PARLAMENTARISMO
Caminho
ideal e adequado para abrir ao País um caminho que o leve ao futuro desejável,
o parlamentarismo, afora pronunciamentos de estudos isolados dos bem intencionados,
só é lembrado nas horas mais inconvenientes ou aflitas, como remédio caseiro
para graves enfermidades. Em 1961, por exemplo. Lembrado também em outras
ocasiões, logo esquecido quando as circunstâncias mostram que a fórmula
medicamentosa não serve. O parlamentarismo não é analgésico para as tão
frequentes dores de cabeça da nossa política, como se vê hoje. É remédio que
muitos países ministraram, exitosos, mas para longas e profundas enfermidades,
como deixou sobejamente demonstrado o maior entre seus defensores no Brasil, o
velho Raul Pila.
Pois agora,
sem direito de dizer que ignora a recente História política brasileira, o
senador Renan Calheiros, presidente do Congresso, propõe mágica emergencial,
querendo arrancar um pedaço do falido presidencialismo para costurá-lo num
parlamentarismo de laboratório, certamente procurando se impor como salvador do
mandato de dona Dilma e do ex-presidente Lula, e desse estranho conluio ganhar
prestígio suficiente para salvar a própria pele.
Os
verdadeiros parlamentaristas têm obrigação de repudiar essa mágica, que serve
para travestir más intenções. Entre avançar de muletas, aleijado, imperfeito, e
continuar sendo um sonho, melhor é o regime de Gabinete permanecer guardado
para o futuro, no dia em que as consciências e o verdadeiro patriotismo se
aperfeiçoarem, sem a chancela de patronos como Renan e outros que tais.
Isso mesmo, chefe. Que bom poder ler seus artigos aqui. Abracos! Ana Goulart
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