quinta-feira, 17 de maio de 2012
Entre o mutismo e a palavra
O prefeito Custódio Mattos deve ter lido Baltasar Graciana, do século XVII, que aconselhava cautela ao falar, porque entendia que o falar só faz sentido se for para melhorar o silêncio. Tem falado muito pouco. Parece seguir os ensinamentos do filósofo. Ele, ao falar da política local, e quando fala, diz muito pouco, como também o deputado Marcus Pestana, que esteve na cidade para lançar a publicação de coletânea de seus textos. Limitou-se a ser ufanista em relação ao desejado sucesso eleitoral do PSDB, escondendo as desavenças internas. Os tucanos não querem mostrar sua estratégia eleitoral em busca da vitória. Mas seus adversários têm falado, e muito, até para mostrar dificuldades internas de composição política.
O PMDB anuncia que terá candidato próprio, o deputado Bruno Siqueira, contra a vontade de seu líder histórico, Tarcísio Delgado. E, para ser ainda mais eloquente, trouxe a Juiz de Fora seu presidente nacional, senador Valdir Raupp. No debate público, o ex-prefeito revelou em seu blog que não aceita ingerência de instâncias superiores do partido, pedindo respeito ao estatuto. E o partido não esconde que vai rachado para o pleito municipal.
A candidata do PT, Margarida Salomão, faz questão de dizer para todos que o partido dela caminha unido, mas também precisou trazer o presidente nacional do partido, deputado Rui Falcão, para dizer a ela que tem apoio da cúpula partidária e desmentir boatos de que estava partidariamente fragilizada. As diversas correntes do partido não escondem a filiação, no ano passado, do ex-vereador Juraci Scheffer, com a chancela da candidata. Sabem os petistas históricos que Juraci poderá subtrair a vaga de algum vereador no futuro legislativo municipal.
Entre os que falam mais e os que preferem o silêncio, a imprensa acompanha os fatos. E tenta compreender as estratégias eleitorais a partir do mutismo que alguns preferem e o entusiasmo verbal de outros. Mas todos atores importantes no processo eleitoral.
Convenções
Pesquisa realizada nos três últimos dias indicou que nenhum dos partidos diretamente interessados nas eleições deste ano tem data marcada para realizar convenção, embora saibam que, segundo a legislação eleitoral, os convencionais têm se estar reunidos em junho. O prefeito Custódio Mattos diz que também o PSDB está sem data, mas é provável que a convocação ocorra na última semana do próximo mês.
As feridas
A Comissão da Verdade, que a presidente Dilma acaba de empossar, com a missão de desvendar os abusos praticados pelas forças de opressão durante a ditadura, tem a seu favor a presença de nomes ilustres, mas é pouco provável que consiga denunciar culpados ao conhecimento da Nação. Essa comissão teria eficácia se fosse criada décadas atrás, porque, se os casos mais graves ocorreram há 44 anos, a maioria dos torturadores já morreu, e a localização de ossos dos mortos tornou-se mais difícil.
Engajamento
Em recente acontecimento social em casa de família libanesa, petistas manifestaram certeza de que a presidente Dilma (foto) oferecerá prestígio total aos candidatos do partido, e de forma alguma Juiz de Fora seria exceção. Numa expectativa ainda mais otimista, Lula estaria disposto a desembarcar aqui para dar força ao partido.
Mas há também quem desaconselhe essa participação, considerado o perfil do eleitorado local, que não aprecia interferências externas em eleição municipal. Em 2008 Lula gravou na TV mensagem de apoio à candidatura petista, e ela não teve êxito.
Muitas dúvidas
Em agosto do ano passado o comando estadual do PMN desembarcou em Juiz de Fora numa tentativa de sensibilizar o vereador Isauro Calais a se lançar candidato a prefeito, quando informou que o mesmo projeto se estenderia a meia centena de outros municípios de expressão eleitoral. Passados nove meses, o partido não sabe exatamente onde entrará na disputa. O projeto de Juiz de Fora está descartado.
Hoje, parece que a melhor chance do PMN está no deputado Duílio de Castro como candidato a prefeito de Sete Lagoas. Vencendo e se empossando em janeiro, ele abriria vaga para Isauro, seu primeiro suplente na Assembleia.
Pelo meio
Raros foram os capítulos da história política mineira que não se escreveram com a moderação do centrismo de seus governantes, sabedores de que não é possível governar nos extremos. O segredo do mineiro é o caminho do meio. Governar pelo centro e conter os excessos, como lembrou Mauro Santayana. Sabedoria, porque, como na alavanca, o apoio está no centro do arco.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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