segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Lula na campanha depende dos médicos

O Partido dos Trabalhadores tem 50 cidades consideradas estratégicas para a campanha eleitoral deste ano, e pretende colocar na ponta do estrelado o ex-presidente Lula. Várias razões contribuem para isso, além da força pessoal que ele pode emprestar aos candidatos em centros políticos capazes de definir os rumos da sucessão presidencial em 2014. A avaliação, além de correta, tem a fortalecê-la a disposição da presidente Dilma de não ir aos palanques onde a aliança parlamentar do governo tiver mais de um candidato.
O projeto petista só está na dependência do sinal verde da equipe médica que orienta Lula em uma campanha preliminar, a luta contra o câncer. No carnaval ele recebeu recomendação para que desistisse de desfilar em escola de samba, porque isso o faria consumir mais forças do que pode. O movimento eleitoral, muitas vezes mais exigente, só terá sua participação se forem excelentes suas condições de recuperação, e hoje não é possível apostar nisso.
Além da meia centena de cidades consideradas estratégicas para o projeto do PT, vai se estabelecer que três estados – São Paulo, Minas e Rio de Janeiro – terão excepcional importância para a presença de Lula.


Serra amplia os
espaços de Aécio

A decisão de José Serra de disputar a prefeitura de São Paulo, o que ele próprio confirmou ontem, tem duas consequências imediatas. A primeira é afastar o PSD de Kassab da área de influência do PT; a segunda é que, ficando agora bem mais distante da disputa presidencial, ele amplia os espaços para o senador mineiro Aécio Neves se impor como candidato tucano à sucessão de Dilma, pois o partido só teria outro projeto consistente se fosse com Fernando Henrique. Desdobramento seguinte é que o PSDB passa a ter possibilidades mais amplas para acertar alianças, a começa pelo PSB.
Desde ontem, quando se anunciou que Serra disputará a prefeitura paulistana, setores tucanos que já esperavam pela decisão passaram a admitir a desnecessidade de prévia para a aferição de preferência por candidato a presidente.


Os que vão sair

Passado o carnaval, sem poderem esperar que passe também a Semana Santa, os partidos têm de examinar quais os casos em que seus candidatos terão de se desincompatibilizar, se estiverem ocupando cargos públicos ou de direção em empresas que prestam serviços ao governo. Não são poucos. Calcula-se que só na prefeitura cerca de vinte funcionários que vão disputar a vereança terão de estar licenciados. O prazo máximo para que tomem essa providência é 7 de abril, seis meses antes da eleição. Mas há entre pré-candidatos quem garanta que essa data é discutível.
Na questão da desincompatibilização a lei eleitoral é mais tolerante com quem vai disputar estando hoje em cargo executivo. Esses poderão permanecer até 7 de junho.



Sem corporativismo

A Justiça Eleitoral nada pode fazer contra as esquisitices com que alguns candidatos a vereador se registram. O objetivo é facilitar ao eleitor a identificação de sua preferência, ainda que pela via do ridículo. Mas os partidos podem exigir que seus candidatos se apresentem com nome. José Manuel Soares não pode ser apenas o “Zé da Padaria”, e que mostre, com o nome de registro civil, o que quer (se puder e souber ) fazer algo em benefício da coletividade.
Já aparecem algumas propagandas de cabeleireira, garçom e vidraceiro, que se arvoram candidatos com base em suas profissões, que são honrosas, mas por si só insuficientes para se atribuir a um de seus representantes a missão de legislar para toda uma população, não para a padaria ou a vidraçaria.
Outra questão, não menos pertinente, é que essas candidaturas acabam trazendo o ranço do corporativismo. Se a Câmara não pode ser um conselho orgânico de classes representadas, como pretenderam os integralistas,que os partidos cuidem logo de pedir ideias, não delegados profissionais.


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De Memória

Tancredo e Wandenkolk

Em junho de 1965 o tempo andava quente no MDB. O grupo que já havia lançado Wandenkolk Moreira à prefeitura fechou questão em torno da candidatura única, sem sublegenda. Mas foi o próprio Wandenkolk que, espírito aberto, entendendo que o momento era de união e soma das forças partidárias, cedeu ao apelo que lhe fizera Tancredo Neves, e a sublegenda foi dada ao engenheiro Itamar Franco, a quem não restava outro caminho. Disso resultou uma trama decisiva: os veteranos PSD e UDN, temendo (com razão), que, sendo prefeito, Wandenkolk criaria inevitavelmente uma nova liderança, derrubando os antigos chefes, acharam conveniente desviar suas forçar para Itamar, que venceu a eleição e acabou se tornando a liderança que se temia. A morte precisou apenas de oito meses para fechar as biografias de Itamar e Wandenkolk.


(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

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