segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Lições de outubro 


As eleições deste outubro, tanto a majoritária como a proporcional, mostram-se fartas em advertências para os partidos e as pretensas lideranças municipais; essas lideranças que descuidaram de promover debates, estudos e seminários sobre o momento político que estamos vivendo. No que dependeu dessa gente, faltou ânimo suficiente para animar a eleição. Uma ressalva: a militância do PT, mesmo sem o volume das ações que revelou em campanhas passadas e com velhas manchas de cisões internas, foi para as ruas na missão difícil de enfrentar o bombardeio que se praticou contra a presidente Dilma; ela, apenas ela, no momento em que teve de assumir e incorporar os desgastes do petismo. Sobre os outros partidos de maior expressão, salta, em primeiro lugar, a olhos vistos, a implicância que domina os grupos que compõem o PSDB. Quase uma tradição, que tem como resultado flagrante a resistência dos dirigentes locais à candidatura do deputado Marcus Pestana, a despeito de ser presidente estadual do partido. Os grupos, onde geralmente se contrapõem Pestana e o ex-prefeito Cuistódio Mattos, vão se alternando na linha das antipatias recíprocas. Fica sem resposta a pergunta ao diretório municipal: o que se fez em Juiz de Fora, partidariamente, o PSDB pelas candidaturas de Aécio Neves e Pimenta da Veiga? (Outra ressalva: a atuação do PPS, inspirado pelo deputado eleito Antônio Jorge, que procurou ocupar espaços que os tucanos deixaram em aberto). Quanto ao PMDB, não diferentemente,permaneceu a impossibilidade de suas alas conviverem em torno de projetos comuns. Não foi unânime o acatamento da proposta do prefeito Bruno Siqueira de apoio às candidaturas de Isauro Calais à Assembleia e Pestana à Câmara, como também dividiram-se as simpatias entre outros candidatos, sendo ou não de Juiz de Fora. Foi o caso do prestigiado vereador Antônio Aguiar, cuja foto apareceu nos posters de Rodrigo Pacheco, que o eleitorado local não conhecia. Uma lição a extrair, portanto, neste outubro de muito calor e campanhas mornas, é a necessidade de os partidos trabalharem pela unidade, primeiro passo para se fortalecerem, antes de pensar em candidaturas.


 Em decorrência 


 Se faltassem outras razões para estimular os partidos a uma urgente autocrítica, ainda com base nas lições que lhes deixa este outubro, ficam os números, pródigos em lições e advertências sobre a marcha batida em que vai para o abismo nossa representação política. Basta um exemplo, e para tanto ligeiro esforço de memória: há dez anos, as candidaturas de Sebastião Helvécio, Biel, alberto bejani e João César Novais somaram em Juiz de Fora cerca de 240 mil votos. Pois, no dia 5 passado, mesmo com um colégio eleitoral muito maior, a soma dos votos dos nossos candidatos não logrou ultrapassar a casa dos 198 mil. Isto significa, antes de mais nada, que estamos num perigoso processe de regressão política, o que se confirmaria naquele domingo, com um escândalo cívico: 45% dos nossos eleitores anularam o voto, votaram em branco ou optaram pela abstenção.

 (Este blog esteve desativado durante algumas semanas, por razões diversas. Volta agora, agradecendo a atenção e o acolhimento que sempre mereceu de seus frequentadores)

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