, é conhecida a posição do PMN. Com pré-candidatura a prefeito já lançada, o projeto de disputar em linha própria não deve sofrer revisão antes de maio.


Internet influente

Neste ano, calcula-se que três vezes mais que se deu em anos anteriores, a campanha dos partidos e dos candidatos vai dedicar importância maior à internet para exporem seus programas e ideias. Toma-se por base o exemplo que veio da eleição da atual presidente: é sabido, segundo pesquisa do Ibope, que 12% dos eleitores orientaram seu voto com base em informações que extraíram dos sites, portais e páginas dos cronistas políticos. Foi um avanço significativo, porque dois anos antes, em 2008, apenas 2% do eleitorado se valeu dos computadores.
Com tão importante recursos disponível, o que os candidatos e seus partidos têm a fazer é pesquisar as formas mais adequadas para chegar aos internautas. Já ficou demonstrado que, mesmo com a ampla aceitação da internet, população que acessa não é facilmente levada pela conversa tradicional dos candidatos.



Certa vez, estava o presidente Charles De Gaulle refletindo sobre os problemas de uma França muito dividida, num mapa picotado de departamentos, quando concluiu que é impossível governar um país que tem 400 tipos de queijo. Nestes tempos de chuvas destruidoras, o governador Anastasia deve estar pensando sobre como administrar um estado com 853 municípios, dos quais metade totalmente vulnerável.

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(( publicado também na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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