terça-feira, 25 de agosto de 2020

 

Sem cara e coragem



(( Wilson Cid hoje no “Jornal do Brasil”))



Não haveria como cobrar das eleições próximas alguma contribuição para clarear a fisionomia das organizações partidárias, cuja marca registrada continua sendo uma forte dose de inconsistência programática; e é dessa inconsistência que acabam se servindo as circunstâncias e os arranjos políticos, quando se valem exatamente de flexibilidades. As fisionomias partidárias tornam-se ainda mais pálidas nos pleitos municipais, porque aí o que se entrechoca são interesses paroquiais, amores e os ódios locais; não raro as rusgas de origem familiar. Vive-se artificialidade. E outra coisa não se tem visto nestes dias nos noticiários colhidos em capitais e nas principais cidades, estas geralmente identificadas como colégios com mais de 200 mil eleitores.


É o que se constata nestes dias que marcam a véspera das convenções, estas também de certa forma inautênticas, porque as bases que as compõem sempre foram esquecidas, só convocadas para o rito formal do registro de candidatos. E pouco mais que isso.


No pleito deste ano são raros os casos conhecidos em que as legendas que postulam o poder municipal vão se apresentar ao eleitorado atreladas aos programas com que se constituíram. Em seu lugar, assiste-se a um jogo de siglas a serviço de governantes e opositores. Casos há em que adversários renitentes, como PT e PSDB, juntam-se, depõem antigas armas, e passam a jogar as mesmas peças até ontem inconciliáveis, agora viáveis. Os casos são muitos, não apenas os dois grandes adversários. A própria legislação dá bençãos a esses arranjos, começando por conceder, bem antes, a deputados e senadores as chamadas ”janelas”,que são o tempo permitido aos que, antevendo interesses que já não se abrigam em seus partidos, ganham o direito de adotar outra legenda. Tornam-se frequentes as revoadas dos que procuram ninhos diferentes, onde vão chocar novos projetos eleitorais.


Essa migração chegou à extravagância de certo deputado, que vestiu e desvestiu dezesseis vezes a camisa partidária, sem que faltem exemplos superiores a estimular constantes trocas. O presidente Bolsonaro passou por cinco partidos, sendo que, tendo deixado o PSL, consta que pode a ele retornar. Pois ele próprio cerca-se de outros grupos invisíveis, não denominados, mas fortes a atuantes, como se partidos fossem, tal qual o que reúne os militares. A sede destes funciona poderosamente onde houver um ministério originalmente civil…


De tudo extrai-se que no caminho do aperfeiçoamento da democracia ainda não somos capazes de sustentá-la com organizações políticas sólidas, com ideias suficientemente autênticas para ganhar a adesão da sociedade, no que ela mais precisa: projetos e rumos que a orientem e a defendam.


Dado mais recente da Justiça amplia a suspeita lançada sobre essas organizações, pois das 33 formalmente registradas, apenas 11 têm contas e relatórios encaminhados, de forma a se habilitarem ao fundo de financiamento eleitoral. Em cima da hora, os retardatários correm o risco de não terem fôlego para chegar à fonte. Sem que nem falte um toque surrealista: o PRTB e o Novo dispensaram o socorro financeiro de pouco mais de R$ 1 milhão. E nessa profusão é preciso também lembrar que cerca de duas dúzias de partidos aspirantes estão em fila, aguardado registro oficial do TSE; um tribunal que nesse particular sempre se mostra generoso e de portas amplamente abertas. Mas esses enfileirados, mesmo que sejam logo introduzidos na galeria do multipartidarismo, não terão como atuar no processo eleitoral deste ano. Ficariam para 2022.


Tal fartura, que à primeira vista pode parecer leque democrático capaz de abrigar ideologias e tendências diversas, tem sido, ao contrário, fator de esvaziamento da representação, que acaba diluída nas bancadas minúsculas, em sua maioria atreladas a interesses ocasionais, ou são excessivamente concessivas. É o que tem favorecido a formação de centrões por aí a fora.




 




Um governo militar


O atual governo é um governo militar. Não há dúvidas. Aliás, as evidências estão demonstradas nos fatos. É visível a presença de generais do Exército (da reserva e da ativa) na titularidade de ministérios e demais cargos importantes do primeiro escalão.

Já surgem questionamentos no Congresso sobre esse aparelhamento da administração pública federal pelos militares (do Exército principalmente ) e das outras armadas.


Outro fato registrado na imprensa é o incremento de recursos no orçamento do Ministério da Defesa. E já em 2019, quando se aprovou a reforma da Previdência, os militares ficaram fora das novas regras, consideradas pelos sindicalistas como retirada de direitos dos trabalhadores. E, pelo que se verificou, os militares conquistaram um novo plano de carreiras, com a melhoria do soldo.


As análises consignadas nas crônicas políticas dos principais periódicos são de que o presidente Bolsonaro privilegia esse segmento na expectativa de dar sustentação ao governo dele, quando isso for necessário. E os militares aproveitam a oportunidade histórica para conquistas corporativas, e um maior aporte de recursos orçamentários para os projetos das Forças Armadas.


Outro detalhe que fica suficientemente claro está no aumento em 48% das doações que elas terão no Orçamento de 2021. Com isto, pode-se antever que o segmento militar estará apostando tudo em mais um mandato para o presidente nas eleições presidenciais de 2022.



Código na berlinda


São tantas as divergências, que o Senado se viu obrigado a tirar de pauta o projeto de lei que pretende introduzir mudanças no texto do Código Nacional de Trânsito, com a promessa de unir as ideias, de forma que se aproximem do consenso. Aliás, para comprovar as divergências nem é preciso ir no texto, pois a retirada da matéria se deu por um escore apertado - 39 a 31.


É preciso reagir a certas propostas que não têm cabimento. Como, por exemplo, reduzir a punição ao motorista, nos casos em que pratica excesso de velocidade; o excesso que é mais grave entre todos. E os senadores não ignoram que temos um país onde é precaríssima a conservação das estradas. E o projeto não pode desconhecer o óbvio : qualquer excesso não põe em risco apenas a de quem dirige; também a vida de quem nada tem a ver com a imprudência.


Em todo o mundo o legislador quer pesar mais a responsabilidade de quem está ao volante. Aqui é o contrário.


Outro ponto do projeto que ajuda a aumentar as dúvidas esbarra no absurdo: quer a lei mais tolerante com as infrações do condutor que estiver em atividade remunerada. Motoristas de ônibus ou carretas, quando se transformam em assassinos, poderiam cometer absurdos, que teriam a lei generosa para tirá-los da cadeia.



O risco da normalidade



Entre prosseguir na liberação das atividades sociais e econômicas, na expectativa de uma trégua da parte da Covid 19, balança a decisão dos responsáveis pela política sanitária. Com uma certa tendência a restringir as liberalidades, por duas razões que fazem sentido. A primeira é que a propagação do vírus ainda não ofereceu sinais confiáveis de que está se preparando para a despedida. Tomando-se por base as principais cidades, o melhor que a pandemia oferece é que têm se estabilizando os níveis de agravamento. Não pioram nem melhoram; mas ficam as dúvidas.


O outro ponto – este também contribuindo para temer a retomada de alguma normalidade - é que boa parte da população (e a gente nunca sabe suficientemente se é desinformada ou irresponsável ) acha que qualquer concessão, a menor que seja, dá direito a festa: as ruas se enchem, os bares levantam as portas e prosperam as reuniões dispensáveis.


Tem sido assim em qualquer parte do Brasil. Desafiamos o vírus, que já matou 130 mil, provando que não e uma gripezinha qualquer.


Diante de tal cenário, conclui-se que, por mais que se deseja a volta da vida à normalidade, um passo nesse sentido é sempre uma temeridade.




Dúvidas é que não faltam


Com menos de três meses para o município eleger seu novo prefeito, as dúvidas que cercam o eleitorado são muitas. A primeira é saber exatamente quem vai disputar e quantos serão eles. Sendo poucos ou sendo muitos, como se tem propalado, quais os partidos que assumirão a responsabilidade de apresentá-los?.


Ora, se não sabemos quem será, muito menos as propostas que o eleitorado terá para julgar. E esses candidatos talvez não tenham como informar de onde pretendem arrancar somas fabulosas para cobrir as necessidades, que são muitas e vão se avolumando.


Outra indagação - esta suficiente para alterar o destino da prefeitura – é se nessa disputa teremos o concurso do presidente da República e do governador do Estado, que seriam grandes cabos eleitorais. O pleito municipal pode ter seu destino alterado com a participação de um dos dois, ou dos dois.


Sobram dúvidas para os próprios eleitores. Alguns - ou muitos – continuam alegando que não vale a pena votar. Outros estão inseguros quanto a isso. Nem falta quem estenda suas inseguranças para a pandemia. Seria ela uma razão para permanecer em casa, e deixar que os outros decidam o futuro de Juiz de Fora? Dúvidas e mais dúvidas.



terça-feira, 18 de agosto de 2020

 


Obrigação de votar



(( Wilson Cid hoje no “Jornal do Brasil” ))


As pesquisas que procuram antecipar ao conhecimento geral o que os eleitores pretendem fazer no dia 15 de novembro ainda comportam suficientes reservas, ante o mundo de coisas que estão por vir na política brasileira, pródiga em grandes e surpreendentes mudanças. Afora a indicação dos destinos dos candidatos, o que tem despertado atenções paralelas, para convocar a acuidade do observador, é o contingente de eleitores que revelam intenção de anular ou dar o voto em branco. Em alguns dos principais centros eles passam de 30%, o que, a se confirmar, somando-se a cota do abstencionismo, pode levar a um grave esvaziamento da representatividade; os eleitos seriam condenados a carecer da legitimidade que só a robustez das urnas pode conferir. De 1994 já vinha uma advertência: os nulos, brancos e abstenções chegaram a 36.5%, que quatro anos depois subiriam para 40,1%. Essa tendência, a se manter, teria tudo para preocupar, porque na política ( a prática demonstra com clareza) a legitimidade não se contenta apenas com maioria de votos.


Surge, entretanto, uma dúvida. As planilhas que revelam o problema que preocupa não teriam se limitado a levantar tendências em apenas alguns centros preferenciais? Não adotaram os mesmos métodos da semana passada, quando as consultas coincidiram com as regiões em que o governo Bolsonaro goza das bênçãos do auxílio de 600,00 a populações desempregadas e desassistidas? Ao contrário dos planos presidenciais, a realidade dos nulos e brancos não pode se prestar a objetivos promocionais.


Ouço os mais otimistas darem garantias de que, à medida em que se aproximar o dia do pleito; quando as campanhas estiverem francamente lançadas, os cidadãos agora omissos acabarão por manifestar interesse. O argumento é mais frequente entre os candidatos, mesmo que até agora não tenham à mão boas fórmulas para demover desinteresse de milhares de eleitores que se deixam atrair por um certo desencanto com a prática política; decepcionados com a prática dos agentes, não propriamente com a política, porque sendo bons os propósitos para os quais ela foi imaginada e criada, não há quem possa condená-la.


Arrisco acrescentar uma cunha despretensiosa entre as razões já aventadas pelos descrentes e desinteressados. Trata-se do número expressivo dos que se rebelam, principalmente entre jovens, ante o voto obrigatório, exigência já eliminada em várias sociedades democráticas, onde se passou a considerar que o direito de não se manifestar antepõe-se ao dever de votar. Uma interpretação até certo ponto duvidosa, quando se tem que o cidadão não pode esquivar-se de decisões que não dizem respeito só a si, mas a uma coletividade inteira, da qual é parte e cujo destino também lhe pertence. Contudo, esta é apenas uma apreciação de ordem filosófica, mero detalhe no extenso catálogo das essências da democracia. E não caberia aqui a pretensão de contribuir com novidades sobre tal matéria.


Mas é garantido, no mínimo, que há dúvidas entre os brasileiros se convém ou não a experiência com o voto facultativo. Entre muitos há incerteza; de forma que seria prudente consultar cuidadosamente as representações da sociedade para se apurar a real intenção do eleitorado sobre essa questão. Trata-se de assunto que raramente ocupou as atenções do Congresso Nacional, muito menos do Superior Tribunal Eleitoral. Na verdade, a última incursão dos parlamentares ocorreu 22 anos atrás, dezembro de 1998, quando a comissão de reforma política do Senado aprovou projeto de Sérgio Machado (PSDB-CE), conferindo-se o direito ao voto facultativo. Inevitavelmente aprovado na comissão, porque, muito bem instruída, não havia como recusar a propositura. Nesse mesmo ano, outro senador, o gaúcho José Fogaça, lembrava o inócuo: o voto pode ser obrigatório, mas nada obriga o eleitor a se deter diante da urna e votar...Quando ocorria a tramitação do projeto o Ibope garantia que 64% dos brasileiros condenavam a obrigatoriedade. Os próprios senadores, antevendo a ameaça de grande debandada de eleitores, cuidaram de dar à gaveta do esquecimento a intenção do colega cearense. Passado tanto tempo, valeria, pelo menos, nova e ampla pesquisa junto ao eleitorado, constituído de cidadãos maiores de idade, e com obrigação de saber o que deve ser melhor para o Brasil e para a democracia. Consulta à nação, mas apenas aos políticos, porque eles estimam ver as urnas sempre cheias.



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

 



Precisamos de tanto deputado?



Na semana passada, quando Uberlândia levantou campanha para reduzir o número de seus vereadores, em outros lugares houve quem sugerisse que o movimento se estendesse, discutido-se também a necessidade de a Câmara Federal ter 513. É deputado demais, desnecessário, dizem os descontentes.


Nisso já se falava na década de 30, como se deu em uma das fugas do presidente Vargas para a fazenda São Mateus, onde apreciava descansar das pressões no Palácio do Catete. Em uma rodada de conversa, quiseram saber dele o que achava disso, e, com sinceridade ou para sair na tangente, disse que ainda não havia refletido o suficiente sobre tal matéria.


Não é questão para ser tratada com superficialidades, a começar por se constatar que nas bancadas legislativas o problema maior nunca foi a quantidade dos que estão ali; mas a qualidade deles. Ora, no item da qualificação a primeira responsabilidade é do eleitor, quando vota mal, podendo votar bem… E maus eleitores sempre haverá, mesmo que o número de candidatos coubesse nas duas mãos. Ainda para contestar conclusões apressadas, é necessário ponderar sobre os riscos de as casas legislativas terem poucos integrantes, porque neste caso eles serão donos de imenso poder. O que não interessa à democracia e à representação política.


O assunto sugere cuidados. Mas enquanto não ficar decidido se há vereador e deputado demais, cuidemos de votar bem, com o mínimo de risco de errar.



A ausência dos partidos


Não é difícil perceber, nestes três meses que antecedem as eleições, que os candidatos - os definidos ou possíveis – articulam-se, lançam suas primeiras ideias, ajustam as bases de alianças, correm atrás de lideranças, mas nada se ouve falar dos partidos, como se deles pouco ou nada dependesse. No caso local, constatasse que mesmo os mais fortes, experientes em antigas disputas – nem esses dão o ar da graça.

Fala-se nas eleições municipais, mas não se equivoca quem disser que o mesmo painel desolador se estende ao cenário nacional. Não são os partidos, são os grupos que agem e tomam decisões.


As dificuldades começam com o excessivo número de partidos. Mas, longe de ser um problema exclusivo do Brasil, outros países sabem que o amontado de legendas tem muito a ver com sensíveis dificuldades políticas e institucionais. Um dos defeitos do multipartidarismo leva à diluição de responsabilidades e desencoraja as reformas. Outra coisa: no sistema de muitos eles não assumem o desastre das urnas, porque cada um acha que a culpa deve se debitada ao outro.


Quando a profunda reforma política deixar de ser falada, mas praticada, uma iniciativa de bons resultados seria saber do eleitorado não apenas o que pensa deles, mas quais os formatos que lhe parecem melhor. Se o povo traçar diretrizes para os reformistas, é provável que sejam expulsos de cena os partidos minúsculos preparados nas provetas dos laboratórios do oportunismo e de cultos improvisados.

Mas talvez esteja num futuro distante a solução desse problema. O que é uma pena.



O estado empobrecido



Cada vez mais preocupados com os rumos que a pandemia e o governo vão levando o país, estando contra ou a favor do presidente, fato é que por isso as pessoas tendem a descuidar do que vem acontecendo em Minas. Olhamos para o Brasil, mas esquecemos de olhar a situação do estado que - sem exagerar no pessimismo – vai chegando perto do que se pode chamar de falimentar. Porque deu-se na administração pública o mesmo que se dá na economia doméstica – é quando se gasta mais do que se recebe. Minas tem sido assim. Um imenso esforço para cobrir o custeio, as despesas inevitáveis e as folhas dos servidores. Obras importantes, há muito reclamadas, nem pensar.


Uma saída dolorosa, para cortar na pele, seria vender o que Minas tem de melhor, começando pela privatização da Cemig, maior entre os nossos patrimônios; ou então entregar nosso nióbio, quase a preço de banana. Mas aí é possível retomar o exemplo doméstico. É como se na apertura das finanças, o salário insuficiente, a família começasse a se desfazer das camas, cadeiras e das mesas para cobrir o déficit. Só que no dia seguinte não tem onde sentar-se e nem pode ir à mesa. Vendeu-se o que tinha e as dificuldades continuando as mesmas e cada vez mais pesadas.


O remédio - os governantes sabem muito bem disso – é amargo, desgasta, gera protestos e tira votos. É um reajuste fiscal estrutural. Mas haja folego e disposição para essa empreitada.



terça-feira, 11 de agosto de 2020

 


Covid 19 e a Federação



(( Wilson Cid hoje no “Jornal do Brasil!” ))



O presidente Bolsonaro permite, não raras vezes, que lhe seja atribuída vaga noção da realidade federativa em que temos de viver, nós brasileiros. É o que se constata na frequência com que bate de frente com os governadores, dos quais tem amplo direito de divergir, desde que isso se faça com um mínimo de liturgia, principalmente quando o discurso entra no campo das suspeitas e depreciações. No final da semana, sem que tenhamos sepultado de vez as esperanças de relações políticas menos tensas e acidentadas, ele criou nova oportunidade para atiçar combustível na fogueira em que já vão ardendo suas precárias relações com executivos estaduais, aos quais acaba de atribuir a cota mais dolorosa das culpas pela proporção que entre nós assumiu a Covid 19. Agora acusando-os de distorcer números sobre a pandemia. Essa irresponsabilidade, levantada assim sem maiores investigações, tem tudo para ampliar o abismo que o separa dos estados, particularmente São Paulo, onde é desafeto declarado do governador Dória.


Formulou o presidente essa denúncia que, filtrada entre vagas insinuações, merece ser averiguada por ter partido da presidência da República, que acusa governadores de tolerar e estimular falsidade nas notificações sobre óbitos tidos como consequência do vírus, embora, segundo ele, fosse a causa-mortis resultante de outras enfermidades várias. Há quem desaconselhe levar em conta a acusação, por entenderem que faz parte do jeitão do presidente lançar palavras ao vento, sem medi-las suficientemente. Mas, mesmo que assim seja, não se subtrai sua responsabilidade pelo que diz. Pergunta-se: e se realmente a sociedade brasileira tem sido grosseiramente enganada quanto à real extensão da pandemia que grassa por todos os cantos? É preciso esclarecer. Se não provado, arque o presidente com as consequências, e seja chamado a explicar a imprudência.


Não se ignora que Bolsonaro esforça-se em dar à Covid 19 certa desimportância, embora agora já não ouse mais reduzi-la a um resfriado passageiro e inconsequente. Porque são 100 mil mortos! a reclamar um mínimo de seriedade e mais prudência nos receituários; sejam os presidenciais ou de pastores engraçados, que pretendem curar a epidemia com feijão abençoado.


Com alguma boa vontade, certas coisas que o presidente diz podem até ser refugadas como tagarelice que joga para plateia festiva. Mas, quando a hora é de uma acusação séria, vê-se o governo na obrigação de esclarecer algo que não pode cair no esquecimento ou no arquivo de declarações impensadas. Em rigor, ao próprio presidente, e ninguém antes dele, deve caber a iniciativa de aprofundar diligência para deixar sua mais recente suspeita em pratos limpos. E, sendo o caso, defender a sociedade da farsa e responsabilizar os criminosos, se realmente eles existem. Não é coisa para cair no esquecimento.


Quando supostas irregularidades cercam questões que dizem respeito à saúde pública, como possíveis distorções nas notificações sobre infectados e mortos no rastro da Covid 19, o ministro competente também tem o dever de não se omitir, mas emitir opinião; tem obrigação de dizer algo, sem o temor de contrariar o presidente, e disso resultar em demissão; até porque sua pasta é mesmo de alta rotatividade... Nova demissão não faria diferença. O que não se admite é a população desinformada e enganada numa guerra feroz, como a que estamos travando neste momento, e contabilizando graves perdas.


Fato paralelo à denúncia, além de quaisquer outros desdobramentos, há que se conter, como se disse no começo, a perigosa obra do Planalto, que criou e procura ampliar o fosso que vem distanciado o poder central de algumas das principais unidades da Federação, a começar pela principal delas. As consequências dessa política de vácuo podem resultar desastrosas. Instala-se um clima de mútuas hostilidades, cujas consequências são a fatura que a população terá de pagar. Mais cedo ou mais tarde.




 


ABUSO DA FÉ


O Ministério Público Federal acha que o “pastor” Valdomiro Santiago passou das medidas ao vender grãos de feijão por ele abençoados, com a promessa de que são remédio adequado para a cura da Covid 19. Reconhecido o abuso da fé de gente simples ou ignorante, ele vai ser chamado a indenizar suas vítimas em R$ 300 mil.

Valdomiro já deu tempo suficiente às pessoas para que conheçam a peça. Suas pregações, décadas atrás, começaram no bairro Retiro. Gente nossa.


TEMP0 DE DESESPERO


As dificuldades dos dias que estamos vivendo, aqui e no resto do país, são enfrentadas das mais diversas formas. Lamentável que muitas cheguem ao desespero. Algumas vão ao extremo, tentando tirar a própria vida. Desde o início da pandemia, em Juiz de Fora é alto o número das pessoas que morreram vítimas de suicídio. No total, de 19 de março a 3 de agosto, 18 suicidaram-se, como revela pesquisa feita pelo vereador José Fiorillo, que é autor de projeto propondo políticas preventivas para conter esses casos.



FRASE INFELIZ


"Não há solução e talvez nunca exista", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva virtual. Frase infeliz do dirigente da conceituada entidade internacional que cuida da pandemia da Covid 19. Trouxe forte dose de desesperança para o mundo, que aguarda a vacina contra o vírus.

Há meia dúzia de iniciativas para a descoberta de vacina, sendo que algumas em fase conclusiva dos testes. A compra antecipada pelos EUA da futura vacina salvadora gera revolta: Donald Trump assumindo atitude excludente.



PERSISTÊNCIA


Depreende-se na conversa com os vereadores que todos os 19 vão disputar a reeleição, e certamente muitos já trabalham ostensivamente para garantir espaço entre os eleitores. Se algum deles desinteressar-se é porque tem o nome cogitado para disputar como vice na chapa de um dos candidatos a prefeito. Resultado das alianças.

Os vereadores no exercício do mandato têm preferência na formação da chapa dos partidos a que são filiados.



DE OLHO NO STF


As novas incursões sobre a Operação Lava Jato, pelo procurador-geral da República, Antônio Augusto Aras, podem levá-lo a se credenciar a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal; na verdade, a cadeira que hoje é ocupada pelo ministro Celso de Mello, que se aposenta em outubro. No semestre anterior essa vaga tinha, para muitos, endereço certo em Sérgio Moro.



QUANTOS VOTARÃO?


Sabendo-se que são 410 mil os juiz-foranos aptos a exercerem o voto em novembro (nos meios políticos a expectativa era de um número bem maior) já vão surgindo especulações sobre seu real comparecimento. Há previsões muito pessimistas, alimentadas pelas preocupações com a pandemia e os problemas que ficarão no rastro dela; e, acima de tudo, o desencanto com os políticos. Arrisca-se um palpite, com base em pleitos anteriores: o comparecimento médio é de 80% do cadastro eleitoral. Há que se considerar a média tradicional de 10% de nulos e votos em branco; se a pandemia não causar estragos maiores.



O OUTRO VÍRUS


Os adversários do presidente Bolsonaro, quando o veem de chapéu de coco e montado num jegue, acham que a república está sob o comando de um modelo acabado de populismo. O que Lula foi para a esquerda, Bolsonaro é para a direita. Seja como for, esse modelo tem altos e baixos, êxitos e fracassos, tanto pode atrair como provocar repúdio.

Em janeiro último, ao comentar esse fenômeno em artigo de jornal, dizia o ex-deputado Marcus Pestana: “o populismo é fácil de exercer nos palanques, mas negativo e corrosivo na ação governamental. É um vírus perigoso e tentador”.



SEM PRECIPITAR


O Partido Verde ainda não decidiu a data da convenção que indicará seus candidatos em novembro, nem tem definições antecipadas sobre a disputa da prefeitura, comentou o vereador José Márcio, único representante da legenda na Câmara. Também não está excluída a possibilidade de participação em coligação na majoritária. O vereador considera precipitação o lançamento de candidaturas, antes de os convencionais se manifestarem e analisados os reais interesses da legenda.



A INSPIRAÇÃO


Sobre o PV vale lembrar que remontam à década de 80 do século passado os primeiros passos para a sua criação. Quem a inspirou foi o jornalista juiz-forano Fernando Gabeira, que depois elegeu-se deputado federal, e em 1989 disputou a presidência da República. A fundação do partido havia resultado de um sentimento de ambientalistas, intelectuais e nomes das mais diversas áreas de manifestação artística.



SEGUNDO TURNO


Quaisquer que sejam os candidatos a prefeito e os partidos envolvidos na disputa, a eleição deste ano vai repetir a fórmula testada e confirmada em anos passados. Estando quatro ou mais disputando a sucessão municipal é inevitável o segundo turno; o tira-teima entre os dois mais votados. Quando as alianças não conseguem reduzir o número de postulantes torna-se impossível a um dos candidatos obter maioria de votos já na primeira votação.



JÁ CANDIDATO


O professor Raul Salles, que tem vasto círculo de amizades em Juiz de Fora, confirmou sua candidatura a prefeito de Pequeri, cargo que já ocupou em passado recente. Sem desconhecer que o futuro prefeito terá importantes desafios, Raul decidiu disputar pelo Partido Trabalhista Brasileiro os cerca de 2.500 votos que tem o município. Pequeri é unanimidade: uma das mais agradáveis cidades de Minas.



VELHA HEGEMONIA


O MDB ainda não dispõe de dados suficientes para avaliar suas forças na região, onde sempre desfrutou de grande prestígio. Mas informações colhidas pela direção estadual sugerem que ainda vai dispor de base suficiente para esperar alguns bons resultados na eleição dos prefeitos em novembro. Em comparação com a eleição de 2018 o que o partido mais sofreu foi a perda da prefeitura de Juiz de Fora, embora mantenha Bruno Siqueira em suas fileiras.



VOTO ESTIMULADO


Às voltas com a adequação de seus serviços a um calendário improvisado, instado pelo imprevisto da Covid 19, o Tribunal Superior Eleitoral ainda não informou se pretende reeditar a campanha destinada a estimular os brasileiros a cumprir o dever cívico do voto. Esse apelo talvez seja mais necessário agora, quando enorme contingente de desanimados manifesta disposição de não ir à urna, preferindo arcar com a multa modesta e simbólica aplicada aos que optam pela abstenção.


terça-feira, 4 de agosto de 2020



Autoridades responsáveis


Os governos, sejam estaduais ou municipais, têm vivido horas de grandes pressões comandadas por setores interessados no relaxamento das medidas de restrição impostas pela Covid 19. Partem essas pressões de comerciantes, prestadores de serviços e pastores de igrejas evangélicas, que dirigem ou representam exatamente as atividades que mais dependem da presença de grande número de pessoas.

Sob pressão, depois de proibir o revellion, o prefeito do Rio de Janeiro opta por consultar a população para a tomada de uma decisão final. Ora, como na consulta popular as pessoas se manifestam de acordo com o desejo próprio e seu ponto de vista, sem se importar com o coletivo, é provável que a maioria dos votos seja pelo relaxamento. Que se dane a saúde.

Para evitar a prevalência de interesses reduzidos a poucos grupos, contrariando o interesse das maiorias, é que se invoca o papel da autoridade, responsável pela adoção de medidas que se sobreponham ao egoísmo, ainda que politicamente desgastantes. Porque não adianta vender muito ou rezar mais, se a morte avança e vai prosperando. Nesta hora, ao contrário do que querem os irresponsáveis, que tenhamos nada mais que o essencial, o indispensável.

As autoridades têm dever de resistir às pressões; resistir a esses setores que olham para o próprio umbigo e preferem desafiar a morte com a vida dos outros.


O que esperar de agosto


Deseja a crença popular que os agostos passem depressa. O folclore brasileiro encarregou-se de guardar muitos costumes de várias regiões que condenam esse mês que está começando como algo não adequado. Os casamentos ficam para depois, as cirurgias canceladas, e até os jogadores acham que os azares se acentuam nestes dias. Os políticos contribuem para condenar o mês aziago, lembrando, entre outras tragédias, o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros – coisas tão tempestuosas que fizeram alastrar seus azares pelo tempo afora.

Neste ano, a grande tragédia não teve de esperar agosto, porque em março e nos meses seguintes a Covid 19 grassou de tal forma, que - sem mostrar quando pretende acabar -, já cobrou dezenas de milhares de vidas. Uma catástrofe facilitada pela modéstia dos recursos oferecidos pelas políticas sanitárias e pela adesão irresponsável de setores despreocupados, que desafiam a realidade sinistra e descumprem regras mínimas de condutas nos tempos de tragédia.

Com 120 óbitos contabilizados e milhares de infectados, Juiz de Fora é a centésima vigésima sétima no hanking nacional. Não é de desesperar, mas também não é pouco.

Digamos: são números suficientes para desejar que este agosto rompa com sua tradição de más notícias, dando adeus à pandemia.





Lava Jato na berlinda

(( Wilson Cid hoje no “Jornal do Brasil” ))

Depois de temporada relativamente adormecida, eis que ressurge ao debate e aos conflitos a Operação Lava Jato, agora dividindo espaço e atenções da mídia com a Covid 19; e insuflada pela denúncia de envolvimento de dois ex-governadores de São Paulo nos mesmos delitos pelos quais tantas vezes foram acusados outros políticos. Considerada a expressão de ambos, a suspeita já bastaria para que a operação moralizadora retomasse o antigo vigor, mesmo se os fatos denunciados em São Paulo não estivessem exatamente sob sua alçada. Mas ela acabou voltando ao noticiário por outro fator, este parecendo mais grave, que é a entrada em cena da Procuradoria-Geral da República, ao reclamar transparência em relação a documentos de investigação - milhares deles – relativos a pessoas, empresas e instituições implicadas justa ou injustamente.

Em relação a tal novidade, assistimos à inauguração de novo capítulo na acidentada história dessa Operação, o que, na opinião de não poucos, trata-se de uma ofensiva demolidora, destinada a decretar sua falência; o que em outras vezes tentou-se sem êxito. Os fracassos anteriores certamente se deveram aos clamores da opinião pública ouvidos em sua defesa.

Afora a suspeita tentativa de preservar a carcaça de poderosos na mira de futuras investigações, ou aflorar documentos secretos úteis para poupar amigos ou culpar adversários, essa nova incursão nas entranhas da Lava Jato pode, em paralelo, ofender o ex-ministro Sérgio Moro, não mais apenas por ter hostilizado o governo do qual fez parte. Mais do que isso, haveria a intenção de trazer à tona eventuais fragilidades e equívocos que ele possa ter cometido nos tempos em que foi patrono do movimento de moralização desencadeado em cima de notórios implicados em esquemas da corrupção assustadora. Já que Moro tem consentido em que seu nome seja lembrado como opção para o eleitorado que em 2022 irá às urnas escolher o novo presidente, seria também por isso a investida. Contra um projeto da sucessão presidencial organizam-se as forças a ele opostas.

O choque entre sinceras ou maldosas avaliações da Operação pode levá-la a uma hipotrofia, coisa que não apenas animaria o ressurgimento dos focos de corrupção, como ensejaria igualmente sinal verde para a aventura dos que ainda não tiveram acesso aos potes. E não serão poucos os ávidos a descobrir, pela senda do crime, os caminhos capazes de enriquecê-los à revelia das normas e dos bons princípios.

Não seria exagero, ante tanto risco, temer que a Lava Jato tenha sido, nestes últimos dias, condenada a mergulhar numa fase de vulnerabilidade. Pode ser que morra em definitivo, como temem os mais descrentes; mas, resistindo, estaria condenada a sobreviver com escassa oxigenação, incapaz de ter fôlego para mergulhar no submundo dos crimes que lesam as relações do poder público com empreiteiros e prestadores de serviços.

Agora, para reprisar uma questão que aqui algumas vezes se comentou. Quando se desdobravam as investigações iniciais, logo seguidas dos ritos processuais e prisões; quando se chegou ao inimaginável de encarcerar um ex-presidente da República, não por poucas vozes recomendou-se que à campanha moralizadora deviam seguir-se, supletivamente, iniciativas que, longe de se limitarem à retirada dos criminosos de circulação, fossem suficientes para dar ao Estado instrumentos tais que varressem a corrupção institucionalizada; não apenas desmascarar e condenar corruptos. É preciso desmontar a complexidade da máquina que abriga e tolera mil expedientes para os crimes que lesam o erário. Sem isso, a Jato lava mas não enxuga.

Sob o poder dessa máquina estão os candidatos que se lançam nas eleições, e aos corruptores têm de ceder, porque sem entrar nos esquemas e sem prometerem favores e pareceres com benefícios; sem votações suspeitas e sem se submeterem ao dinheiro de interesses que não querem ser contrariados; sem isso a eleição é quase um sonho inatingível. Os corrompidos tornam-se vítimas inevitáveis. Cedem, porque sem isso não têm como disputar protagonismo na política. Ninguém suficientemente informado desconhece que grupos poderosos é que elegem e ditam as regras das bancadas do corporativismo em todas as câmaras.

Sem uma legislação eleitoral corajosa, capaz de libertar a política dessa dependência, o país continuará mal servido. Os políticos veem-se obrigados a se entregar aos caprichos dos dominadores. Cedem e compõem. Certamente que isso não justifica, mas explica.



segunda-feira, 3 de agosto de 2020


Em Poucas Palavras


Entrando e atirando

A coluna impressa de César Romero incursiona na política, para trazer o desabafo e desencanto do empresário Eduardo Lucas, pré-candidato a prefeito pelo Partido Democracia Cristã. Sendo obrigado a mexer com as coisas comuns da área em que pretende entrar, ele vê muita sordidez no sistema político brasileiro, critica a prefeitura local por ser inchada e improdutiva, e a Câmara por descumprir a missão de fiscalizar.
Diante de tão sombrio panorama, Lucas se dispõe a uma campanha solo: sem coligações, sem fundo eleitoral, sem fundo partidário. Com cara e coragem.


Moro cercado

Não é mais necessário ter evidências de que se trama um cerco político para asfixiar o ex-ministro Moro e sua possível candidatura à presidência da República em 2022. Primeiro, a AGV entra em campo para abrir as entranhas da Operação Lava Jato, que teve e o tem como patrono. A alegação de que há documentos sigilosos a serem avaliados não parece ser argumento suficientemente procedente.
Menos indireto ainda, o ministro Dias Tófoli, presidente do Supremo Tribunal, recomenda que seja proibido a juízes participarem de eleição antes de decorridos oito anos depois de deixarem a magistratura. No feitio de Moro.

Ações que falham


O deputado Betão (PT) prefere manter em reserva a promessa da Secretaria de Saúde de que estará em queda, nos próximos 15 dias, o índice de óbitos provocados pela Covid 19 em Minas. Com a estatística sinistra subindo 16% em uma semana e 4.000 novos casos de contaminação, ele não vê como o governo estadual possa ter previsões otimistas, com a política sanitária que tem praticado.

Outro nível


Não cometem cacoete de saudosismo os que têm ocupado as redes sociais para lamentar a pobreza dos discursos parlamentares, considerando-se que, salvo exceções, em nada são capazes de lembrar os grandes momentos das tribunas. A indigência verbal prolifera desde as câmaras municipais até o Congresso Nacional. O fenômeno tem explicação, em parte, na queda do nível cultural de que padecem os grandes colégios eleitorais. Bem representados, portanto.


Cuidados especiais
Continuam em pauta as indagações sobre ações que terão de ser adotadas, quando a Covid 19 der sinais de que está de partida. Se há muito a fazer, é necessário que a população vá se acostumando com cuidados que até agora nos pareciam superficiais ou mesmo desnecessários. Para citar dois exemplos: o uso de elevadores que, quando superlotados, produzem grande risco de contaminação; e, com ou sem corona, mais sério ainda, o transporte coletivo, que terá de adotar precauções novas e permanentes. A saúde da população, que tanto sofre, merece maior proteção, a começar pelos cuidados com ônibus e elevadores.


Representação contestada


Oportuno trazer à memória, já que de novo estaremos com as urnas. Na eleição de 2016 houve elevado número de votos nulos e em banco, que, somados às abstenções, superaram a votação dos eleitos. Nada mais ilustrativo para sinalizar a falta de representatividade dos políticos com mandato.
Agora, a expectativa dos cientistas políticos é que haverá mais de um milhão de candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito. O que concorre para a pulverização no processo eleitoral com as consequências imagináveis. Aposta-se que teremos mais candidatos ao cargo de prefeito, de forma que as organizações partidárias tenham mais visibilidade; e com isto – quem sabe? - os vereadores podem ser beneficiados pelo voto de legenda.
Preto no branco


A Justiça Eleitoral adverte para a necessidade de as pesquisas sobre tendência eleitoral serem registradas de conformidade com a lei, com o que pretende evitar que elas sejam usadas para enganar eleitores menos esclarecidos. Além disso, mesmo que estejam registradas, devem ser olhadas com reservas (pelo menos por hora) por estarem sendo realizadas pelo telefone, o que de certa forma compromete a identificação do consultado.