HORA DE EMBARAÇOS
O episódio
Delcídio não teria subido a tamanha repercussão se as denúncias tivessem
surgido sob a capa da oposição. O problema é que elas vieram à cena pela voz de
alguém que foi líder desse mesmo governo acusado, o que confere ao senador, até
prova em contrário, a credibilidade de quem viveu a intimidade palaciana. Ora,
como dizer que nesse caso Delcídio tornou-se um desqualificado? Um inimigo que
passeia com a presidente pelos jardins do Planalto?
O governo
está mergulhado em grande embaraço, levando ao colo uma bomba de alto poder
explosivo.
Nesta hora
sombria e de fantasmas voando o que cabe indagar primeiramente é onde estão os
amigos, os velhos e habituais comensais do poder? Quem vai jogar tudo em
defesa de dona Dilma?
Entre os
velhos amigos, pergunta-se, por exemplo, onde está o senador José Sarney?
Figura presencial e indispensável nos momentos mais críticos dos últimos 60
anos, agora parece disposto a não se envolver. Até para ele o clima recomenda
distância.
A partir da
nova roupagem de Delcídio, até há pouco líder de um governo onde diz que acabou
vendo muita bandidagem; a partir das pressões policiais sobre Lula a conclusão
real a que se pode chegar é que a crise política já não tem mais retorno. Não
pode voltar, apenas prosseguir. Vai se agravar? Mas não há outro jeito,
pagando-se o preço que o País tiver que pagar.
A presidente
Dilma, agora formalmente acusada, deve estar estudando uma saída honrosa, que
vai além de discursos e reuniões ministeriais. Há quem sugira uma licença de
seis meses pretextando autoconfiança e liberdade nas investigações policiais,
estas sob a suspeita de que se realizaram sem os devidos cuidados para não
transformar Lula em vítima.
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