EVOLUÇÃO DA
CRISE
A partir das
denúncias do senador Delcídio Amaral, dos graves embaraços do governo Dilma e
as pressões policiais sobre o ex-presidente Lula, a conclusão a que se chega, e
quanto a isto não resta dúvida, é que a crise política brasileira não tem mais
retorno. Atingiu um ponto em que terá de caminhar, porque a situação não admite
que se acomodem todas as peças envolvidas no grande e perigoso jogo. O
Ministério Público, o governo, o ex-presidente, a Polícia Federal, o juiz Moro
todos estão jogando sua honra e seu futuro nesse complicado emaranhado,
que não tem precedente na República e ainda não mostrou tudo que pode mostrar.
Então, em nome de todos e de tudo, é bola pra frente.
Temem alguns
que o clima possa evoluir para confrontos de rua, o que é desejável que não
aconteça, e que as discussões, por mais acaloradas que sejam, mantenham-se nos
limites da normalidade. Mas é certo que o temor pelo que pode vir a acontecer
não seria argumento preventivo para estancar a evolução dos acontecimentos,
porque, como se disse, chegaram ao estágio que não permite a volta, muito menos
a estagnação.
Demais, com
a decisão do Supremo de permitir a prisão de condenados em segunda instância,
ao lado do progressivo desinteresse da Justiça pelas delações premiadas (os
fatos de real interesse dela já se tornam escassos), o que se prevê é nova
corrida dos delatores a oferecer préstimos e salvar a própria pele. O que
significa um salve-se quem puder, atropelando os suspeitos que encontrarem pela
frente.
A presidente
Dilma, formalmente comprometida nos desabafos do líder de seu governo no
Senado, também atinge um ponto em que talvez devesse pensar numa licença de
seis meses, como forma de descompressão do momento político, como também para
preservar o que resta de estabilidade do governo. Nesse período as
investigações policiais estariam concluídas e o País asfixiado ganharia o
direito de respirar um pouco.
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