sexta-feira, 4 de março de 2016




HORA DE EMBARAÇOS



O episódio Delcídio não teria subido a tamanha repercussão se as denúncias tivessem surgido sob a capa da oposição. O problema é que elas vieram à cena pela voz de alguém que foi líder desse mesmo governo acusado, o que confere ao senador, até prova em contrário, a credibilidade de quem viveu a intimidade palaciana. Ora, como dizer que nesse caso Delcídio tornou-se um desqualificado? Um inimigo que passeia com a presidente pelos jardins do Planalto?  

O governo está mergulhado em grande embaraço, levando ao colo uma bomba de alto poder explosivo.

Nesta hora sombria e de fantasmas voando o que cabe indagar primeiramente é onde estão os amigos, os velhos e habituais comensais do poder?  Quem vai jogar tudo em defesa de dona Dilma?

Entre os velhos amigos, pergunta-se, por exemplo, onde está o senador José Sarney? Figura presencial e indispensável nos momentos mais críticos dos últimos 60 anos, agora parece disposto a não se envolver. Até para ele o clima recomenda distância.

A partir da nova roupagem de Delcídio, até há pouco líder de um governo onde diz que acabou vendo muita bandidagem; a partir das pressões policiais sobre Lula a conclusão real a que se pode chegar é que a crise política já não tem mais retorno. Não pode voltar, apenas prosseguir. Vai se agravar? Mas não há outro jeito, pagando-se o preço que o País tiver que pagar.

A presidente Dilma, agora formalmente acusada, deve estar estudando uma saída honrosa, que vai além de discursos e reuniões ministeriais. Há quem sugira uma licença de seis meses pretextando autoconfiança e liberdade nas investigações policiais, estas sob a suspeita de que se realizaram sem os devidos cuidados para não transformar Lula em vítima.







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