quinta-feira, 21 de junho de 2012

Nas pegadas dos torturadores

Depois que se despertou o empenho em identificar os militares que em 1972 torturaram a guerrilheira Dilma Vana Rousseff, aqueles mesmos que não podiam supor que um dia ela seria a presidente da República, reacendeu o interesse pela pesquisa dos documentos da velha Auditoria de Guerra da Quarta Região Militar, onde eram julgados os presos políticos de Minas, Brasília e Goiás. Trabalhar em Juiz de Fora sobre aqueles papéis já não é mais possível, porque a unidade militar foi transferida para Belo Horizonte, e com ela todos os processos, dos quais a notícia que se tem é que todas as sentenças condenatórias terminaram reformadas em instância superior. Passado tanto tempo desde que foram praticadas as atrocidades, em unidades policiais e militares, está morta a maioria dos que torturavam e dos que sabiam quem torturava. Mortos também estão os advogados Dauto Vilela Eiras e José Cesário Moreira, frequentes defensores de “subversivos”, que denunciavam os maus tratos nas celas e nos intermináveis interrogatórios. Mas está vivo, em Belo Horizonte, Obregon Gonçalves, outro assíduo frequentador da tribuna de defesa daqueles presos. É provável que possa trazer luzes à pesquisa, como também os arquivos do Diário Mercantil e Diário da Tarde, que já não circulam, mas eram os dois jornais que faziam a cobertura diária dos julgamentos políticos. As coleções e os arquivos fotográficos foram doados à prefeitura. Em relação a Juiz de Fora sobrevivem, portanto, poucas fontes. Clodesmidt Riani foi muito mal tratado, como também o hoje ministro Fernando Pimentel, que tinha cela ao lado da de Lacerda, prefeito de Belo Horizonte. Padres dominicanos (quantos restarão vivos?) padeceram. Em contrapartida, sabia-se que o major José Félix, também falecido, intercedia contra a violência, quando parentes das vítimas lhe sopravam ao ouvido o que se passava nos quartéis e em Linhares, onde havia uma ala reservada aos presos políticos. Nessa onda de identificação dos torturadores, sem que se saiba se morreram ou se hoje são apenas senhores idosos, arrependidos ou não, há uma pista. Dois estão identificados como “Doutor Medeiros” e “Lara”. E nada mais do que isso. Mas em relação à presidente Dilma, que inspira a retomada da discussão sobre tortura e torturadores: ninguém melhor do que ela para orientar as investigações, pois foi quem passou pelos sofrimentos, alguns bestiais, segundo os que a conhecem de há muito. Por exemplo, indicativos sobre o quartel em que durante três meses esteve em Juiz de Fora, provavelmente o 10º RI, onde estavam presos Padre Lage e José de Castro Ferreira. Sem remexer os escuros da memória presidencial, ainda que isso também seja torturante, nada feito.
Governador em JF
O governador Antônio Anastasia foi convidado a estar em Juiz de Fora, na manhã do dia 30, no Fórum, para assistir à convenção do PSDB e seus aliados, quando será oficialmente lançada a candidatura do prefeito Custódio Mattos a um novo mandato. A possibilidade dessa visita é que teria levado alguns partidos que apoiam o prefeito a transferir suas convenções para o último dia autorizado peça lei eleitoral. Foi o caso do PDT, PR e DEM e possivelmente o PPS. Anastasia já havia dito que estará na cidade quantas vezes forem necessárias para participar da campanha. Segundo os tucanos, bem contados os partidos aliados a Custódio, são 13, podendo chegar a 15, com maior ou menor poder de voto, mas, no conjunto, ampliam sua importância pelo tempo de televisão que terão.
Em suspense
O comando nacional do PT fecha a semana com uma justificada preocupação: a insinuação do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares (foto), de que não está disposto a enfrenta sozinho as descargas elétricas que vêm aí com o julgamento do mensalão. Pode envolver mais gente influente. A explicação é a seguinte: parece que as alas mais poderosas do partidos simbolizam o imbrólio em José Dirceu, e por isso as preocupações de defesa se voltam para ele. E Delúbio vai enfrentar o tiroteio.
Mineirice
Do colunista Cláudio Humberto, ontem:
“Inimigos, Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek se encontram para articular a Frente Ampla, em oposição ao regime militar. Levaram horas conversando. A certa altura, Lacerda quis saber um velho segredo: - Como o sr. lembra o nome de todo mundo? Já tentei vários sistemas e nenhum funcionou. - Eu não lembro – revelou JK – Mas o sujeito não quer que você se lembre, quer pensar que você lembrou. Então, eu abraço a pessoa e pergunto baixinho: “Como é mesmo seu nome inteiro?” Aí, termino o abraço e digo bem alto: “Como vai, fulano?” E todos ficam satisfeitos.
Itamarista
Na lista de candidatos a vereador pelo PPS está Márcio Deotti, colaborador dedicado do senador Itamar Franco. Numa coincidência que foi do seu agrado, o número com que se identificará na tela da urna eletrônica é 23400. Recorda-se que 234 foi o número com que Itamar disputou e conquistou sua última cadeira no Senado. Há dias, irmão do senador falecido, o médico Augusto Franco veio a Juiz de Fora para desejar boa sorte a Deotti.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS))

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