Os presidentes do Senado e Câmara, se trabalharem juntos, podem ser um instrumento poderoso para os governadores fazerem chegar suas reivindicações à presidência da República, o que eles acabam de confirmar em reunião que promoveram em Brasília. Uma situação diferente da que se tinha nos tempos da Velha República: a força se concentrava nos governadores, que jamais a dividiam com deputados ou senadores.
Seja como for, Minas lá estava, representada por Antônio Anastasia, com uma pauta de propostas que, em alguns pontos coincidem com as aspirações de outros estados, como a necessidade de discutir o novo modelo de pagamento das dívidas que vêm acumulando com a União. Mas este parece ser o tema mais delicado, sem previsão sobre o tempo de espera por uma solução.
O governador Anastasia, certo de que o atendimento pelo governo federal vai demandar algum tempo, observa que é importante sensibilizar o interior do estado para a pauta de prioridades que está propondo, a começar da inclusão do estado no rateio dos recursos da Petrobras, com o evidente interesse pelas reservas do pré-sal. Discutem-se também a presença de Minas nas obras rodoviárias nos planos do PAC e os recursos técnicos e financeiros para prevenir desastres naturais. Vai viajar para explicar.
Se o governador precisa do apoio dos mineiros para ganhar força em Brasília, não menos importante é a participação da bancada dos 53 deputados, onde o coordenador, Reginaldo Lopes, garante que será construída uma unidade política em torno das propostas.
“Estrangeiro”
A vereador Neuzinha Santos, do PT de Belo Horizonte, não gostou de ver o deputado Marcus Pestana fazendo comentários sobre as alianças partidárias na capital, insinuando que ele tem formação política em Juiz de Fora, sendo, portanto, um “estrangeiro” nas questões locais. Um bairrismo fora de propósito, por duas razões: a primeira é que o deputado é presidente estadual de um partido; a segunda, o partido da vereadora também tem sido farto em comentários sobre a campanha eleitoral em Juiz de Fora.
A bem da verdade, a sucessão em Belo Horizonte, pela importância que assumiu, já se tornou uma questão de interesse para a política nacional.
Museu Itamar
O museu histórico do Senado passa a ter o nome do ex-presidente Itamar Franco, segundo proposta do presidente da Casa, José Sarney, imediatamente aprovada pela unanimidade dos consultados. Itamar, que morreu em julho do ano passado, esteve ali em três mandatos, dois dos quais antes de ser presidente da República e governador de Minas.
Sarney quer marcar a inauguração com solenidade, provavelmente quando se completar um ano da morte do ex-senador.
PDT na reforma
O PDT vai garantir seu espaço no primeiro escalão do governo de Minas. Decidiu-se que o deputado federal José da Silva será indicado para a secretaria de Agricultura e Agropecuária, que tem grande importância, pois atua numa área fundamental para a economia do estado.
O partido vai se recompondo em Minas, depois do desgaste que sofreu com as denúncias de irregularidades com grilagem praticadas pelo ex-secretário Manoel Costa.
Outra novidade é que o senador Zezé Perrella pode ser o novo presidente da executiva estadual.
Justiça integrada
Aos progressos que a tecnologia colocou à disposição da Justiça Eleitoral nem sempre correspondem os esforços para fazer com que seus órgãos funcionem sob espírito integrado, principalmente nas relações entre a capital e o interior. É o que levou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Brandão Teixeira, a chamar a Belo Horizonte, para uma reunião nesta manhã, juízes, promotores e funcionários de cartórios. Devem sair daí algumas sugestões para o aperfeiçoamento do serviço.
Mas a questão principal, que diz respeito a todos os estados, não apenas Minas, é a ausência de um quadro funcional próprio na Justiça Eleitoral. Num país que realiza pleitos de dois em dois anos, e responde pelo mais eficiente processo de votação do mundo, ela não pode continuar dependendo de eventuais empréstimos de servidores.
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De Memória
Escravos não somam
Em outubro de 1855, cinco anos após a Santo Antônio do Paraibuna começar a ganhar autonomia, não foi muito difícil promover o que se tornaria primeiro censo de Juiz de Fora. População tão pequena e tão concentrada pôde ser facilmente contada. Eram 27.122 habitantes, dos quais 11.717 brasileiros e 118 estrangeiros. Os escravos somavam 10.350, mas só citados como referência para controle de seus proprietários. Não figuravam como sendo da população, uma das muitas discriminações contra nossos negros.
(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))
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