sexta-feira, 30 de setembro de 2016






Debate. Que debate?


Esgotou-se em si mesmo o modelo que as emissoras de televisão criaram para confrontar candidatos a prefeito, ainda que se deva exaltar a boa intenção da iniciativa, isto é, a intenção de contribuir para que o eleitor tenha mais segurança no voto que vai dar. Esgotou-se o modelo porque não há propriamente um debate, mas a transformação dos candidatos em meros entrevistadores, papel que desempenham sem descuidar do interesse da pergunta. Dirigem-se a quem convém perguntar e que as respostas sejam favoráveis aos planos do inquisidor. Levantam-se as bolas de acordo com a altura da rede.  

Não foi diferente na noite de quinta-feira na TV Integração. Durante quase todo o curso do programa os candidatos pareceram satisfeitos ou recompensados com o papel que cumpriram durante a campanha. Em determinados momentos deixavam escapar certo tédio. Como se chegassem ao fim de uma corrida, sem maiores esforços, ávidos pelo merecido descanso depois dessa jornada dietética, insípida e sem trancos.

Nesse e em outros desses chamados debates o jornalista fica reduzido a um cronometrista rigoroso, como se a ditadura dos segundos fosse mais importante que as ideias expostas. A fala do candidato é fuzilada pelo ponteiro do relógio que o mantém sob a permanente mira da intolerância.

Como não há jornalismo, a condução dos negócios está condenada ao sabor das conveniências da campanha, em Juiz de Fora dividida entre os cinco principais candidatos. No caso dos dois que lideram as pesquisas, o prefeito Bruno e a deputada Margarida Salomão, explodia na tela a intenção de manter as coisas como estão, porque desse jeito está ótimo. Estão ambos satisfeitos por galgarem o segundo turno. Momentos houve até em que um parecia eleitor do outro, com recíprocos gestos de admiração. Como em certos embates de floretes na corte de Luiz XV, melhor é oferecer o lenço rendado, sem sangue.

De forma que, ontem, a TV acabou mostrando apenas uma disputa pelo terceiro lugar. Medalha de bronze numa olimpíada eleitoral jejuna de grandes saltos e sem ambição por recordes.

Um detalhe que também serve para questionar esse modelo de debate: os candidatos aproveitavam a réplica a que tinham direito não para esclarecer detalhes de uma pergunta incômoda; aproveitavam-na, contudo, para falar sobre o que fizeram ou pretendem fazer. Raras explicações objetivas. Nas escassas contestações iam, quando muito, na insinuação de discutível qualidade dos serviços prestados pelo adversário.

 Outro detalhe, este de espantar. Sendo de partidos tão diferentes, estando o País mergulhado na maior de suas crises políticas, não se ouviu uma única pergunta a respeito. Sendo do PT, partido do centro da crise, e cuja bandeira levanta em Juiz de Fora, a  deputada Margarida não foi provocada. Nesse particular seus quatro adversários mantiveram-se como fidalgos cavaleiros incapazes de serem desagradáveis a uma dama.

Por fim. As emissoras que destinam à campanha eleitoral seus horários nobres continuam ignorando a importância dos candidatos a vice. O eleitorado precisa conhecer melhor o substituto eventual e às vezes definitivo do titular o cargo. Chegamos ao dia da eleição sem sabermos uma palavra sobre aqueles que acompanham na chapa os candidatos a prefeito. Tanto quanto os titulares, eles precisam estar informados e preparados para o imprevisto. Ontem ninguém se interessou em saber, para efeito de comparação, sobre os adversários de seus companheiros de chapa.


Seria conveniente lembrar que metade de nossa história republicana foi escrita pelo vice.  





terça-feira, 27 de setembro de 2016





EM TEMPO  



Matéria nas últimas horas publicada aqui sobre a expectativa de votação para os candidatos a vereador pertence ao blog “Bastidores da Política JF”. Por descuido na digitação, a transcrição omitiu a autoria, pelo que pedimos desculpas aos autores e aos leitores. 











Cadeiras em disputa


A disputa por uma cadeira na Câmara dos Vereadores, na próxima legislatura, está chegando à reta final. No domingo cerca de 400 candidatos estarão submetidos à vontade do eleitor da cidade. 

Considerando-se a possibilidade de uma significativa abstenção, voto branco e nulo; estima-se um quociente eleitoral em torno de 15.500 votos. Quanto maior for o quociente menos partidos/coligações terão êxito eleitoral, já o contrário possibilita a presença de mais representações partidárias. Há uma expectativa de menos votos válidos no pleito deste ano devido à rejeição crescente dos políticos e das mudanças na legislação eleitoral. 

Apostam os entendidos que haverá uma renovação de aproximadamente 50% na ocupação atual do Legislativo Municipal, ou seja, até 10 vereadores poderão ser reeleitos. Outra aposta para 2017 é a provável presença dos seguintes partidos na Câmara Municipal: PMDB, PT, PSDB, PSB, PSC e PTC.  E o PMDB poderá ocupar até quatro cadeiras, dependendo dos resultados dos outros partidos. A conferir.




As chances nas coligações


Dando continuidade à matéria que intitulamos “Chace dos atuais vereadores”, vejamos as chances dos partidos / coligações que não têm vereador na atual legislatura. Lembrando sempre, que este blog procura, em poucas linhas, sintetizar as informações colhidas de nossos entrevistados (consultamos um vereador de cada uma das siglas ao lado  (PMDB / PSC / PTC / PT), além das valiosas opiniões de dois  experientes e conceituados especialistas em campanhas eleitorais (Ferreirinha e Edinho), e sempre respeitando divergências apresentadas em suas respostas, bem como também das opiniões semelhantes obtidas. Informamos que nenhum nome já citado conseguiu obter a unanimidade dos entrevistados, mas é importante ressaltar que todos os nomes  incluídos em matéria anterior e também nessa de hoje, tiveram pelo menos seu nome mencionado três vezes entre os nossos seis entrevistados.

PHS: Promete ser a grande surpresa dessa eleição. Mesmo tendo perdido alguns nomes na reta final, ainda assim conseguiu manter um bom time de candidatos para este ano. Não tem nomes de grande destaque de votação anterior, mas tem um excelente meio de campo, com vários nomes de votação mediana, o que garante uma eleição muito disputada e indefinida de quem deverá ser o eleito. Mas com toda certeza deverá fazer um vereador e poderá, na sobra, sonhar com um segundo nome.
Os nomes que os entrevistados apontaram com mais chances nesse partido é o médico Dr. Adriano Miranda e do candidato de um segmento evangélico, Júlio Obama.

PDT / SD / PRTB: Dificilmente alcançará o coeficiente eleitoral. O PDT, que já chegou a ter dois vereadores na atual Câmara (Ana Rossignoli e Dr. Fiorillo), hoje é um partido sem candidatos puxadores de votos, tendo como destaque apenas a assistente social conhecida como Silvana Loures, que sempre obteve boas votações em eleições anteriores, mas, ainda assim, não é o suficiente para reverter esse quadro. Os outros dois partidos pouco têm a acrescentar. Caso essa coligação venha a conseguir eleger um  vereador poderá ser dito que é uma grande surpresa dessa eleição.

DEM / PSDC: Outra coligação que terá grandes dificuldades de atingir o coeficiente eleitoral, apesar de ter um grande puxador de votos, que é o ex-vereador João do Joaninho, que continuou filiado ao DEM por não ter sido aceito em nenhum outro partido que ele procurou, devido à sua alta votação obtida em eleições anteriores e ao caso que teve imensa repercussão negativa na cidade, que foi o das capivaras. Inclusive isso o obrigou a renunciar ao mandato para não vir a ser cassado e ficar inelegível por oito anos. Os outros dois partidos que fazem parte dessa coligação (PSDC e SD), juntos, tem no máximo seis a oito nomes com potencial médio de 500 votos. Os demais são nomes que apenas complementam a coligação. No meio político, e entre nossos entrevistados, é dado como uma coligação com reduzidas chances de eleger um  vereador.

PC do B: É um partido que saiu sozinho e com poucos candidatos. Apenas para marcar presença nessa eleição, e que deverá disputar com o PSTU e o PSOL / PCB, quem terá a pior votação entre todos os demais partidos e coligações.

PR / PEN / PMB: A coligação luta contra a incerteza de que conseguirá ou não alcançar o coeficiente eleitoral, apesar de que na opinião de alguns entrevistados, eles tem chances razoáveis de vir a eleger um vereador. Caso atinjam o coeficiente eleitoral, os dois únicos nomes com chances de ser um deles o eleito é o do candidato Toti Faria (filho do ex-vereador Romilton Faria) ou o candidato apadrinhado do deputado estadual Márcio Santiago, do bairro Santa Cruz, mais conhecido como Coteka.

PPS / PSL / PMN / REDE: Essa coligação, montada na reta final do prazo de fechamento das listas de candidatos, começou desacreditada, mas tem nomes com bom potencial de votos e deverá alcançar o coeficiente eleitoral e fazer um vereador. Os nomes que mais se destacam nessa coligação são os de Leonardo Bello, Thaís Altomar e Dr. Paulo Leite. Qualquer outro nome fora desses três citados acima poderá ser considerado como uma autêntica zebra eleitoral.

PRB: Partido ligado a igreja evangélica, tinha como maior exponencial de votos, o candidato Genésio da Silva. Porém, o mesmo teve sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral. E para complicar ainda mais sua já fragilizada campanha, teve o nome ligado a alguns vídeos negativos que andam circulando pelos celulares da cidade, o que acabou de enterrar de uma vez sua candidatura junto a boa parte dos evangélicos. Com isso a sua própria igreja (do Pastor Gilmar) está dividida. Os demais candidatos que compõem esse partido são nomes sem grande expressão de votos. Portanto, as chances são zero.

PTN: Conforme maioria das respostas obtidas dos nossos entrevistados, esse é outro partido que irá morrer na praia. Sem uma chapa completa e pelo menos razoável, seus candidatos estarão apenas treinando para deixar o nome para a próxima eleição. Dificilmente a soma dos votos de seus candidatos, alcançará 8.000 votos, o que representaria apenas um pouquinho acima da metade do previsto para o coeficiente eleitoral desse ano. É mais um partido cujas chances são zero.

PSTU: Lançou apenas teres candidatos. Disputa a lanterna dessa campanha, com o PC do B e o PSOL / PCB, para ver quem ficará por último nessa eleição.


PSOL / PCB: Uma coligação com poucos candidatos e todos sem expressão ou potencial de votos. As chances também são zero. Apenas para marcar presença.





terça-feira, 20 de setembro de 2016







Analisando o Ibope


 O Ibope fez uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto para prefeito de Juiz de Fora, e a TV Integração, que contratou o serviço, a divulgou na última sexta-feira.

As surpresas em relação à primeira pesquisa do mesmo instituto foram o crescimento da candidatura do prefeito Bruno Siqueira, que assume a liderança na corrida eleitoral, com 30%, e a oscilação para cima da deputada Margarida Salomão, marcando 26%. Houve uma inversão na posição dos dois concorrentes, mas dentro da margem de erro de 4% (bastante elástica) os dois estão tecnicamente empatados.

Já o deputado estadual Noraldino Júnior oscilou para baixo, cravando 15%. E assim deixou o pelotão de frente da disputa, mesmo considerando a margem de erro. Parece que a candidatura dele está perdendo intenção de votos.

Uma curiosidade observada na pesquisa foi a grande redução da rejeição do candidato à reeleição Bruno, e equivalente a 27%, praticamente reduzido à metade da pesquisa anterior que apontou 48%. Este fato pode sugerir a eficácia da campanha que o prefeito vem fazendo, sobretudo quando faz uma prestação de contas de seu mandato, através das redes sociais e do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. E, também, parece que as contundentes e reiteradas críticas do candidato deputado estadual Lafayette ao prefeito favoreceram a este, e não trouxeram significativo benefício para o crescimento da candidatura dele. Outra curiosidade foi o desempenho da candidata Margarida que oscilou para cima dentro da margem de erro, em contraste com o péssimo desempenho até agora dos demais candidatos do PT nas grandes cidades.

Houve uma melhora nas intenções de votos do empresário Wilson da Rezato e do deputado Lafayette que oscilaram para cima, ainda que dentro da margem de erro prevista. Já candidatas Maria Ângela e Victória oscilaram para baixo dentro da margem de erro.

É bom lembrar que as intenções de votos dos candidatos para a Prefeitura de Juiz de Fora podem apresentar modificações na próxima pesquisa do Ibope que terá a divulgação no dia 29 de setembro, quando ocorrerá o debate na TV Integração (TV GLOBO) nas vésperas da eleição no primeiro turno, no domingo 2 de outubro. Nesta reta final surgem fatos novos, táticas guardadas para esta fase, que podem alterar o quadro demonstrado na recente pesquisa. A conferir.








segunda-feira, 19 de setembro de 2016







Formato de campanha
 

É bom lembra que as intenções de voto medidas nas pesquisas de opinião refletem as mudanças no processo eleitoral, que desta vez reduziu à metade a duração das campanhas, impediu doações de empresas aos candidatos e partidos, e tornou mais rígida a prestação de contas dos recursos movimentados durante o período da campanha. As pessoas mais conhecidas levam maior vantagem na disputa eleitoral.

A atual campanha certamente trará para a classe política elementos para avaliação desse novo formato, e poderá estimular mudanças na legislação. É no município que as coisas acontecem, e são os vereadores e os prefeitos o alvo das demandas populares. Com a nova legislação os candidatos de 2016 foram impactados primeiro. Neste período curto de campanha os deputados estaduais e federais são obrigados a dar assistência aos seus candidatos em dezenas de cidades, pois em 2018 precisarão do apoio deles. Então os deputados federais poderão observar ‘in loco’ as dificuldades evidenciadas no processo deste ano, e pelo que já se ouve surgirão projetos de alteração da legislação eleitoral em vigor.



Segundo turno


O segundo turno, aquele que deve se processar no último domingo de outubro, é uma outra eleição, não totalmente independente da anterior, mas com ingredientes capazes de torná-la bem diferente. E com outras virtudes definidas, a começar pelo fato de impedir que o prefeito seja eleito por uma votação que não represente o conjunto do eleitorado. Por isso, no dizer de Villas-Boas Corrêa, o segundo turno “arruma a casa”, ao mesmo tempo em que dá ao eleito melhores condições para dialogar com o Legislativo.

Outro aspecto a considerar é que o segundo embate controla a carga emocional. Não é fácil para o candidato que venha na crista de um populismo barato, ainda na argumentação de Villas-Boas.

E essa experiência vem de longe e de há muito.  Na França, De Gaulle ensinava que no primeiro turno vota-se com emoção; no segundo com a razão.




sexta-feira, 16 de setembro de 2016






Polarização


Para uma campanha eleitoral morna, curta e escassa em recursos de propaganda (desta vez até os comícios foram esquecidos) acaba ganhando destaque maior a polarização que se criou em torno das candidaturas do prefeito Bruno Siqueira e a do deputado Lafayette Andrada. Se tivessem combinado não teriam obtido resultado melhor, porque há sinais de que ambos contabilizam resultados.

O deputado, ao bater com insistência no prefeito, entra num terreno que estaria naturalmente reservado às campanhas de Margarida Salomão e Noraldino Júnior. E a um só tempo Lafayette vai se cacifando para assumir papel importante na oposição, quem quer que seja eleito, mas principalmente se Bruno se reeleger, detalhe essencial para sua candidatura a deputado federal dentro de dois anos.

Se os dois candidatos trocam acusações e retaliações, o fato de ao mesmo tempo doerem os costados de ambos, para ambos também já é um alívio.

Sobre a frieza da campanha, quando faltam quinze dias para o eleitorado ir às urnas: só o Calçadão da Rua Halfeld continua pulsando com vigor, e vai confirmar isso na manhã deste sábado.  





terça-feira, 13 de setembro de 2016






Diferentemente


Ao falar nas diferenças entre a atual campanha para a prefeitura e as que a antecederam, e  que são várias, não se pode considerar, em primeiro lugar, o papel do prefeito,  a quem se atribui o favor da máquina quando disputa a reeleição. Em outros tempos, sendo ou não candidato a um novo mandato, o prefeito era sempre a primeira e principal vítima dos opositores, apanhando muito.

Não é o que está ocorrendo com Bruno Siqueira, que postula permanecer no cargo nos próximos quatro anos. Nem dos  adversários do PT ele tem sofrido agressões, mesmo porque até recentemente os petistas e o PMDB do prefeito eram aliados no governo federal, e permanecem aliados no plano do governo estadual.

No caso local e presente quem vem batendo com vigor no prefeito e em sua administração é o deputado Lafayette Andrada, que disputa o mesmo cargo. Sendo ele o único a assumir esse papel,  políticos admitem que, qualquer que seja o desempenho do deputado nas urnas do mês que vem, e se Bruno for eleito, Lafayette assumirá o comando da oposição municipal, o que não é pouco para quem tem longos projetos políticos.


Outra campanha seguinte


Ainda que para muitos imperceptível, a campanha eleitoral de 2018 já começou, sem atropelar ou danificar a municipal que estamos vivendo hoje. O combate que o PT e seus aliados vêm dando  ao governo mostra que o objetivo é não deixar Temer andar, criando-lhe dificuldades possíveis e impossíveis; objetivo que não exclui oposição ao plano de privatizações, embora os governos Lula e Dilma também tenham visto aí uma rota para desobrigar o Estado de responsabilidades genuinamente empresariais.

Essa oposição e os planos do PT para a retomada do poder têm dois estágios, nitidamente identificados. O primeiro é ver sepultadas as possibilidades de dona Dilma candidatar-se em 2018, depois de um féretro com sentidas comoções. Um segundo desafio é lutar tanto e até quando for possível para salvar Lula das garras do juiz Moro. Salvando-se, mas dependendo dos estragos em sua passagem pela Lava Jato, ele se viabiliza como candidato natural da oposição.







segunda-feira, 12 de setembro de 2016






As contas


Na correria em que se encontram candidatos e partidos na busca de votos, ainda não houve tempo para pensar no after day da campanha, isto é, o dia em que todos terão de bater à porta da Justiça Eleitoral com a papelada da prestação de contas, as despesas, comprovações e indicação de fontes de financiamento. As exigências agora são maiores e o tempo mais curto para que se cumpram as exigências.

O dia seguinte torna-se particularmente preocupante para os tesoureiros dos partidos e os contadores que assessoram os candidatos. Quem se arriscar fora da lei poderá também correr o risco de ficar sem o mandato, mesmo diante da tradição de tolerância da Justiça em relação aos eleitos.


Motivação


Vinte dias antes da eleição do novo prefeito e dos novos vereadores, temos um recorde a registrar: nunca, em tempos passados, a cidade esteve tão distante e apática em relação às urnas. Há quem avalie que, diferentemente de outras eleições, a deste ano é curta, pobre de propaganda, além de desconhecer completamente as diferenças programáticas dos partidos. Soma-se a tudo isso um desânimo geral em relação à classe política.


Nabuco


“O favor das massas vai do partido A ao partido B, e novamente do partido B ao partido A, recomeçando sempre a mesma oscilação. E esse flutuar de esperanças, sempre decepcionadas, dá lugar de longe em longe, às revoluções, que são a concentração do desespero. O chamado “movimento de  opiniões” é apenas o fluxo e refluxo do bem-estar ou da miséria pública. Esta é a única verdadeira opinião pública; a outra, que se deixa captar com escrutínios e plebiscitos, não é senão o efeito artificial da velha arte política”. ( Joaquim Nabuco in Pensamentos Soltos)      







sexta-feira, 9 de setembro de 2016






Tendências


A eleição municipal, até a presente data não apresenta surpresas em termos de pesquisas de intenção de voto. Com menos de um mês para o primeiro turno, no dia 2 de outubro, os resultados de pesquisas, sendo registradas ou não, demonstram a existência de três candidaturas no grupo dianteiro da disputa. O prefeito Bruno Siqueira (PMDB), a deputada federal Margarida Salomão (PT) e o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC), tecnicamente empatados. Dois deles irão para o segundo turno.

Se não acontecer um fato novo (difícil neste curto prazo) os demais concorrentes terão dificuldade para ameaçar o protagonismo dos três citados. Em comentários informais, um ano atrás, esse trio já se situava na dianteira das intenções de voto dos entrevistados.
Há uma lógica nisso, pois já são políticos com mandatos, e que tiveram bom desempenho eleitoral nos últimos pleitos.

O prefeito Bruno Siqueira ao candidatar-se à reeleição tem a oportunidade de prestar contas das realizações do mandato, credenciando-se a disputar mais um mandato. A deputada Margarida Salomão disputa a prefeitura pela terceira vez, e nas anteriores sempre foi para o segundo turno. E conta também com a militância petista, que comparece nas suas campanhas, apesar de divergentes tendências contidas no PT.

O deputado Noraldino Júnior disputa a majoritária municipal pela primeira vez, mas já foi eleito vereador por duas vezes, e o mais votado da cidade na última eleição para a Assembléia Legislativa. É também oriundo do segmento bejanista, pois surgiu na política local sendo do primeiro escalão do último governo do prefeito alberto bejani, que não concluiu o mandato, preso por envolvimento com atividades criminosas.

As demais candidaturas ainda não aparecem bem colocadas nas pesquisas, devido também ao pouco tempo de campanha, o que dificulta visibilidade maior por parte do eleitorado. Mas é bom lembrar que a pesquisa reflete o período da aplicação dos questionários; e na política as coisas podem mudar de uma hora para outra.



Notas


1) Os programas eleitorais até agora apresentados na TV tocam o cuidado de mostrar apenas qualidades e propósitos dos candidatos, e alguns prejudicados pelo reduzido tempo que a proporcionalidade partidária lhes dá na tela.

Nota-se que não se fala nos partidos. Alguns candidatos mais cuidadosos nem tratam da filiação e suas alianças. Os partidos, cada vez mais esvaziados, pecam pela pobreza dos programas. Quanto aos compromissos ideológicos nem se fala.

É o que faz prever, para outubro, uma queda nos chamados votos puros de legenda, isso é, o voto do eleitor que não opta por um dos candidatos, mas vota apenas no partido de sua simpatia.


2) Um fenômeno interessante na atual campanha, sem dúvida fato inédito: o governo Fernando Pimentel em Minas não tem quem o defenda nem quem o critique. Transita virgem sobre as graves dificuldades que vive, agravadas agora com o PT fora do Planalto.


3) Muitos estarão lembrados. Durante não menos de dez anos as lideranças locais trabalharam para que Juiz de Fora contasse com um grande cento de convenções, exposições e congressos. O Expominas acabou chegando, mas só raramente não fica condenado às moscas. Pouco se faz, quase nada se promove ali.

Um projeto a ser pensado, sem que para tanto sejam exigidos grandes sacrifícios, é a realização de uma feira industrial permanente do Sudeste mineiro. Se for assim, certo de que multidões afluirão,  que se conte com a boa vontade da Polícia Rodoviária, que  se revela ávida na aplicação de multas sobre motoristas que ocasionalmente ocupam acostamentos durante os raros eventos.






terça-feira, 6 de setembro de 2016







Teatro

As negociações realizadas pela prefeitura no final de agosto junto à Codemig garantiram recursos suficientes para a conclusão das obras do Teatro Paschoal Carlos Magno,  projeto que se arrasta desde a administração do prefeito Mello Reis, mais de trinta anos passados. A companhia injeta cerca de R$ 300 mil mensais na construção desse teatro, que poderá ser inaugurado em março.


Pobreza

A campanha eleitoral de 2016 já fica definida como a mais pobre de todos os tempos, pelo menos no que se refere aos recursos para a propaganda dos candidatos. Não significa necessariamente que seja a mais blindada contra o Caixa Dois. Os desvios, aliás, foram reeditados antes mesmo de os candidatos serem lançados, porque algumas coligações entre partidos já se realizaram a peso de ouro.


Condição

Se é certo que o presidente Temer obteve êxito nas negociações comerciais que acaba de promover na China, não é menos verdade que trouxe em sua bagagem a exigência de contrapartida dos anfitriões, o que significa um desafio para o comércio. Os chineses compram mais, mas também querem vender mais. Não basta a quinquilharia que importamos deles. Agora desejam ampliar sua pauta de vendas, a começar pelas maçãs, que não figuram entre os itens da preferência nacional.


Balanço

O vereador Rodrigo Mattos, que pelo trabalho realizado na presidência da Câmara figura entre os seis ou sete vereadores que merecem a reeleição, devia preparar e divulgar um relatório sobre as atividades constitucionais do Legislativo Municipal no último quadriênio. A população precisa saber o que fazem os vereadores no cumprimento das duas finalidades básicas do Poder que representam: legislar e fiscalizar as atividades do Poder Executivo.


Repressão

Apoiada pela Universidade Federal, pela Ordem dos Advogados do Brasil e Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais, a Comissão Municipal da Verdade acaba de lançar a segunda edição de Memórias da Repressão. Cuidou de ampliar depoimentos importantes que colheu em Juiz de Fora sobre a violência contra os direitos humanos durante a ditadura de 64.


Os Fundos

Não constituiu novidade a notícia de que um dos maiores focos de corrupção do País está nos fundos de pensão, que em geral prestaram serviços e atenderam a privilégios que nada tinham a ver com filiados e contribuintes. Quando se fala em rombos de quatro ou cinco bilhões não se está falando nem na metade dos prejuízos.

Agora, saindo de cena e entrando na prisão uma figura muito conhecida em Juiz de Fora, Guilherme Lacerda, que aqui morou e estudou, antes de ser presidente da Fundef por sete anos, e uma das figuras mais influentes do PT. 







segunda-feira, 5 de setembro de 2016







Logo depois


César Romero, em sua coluna dominical na “Tribuna de Minas”, convidou o redator do blog a resumir, em 18 linhas, o que pensa e o que deseja nos tempos que se seguirão ao impeachment. Transcrevo:     

“O Senado ainda não havia trazido à luz o impeachment, após a acidentada gestação de nove meses que deixou o Pais tenso à espera do demorado parto, e já se ouviam vozes responsáveis advertindo que o afastamento da presidente não é episódio que se encerra em si mesmo; antes, projeta sobre o cenário das instituições nacionais novos desafios e questionamentos.

De fato. Não é suficiente enterrar maus políticos, mas necessário atacar as fontes que facilitam suas maldades. É na mesma cova sepultemos o surrado modelo parlamentar republicano que conduz à corrupção, ao tráfico de influências, ao corporativismo.

O modelo esgotou-se, depois de febricitante produção de vícios e desvios. A começar pela legislação eleitoral, que acata e abençoa o espúrio das coligações proporcionais entre partidos, facilitando os grandes e corrompendo os pequenos, em “casamentos duvidosos e concubinatos adulterinos”, no dizer do ministro Saulo Ramos.

É ao embalo dessas amigações passageiras, ajuste de conveniências, que começa a desmoralização do sistema que se reflete pesadamente no Congresso. Então o Brasil e suas lideranças são chamados a romper com esses defeitos. É o primeiro desafio. O segundo desafio, na esteira do primeiro, encontrar o jeito de conter o crescente corporativismo no Parlamento, onde em um terço das cadeiras tomam assento convicções religiosas intolerantes. Outra parcela das bancadas, também expressiva, se fecha nos agronegócios e nos prestadores de serviços. Não faltando os que desejam reduzir tudo e todos a um discurso que divide as raças. Os partidos e o Congresso não podem se prestar a isso”.