Ao assumir a presidência do Tribunal Eleitoral, na tarde de quarta-feira, em Belo Horizonte, o desembargador Brandão Teixeira, ao fazer a profissão de fé na Justiça, deixou um recado, não para as autoridades que o ouviam, mas para o eleitor. A este é que cabe a primeira responsabilidade na aplicação da Lei da Ficha Limpa. Como? Eliminando, com o voto consciente e cuidadoso, os candidatos sabidamente maus caracteres e corruptos, bem como os que fazem da política instrumento a serviço de interesses próprios.
Quando chegar outubro, o eleitor, no entendimento do desembargador, não deve conferir ao voto apenas a manifestação de uma preferência, mas que aja como um instrumento de seleção; de depuração, quando se tratar de eliminar o candidato corrupto ou que tenha praticado irregularidade com o bem público.
O presidente do TRE não disse, mas está implícito: o voto, principalmente nas próximas eleições, antecedidas por amplas discussão sobre os objetivos da Lei da Ficha Limpa, deve ser um instrumento duplo, para indicar o candidato que o eleitor considera o melhor, e, ao mesmo tempo, banir quem não merece ser representante da sociedade.
Receita
eleitoral
O desembargador Kildare Carvalho, que acaba de deixar a presidência do Tribunal Regional Eleitoral, diz que “o modelo brasileiro de Justiça Eleitoral tem contribuído para a expansão da cidadania, a inclusão política e a agilidade da disputa eleitoral”, mas, ainda assim, adverte que ela não pode falhar diante dos desafios que a esperam neste século.
Essa Justiça setorial, que foi criada na década de 30, tem a missão de restringir a participação dos interesses políticos na administração do processo de votação. Eis um desafio, diz o desembargador.
Volume da
bancada
Na aritmética de que se valem para elaborar previsões sobre o número de vereadores que podem eleger, os partidos se revelam modestos. Nenhum deles se aventura na expectativa de uma grande bancada. Geralmente indicam duas cadeiras as suas expectativas para outubro. É o que também o Partido Trabalhista Brasileiro tem dito a Vanderlei Tomaz, que vai disputar levando um histórico de boas votações em anos passados.
Mas as chances maiores ou menores dependem das alianças.
As barbas
do vizinho
Não é vocação pelo catastrofismo, mas o governo federal devia, além do empenho do exército e das ações do governador Wagner, participar ativamente das negociações com os policiais grevistas da Bahia. Há o risco de movimentos reivindicatórios dessa gravidade se estenderem a outros estados, além de se ampliarem as dúvidas no Exterior sobre a real capacidade do Brasil de assumir eventos de expressão internacional, como a Copa do Mundo.
A crise baiana não deve ser tratada como um fato isolado.
O ônus de
um presente
O programa Minha Casa, Minha Vida tem importância, ao tentar reduzir o déficit habitacional para famílias de baixa renda, mas, a bem da verdade, não pode ser passado apenas como uma grande gentileza do governo federal. O que vem de Brasília é o financiamento pela Caixa, e a prefeitura fica com o ônus mais custoso: tem de doar os terrenos, realizar obras de infraestrutura e manter, para sempre, os serviços básicos.
Mas essa é uma realidade que o governo federal não informa.
Política vai
ser ensinada
O PSDB vai promover, em Juiz de Fora, entre março e junho, um curso para informação política, originalmente destinado a candidatos a vereador, mas aberto a outros interessados. Os projetos partidários, planos de marketing e legislação eleitoral estão entre os tópicos mais importantes.
Os tucanos pretendem disputar as eleições de outubro com um plano estratégico que será dirigido, diferentemente, em dois níveis, distribuídos para 50 e 10 municípios. Entendem que as diferenças entre eles recomendam tratamento partidário diferenciado.
PSL fica na
expectativa
Definido que o Supremo Tribunal Federal vai cuidar, agora em definitivo, da Lei da Ficha Limpa e sua aplicação já para as eleições deste ano, pesa para o PSL um detalhe que pode alterar seu projeto de lançar alberto bejani candidato a prefeito. Trata-se do impedimento de se candidatar o político que renunciou ao cargo que ocupava, para escapar da cassação. Foi o caso do ex-prefeito, que optou pela renúncia, no momento em que a Câmara já estava sob pressão pública para cassá-lo.
Era parte de uma fase abjeta da história desta cidade.
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De Memória
A vida das cores
Em uma entrevista histórica que gravou com o colunista César Romero, na antiga TV Tiradentes, em 25 de janeiro de 92, o célebre paisagista Burle Marx disse algo que depois seria citado pelo Brasil afora. Quando lhe foi pedida a definição da cor, Burle garantiu que ”não há uma cor mais bonita que a outra; elas nada mais são que a comparação de uma com a outra”. A frase foi a que “assinou” o final da reportagem da morte dele no telejornal da Band, dois anos depois. Aliás, no programa de César Romero, o paisagista também falava sobre a relação vida-morte:
_ O que vale no viver é a curiosidade. Se a gente perde o interesse pela busca, então melhor é morrer.
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(( Publicada amanhã no TER NOTÍCIAS ))
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