MOMENTO POLÍTICO
1
- Uma coisa que o alto comando do PMDB não pode negar é que a decisão de
desembarcar do governo Dilma coincide, num prazo não muito longo nem muito
curto, com o projeto de chegar ao poder, tomando-se os cuidados necessários
para que isso seja resultado não de conspiração mas dos próprios tropeços do
PT. As críticas feitas ao governo não escapam das vias legais, mas o sonho é
mesmo levar Temer a assumir a cadeira de Dilma, e a ela debitando todas as
culpas. Interessantes os cuidados que estão sendo mantidos, um deles é que na
reunião relâmpago que votou o desenlace providenciou-se para que a decisão se
fizesse por aclamação. Claro, o partido quis preserva a impessoalidade da
votação. Em um plenário onde se aclama, a decisão não tem rosto. Ninguém tem de
enfrentar constrangimentos nem ser cobrado, se a coisa acabar não dando certo e
se dona Dilma se recompuser, mesmo que hoje isso pareça impossível.
A
aclamação não foi um gesto de unanimidade, mas de impessoalidade, o que também
pode ajudar o partido a escamotear o fato de diretórios de cinco estados não
terem comparecido. Dispensada a contagem dos votos substituídos pelas palmas
evitou-se também a obrigação de expor setores contrários ao desembarque, estes
em monumental minoria.
Se
obtiver êxito o plano de substituir dona Dilma, o PMDB terá de exercitar a arte
de enfrentar os desgastes do poder, porque há tempos que usufrui os benefícios
decorrentes de uma maioria no Congresso sem ter de batalhar muito. O partido
gostou do papel de amigo do rei, sem os aborrecimentos do reinado. Eis a
novidade que pode ocorrer.
2
– Sobre as imensas dificuldades do governo, vale citar a situação de
constrangimento da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Ela decidiu enfrentar
seu partido, o PMDB, diz que não cumpre a ordem de entregar o cargo, e não se
desfilia. Mas corre o risco de sair à força, poque todos os órgãos de
representação da agricultura e pecuária do País apóiam o impeachment da
presidente Dilma. Kátia não tem com quem conversar no ministério. Ao seu redor,
todos contra.
3
– O deputado tucano Marcus Pestana não mais alimenta dúvidas quanto ao próximo
fim do governo Dilma. Ontem ele arriscou um placar para a Comissão Processante
do impeachment: 40 a favor e 25 contra. Com isso, a proposta seguiria para o
plenário, onde o deputado acha que a matéria contará com 342 votos necessários
para subir ao Senado.
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