quarta-feira, 26 de abril de 2017






Ao abismo


Uma ideia que ainda persegue a muitos é que o desafio básico do governo Temer está em não conseguir – se é que já tentou – mostrar à sociedade brasileira a gravidade dos problemas que nos perseguem. Vivemos à beira de um grande abismo, a um passo do caos total, e os setores mais responsáveis (sic) preferem desconhecer o perigo. Olham a paisagem distante, como se nada atormentasse. Ora, um passo a mais, sem um País reformado e renovado, iremos ao fundo.

É de assustar, mas o desinteresse pela realidade da crise que vive o Brasil envolve senadores e deputados, os primeiros que tinham obrigação de estarem identificados com os riscos que nos rondam, que são muitos e sérios. Passam por cima da gravidade dos problemas e continuam votando em troca de favores e posições políticas. E não ajudam a sociedade a entender que chegaram a tal ponto nossas enfermidades, que as dores de hoje e de amanhã não vão cessar com vinte gostas de dipirona; só com cirurgias de alta complexidade. Mas não. É como se vivêssemos no melhor país do mundo; como se a degradação moral da política brasileira não tivesse nascido e crescido exatamente dessa espúria troca de favores que se pratica hoje, do mensalão, da lava-jato, dos assaltos ao erário. O Congresso não se dispõe a corrigir os vícios, nem que seja por breve tempo, tempo suficiente para o Brasil tomar fôlego.

Aos partidos políticos, por mais desprestigiados que estejam, deve sobrar tênue mas suficiente responsabilidade para chamar aos brios os que em seu nome exercem mandato. E partir para ações verticais e severas. Ajudar o Brasil a sacudir a poeira da corrupção e enfrentar, corajosamente, o que precisa ser reformado. 








terça-feira, 25 de abril de 2017







Odebrecht


A Odebrecht, que se tornou a grande estrela nacional, graça aos acertos pragmáticos com nossos políticos e governantes, não figurou entre as empresas contratadas para realizar obras públicas em Juiz de Fora. Até porque sempre se interessou por grandes projetos, e com esses jamais fomos contemplados. Fosse diferente nosso prestígio junto aos governos federal e estadual, certamente ela teria nos frequentado.

Única obra que a Odebrecht realizou na cidade foi o viaduto Augusto Franco. O que me dizem é que seu interesse certamente chegaria aqui em caso de raríssimas concorrências, como o contorno ferroviário ou a privatização da  Cesama.  

Os políticos locais, segundo dados de que se dispõe no momento, mas não isentos de surpresas futuras, não tiveram prestígio ou ambições suficientes para pleitear ajuda de grandes empreiteiros. O que obtiveram para suas campanhas eleitorais veio dos fundos partidários, estes realmente alimentados pelas empresas ávidas no tráfico de influência. O que receberam foi através desses fundos, sem que indagassem sobre a procedência do dinheiros que os partidos arrecadavam. Por isso, a própria Odebrecht reconhece que muitos se elegiam sem saber que tiveram a ajuda dela.





Cenas imorais


Vai entrar em rede nacional o telejornal Odebrecht. Tirem as crianças da sala, para não terem de assistir às cenas explícitas de imoralidade que a partir de agora serão transmitidas. Aos adultos que permanecerem na sala convém a precaução de algumas gotas de Dramin, o que evitará vomitar ao verem tamanhas imundícies. 









quarta-feira, 19 de abril de 2017







Centenário


Reunião interna de sócios, programada pelo presidente José Márcio Ferreira, vai marcar, nesta quinta-feira, o centenário do Clube Juiz de Fora, aniversário que, na verdade, transcorreu no último dia 8. Vale a comemoração, porque esse clube, mais que qualquer outro, tem a ver com a história da cidade, não apenas por causa de festas memoráveis, mas porque muitas decisões políticas e empresariais naquelas salas ocorreram. Vale lembrar que os dois prefeitos de mandatos mais longos, Procópio Teixeira e Tarcísio Delgado, foram lançados ali. Antônio Carlos, João Goulart, Costa e Silva foram os presidentes que estiveram e almoçaram.   
 
Os bailes de carnaval e de fantasias figuravam entre os mais famosos e concorridos do Pais, e foi trágica coincidência que na segunda noite carnavalesca de 1950 um incêndio destruísse totalmente a velha sede, na esquina de Halfeld com Rio Branco, transformando também em cinzas as lojas que funcionavam no térreo. O atual prédio tem a fachada tombada pelo Patrimônio Cultural.
  
Não foi a primeira entidade civil a ter esse nome. Em 1882 ela existia e estava sob o comando de um ilustre, José Ayres do Nascimento, que acabava de ser governador do Sergipe, numa época em que não apenas ele, mas nove outros ex-governadores moravam aqui. Em 1903 o clube funcionava na Rua Halfeld, ao lado do famoso Hotel Rio de Janeiro. Mas a data histórica ficou sendo o 8 de abril de 1917, quando a entidade se organizou definitivamente em assembleia liderada pelo juiz Braz Bernardino, que também figura numa outra galeria ilustre, a dos ex-provedores da Santa Casa. O primeiro presidente, Inácio de Avelar Werneck, naquela mesma hora foi eleito, com a missão de começar logo a construção da sede, inaugurada em 24 de junho de 1918.

Em outubro de 1933 o clube era proprietário de um terreno na Rio Branco, comprado por Amatore de Giacomo, em nome do governo italiano para ali se construir a Casa D’Italia.


Sem a grandiosidade que outros tempos levaram consigo, com poucos sócios ativos, o Clube resiste, sob a presidência de Ferreira, com um ânimo e persistência que todos aplaudem. 





segunda-feira, 17 de abril de 2017







Sobrevivente político
 

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder de seu partido no Senado, reitera suas críticas ao governo federal do mesmo partido. Acaba de publicar, mais uma vez, nas redes sociais, um vídeo no qual critica o presidente Michel Temer (PMDB) por sancionar o projeto de terceirização irrestrita do trabalho. Disse o senador alagoano: “Quem não ouve erra sozinho”, numa referência ao presidente.

Renan é um nordestino sobrevivente às intempéries da política brasileira. Era deputado federal, líder do PRN e apoiava o presidente Collor de Mello (PRN, em 1990), sobreviveu ao impeachment do 'caçador de marajás'.  Já senador, teve filha numa relação extraconjugal. Isto foi pivô de escândalo de corrupção, pois uma empresa pagava a pensão alimentícia, o que o levou a enfrentar processo de cassação, acabou  renunciando ao mandato para não ficar inelegível, mas foi absolvido em setembro de 2007.
    
Retornando ao Senado, Renan continuou poderoso, voltou à presidência da Câmara Alta, presidiu o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e impediu que ela ficasse inelegível, em uma decisão fatiada da sentença de  interrupção do mandato da presidente petista.

Tem seu nome sempre citado por delatores da Organização  Odebrecht. E já é réu no STF naquele processo antigo em que pagava pensão alimentícia da filha com dinheiro de uma empresa.

Agora enfrenta Temer na condição de líder do PMDB no Senado, e se alia à oposição (PT, PC do B  etc.). O que será do interesse de Renan (no momento) que o levou ao confronto com Temer e sofrer o rompimento político com seu antigo aliado? Quem viver verá.

  



Crise carcerária 


Nas celebrações da Semana Santa, mas principalmente na que se referia à instituição da Eucaristia, o arcebispo Gil Antônio insistiu na necessidade de se promover uma revisão corajosa da política carcerária no Brasil, que, como pensam todos, em apoio à Igreja, transformou-se num verdadeiro caos.  O metropolita também concorda com a cruel evidência de que,  nas atuais condições, as prisões do País devolvem os criminosos à sociedade bem piores do que quando entraram. Com tanto dinheiro para a corrupção, por que não investir um pouco dele no sistema carcerário?, indagou.
   
Juiz de Fora, sem ser exceção nesse quadro sombrio, serve para confirmar a tragédia dos cárceres, pois, segundo os números que dom Gil revelou em sua homilia, as celas daqui guardam presos em três vezes mais que sua capacidade. Diante disto, seria um  delírio pensar na recuperação dos criminosos.
  

A Igreja Católica vem ampliando sua Pastoral Carcerária na cidade, que não se limita a visitas periódicas aos presos. Está sendo organizada, com apoio da doação dos leigos, uma biblioteca para o apenado. Cada livro que ele ler é um dia a menos na cela. Na Quinta-Feira, na Catedral, uma iniciativa simpática e interessante, que vale citar: cada pessoa que entrava para rezar recebia pequeno cartão com as iniciais de um preso não identificado. Para ele se dirigiu uma oração anônima e  especial.






quarta-feira, 12 de abril de 2017







O homem  e a Cruz



Pois num tempo muito distante

pregaram um homem na cruz.

e a cruz ficou no homem;

e em todos os homens depois.

Não como vingança; mas como herança, esperança.

E dentro de cada menino, que dorme dentro de cada homem,

ficou para sempre um remorso doído e um desejo antigo:

que se ligue o homem à cruz, mas que se livre o homem da cruz.






sexta-feira, 7 de abril de 2017







Reforma incerta


A considerada sólida base aliada do presidente Michel Temer no Congresso Nacional já sinalizava grande insatisfação, tanto nos bastidores como em algumas afirmações públicas. Há pouco, uma sondagem com os deputados feita pelo jornal “O Estado de S. Paulo” já demonstrava que o presidente teria problemas para aprovação de seu principal projeto: a reforma da Previdência.

Quem se alegra com a notícia é o senador e líder de seu partido, Renan Calheiros (PMDB). Nos últimos dias Renan usou as redes sociais para criticar o governo federal pelos projetos que tem priorizado, e que ele considera ruim para os trabalhadores brasileiros.

De repente o senador alagoano virou opositor, e porta-voz da oposição. Ele tem dito que Temer não conversa com seus aliados, e impõe uma agenda difícil de aprovar. De certa forma Calheiros está ecoando o sentimento dos parlamentares que em breve (2018) irão à busca de votos junto a um eleitorado ressentido com a classe política.

O recuo contrasta com a opinião de alguns especialistas, que, profetizando, afirmam que a ausência da reforma, numa dimensão mais corajosa - doa em quem doer – será o caos.






terça-feira, 4 de abril de 2017








Garantia de Governabilidade


O julgamento da ação que pode levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral começou hoje. É um episódio inédito no Brasil. A defesa do presidente adotou a estratégia de tentar desvincular as contas de campanha dele e Dilma Rousseff. Os advogados de Temer também encaminharam ao TSE um parecer complementar defendendo que os depoimentos de ex-executivos da Organização Odebrecht sejam desconsiderados.

Esse julgamento é o desfecho de ações propostas pelo PSDB ainda em 2014, que visavam a atingir Dilma. Agora que integram o governo federal, os tucanos vêm defendendo desvincular o presidente de sua antecessora. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a cassação de Temer traria transtornos ao País, o que certamente ocorreria. Já no ano passado FHC defendeu esse mandato presidencial complementar como uma ‘pinguela’ que precisamos atravessa para chegarmos salvos às eleições de 2018.


O ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, declarou que depende dos seus colegas na Corte se a tese da “garantia da governabilidade” preponderará sobre os critérios técnicos. Avaliou que o tribunal geralmente é “cauteloso” em decisões complexas.