quinta-feira, 29 de março de 2012

PPS de casa nova

No domingo, às 10h, o PPS inaugura sua nova sede, agora na Rua Martinho Gonçalves, 231, Bairro Cerâmica. O presidente do diretório municipal, Antônio Jorge Marques, confirmou a solenidade, com a presença da deputada estadual Luzia Ferreira.
Segundo o presidente, a nova estrutura “parte do esforço coletivo dos membros do PPS em ampliar sua participação no processo democrático junto às forças de atuação popular em nosso município, fazendo justiça à sua história nas lutas sociais, sindicais, estudantis e políticas”.
Para ele, o acontecimento em seu partido coincide “com um momento de intensa magnitude para o PPS”.



Minas assume a oposição?

Não foi programado e nem antecedido de badalação na mídia o discurso que o senador Aécio Neves pronunciou quarta-feira no Congresso, denunciando o governo federal por estar relegando os grandes problemas nacionais. Veemente, condenou o governo sem conteúdo e sem metas, que desconhece grandes obras e objetivos. Pareceu que Aécio já falava como candidato à presidência.
Mas não é exatamente o que neste momento desperta a curiosidade dos políticos que ouviram o discurso do senador. O que se indaga é se, através dele, Minas está assumindo o papel de oposição ao governo Dilma; um papel que até agora vinha sendo considerado atribuição natural dos paulistas. Na verdade, os contrários se mostram distantes do cenário.


Ministros demais

Não se pode dizer que houve promessa da presidente Dilma durante a campanha, mas ficou uma insinuação sobre a necessidade de ser reduzido o número dos ministérios e secretarias de nível ministerial que servem em seu governo. Hoje são 37. Alguns totalmente inúteis ou dispensáveis, porque seus serviços podem, sem qualquer prejuízo, ser absorvidos por outras pastas. É o caso dos ministérios do Turismo e da Pesca, que até hoje não mostraram um volume de serviços capaz de justificá-los. Mas, sobretudo, o excesso de ministérios é que dilui as responsabilidades da administração federal e torna escassos os resultados.


Uma advertência

Já que estão renascendo as promessas de encaminhamento da reforma política, pessoas ligadas à presidente procuram alertá-la sobre os riscos do financiamento público das campanhas, segundo o modelo pretendido pelo PT, que resultaria na consagração do chamado caixa dois. Com o atual sistema de votação uninominal nada será possível corrigir.
Mas a verdade é que no governo atuam áreas com pontos de vista diferentes. Ainda não se sabe que lado pode estar influindo mais.


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Fora da pauta


1 - A passagem do 48º aniversário do movimento militar que derrubou o governo João Goulart, em 31 de março de 64, coincide, amanhã, com um sábado, o que limita comemorações nos quartéis e desestimula os políticos. Talvez seja bom assim, porque grandes festas poderiam atear fogo às relações entre militares da Reserva e o governo, que já andam tensas.


2 – Para não constituir surpresa: observa-se que funcionários públicos e bacharéis em direito poderão representar as duas atividades mais frequentes nas listas de candidatos a vereador. Em muitas eleições anteriores a constatação foi a mesma.


3 - Ainda sobre as listas de vereador: o eleitor não poderá alegar baixa qualidade dos candidatos para justificar o desinteresse, porque há bons nomes preparando-se para a luta. Longe de constituir maioria, e mesmo com as listas ainda incompletas, desde já é possível sentir boas presenças. A bola vai ficar com o eleitor.


4 - Competências e limites da edilidade são os principais assuntos a serem tratados no curso que a direção estadual do PSDB vai promove em Juiz de Fora na segunda quinzena de abril ou nos primeiros dias de maio.


5 - Em quase todos os partidos, e o PT não é exceção, parece predominar a tese de que não é ideal a chapa “puro sangue”, isto é, candidatos a prefeito e vice da mesma legenda. Melhor é a composição.


6 - Amigos de alberto bejani confirmam que a disposição dele é mesmo disputar a prefeitura, ainda que sub judici, e anunciaria tal disposição nos primeiros dias de maio. O que os amigos não dizem, se é que sabem, qual o discurso que esse cidadão pretende trazer ao eleitorado.

7 - Mas, sobre a candidatura do ex-prefeito, entre os políticos que a esperam, e que não acreditam em sua eleição, fica uma indagação: entrando no páreo, a quem ele prejudicaria dividindo votos ?


8 – O PMN, diz seu presidente, Isauro Calais, antecipou para as horas que se seguirem à Páscoa, a decisão sobre sua participação na disputa da prefeitura. No final do ano passado, ele próprio havia sido apresentado como pré-candidato.


9 - O que se pode esperar da política nacional e do Congresso, quando se sabe que em breve a presidência do Senado, saindo de Serney, ficará com Lobão ou Renan?


10 – Na área da Microrregião do Paraibuna, pelo que se sabe até agora, todos os prefeitos em primeiro mandato vão disputar a reeleição. Embora tenham queixas quanto ao peso da missão que carregam.


(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 28 de março de 2012

Voz de cacique

Em Juiz de Fora, tal como se dá em S. Paulo, a eleição municipal está sendo antecedida pela movimentação dos antigos caciques. Lá, o ex-presidente FHC entrou no processo para assegurar a continuidade do PSDB no poder. Aqui, Tarcísio Delgado, prefeito por três mandatos, entra em cena com disposição. Após a morte de Itamar Franco, ele é o político mais influente da cidade, e seus passos precisam ser acompanhados. Já falou algo em relação à candidatura de Bruno Siqueira, que é uma ponderação sintomática: “ ele é muito jovem..." Sinaliza que o PMDB quer ser soberano na decisão de haver candidato próprio ou caminhar para outra candidatura. Tarcísio defende que Bruno Siqueira e Júlio Delgado façam um acordo, para que haja apenas uma candidatura, o que aumentaria a chance de vitória. Enfim, ele revela sua opinião, mas, se ambos quiserem manter as candidaturas, que assumam as responsabilidades.
Pelo que se ouve nos meios peemedebistas, dificilmente a candidatura de Bruno Siqueira será retirada, consolidada por uma parcela do diretório local, estimulada por resultados de pesquisa que ela encomendou, prometendo um possível segundo lugar, que o levaria para a disputa final. Mas as pesquisas de opinião são "fotografias de um tempo presente", e com o passar do tempo as coisas podem mudar. Quando a campanha começar de fato, daqui a uns três meses, ela trará um ingrediente emocional. Pode ser que a paternidade fale mais alto, e esteja influenciando o raciocínio político do ex-prefeito.


Nada ao telefone

Esse encontro de FHC com Lula não parece apenas o gesto de respeito e solidariedade entre os dois recentes ex-presidentes da República. Embora o gesto esteja significando muito no imaginário simbólico da nação, como a importância do entendimento político acima das divergências ideológicas, é possível que FHC tivesse algo importante para dizer in off a Lula ou vice-versa. Marcaram o encontro em um hospital, para que o ambiente de privacidade fosse assegurado.
Suficientemente sabidos, sabem que certos assuntos não podem ser tratados pelo telefone. A propósito desse cuidado, para não se sofrer o mesmo que está sofrendo o senador Demóstenes, atribui-se a Tancredo Neves advertência de que nada se trata ao telefone. Avesso às conversas por telefone, ele ensinava que o instrumento serve, no máximo, para marcar encontro, de preferência no lugar errado.


DEM faz aliança


A direção estadual do DEM pretendeu estimular a comissão provisória de Juiz de Fora a entrar na campanha eleitoral com candidato próprio a prefeito, considerada a importância do município. Mas o presidente da comissão, ex-vereador Romilton Faria, demonstrou que o partido não dispõe de estrutura suficiente para um projeto político dessa envergadura.
Hoje, o DEM já se definiu pelo apoio à reeleição do prefeito Custódio Mattos, e é a decisão que será romada na convenção de junho.
Romilton afirmou ontem, em entrevista, que seu partido tem “duas razões básicas para ficar com Custódio: a probidade e o volume de obras em execução”.



Anistia difícil

A proposta veio no final do ano passado, mas até hoje o Tribunal Superior Eleitoral não tomou conhecimento dela: anistia de multas e outros ”castigos” em favor dos que deixaram de participar dos últimos pleitos e não justificaram a ausência, desde que possam comprovar presença nas urnas de outubro próximo.
O que tem estimulado a ausência, além dos desencantos e restrições que se fazem aos políticos, é a multa simbólica que se aplica a quem deixa de votar: nada mais que o valor de duas latinhas de cerveja.


Fé no programa

Estão em alta os colégios eleitorais em que votam mais de 200 mil pessoas, entre os quais nos incluímos. Primeiro, foi o PMDB a querer que nesses casos haja candidato próprio a prefeito. Depois, o PSDB e o PT, argumentando com base no mesmo patamar, nem admitiram discutir projeto diferente. O DEM e o PR chegaram a pensar na raia própria.
Em todos os casos, identificada a tentativa de impedir que a eleição deste ano se restrinja ao embate municipal, os partidos revelam estar de olho em 2014, e para isso é essencial que, num primeiro passo, estejam bem estruturados nos grandes
municípios.

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De Memória

Risco da guerra

Não faltou quem achasse graça e preocupação pretensiosa do prefeito Raphael Cirigliano, quando na manhã de 7 de abril de 1942 ele convocou uma reunião de emergência em seu gabinete, com a participação de militares e representantes da sociedade civil, para debater o que fazer, caso de Juiz de Fora fosse bombardeada por aviões da Alemanha, Itália ou Japão. Mas o que pareceu “mania de grandeza” fazia algum sentido, pois na cidade acabava de ser instalada a FEEA, produtora de armas e munições de guerra, exatamente para dar combate aos países do Eixo. Certamente que em tais circunstâncias não fazíamos parte das simpatias deles...


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(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 27 de março de 2012

Sob pressão

A cada dia o PMDB encontra uma forma de empurrar Dilma contra a parede, na sua campanha por melhores posições no poder central. Ainda agora, o Departamento Nacional de Produção Mineral, que nunca fez exigências, queixa-se por não estar sendo consultado em processos de prospecção. Quem dirige o departamento é o mineiro Sérgio Dâmaso, indicado pelo partido.


Na arquibancada

Em Belo Horizonte, o PMDB se recolheu para assistir à luta entre PT e PSDB, que disputam as melhores fatias da reeleição do prefeito Márcio Lacerda. A intenção dos peemedebistas não é outra: na refrega, os dois grandes podem sair machucados, abrindo-se uma terceira via.
Há quem sugira ao PMDB de Juiz de Fora também aqui permanecer atento à luta entre tucanos e petistas. Quem sabe não fique um espaço no meio?


Tema central

Enquanto os candidatos a prefeito não chegam com suas propostas e a sociedade civil não faz cobranças, é preciso que se diga: sejam quais forem os projetos e ideias, fundamental é que se eleja, como objetivo superior, a retomada da qualidade de vida da população. O cotidiano atesta que é preciso fazer algo mais, por exemplo, em relação ao trânsito.



Preferenciais

De olho em 2014, quando seu partido espera ter reais condições de disputar a presidência da República, convenceram-se todos os chefes do tucanato que a eleição municipal, dentro de seis meses, será um degrau decisivo. O projeto passa, num primeiro momento, pela eleição de mil prefeitos, com prioridade para os municípios com mais de 200 mil eleitores.
Diante deste dado, o partido vai organizar um plano de ação destinado a prestigiar seus candidatos. Em abril promove em Juiz de Fora um curso para candidatos a vereador.


Ficar no centro

Quando terminarem as composições de que participará neste ano eleitoral, o PSD, algumas vezes à direita e em outras à esquerda, deverá ser orientado a pautar suas ações como partido eminentemente de centro. Nesse papel, estará ressuscitando o primeiro PSD, criado em 1945, já então no centro, mas na maioria da vezes com posições de um conservadorismo que se identificava mais com a direita. Muitas vezes no foco das grandes decisões, um de seus últimos líderes, almirante Amaral Peixoto, dava a receita dos êxitos obtidos: tirar o melhor que tem a esquerda, o melhor da direita, e decidir no centro. Quando Vargas criou o PTB para cuidar da política urbana, mandou que amigos fieis fundassem o PSD para cuidar dos fazendeiros e coronéis, que seriam hoje os capitães do agronegócio.
Entre as propostas políticas mais excitantes do PSD de Kassab está a experiência do voto distrital, a começar pelos 85 municípios com mais de 200 mil eleitores, o que já valeria para a eleição proporcional de 2014, como o caso de Juiz de Fora, que faria parte da relação experimental.


Por onde anda?

Há seis meses protocolizada na Comissão de Infraestrutura do Senado, não há quem informe por onde anda a proposta do senador Aécio Neves sobre a nova forma de indenização aos estados e municípios que sofrem as consequências da exploração predatória de minérios. Nesse campo, o ônus mais pesado sempre fica com a economia mineira.


Minas verde

O Partido Verde entra no processo eleitoral diante da seguinte constatação: são raros os municípios em que terá condições de sustentar candidatura própria, mas com fôlego suficiente para participar de alianças proveitosas. É que em Minas o partido contabiliza diretórios ou comissões provisórias em 429 do 853 municípios, segundo seu presidente, Ronaldo Vasconcellos.
Em Juiz de Fora, o PV acompanhará o PPS, e ambos provavelmente apoiando a reeleição do prefeito.

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De Memória

O Bom Pastor

Nos anos 50, quando a população de trabalhadores já era bem expressiva e crescia nos bairros populares, a visão de alguns urbanizadores, entre eles e principalmente Alonso Ascensão de Oliveira, sinalizou para o potencial do mercado imobiliário destinado à classe média alta. Foi o que o levou a ser um dos empreendedores do Bom Pastor, que uma foto de Jorge Couri , hoje no TER NOTÌCIAS, registrou, quando o bairro começava, meio século atrás, ainda com um pequeno lago, onde hoje está a praça. Antes, Alonso já havia loteado os terrenos onde hoje estão o Bairu, Grajaú e Jardim Glória.

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(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 26 de março de 2012

A pesquisa

Juiz de Fora está entre as cidades onde o desenvolvimento da campanha eleitoral será acompanhada pelo governo do estado com pesquisas científicas quinzenais, que se pretendem isentas de influências locais. A primeira deve ir a campo em fins de abril. Até lá, fica o temor de que elas são elaboradas de acordo com o gosto do freguês.
Um antigo colaborador do prefeito Custódio lembra que ele é um especialista na elaboração e interpretação de pesquisas. Aprendeu quando morou na Inglaterra.


Ao debate

Cobra-se com insistência das entidades e sindicatos uma efetiva participação no debate dos problemas de interesse da cidade, antecipando-se às eleições. Eles têm de atuar antes dos candidatos, porque estes e seus partidos interessam-se em adiar, tanto quanto possível, a abertura da campanha. Querem reduzir as despesas e evitar maiores desgastes. Para eles, só em agosto a campanha começa pra valer.


Meio termo

Sem afetar o discutível gosto pelas tatuagens no corpo, o projeto que impedia o ingresso de tatuados nas Forças Armadas, eliminando-os totalmente, tornou-se agora mais suave. Revisão da matéria estabelece que elas serão toleradas, desde que os desenhos não incitem à violência e discriminação, e não cubram parte do corpo, dificultando a identificação do militar, quando estiver em atividade.
Do jeito bem brasileiro, que, em se tratando de lei, prefere o mais ou menos.


Na telinha

Vejamos como a Justiça Eleitoral vai sair de uma complicada situação criada pelo projeto do deputado Arnaldo Versini, que quer horário gratuito de propaganda nas emissoras geradoras de televisão para candidatos a prefeito de municípios com mais de 20 mil eleitores. O projeto não explica como esses candidatos poderiam cobrir os altos custos da produção dos programas.
O que está sendo recomendado é que as geradoras seriam distribuídas segundo a expressão do colégio eleitoral. No caso de Juiz de Fora, a divulgação dos programas dos candidatos locais ficaria a cargo da Panorama. A TV Alterosa e a Educativa assumiriam, por exemplo, os candidatos de Santos Dumont e Ubá.


As alianças


As alianças partidárias compõem um elenco importante entre os itens do processo eleitoral. Elas já fazem parte de negociações, com antecedência, até porque, antes de se pensar no candidato a prefeito, regem os acertos para a composição das chapas da vereança.
Elas também permitem aos grandes partidos desovar pretensões de candidatos que não podem ser atendidos. Nesse ponto, as pequenas legendas exercem um papel importante para absorvê-los, embora muitas vezes eles não percebam a manobra.
Esses acordos, ainda que fiquem definidos desde agora, só serão sacramentados em junho, através das convenções.



Biometria

Há quem não acredite que seja possível, mas o TSE quer chegar a junho com 10 milhões de eleitores brasileiros identificados biometricamente, tornando para eles dispensável o título e, em consequência, criando-se mais um obstáculo para o crime. Essa segunda intenção se confirmou quando o Tribunal priorizou a modernização do sistema a partir de pequenos colégios eleitorais, que são os mais susceptíveis a fraude.



Um toque chinês

Não importa a cor do gato, desde que cace o rato. A frase é de Deng Xiaping, pai das mudanças capitalistas no corpo do socialismo da China, que o senador mineiro Clésio Andrade lembrou agora, em defesa de sua proposta de maiores aberturas para a iniciativa privada atuar nos negócios hoje centralizados no poder público. Terminada a prestigiada festa em torno de sua filiação ao PMDB, parece ser a campanha de privatizações, onde elas forem necessárias e possíveis, uma tônica da atuação que pretende no novo partido, onde sua chegada foi suficiente para que seja apontado como um nome para disputar a sucessão em Minas.
Ainda inspirado em Xiaoping, o senador vê como um desafio, não apenas mineiro, mas nacional, a convocação ao empreendedorismo, “ainda que em setores delimitados”.
Clésio quer estimular a presidente Dilma a ampliar os espaços para a iniciativa privada, e acha bom o fato de já se poder ver nela “semelhanças com o arquiteto do milagre chinês”, principalmente quando se trata de projetos no campo da infraestrutura.

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De Memória

Ampla maioria

Todo candidato a cargo eletivo sonha com a consagração das urnas, a conquista do maior número possível de votos, e na campanha para obtê-los joga todo o seu prestígio. Pois em eleição executiva um fenômeno se deu em 27 de março de 1922. Naquele dia, o juiz da comarca comunicava que na disputa pela presidência do estado os juiz-foranos haviam destinado 2.034 votos à chapa Raul Soares – Olegário Maciel, e apenas 199 votos à chapa Francisco Sales – Américo Lopes.
Foi, proporcionalmente, a maior votação já dada em Juiz de Fora a um candidato ao governo de Minas.


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(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 25 de março de 2012

Definição

Ao retornar de S.Paulo, onde esteve para participar da gravação de programa do PMN, o vereador Isauro Calais, que preside o diretório municipal, decidiu que em abril o partido anunciará, em definitivo, se terá ou não candidato próprio à prefeitura. Há cinco meses ele foi apresentado como pré-candidato, e desde então conversou com quase todos os demais pré-candidatos.


Sabedoria

Vai chegando o momento em que o ex-prefeito Tarcísio Delgado, do alto de sua experiência política, recomendará que dois pré-candidatos – Bruno Siqueira e o filho Júlio Delgado - se sentem à mesa e definam qual deles deve entrar na disputa. Se os dois digladiarem estarão dividindo forças e ajudando o projeto de Custódio.


Desafiante

O ex alberto bejani decidiu lançar, em maio, sua candidatura a prefeito, certo de que não terá a prejudicá-lo o fato de ter renunciado para escapar da cassação, porque a renúncia se deu antes de o impedimento estar definido em lei. Lançando-se um mês antes da convenção do PSL, terá tempo para enfrentar empecilhos. Ele entra pra valer; se não der, ajuda a desequilibrar.



Preocupações aumentam

A presidente Dilma obstina-se no projeto de medir forças com a bancada parlamentar de apoio ao governo, sem ceder a cobranças, mesmo sofrendo boicote no Congresso. ”Toma lá, dá cá, não no meu governo”, disse ela em entrevista à revista Veja.
Com ou sem razão. quando ocorrem situações dessa natureza o resultado inevitável é o País parado, prejudicado.
Os assessores presidenciais vão se limitando a garantir que não há crise, embora ela seja visível.
Já é uma situação para preocupar. Mais ainda quando balançam os humores da presidente em relação a alguns governadores. Comenta-se muito a recente descompostura em público que ela passou no governador do Rio, Sérgio Cabral; de tal forma que até o colega cearense, Cid Gomes, preferiu sair de perto, também ofendido.
Quando se trata de relações políticas, o governo preciso dizer aonde quer chegar.


Contraste feminino

Os contrastes não têm sido artigo raro na crônica política brasileira, e nem por isso vêm merecendo melhor atenção dos estudiosos. Tome-se por base a representação feminina: ela não vai além de 8,77% na Câmara, onde têm assento em 45 das 513 cadeiras, enquanto no Senado há 81 vagas e as mulheres são apenas 12. Nas câmaras municipais pior ainda, e hoje os partidos lutam para cumprir os 30% de vagas que a lei lhes assegura nas chapas de candidatos a vereador.
Em quase todos os países a ascensão feminina começa pela conquista de maiores espaços no Poder Legislativo, e por essa via chegam aos altos cargos no Executivo. Não no Brasil, onde a ordem se inverteu. Graças à presidente Dilma, há no governo cerca de 20 delas em boas posições.



Gota de bálsamo

No final do ano passado, longe de digerir a derrota na disputa pelo governo de Minas, os dirigentes do PMDB começaram a aplicar penalidades aos diretórios municipais que se colocaram contra a candidatura de Hélio Costa. Não intensificaram a campanha de castigo, mas, de quando em vez, destituem um diretório infiel.
As penalidades não voltam a ocorrer neste ano para que não se criem vítimas em pleno processo eleitoral. É hora de aplicar bálsamo nas feridas.

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Fala-se, em Brasília, num providencial enxugamento do texto da reforma política, de forma que ela possa ter tramitação rápida. A eliminação, sem dó nem piedade, das coligações, já seria motivo para o País entoar hosanas.


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De Memória

Uma bomba TV

Dia 13 de novembro de 1974. Última noite para a propaganda gratuita dos candidatos na TV Industrial. E tal o interesse, que ficaram congestionados os acessos ao Morro do Redentor, onde estavam os estúdios. Acontece que veio a denúncia de que algum terrorista faria explodir bomba na emissora. Ato contínuo, cerca de 50 policiais tomaram o local, evacuado o espaço, presentes apenas os candidatos, e logo foi iniciado o trabalho de prospecção, na tentativa de descobrir onde estaria o petardo. Até que o presidente da Arena, Vicente Saada, chegou e esclareceu: seus correligionários haviam facilitado o equívoco, pois a “bomba” durante o programa seria apenas uma grande novidade sobre o serviço de água na cidade...

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(( publicado a edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 22 de março de 2012

Pela tangente

A Comissão encarregada de propor novo pacto federativo deverá encontrar um mecanismo capaz de impedir que os municípios continuem pagando 'o pato' nessa história. Das esferas de poder o município é que sofre realmente a cobrança dos cidadãos; devido à proximidade, pois as pessoas moram na cidade. A União concentra os recursos, e libera por conta de acordos políticos. Cada vez mais ocorre a municipalização dos serviços públicos: saúde,assistência social, educação. Até a segurança pública já começa a ser transferida para os municípios, como exemplo a criação de guardas municipais, que começam cuidando de patrimônio público, e depois vai sendo envolvida em outras ações de defesa social. Mas, como este tema é complexo só mesmo uma Constituinte exclusiva poderia abordá-lo.


Olho no vizinho

O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, teve uma passagem desagradável por Juiz de Fora, como preso político em plena ditadura. Além de não terem culpa na prisão, pois seus algozes foram outros, os políticos da cidade se servem dele como exemplo e advertência. Explica-se: para montar o esquema de sua reeleição, num formidável leque de partidos, ele teve de colecionar aliados que, não apenas querem muito, mas alimentam reservas entre si. O caso, por exemplo do PT, que participa da aliança na capital, mas não quer o PSDB ao seu lado.
Pode ser que, guardadas as proporções, ocorram situações idênticas aqui. Na aliança em torno de uma candidatura em que muitos convivem dilui-se a responsabilidade dos aliados: oferecem pouco e querem muito.


Vai melhorar

Em programa transmitido pela TV Canção Nova sobre dificuldades e perspectivas para a identidade entre os agentes políticos e seus representados, um teólogo respeitado, frei Antônio Moser, e o cientista político Sabino Fleury, concluíram que, ainda que sejam muitos os problemas e o aceno do desânimo, é bom acreditar que nossa democracia representativa vai melhorar.
Para o frei, certamente um desafio é superar é a ausência da intermediação. Ele se refere à inexistência de entidades que possam exercer a ligação entre os eleitores e os agentes políticos, que geralmente se afastam quando terminam as eleições.
O professor Fleury joga mais na capacidade de mobilização da juventude para interromper o processo de crescente desinteresse do brasileiro pela política, que há cinco anos foi detectado em 70% e agora subiu para 75%. Segundo ele, uma iniciativa que deve ser imitada é a da Assembleia de Minas, que criou o Parlamento Jovem.



Quem faz falta?


Não se aposta no fôlego do PR para se manter distante da base do governo. Basta lembra que nesta mesma coluna, 18 de agosto passado, seu líder, deputado Lincoln Portela, dizia, sobre outra ameaça de rompimento: o partido não vai para a oposição, mas os deputados, querendo, podem votar com a oposição. Ora, na base parlamentar, quem não é a favor é naturalmente contra.
O governo não vai se desesperar, porque sua base no Congresso é composta de 16 partidos, se for mesmo considerado o afastamento do PR. Ainda assim, vista apenas sob o aspecto aritmético, a bancada da situação tem votos suficientes, pois lá permanecem o PMDB e o PT.
Observe-se que as defecções são sempre favoráveis ao PMDB, que vai valorizando seus votos.


Contas abertas

O Sistema de Administração Financeira do Estados colocou todos os seus dados à disposição da Justiça Eleitoral, já liberadas as senhas de acesso. O objetivo dessa exigência é permitir quo o TRE conheça prazos e critérios dos convênios celebrados com as prefeituras durante a última campanha eleitoral, e ver se ocorreram irregularidades.
A decisão se origina de uma antiga ação de investigação pedida pelo ex-ministro Hélio Costa, que disputou o governo de Minas e se sentiu prejudicado por favorecimento ao candidato governista. O protesto continua rendendo.



Caso excepcional

Ao confirmar que exigirá dos diretórios do interior a indicação de candidatos próprios a prefeito em outubro, onde forem mais de 50 mil os eleitores, o PMDB deixa em aberto uma possibilidade de admitir exceção: é quando os dirigentes municipais apresentam ”argumentos sólidos” que recomendem aliança, na qual os peemedebistas abram mão da cabeça de chapa.
Tudo muito relativo, porque sempre haverá um “argumento sólido”.


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De Memória


Eleitores ausentes

Caso raro na história das colônias estrangeiras em Juiz de Fora ocorreu em abril de 1975. Na colônia portuguesa, embora sendo a daqui a segunda mais numerosa de Minas, não houve um único cidadão que se habilitasse para a eleição parlamentar do dia 24 em Portugal, segundo o vice-cônsul Manoel Costa. Na verdade, há cinco anos não se registrava o domicílio de qualquer português no município. Da mesma forma, desconhecia-se, um pelo menos, que tivesse esposa ou filhos no país de origem, o que também lhe daria direito ao voto.


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(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mão pesada

Não contente com o disposto no artigo 16 da Lei Orgânica Municipal, que instituiu a ficha limpa para o serviço público, o vereador José Figueirôa levou a Câmara a aprovar uma extensão dos impedimentos, que passam a valer também para empresas terceirizadas, cujos diretores e sócios forem declarados impossibilitados por força de decisão judicial transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado. Parece apenas um acréscimo aos parágrafos 1º e 2º do artigo 16 da Lei Orgânica Municipal, mas a pretendida inovação vai também em cima de empresários que caíram na Justiça Eleitoral, julgados por abuso do poder econômico ou público, “assim como por condenação por crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração ou o patrimônio público”.
Como toda lei que procura criar restrições a quem falta qualificação, no caso presente o importante é saber quais as brechas que poderiam facilitar a vida dos indesejáveis.



Recíprocos

Embora tenha causado espanto a alguns a nota que falava de exigência do PT de reciprocidade do PSB, que apoia um socialista em Belo Horizonte e quer apoio para um petista em Juiz de Fora, está confirmado que na capital o assunto é mais frequente do que se pensa. E é uma possibilidade para ser levada a sério, pelas razões conhecidas, como também por ser um desfecho do agrado de muitos integrantes do grupo político do ex-prefeito Tarcísio Delgado, que gostariam de estar em um projeto com alguns pontos de viabilidade acima da anunciada candidatura do deputado Júlio Delgado. Há entre aqueles peemedebistas os que sonham com um deles compondo a chapa da professora Margarida Salomão.



Joio e trigo

O senador Aécio Neves, em entrevista à Rede Vida, usando discurso que não mais permite dúvidas quanto à candidatura a presidente que mora nele, previu que a campanha dos tucanos para a sucessão de Dilma não deixará de reconhecer o que de bom foi feito pelo governo do PT. Mas garantiu que as cobranças serão pesadas, a começar pelo caos em que se encontra a saúde, os atrasos na segurança pública e quase uma década de redução de investimentos na área da educação. E, lembando a criação do real, citou que os petistas foram contrários ao plano de Itamar Franco.
Aécio alegou modéstia para não dizer que Minas, com ele e agora com Anastasia, tornou-se um modelo de gestão para o Brasil.



Candidatos

A três meses das convenções partidárias que vão indicar os candidatos, uma informação que pode parecer fruto de exagero, mas não é. O dado corresponde ao levantamento realizado entre os principais partidos de Juiz de Fora, que vão preencher suas chapas de vereadores: os pré-candidatos, isto é, os que já procuraram os diretórios e os deputados, chegam a uns 500. O que significa que, se antes o problema era correr atrás de candidatos, agora o trabalho é fazer com que passem por um funil seletivo. E muitas vezes nesse funil o que interessa não são os que
potencializam mais votos, mas quem promete votação média, por causa das composições coligadas.




A arte de dever

A história é antiga. Em qualquer lugar do mundo, se o sujeito que deve mil moedas o problema é só dele. Mas, se deve um milhão de moedas, o problema é de quem emprestou. O fato, metade pitoresco, metade malandragem, vem a propósito dos compromissos do governo de Minas com a União. Brasília cedeu muito para tentar garantir o que já tinha investido, hoje em quase R$ 70 bi, e custa perceber que melhor é se contentar com os juros de R$ 340 mi.


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De Memória

Católicos na eleição

Em 1945, cedendo à ideia de que a Igreja devia ter um papel mais saliente no processo da redemocratização, o bispo, dom Justino José de Santana, convocou os fieis a participar da Liga Eleitoral Católica, que tinha como secretário o professor Henrique Hargreaves, autor de um opúsculo explicativo fartamente distribuído na cidade. A Liga sintetizava assim seus objetivos: ”entregar a gestão da cousa pública a cidadãos que estejam à altura de rumar com ela para seu verdadeiro destino democrático”. E se dizia “fora e acima de qualquer partido político”. A LEC teve atuação durante dez anos.


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(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 20 de março de 2012

Uma data que pode complicar

Há anos que o movimento militar de 1964 fica sem grandes comemorações em 31 de março, quando foi deflagrado para derrubar o governo do presidente João Goulart. As celebrações geralmente se restringem a alguns quartéis, mas também aí com discrição, evitando que sirvam de pretexto para discussões e caça aos culpados.
Pairam dúvidas em relação à passagem do 48º ano, dentro de 10 dias, porque há fatos que podem estimular e reacender velhas divergências: de um lado as pressões para que sejam denunciados os torturadores; de outro lado, o mal-estar entre militares da reserva e o Ministério da Defesa.


Clésio não é
só solução

Com a grande festa que se promoveu em Belo Horizonte para a filiação do senador Clésio Andrade ao PMDB abre-se ao partido a expectativa de disputar o governo do estado, dentro de dois anos, sendo ele próprio um nome para assumir a missão. Se for essa a sua disposição, terá de começar a remover arestas de setores partidários do interior ainda não simpáticos à sua filiação.
De fato, o senador, estando no PMDB, traz algum desconforto para militantes históricos do partido. Para rememorar: em Juiz de Fora, o ex-prefeito Tarcísio Delgado externou, meses atrás, através do seu blog, certa discordância quando então era cogitada essa filiação.
Entre históricos, poderão estar igualmente constrangidos alguns petistas, pois o senador sempre foi aliado dos tucanos mineiros.

Campanha sem
a presidente?

A presidente Dilma disse, e voltou a dizer, que não participaria da campanha eleitoral onde estejam disputando candidatos de partidos que integram a base de apoio ao governo. O que faz pensar que provavelmente estará ausente da campanha em Juiz de Fora no primeiro turno, pois nessa primeira rodada estarão em disputa PT, PMDB e PSB, partidos aliados à sua administração; isto, se as pré-candidaturas forem mantidas até lá, pois ações pretenderiam a retirada das candidaturas de Bruno Siqueira (PMDB) e Júlio Delgado (PSB) para que a polarização entre PSDB e PT se dê já no primeiro turno.
Acham os tucanos que a candidatura do PT é a adversária preferida. Já os petistas consideram o candidato tucano à reeleição o adversário ideal, com base em pesquisas. Se esse cenário acontecer, antecipa-se a decisão já no primeiro turno, e então a presidente poderá vir antes de 7 de outubro.

Sobre os prazos para
desincompatibilização

Diferentes interpretações e a confusão gerada por inúmeras consultas feitas aos tribunais pelos partidos têm causado suspense em relação aos prazos que devem ser cumpridos para a desincompatibilização. São os prazos que a Justiça Eleitoral impõe a quem, pretendendo disputar em outubro, ocupa cargo público e dele tem de se afastar. Segundo a expectativa de alguns partidos que encaminharam consultas, o Tribunal Superior Eleitoral deverá prestar esclarecimentos até a próxima semana, porque algumas desincompatibilizações terão de ser comunicadas até 7 de abril. As dúvidas se referem aos titulares de cargos que têm de sair naquele dia ou em 7 de junho.
Na prefeitura, alguns funcionários que disputarão a vereança devem se afastar no começo da Semana Santa.

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O corpo de Celso Romualdo, 64, foi sepultado ontem cedo, no Parque da Saudade. Militante em vários partidos, ele trabalhava agora na coordenação regional do PSD, partido do prefeito Kassab. Celso serviu, como assessor, nos gabinetes dos deputados Amílcar Padovani e Eduardo Azeredo.


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Mais de 200 prefeitos (certamente não tantos como os 360 divulgados pelo partido) foram a Belo Horizonte para assistir ao ato de filiação do senador Clésio Andrade. Sendo ele o dono da festa, não passou despercebido o prestígio de Newton Cardoso. O ex-governador era disputado pelos prefeitos, que queriam se fotografar ao seu lado. Material de campanha.

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De Memória

Missão impossível

No segundo semestre de 1964, políticos e entidades empresariais estavam mobilizados junto ao governo federal, para tentar conseguir a permanência da sede da Quarta Região Militar, que aqui se instalara 40 anos atrás. Mas a transferência para Belo Horizonte já estava decidida, e se daria pouco depois. A derradeira tentativa foi feita junto ao então ministro da Guerra, general Costa e Silva, que prometeu estudar a reivindicação ao receber uma comitiva de Juiz de Fora. O ministro, depois presidente, recebeu os deputados Olavo Costa, Abel Rafael Pinto e José Bonifácio e os radialistas Paulo Emerich e Rubens Furtado. Da delegação só Emerich é vivo.

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(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 19 de março de 2012

Governo quer tomar proposta de Aécio

A ideia de novo pacto federativo está de volta. Agora nas mãos desse grupo de notáveis convidados pelo senador José Sarney, que os nomeou para apresentar proposta dentro de 30 dias. Um trabalho de encomenda inspirado no ex-ministro Nélson Jobim. Partindo de onde partiu, 'debaixo de angu, tem torresmo' diria um astuto político mineiro. Ora, se a tese de um novo pacto federativo é a principal do senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à presidência da República, fica no ar a seguinte pergunta: o esperto rei do Maranhão quer ajudar ou quer atrapalhar o senador Aécio Neves? Ou estaria mais uma vez a serviço do governo?
Seja como for, certamente sabendo que sua campanha presidencial terá obstáculos de toda sorte, armados em Brasília, o senador tem, como saída imediata, tentar levar Minas a um movimento cívico que tenha como mote neutralizar o esforço do governo para alijar a política e o políticos mineiros do cenário nacional. Seria um movimento destinado a se aproximar, o máximo possível, da unanimidade do estado.
Em relação ao pacto proposto pelo presidente do Senado, estranhável é que só agora ele se preocupe com o tema, e exatamente na hora em que o candidato da oposição mexe no assunto.


Cruel dependência

Já se falou sobre uma mulher interessante chamada Ayn Rand, pensadora que fugia da Revolução Russa, quando desembarcou nos Estados Unidos, lá pelos anos 20, e viveu tempo suficiente para desistir da capacidade dos governos de melhorar a vida das gentes. Corre na internet seu desânimo, que serviu no passado como serve, sem qualquer retoque, para esta terça-feira:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
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Para rever as dívidas


Devendo cerca de R$ 70 bilhões à União, sem saber como conter, pelo menos, os juros de R$ 430 milhões, Minas tem tudo para se interessar pela comissão especial da Câmara dos Deputados que vai estudar a situação (27 são devedores) e propor soluções. Entre os 12 indicados para integrar a comissão, dois são mineiros: Vitor Penido, do DEM, Lincoln Portela, do PR . Havendo possibilidade de um terceiro de Minas a integrá-la o escolhido será Marcus Pestana.
O que mais interessa, como objeto de luta dessa comissão, é a questão do indexador como forma de calcular o custo da dívida, mas, ainda assim, será apenas a forma de contemporizar a solução impossível. O que resolve é o governo converter a dívida em obras federais, correspondentes ao volume das dívidas; mas que sejam obras distribuídas igualmente entre todos os estados, para que os maiores devedores não sejam os beneficiados.



Motivação da juventude

A Justiça Eleitoral começou a veicular, ontem, uma campanha destinada a sensibilizar os jovens, a partir de 16 anos, para uma atuação mais frequente e mais interessada na vida eleitoral do País. Aos que ainda não têm o título recomenda-se que o requeiram até o dia 9 de maio.
A campanha foi planejada em linguagem acessível, como convém ao público a que se destina. Mas, se a Justiça faz sua parte, é preciso que os políticos, em particular os candidatos, deem sua contribuição: levantar a bandeira de uma política sem corrupção, voltada para o interesse comum. Porque as pesquisas têm revelado que os jovens, muito mais que os eleitores adultos, confundem bons e maus agentes, e com isso acham que a culpa é da política, não de quem a corrompe.


Volta bem sucedida

O deputado Lafayette Andrada, que depois de um ano como secretário de Defesa Social está de volta à Assembleia, onde assume a liderança do governo, revela que está em alta seu prestígio no Palácio dos Despachos. O governo vem liberando verbas por meio de três emendas parlamentares de sua autoria: R$ 350 mil para aquisição de equipamentos do centro cirúrgico da Asconcer, R$ 310 mil para serviços oftalmológicos da Associação dos Cegos, e R$ 500 mil para aparelhagem hospitalar da Associação Beneficente Assistencialista Guararence.

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De Memória

Partido Integralista

Na década de 70 os integralistas elegeram Belo Horizonte e Juiz de Fora para lançar a ideia de um novo partido, logo abandonada, para reaparecer vinte anos depois, durante o Congresso Nacional Integralista. Os trabalhos foram dirigidos por Jáder Medeiros. Nessa mesma época, passando por Juiz de Fora a convite do deputado Abel Rafael Pinto, o chefe nacional dos integralistas, Plínio Salgado, entrevistado por Oceano Soares na Rádio Difusora diria que ”quando tivermos o estado integral, com todos os partidos extintos, inclusive o meu, os políticos honestos vão aderir ao integralismo“.

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((publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 18 de março de 2012

Dilma de saia justa

Os problemas políticos não dão trégua à presidente Dilma. Alguns chegam com a maldade de não lhe permitirem condições de enfrentá-los e sair vencedora, como se dá neste momento com a nova carga sobre o ministro Fernando Pimentel. Acusado de se beneficiar de concorrência fraudulenta, quando prefeito de Belo Horizonte, Pimentel apanha agora da Procuradoria-Geral da República, que confirma o fundamento da acusação e recomenda que ele seja processado.
Se não encontrar alternativa e tiver de pedir o cargo ao ministro, que é seu favorito, a presidente sentirá o abalo.


Questão de
reciprocidade

No fim de semana circulava nos meios políticos de Belo Horizonte algo que não chega a ser surpresa, mas tem tudo para apimentar o quadro sucessório em Juiz de Fora. O PT esperou avançar nas negociações de apoio ao PSB na reeleição do prefeito Sérgio Lacerda, para cobrar reciprocidade em municípios considerados estratégicos. Além de Juiz de Fora, Uberlândia, Betim e Contagem são os colégios eleitorais em que será cobrada a ajuda dos socialistas.
Quanto ao acerto local, admite-se que, desistindo o PSB da candidatura própria, o PT seria mesmo o seu caminho natural.


Aliados avaliam
eleição na Mata

O PSDB e os partidos que a ele se aliarem pretendem centralizar em Juiz de Fora, pelo menos na fase que antecede a realização das convenções, o trabalho de avaliação conjunta do processo eleitoral na região. O primeiro encontro com esse objetivo acaba de ser realizado, com a presença do presidente estadual do PSDB, deputado Marcus Pestana, do presidente do diretório municipal, vereador José Laerte e dos presidentes dos diretórios municipais do PPS e do PV, Antônio Jorge Marques e Sidnei Scalioni.
A expectativa é que os três partidos caminhem juntos na maioria das cidades.


Lixo que incomoda
Simão Pereira


A Assembleia mineira dedica sua audiência pública de hoje à tarde ao problema da usina de lixo de Simão Pereira, a 500 metros da BR 040, que as empresas Ecofire Incineração e Truscher Serviços de Esterilização prometem colocar em funcionamento até o final do mês. O vereador Gílson Chapinotti propôs essa audiência, e garante que a usina tem irregularidades capazes de afetar o meio ambiente em vasta região, o que leve ambientalistas de Juiz de Fora a também participar dos trabalhos. O empreendimento já foi vetado e depois liberado pela Justiça.
Afora as questões ambientais, há uma denúncia que amplia a preocupação dos deputados: a usina é um estorvo para o estado do Rio, o que levou as empresas a apostar na tolerância de Minas.



Eleição impede
profissionais


Até agosto, a Justiça Eleitoral vai exigir que estejam fora de suas atividades os profissionais locutores e apresentadores de rádio e televisão que pretendem disputar em outubro. Essa exigência sempre encontrou quem a conteste, porque impede o exercício de determinada atividade da qual os candidatos tiram seu sustento, o que, contudo, não se exige de médicos, dentistas, engenheiros, advogados e jornalistas.
O argumento é que os profissionais impedidos podem se comunicar com o grande público eleitor. Mas a comunicação com objetivo eleitoral pode se dar em qualquer outro campo de atividade.


Suor nas filas
das agências

Há meses está entre as prioridades do programa municipal da promoção dos idosos premiar os bancos que não exigem deles longas e dolorosas esperas nas fila das agências. O jeito é premiar os bons, porque não há como castigar os maus.
Conhece-se em Juiz de Fora o caso do cidadão que, tendo se sacrificado mais de 15 minutos em fila, moveu nada menos de 16 ações contra bancos, e perdeu todas. Queria indenização por danos, mas a Justiça decidiu que ele sofreu apenas desconforto.

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De Memória

Eleitor fantasma

O eleitor fantasma, aquele que vota sem que ninguém saiba de onde veio, é personagem de velhas histórias políticas, que tiveram como cenário não apenas os grotões, mas também grandes cidades. Na década de 60, quando Israel Pinheiro foi eleito governador de oposição em Minas, houve denúncia, nunca suficientemente comprovada, de que políticos que apoiavam a ditadura estariam ”importando” eleitores do estado do Rio. Mas, ainda que fosse verdade, a vitória de Israel foi ampla, e não haveria fantasma que a impedisse.
Naquela e em outra eleições desconfiava-se dos municípios próximos à divisa. Em setembro de 1997 o TRE decidiu recontar os eleitores. E começou por Coronel Pacheco, onde os números davam para desconfiar: eram 3.006 habitantes e 2.490 ”eleitores”.

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(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 15 de março de 2012

Fernando Rainho, 74, morre em S.Paulo e é sepultado em JF

O professor e ex-deputado Fernando Rainho, foi o principal colaborador do prefeito Mello Reis, morreu na madrugada de ontem no Hospital São Luiz, em S.Paulo, aos 74 anos. Ele sofria de pericardite, o que lhe custou mais de três meses de internação. O corpo está sendo velado nesta manhã no Parque da Saudade, onde será sepultado.

Fernando Antônio Rainho Tomaz Ribeiro concentrou todas as suas atividades em Juiz de Fora. Nasceu em 1938, filho de Jacy Ribeiro e da escritora Cleonice Rainho. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito, onde mais tarde seria professor de Direito Constitucional e vice-diretor, lecionando também no Centro de Ensino Superior, que ajudou a criar.

Na política

Na vida pública ele começou a se projetar em 1976 com a gestão do prefeito Mello Reis, de quem havia sido contemporâneo de ginásio na Academia de Comércio. O prefeito confiou a ele algumas das tarefas mais delicadas, como secretário de Governo. Assessor mais influente da administração e articulador político, elegeu-se deputado estadual em 1982. Na Assembleia Legislativa, dedicou a maior parte de seu trabalho à educação, setor do qual havia se afastado para atuar, como secretário na administração municipal. Mas, quatro anos depois não conseguiria se reeleger.
' Sem mandato, quando já procurava retomar o magistério, ele surpreendeu a classe política mineira, indicado pelo governador Newton Cardoso para assumir a presidência da Helibras, fábrica de helicópteros de Itajubá. A explicação que ficou é que o governador queria removê-lo em benefício de suplentes menos votados.
Em suas últimas atividades, antes de se recolher à vida familiar e a várias viagens ao Exterior, tornou-se sócio-fundador da Rádio Nova Cidade e dirigiu a implantação da Faculdade Estácio de Sá. Sua mais recente atuação foi como membro do Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio.


PPS quer Freire
na nova sede


O PPS marcou para o dia 1º de abril a inauguração de sua nova sede em Juiz de Fora, instalada na Rua Martins Gonçalves, e convidou o presidente nacional, deputado Roberto Freire, para participar da solenidade. É quase certa sua presença, porque Freire nunca deixou de aceitar convites para vir à cidade, desde que obteve aqui, proporcionalmente, em 1989, sua maior votação como candidato à presidência da República. A solenidade de inauguração está prevista para 10h.
O secretário do diretório municipal, Marcos Pinto, informou que para a nova sede serão transferidos todos os serviços do partido, inclusive o pessoal que vai atuar na coordenação da campanha.



Sem os partidos
realmente não dá

Fracos de conteúdo, transformados numa confusão de siglas em defesa de interesses de grupos, em grande parte desacreditados junto à opinião pública, ainda assim os partidos são indispensáveis aos governos, por eles formados. E quando convocam suas bancadas de deputados e senadores a embaraçar a vida de um presidente ou governador geralmente têm êxito.

Lembrando 92, Fernando Collor, que ao se eleger para a presidência da República desconsiderou os partidos, e, passados dois anos, precisou deles, quando já não tinha apoio popular. Agora, 20 anos depois, a presidente Dilma relega a segundo plano os
partidos, que pode levá-la a dificuldades, como se viu nesta semana, quando a própria bancada derrotou seu escolhido para dirigir o DNITT. E o fogo começa a se alastrar dentro de casa. A presidente, assim como Collor, ataca os marajás dos partidos, mas precisa saber que a desforra vem a cavalo.
O PR se retirou da base, o PMDB se sente desprestigiado e há muitas lamúrias em pauta.

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De Memória

Banco fechado

No dia 15 de março de 1998, um fato inusitado; inédito para Juiz de Fora e todo o estado: 160 mil correntistas do Credireal, que Dom Pedro II havia fundado aqui em 1888, amanheceram transferidos para o Bradesco, que no final do ano anterior havia comprado o mais antigo banco de Minas. Se os clientes (principalmente os mais poderosos) andavam preocupados com seus capitais, mais ainda os historiadores, que desejavam, e obtiveram, garantia de que o acervo de peças, documentos, moedas e objetos centenários não seria destruído. Todo esse patrimônio histórico ficou preservado no terceiro pavimento da sede, na esquina de Halfeld e Getúlio Vargas.


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(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 14 de março de 2012

PPL não descarta candidato próprio

Em Juiz de Fora, uma corrente do Partido Pátria Livre considera que é importante ter candidato próprio à prefeitura, pela oportunidade que se abre para mostrar suas ideias e seus programas, informou o coordenador da comissão municipal, Wilhans Moraes. Mas a decisão sobre candidatura própria ou aliança com outro partido não será tomada antes de maio. Em grandes cidades, entre elas S.Paulo, Belo Horizonte e Rio já estão propostas candidaturas próprias, e há militantes que consideram fundamental “mostrar para crescer”.
Até que tome a decisão local, o PPL vai cuidar de seus candidatos a vereador, aí então em regime de coligação. Moraes admite poucos candidatos: “talvez uns sete, não apenas para figurar, mas realmente competitivos”.
O presidente em Minas, Francisco Rubió, veio à cidade para participar de uma reunião na noite de terça-feira, e falou aos seus correligionários sobre as principais propostas do partido. O PPL tem revelado preocupação principal com os cortes que asfixiam o Fundo de Participação dos Municípios, que já chegaram neste ano a R$ 400 milhões.



Estreia de Clésio
vem com críticas

Animado com a filiação do senador Clésio Andrade, o que vai acontecer na segunda-feira, e com ele criar uma alternativa para disputar o governo estadual em 2014, o PMDB iniciou sua nova série de programa na TV pontuando o que considera principais deficiências da gestão tucana de Antônio Anastasia. Uma das questões levantadas é o volume da dívida do estado com a união, hoje em torno de R$ 70 bilhões. Mas, sem dizer que toda a culpa cabe ao atual governo, o PMDB cita uma antiga entre suas expressões, Itamar Franco, para dizer que foi ele o primeiro a propor novo indexador, porque o modelo já então se mostrava inadmissível.



PPS quer chapa
bem articulada

Antes de cuidar objetivamente de sua posição na disputa da prefeitura, o PPS quer organizar uma chapa bem articulada de candidatos a vereador, disse ontem o secretário do partido, Marcos Pinto, depois de uma reunião que presidiu com filiados que pretendem disputar. Na pauta também figurou uma troca de informações sobre a missão legislativa do vereador e o discurso que o PPS espera deles durante a campanha, como também uma convivência harmoniosa dos integrantes da chapa que será formada na convenção.
O secretário disse que falta pouco para que a chapa possa ser considerada completa, e para isso não teria dificuldades para atingir a cota feminina.



Momento dos
veteranos

A comemoração dos 40 anos da inauguração do Palácio da Inconfidência, sede da Assembleia Legislativa de Minas, ficou marcada com uma sessão solene, na qual foi destacado o trabalho dos veteranos da Casa, dois dos quais com ligação histórica com a política de Juiz de Fora também lembrados: João Navarro e Amílcar Padovani, com sete mandatos consecutivos.
Navarro, que teve influência nos anos 60 e 70 do século passado, foi quem levou a Assembleia a aprovar o projeto que transformou Benfica em subdistrito, impedindo sua emancipação. Padovani passou à história da Casa como recordista em programas sociais, principalmente em bolsas de estudo e atendimento a deficientes físicos.


Um castigo
fora de foco

Para responder rapidamente aos insubordinados da base parlamentar, no episódio da eleição da diretoria do Departamento Nacional de Trasporte Terrestre, a presidente Dilma substituiu os líderes Cândido Vaccarezza e Romero Jucá, que passaram a ter suas cadeiras ocupadas por Arlindo Chinaglia e Eduardo Braga. A intenção foi mostrar às bancadas governistas que a insubordinação será tratada a ferro e fogo.
Resta, contudo, uma dúvida, que pode ampliar as tensões antes de removê-las. Qual a verdadeira extensão da culpa que os dois líderes tiveram no caso? Na verdade, o governo foi derrotado no episódio como resultado de inconformismos das bancadas. A rebeldia passou por cima das lideranças.


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O deputado Arlindo Chinaglia conhece bem os meandros do legislativo federal e o 'modus operandi' do PMDB e do PT. Quem pode se beneficiar com sua chegada à liderança do governo na Câmara é o deputado Júlio Delgado (PSB), pois é amigo particular de Chinaglia. A conversa entre eles, daqui para frente, poderá ter repercussões na sucessão municipal.


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Breve adeus
ao quórum

Faltam poucos dias para a Assembleia Legislativa saber, com exatidão, quantos serão os deputados que disputarão a prefeitura dos municípios que representam. Mas há uma previsão de que serão 18. Mesmo sem terem de se licenciar, a ocupação deles na campanha faz prever que raros serão os dias em poderão estar em Belo Horizonte, ausência que se estende a outros deputados que, mesmo não sendo candidatos, terão participação ativa na campanha.
A Assembleia vai tentar reduzir os efeitos do problema promovendo esforço concentrado para a votação de matérias inadiáveis.

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De Memória

Lei do septuagenário

Primeira e mais idosa brasileira entre os beneficiários de lei então recentemente sancionada pelo presidente Ernesto Geisel, em benefício de idosos, no dia 15 de março de 1976 dona Francisca Arcanja do Nascimento, 106 anos, foi ao escritório do Funrural, que funcionava na Galeria Azarias Vilela, para receber a primeira pensão que passava a ser devida a todos que chegassem aos 70 anos. Mãe de 14 filhos e viúva há meio século, ela andou sobrevivendo como parteira. Num programa de televisão, dias depois, dona Francisca foi citada pelo presidente como exemplo de que a Justiça pode demorar, mas sempre chega.


(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 13 de março de 2012

A cilada da eleição proporcional

Os candidatos a vereador podem ser vítimas de muitas surpresas desagradáveis, uma das quais os escorregões nas disputar internas, mas nenhuma delas é mais cruel que a proporcionalidade, que elege os menos votados e relega à suplência os preferidos das urnas. Não cabe prever quando uma reforma política poderia corrigir a distorção, o que serve para o candidato que reúne maiores chances estar atento ao risco de servir de trampolim para os mais pobres de votos.
Em todo o Brasil, há centenas de casos em que as eleições produzem injustiças, dando vitória a quem não a merece, e por isso clama-se pelo fim das proporcionais, a fim de que se elejam os mais votados. Em Juiz de Fora, a atual legislatura serve de exemplo, como Antônio Braga disse em artigo de protesto publicado na segunda-feira. Nove dos atuais vereadores têm cadeiras porque foram contemplados pela proporcionalidade. Três candidatos – Vanderlei Tomaz. Romilton Faria e Juracy Scheifer – tiveram mais votos (cerca de 3.000 cada um) e não assumiram.
A enciclopédia eletrônica define bem o sistema eleitoral proporcional : “Na eleição proporcional são eleitos os vereadores e os deputados estaduais e federais. Por esse sistema, o total de votos válidos é dividido pelo número de vagas em disputa. O resultado é o quociente eleitoral, ou o número de votos correspondentes a cada cadeira. Ao dividir o total de votos de um partido pelo quociente eleitoral, chega-se ao quociente partidário, que é o número de vagas que ele obteve”.


A base da rebelião

A rebelião na base de apoio ao governo Dilma ainda não dá indícios de ter solução imediata, como reconhecem colaboradores políticos da presidente. Há entre eles uma avaliação consensual: os problemas nascem e prosperam por causa da fome de poder do PMDB. Com isso, o governo vive na posição de equilíbrio instável com sua bancada no Congresso Nacional, embora majoritária, por culpa das mudanças de humor do seu principal partido aliado.
E assim a oposição, embora minoritária, vai conseguindo impor eventuais derrotas ao governo e aos poucos descobrindo o caminho por onde pode equilibrar o jogo no Congresso. Está claro que a fragilidade da base de apoio do governo é a volúpia fisiológica dos partidos.
O governo precisa ficar atento, porque no foco da rebeldia veem-se três dedos poderosos e vingativos: Sarney, Renan e Jucá.


Encontros regionais

O PTdoB foi o primeiro a promover encontro regional em Juiz de Fora, depois o Pátria Livre. Quase todos os partidos têm planos de reunir aqui representantes de seus diretórios, mas em uma primeira fase, até abril, esta será uma preocupação quase exclusiva dos que não terão candidatos próprios, enquanto começam a articular alianças. Os grandes partidos, entre eles PMDB, PSDB e PT, preferem reuniões mais próximas das convenções, quando então saberão até que ponto vai sua capacidade de articular acordos, o que também depende do ”ensaio” dos menores.
Os três são exatamente os que já consideram decidido que terão candidato próprio à prefeitura de Juiz de Fora.


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No esforço que a Assembleia mineira pretende realizar, com o objetivo de sensibilizar os jovens para o exercício do voto, é preciso atentar para o detalhe essencial: os moços jogam a política e os políticos no mesmo balaio de suas decepções. O mal está em generalizar.

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Três pontos para refletir

1 - Acreditar que o processo relativo ao escândalo do mensalão no governo Lula poderá ser julgado pelo STF neste semestre é uma ingenuidade do ministro Fux. Em 2012 temos ano eleitoral e haverá injunções políticas junto ao 'tribunal político', que é o STF, para procrastinar qualquer sentença para o ano que vem.
2- A possibilidade de o PDT continuar com o mando no Ministério do Trabalho, através do deputado Brizola Neto, tem um efeito simbólico significativo, pois poderá expressar o ideário trabalhista de Leonel Brizola, que fundou o PDT.
3- A reforma política continua em banho-maria. A Comissão Especial, em que se considere o esforço de ampliar as consultas, tem consumido o tempo. Dificilmente o Congresso vai querer mudar as regras que beneficiaram a eleição dos atuais deputados, e assim sempre será. Uma Constituinte exclusiva poderia cuidar de reformas complexas, entre elas, a política.


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De Memória

Mudança de sexo

Uma reunião sui generis na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora ocorreu em 20 de setembro de 1978. Foi o dia da conferência do dr. Roberto Farina, em sala fechada, proibida a presença de jornalistas e recomendado aos presentes que não fizessem anotações. Farina acabava de se tornar pioneiro em operações para a mudança de sexo, e havia sido instado pela Justiça a interromper essa prática, o que contestava com veemência. Mesmo com a proibição, houve jornalista que gravou a conferência e ouviu o cirurgião dizer que “vale contrariar o sexo genético e ter indivíduos psicologicamente ajustados”. Para ele, “o pênis é o erro da natureza frente a uma alma feminina.”
Quando terminou a conferência, uma mulher o esperava para apresentar o filho homossexual candidato à mutilação.



(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 12 de março de 2012

SUS de Pequeri acima da média nacional

O Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) publicado no final da semana passada apontou Pequeri, na Zona da Mata, como o melhor entre os municípios de Minas e também acima da média nacional. Esse Índice mede o desempenho do Sistema de Único de Saúde quanto ao acesso do usuário e à qualidade dos serviços da rede pública, além da efetividade da Atenção Básica, das Atenções Ambulatorial e Hospitalar e das Urgências e Emergências.

Para o prefeito Raul Salles a indicação “reflete o empenho de toda a equipe técnica da área e comprova que o trabalho está no caminho certo. A cidade-família também é uma cidade segura para se viver”, disse ele, lembrando que “estamos felizes com o resultado, mas esperamos melhorá-lo com o lançamento das obras de ampliação da Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas (UPA 24h) no dia 16, na ordem de R$450 mil, e através da assinatura de convênio com a faculdade de medicina da UNIPAC para melhorar a assistência à saúde comunitária”.

Em relação ao SUS, Pequeri ficou com avaliação 5,98, acima da média nacional, 5,47, e da mineira, 5,87. Na região, à frente de Mar de Espanha (5,94), Rochedo de Minas (5,88), Viçosa (5,88), Santa Bárbara do Monte Verde (5,85), Santa Rita de Ibitipoca (5,72), Maripá de Minas (5,69), Leopoldina (5,67), Descoberto (5,6), Santa Rita de Jacutinga (5,57), São João Nepomuceno (5,47), Bicas (5,4), Ubá (5,4), Juiz de Fora (5,36) e Santos Dumont (5,02).


Na rota da juventude

Os candidatos, muito mais que os partidos, desconhecem em que poderiam lucrar se uma multidão de jovens fosse às urnas em outubro e manifestasse suas preferências. Nas eleições anteriores eles compareceram em número insuficiente, não permitindo melhor avaliação sobre o que a juventude realmente deseja de um homem público.

A Constituição conferiu o direito de voto aos maiores de 16 e menores de 18 anos; e, se muitos requereram o título, os votantes nunca chegaram a 5%.

Mas a Assembleia Legislativa de Minas acredita que ainda se pode fazer muito para provocar o interesse da juventude, e com esse objetivo traz a Juiz de Fora, na quinta e sexta-feiras o Expresso Cidadania, que durante dois dias vai promover encontros e divulgar seu programa. O Expresso prioriza o eleitor jovem, mas quer um pouco mais: quer mostrar que, a partir dos 15 anos, moços e moças devem se interessar pela política, ajudando a aperfeiçoá-la.

Essa campanha, já realizada pelos deputados mineiros em 2008 e 1010, começa por Juiz de Fora e vai se estender a outras cidades-polo até 24 de abril.



Ao cronômetro


Para que a política brasileira possa se ver livre, ainda nas eleições deste ano, dos que se beneficiaram do mensalão, e dele fizeram uso e abuso, o Supremo Tribunal Federal terá de julgá-los neste semestre. Mas como?, se para tanto será preciso uma corrida louca contra o relógio. Os processos dos mensaleiros contam com 49 mil páginas distribuídas em 233 volumes.




Pátria Livre debate

seu papel eleitoral


O presidente estadual do Partido Pátria Livre, Francisco Rubió, vem hoje a Juiz de Fora para participar de reunião com militantes e membros da comissão provisória, quando vai se discutir o calendário das atividades no ano eleitoral. A reunião, prevista para 19h, será na Rua Halfeld, 651, sala 1101.

Wilhans Moraes, presidente da comissão local, disse que o partido também começa a estudar a posição a ser adotada em relação à eleição do prefeito, mas não indicou se a tendência atual é pela candidatura própria ou levar apoio a candidato de outra legenda.


Puxadores de votos


O PSDB tem acenado com a intenção de formar uma chapa poderosa de candidatos a vereador, na nítida intenção de construir bancada majoritária na próxima legislatura. Os tucanos comentam que além de seu presidente, vereador José Laerte, vai se esperar muito da votação da secretária Sueli Reis e do vereador Rodrigo Mattos.

Para Rodrigo praticamente esgotaram-se as chances de, como primeiro suplente de deputado, ser chamado a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa, com o retorno de Lafayette Andrada, que vai deixar a Secretaria de Defesa Social. Retomando o projeto de reeleição para o Legislativo municipal, para tanto já está avisando os correligionários do partido e dos aliados que precisará do seu apoio, o que inclui alguns cabos eleitorais que, caso contrário, pretenderiam disputar.


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De Memória



Na sexta-feira, em sua coluna no “Estado de Minas”. Eduardo Almeida Reis fala sobre transporte na Zona da Mata, e “como eram as coisas nestas Minas do século 20, quando João Mansur começou a transportar gente, numa jardineira, de São João Nepomuceno para Juiz de Fora. Hoje feita em uma hora, a viagem levava quase o dia inteiro e passava pela Fazenda Luzitânia, quando o empresário de transportes, dono de uma única jardineira, perguntava: “Como é, sô Tavinho, vamos para Juiz de Fora?” e o fazendeiro respondia: “Só se vocês me deixarem tomar banho e me vestir”.

“Os passageiros tiravam seus guarda-pós, desciam, tomavam café, comiam bolo de angu de fubá grosso, muito melhor do que o angu de fubá fino, e ficavam comendo frutas no pomar, enquanto o fazendeiro fazia a barba, tomava banho, se vestia e protegia com o guarda-pó, para embarcar na jardineira. E o veículo chegava a Juiz de Fora tarde da noite” .


( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 11 de março de 2012

A crise que há

O governo reconhece, pela palavra do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral, que há uma crise de convivência com a base parlamentar. Se reconhece, dá o primeiro passo para tentar contorná-la, embora ainda sem saber exatamente como proceder, porque o problema resulta das insatisfações do PMDB que quer mais cargos e melhores posições. Mas o governo tem razões para supor o seguinte: tão logo dê os cargos pretendidos, o partido virá com mais uma lista de exigências.
A crise resultou de uma pequena, mas significativa demonstração de descontentamento, ao se ver derrotada na Câmara a indicação de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transporte Terrestre. A presidente Dilma ainda não havia sofrido derrota assim.
A solução do impasse, que é assunto para dominar a semana, requer tato e paciência, porque embora o foco esteja centrado no PMDB, é através dele que outros partidos vão “botando as manguinhas de fora”, como no passado eram definidos os rebeldes parlamentares. E mais que tudo, a paciência; a mesma paciência que faltou a Fernando Collor nas divergências com o Congresso. E deu no que deu.


Ausência ilustre

Disputando rebeldias com o câncer que o atormenta, indisciplinado nas prescrições médicas, o ex-presidente Lula, que já se diz “de saco cheio” com o tratamento a que está sendo submetido, vem sinalizando a possibilidade de acabar ausente dos momentos altos da campanha eleitoral em que o PT mais vai precisar de seu concurso. Já sob restrição de visitas, para ter de falar menos e não sacrificar a garganta, ele se irrita, na medida em que vai indicando um índice de vulnerabilidade imunológica que pode não estar vencida antes da fase aguda da campanha. Não sendo vencida essa fraqueza, a proibição virá, com toda certeza.
Os petistas têm dupla razão ao se preocuparem diante desse risco. Ao mesmo tempo em que podem ver afastado o seu mais importante produtor de votos, enfrentariam a indisposição da presidente Dilma de assumir a tarefa, que não faz muito o seu gênero.




Justiça mais ágil

A deputada estadual Luzia Ferreira, que em sua eleição recebeu 2.000 votos do PPS de Juiz de Fora, anunciou que vai ser criada na Assembleia Legislativa uma comissão especial de trabalho destinada a estudar e propor medidas capazes de agilizar a proteção e o socorro às mulheres que são vítimas de violência em Minas. No estado há recursos para a assistência, mas o grave problema é que na maioria dos casos eles chegam com atraso.


Encontro com o PDT

O prefeito Custódio Mattos teve longa reunião com o presidente Vitor Valverde e outros membro do PDT, que começou com visita às obras que estão sendo realizadas bairros, e, terminando, um almoço de confraternização. O PDT foi o primeiro partido a apoiar Custódio na eleição de 2008, deu-lhe o vice-prefeito na chapa, Eduardo Freitas, e vai renovará o apoio na eleição deste ano.
No encontro, realizado na sexta-feira, presente o vice-presidente do diretório, Renato Loures, que também comanda a provedoria da Santa Casa, Custódio recebeu a confirmação de que a instituição vai ampliar os espaços do hospital.


Salas apertadas

Um assunto que na semana passada contrariou educadores de Juiz de Fora também fez parte de discussões no Congresso Nacional, por conta de projeto do senador pernambucano Humberto Costa, que pretende limitar o número de alunos numa mesma sala, tanto no ensino fundamental como no secundário. Ainda que a propositura admita alterações em obediência a diferenças regionais, fica estabelecido que nos dois primeiros níveis não poderão estar mais de 25 alunos em cada sala.
Minas tem sido mais tolerante na fusão de classes na rede pública, o que gera protestos.



Grandes devedores

Na coluna, foi recente o cálculo sobre o montante das dívidas dos estados com a União, o que estaria em torno de R$ 360 bilhões. Mas o senador Aécio Neves corrige e diz que elas já atingiram o patamar de R$ 398 bilhões. São compromissos impagáveis, com agravante: os devedores são 23 estados, o que nos remete a um problema que afeta a Federação.
Ao comentar que essa dívida inibe serviços essenciais, a começar pela Saúde, o senador mineiro propõe que se estude um novo indexador.





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De memória


Reale e o sindicato

Sindicato cuidando de política é coisa que não dá certo, disse o jurista Miguel Reale, presidente do Instituto Brasileiro de Filosofia, quando veio a Juiz de Fora, no dia 8 de março de 1982, para pronunciar a aula inaugural da Faculdade de Direito. Os anos seguintes mostrariam que o fator partidário mais importante seria exatamente o atrelamento do sindicalismo à organização política, do que resultaria a ascensão do PT ao poder. Reale supunha o contrário, ao analisar que “o Partido dos Trabalhadores se endeusou, mas não tem identificação nacional, mas apenas com uma classe específica”.
Ele entendia que ”os sindicatos devem estar distantes das lutas políticas”, para não dificultar um tempo em que elas estavam chegando: “tempo de muita criatividade”, previa.


(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 8 de março de 2012

O voto da fé e da internet

Os especialistas têm chamado a atenção dos partidos e dos candidatos que serão por eles lançados, sobre dois aspectos que não podem passar despercebidos, pelo potencial decisivo que incorporam. O primeiro é a internet como instrumento de propagação de ideias, fenômeno já sensível na eleição de 2010. É o que certamente voltará a ocorrer.
Mas na linha dos grandes pesos, outro desafio para ser encarado pelos partidos e marqueteiros é o voto evangélico, e para tanto há um dado bem recente: na eleição anterior às igrejas foram apresentados 32 candidatos a deputado, elegendo-se 75%. Comparando com o PT: 334 candidatos e 26% eleitos. Vê-se, pois, a força de comando com base na exploração da fé.
O apelo que se faz ao voto do crente é em nome de Deus, e não acompanhar a orientação do pastor seria, por muitos, uma blasfêmia.



Tudo como antes

A Comissão de Justiça do Senado conseguiu reverter ao nada as recentes e custosas conquistas para que chegássemos ao mínimo necessário no instituto da fidelidade partidária. A proposta é que o parlamentar não vai perder o mandato quando ocorrer fusão ou incorporação de partidos; quando se criar novo partido e a ele pretender filiar-se o deputado ou senador; no caso de ”mudança substancial” ou desvio no programa partidário ou, ainda, quando o parlamentar se julgar vítima de discriminação pessoal. Como logo se sente, ideia de José Sarney...
Trocando em miúdos: não há mais necessidade de fidelidade, e o pouco que havia vai para o espaço. O que é mais grave, quando se tem definido pelo Supremo Tribunal Federal que o mandato de um deputado ou senador pertence aos partidos, que já agonizavam, agora vão lhes tirar os poucos tubos que os mantinham vivos.



Solução pela metade

Outra meia decisão no campo da reforma política foi proposta pela comissão especial que vem tratando da matéria: a suplência de senador, que devia ser extinta pura e simplesmente, ficará restrita a apenas um suplente, que assumirá temporariamente nos impedimentos do titular. Mas, se ocorrer a vacância em definitivo, a bancada do estado fica reduzida a apenas duas cadeiras até a eleição seguinte, estadual ou nacional, quando se elegerá novo senador para completar o período interrompido. Um exemplo com base em caso mais recente: com o falecimento de Itamar Franco em pleno exercício do mandato, a vaga aberta seria preenchida em outubro próximo.
A proposta pode ter valor pelo que significa um passo à frente rumo à eliminação da suplência de senador, mas ela ofende um dos dispositivos republicanos mais antigos, que garante três senadores permanentes para cada estado.



Cármen e o voto feminino

Já com sua posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral marcada para abril, quando estará completando 58 anos, a ministra Cármen Lúcia lembra que, 80 anos depois de conquistar o direito de votar, à mulher ainda cabe um papel mais relevante na política brasileira. Ela representa hoje 52% da população, mas sua participação nas decisões está muito aquém, lembrou a ministra, que vai dirigir o TSE nos próximos dois anos.



Noiva do momento

O que se observa, cada dia com maior segurança, é que o PSB tornou-se a noiva cobiçada tanto pelo PSDB quanto pelo PT. A preliminar do relacionamento maior, a presidência da República, são as eleições municipais de 2012. Entretanto, o PSB não terá como viver por muito tempo essa dualidade. Vai precisar tomar posição, por mais dolorosa que seja a escolha. Caso não opte por um dos dois partidos que o cobiçam, i viverá um comportamento dúbio com o comprometimento de seu futuro. O papel de principal partido coadjuvante no poder já está ocupado pelo PMDB; não ficaria bem para o PSB aspirar disputa tão desconfortável.


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Comentário nas hostes do PSB da cidade:

AÉCIO ESTÁ PREDESTINADO AO PODER DA REPÚBLICA, DIRIA ITAMAR FRANCO. PARECE QUE OS FATOS CONTRIBUEM PARA A FALA PREMONITÓRIA DO FALECIDO POLÍTICO JUIZ-FORANO. UM DELES É A CANDIDATURA de SERRA A PREFEITO DE S. PAULO.

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De memória


Velha promessa

Há quarenta anos, nesses primeiros dias de março, o governo federal prometia ao Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora o tombamento, como patrimônio nacional, dos pontos originais da velha União e Indústria, inaugurada em junho de 1861 por Dom Pedro II. A relação havia sido organizada pelo professor Wilson de Lima Bastos. O assunto caiu no esquecimento, exceção para a ponte de Santana, em Alberto Torres, que foi restaurada. Mas são do mesmo tempo a ponte das Garças, em Três Rios, a Estação de Paraibuna, em Comendador Levy Gasparian, que é a mais antiga e precedeu a estrada, pois servia para a troca das mulas das diligências. De toda a obra remanescente, a de melhor conservação é o chalé de estilo francês, onde está o Museu Rodoviário.

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(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 7 de março de 2012

As mulheres e a política

Há quantos séculos a mulher luta para ter acesso a decisões da sociedade em que vive? Muitos, certamente, porque vêm de longe as restrições criadas até por alguns gênios da Humanidade, como Platão, que dizia ser o nascimento das mulheres uma punição dos deuses. O discípulo Aristóteles também negava a elas a condição de pessoa, assegurando que não tinham alma. E por aí andaram os desprezos sociais e a negação dos direitos políticos, a ponto de se ouvir na Alemanha dos tempos de Guilherme II que a mulher se definia com três Ks - kirch, kitch e kinder: igreja, cozinha e filhos.
Entre os primeiros direitos civis e o acesso ao voto ocorreram longos intervalos, mas acaba que foi a Nova Zelândia o primeiro país a admitir o voto feminino, em 1893, embora antes disso, por volta de 1880, Elizabeth Stanler e Lucrecia Mott travassem na Inglaterra árdua campanha para tal conquista. Nos Estados Unidos, algumas categorias sociais podiam votar, o que foi pior, pois inscrevia uma discriminação dentro de outra discriminação.
No final dos anos 20 a ideia da integração política da mulher amadurecia fortemente em Minas e Rio Grande do Sul, mas o Brasil entrou definitivamente nessa história só em 1927, em Mossoró, com o gesto audacioso de Celina Guimarães Viana, que requereu título eleitoral, e serviu de modelo até para as inglesas. Na década de 30, Getúlio Vargas reconheceu o voto feminino no Código Eleitoral. Contudo, deu com a esquerda o que a mão direita depois tirou, pois logo veio a ditadura que se estenderia até 1945, deixando as urnas fechadas. O breve interregno foi suficiente para que se elegesse a primeira deputada brasileira, a paulista Carlota Pereira de Queiroz. Agora, quando se observa a foto da instalação da legislatura de 1932, ela única entre 200 homens, eles é que aparecem totalmente dominados pelo constrangimento...
Hoje, no Congresso ,a bancada das damas representa 9%. Pouquíssimo, de forma até a incomodar as Nações Unidas. Só em 1982 uma brasileira vai chegar ao ministério, com Esther Figueiredo assumindo a Educação. Hoje, com dona Dilma, são quase dez.
A palavra final é sobre as mineiras, que passaram o tempo vivendo todas as aventuras humanas. Ou como Bárbara Heliodora, pungente dama do amor, que morreu louca vagando pelas ruas de São João Del-Rey declamando versos do namorado inconfidente, ou a bela Ana Joaquina de São José, Dona Beja, que administrou com talento a alcova que dividia com Joaquim da Silveira, e com isso conseguiu reverter para Minas 94.500 quilômetros do Farinha Podre, em Goiás. Ficamos devendo aos seus favores amorosos o nosso próspero Triângulo Mineiro.


Temer dá folego à
queixa do PMDB

É provável que a presidente Dilma tenha ficado surpresa quando leu que o vice-presidente Michel Temer, que a substitui nas viagens ao Exterior, abraçou a causa do PMDB na campanha por um maior número de cargos no governo. O apoio de Temer, considerado importante na proposta do partido, do qual é presidente licenciado, é mesmo fundamental para que as reivindicações sejam atendidas, porque o porta-voz ocupa uma posição mais estratégica para essa missão. Mas é uma postulação que logo encontra a resistência do PT. Os petistas entendem que os descontentamentos são problema interno dos peemedebistas, e o governo deve ser poupado.
Observa-se que continua aguçado o senso de oportunidade que o partido aprendeu ao longo de sua jornada na política brasileira: a faca vai ao pescoço da presidente no exato momento em que se ensaiam rebeldias da base aliada no plenário da Câmara. O pretexto é o Código Florestal. O PR, por exemplo, surge como linha auxiliar nas insatisfações do PMDB.
Mas, ainda que tenha endossado de imediato as reclamações das bancadas de seu partido na Câmara e no Senado, Temer deixou o recado: o poder de pressão vai estar na proporção dos votos, e para isso conclamou os correligionários a elegerem o maior número possível de prefeitos.


Suplência
Pode ser que a reforma política não elimine a discrepância da figura do senador suplente, um critério proporcional em eleição majoritária. Mas, a se tomar por base a leitura do relatório da comissão especial para a reforma, no futuro será eleito apenas um suplente.
Resulta disso que essa suplência seria valorizadíssima, o que pode ampliar as portas da influência do poder econômico.


Pé na estrada

Tanto Antônio Anastasia como Aécio Neves têm planos de viajar com grande frequência nas próximas semanas. O governador, com a intenção de mobilizar os mineiros para apoiar as reivindicações que Minas está levando ao governo federal. E o senador tem de arregimentar apoios ao seu projeto presidencial.


Poucas raias

Dependendo de tanta conversa que se realiza entre dirigentes partidários e pré-candidatos a prefeito, vão se revelar abaladas as previsões de muita gente na disputa. Falava-se e oito ou nove, mas o número deve cair pela metade.

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De Memória


Ângelo Biggi
Qual o real acervo que o grande pintor Ângelo Biggi deixou em Juiz de Fora, onde desempenhou sua arte por cerca de 40 anos? Nascido em Roma e sepultado aqui em 1953, dele o que mais se conhece são as parietais no Cine Theatro Central, da Associação Comercial e na capela mortuária da família Arcuri no cemitério municipal. Reclama-se o levantamento completo de sua produção, de resto pouco conhecida pelos juiz-foranos. Mas as obras que assinou chamaram a atenção, tanto que a Real Academia de Belas Artes de Roma, onde havia estudado, sugeriu que voltasse à Itália para ensinar, mas ele se radicou aqui em definitivo.
Seu prestígio se acentuou ainda mais em 1922, quando foi agraciado com a Medalha de Honra do 1º Grau no Salão Nacional de Belas Artes, com a pintura A Hora do Chá. Dois anos depois voltaria a ser premiado ali. Biggi também deixou pinturas em Barbacena, Manhuaçu, Rio Casca e Lafaiete.

(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 6 de março de 2012

Radicalizar é preciso

Não constitui novidade em Juiz de Fora a intuição agora revelada pelos dirigentes do PSDB de que na eleição dos prefeitos, em outubro, é preciso dar importância à radicalização da disputa com o PT. Pode ser novidade para 14 municípios de expressão eleitoral que hoje são administrados por petistas ( Ubá é o caso único na Zona da Mata), mas em relação ao quadro local o que os tucanos sempre estimaram no projeto de reeleição de Custódio Mattos é a reedição da disputa, no segundo turno, da corrida que empreenderam com os petistas.
Mas há um detalhe, que também é o diferencial: se em 2008 a radicalização entre os dois partidos foi importante, muito mais agora, quando a escolha ficará como indício do comportamento do eleitorado dois anos depois, quando chegar a hora de ser escolhido o novo presidente da República.
O jogo, contudo, não se encerra só com os planos dos tucanos,que torcem para a radicalização, porque ela também será a via pela qual poderá transitar o prestígio da candidatura de Margarida Salomão junto ao PT nacional e ao governo federal. É claro. Se o PSDB quer radicalizar para favorecer o projeto presidencial de Aécio Neves em 2014, os petistas, também de olho na presidência, terão de prestigiá-la.
Sendo assim, a campanha estaria destinada a ter duas marcas profundas, ambas com prós e contras: haveria um debate sobre as grandes questões nacionais, o que seria inevitável se PT e PSDB trabalharem com vistas a 2014; e, como fator negativo, o empobrecimento das discussões em torno dos problemas da cidade.


Faltam sete meses.
As peças começam
a se movimentar


Está na lei. Eleição no Brasil é em 3 de outubro, mas sempre transferida para o domingo mais próximo, desde que esse domingo não esteja fora de outubro. Neste ano, os eleitores vão às urnas no dia 7, o que significa que estamos hoje a exatos sete meses da definição dos nomes para a prefeitura e a Câmara.
Da mesma forma como não se pode dizer que já temos sinalizadas as primeiras definições, é preciso considerar também que as peças começam a ser movimentadas, através de consultas interpartidárias e ensaios de candidatos que fingem disposição de concorrer, mas apenas desejando participar do processo. É uma fase que pode acabar se estendendo até os primeiros dias de junho, mês em que são realizadas as convenções.
A 210 dias das eleições não se sabe quantos serão os candidatos a prefeito, nem quais serão as coligações na proporcional. Nem qual o exato volume do colégio eleitoral. Mas dentro de um mês a situação pode estar diferente.




Decisão tomada

Dois municípios mineiros, Patos de Minas e Juiz de Fora, estão entre os primeiros que o PMDB impõe a candidatura própria à prefeitura. Não constitui novidade, mas a exigência acaba de ser confirmada em reunião da executiva estadual presidida pelo deputado Antônio Andrade. Para entrar nessa luta são indicados os deputados Antônio Júlio e Bruno Siqueira.

Divergências

Têm interpretações diferentes as datas estabelecidas pela legislação eleitoral para que se desincompatibilizem os ocupantes de cargos públicos que pretendem disputar em outubro. Saem em abril, maio ou junho? No PSB há quem sugira que, para evitar surpresas, melhor é sair o quanto antes...
O vereador Isauro Calais diz que estudou a lei e não tem dúvida de que, ao contrário do que já se divulgou, ocupantes de cargos de confiança do prefeito, terão de estar desincompatibilizados até 7 de abril, e na 7 de junho.




Santos banidos

Quando o juiz federal Marcelo da Costa reage à campanha que deseja a retirada do nome de Deus das cédulas de dinheiro e o banimento dos nomes de todos os santos, sob o pretexto de que o estado é laico, ele indaga o que fazer em referência a São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. E indagamos nós: o que fazer com quase 40 bairros e ruas que em Juiz de Fora têm nomes de santos?


Caçada longa

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de que para outubro também estão impedidos os que tiverem rejeitadas contas de campanhas anteriores vai obrigar os TREs a trabalhar muito e ligeiro. Haverá correria para o levantamento de todos os casos. É uma tarefa exaustiva, porque há os candidatos condenados, mas também os casos que estão em grau de recurso.




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De Memória

Revista da rua

Pelo que se sabe, pelo menos no Brasil nunca circulou uma revista dedicada apenas a uma rua. Pois em maio de 1936 um grupo de intelectuais se reuniu ao desenhista Lauro Campos para editar a “Rua Halfeld”, que falava dos homens e das mulheres que trabalhavam, criavam e cantavam em prosa e verso a artéria que, não é de hoje, oxigena o coração de Juiz de Fora. A Halfeld, já se dizia na época, tinha alma, era a própria vida da cidade.
A publicação quase chegou a um ano. Coube a Dormevilly Nóbrega preservar a coleção, depois transferida à Universidade Federal.

(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 5 de março de 2012

Poder coadjuvante

Antes mesmo da Semana Santa, setores influentes do PMDB vão chamar o vice Michel Temer para uma outra conversa, centrada na postulação de novos cargos no governo federal. Alegam que, avaliada a base de apoio parlamentar, percebe-se que o partido recebe menos do que merece, e essa é uma deformação que desagrada.
O PMDB segue fielmente seu manual de partido coadjuvante no poder, quer seja com os tucanos, quer seja com os petistas. Está sempre manifestando descontentamento com a parte que lhe cabe do poder, pois sempre quer mais. Age com pragmatismo desde 1985 na denominada 'Nova República', sob a liderança do ex-UDN e ex-PDS, senador José Sarney.

Ônus da chefia
Não é nada para preocupar; breve infecção, garantem os médicos que assistem o ex-presidente Lula, novamente hospitalizado ao sentir os pulmões pedirem socorro. Mais um reforço medicamentoso e tudo deve ficar bem.
Está para nascer entre ex-presidentes, não apenas os que são surpreendidos pela visita indesejável do câncer, alguém que se revele tão indisciplinado ao tratamento do que Lula. Recebe visitas, fotografa-se com visitantes, dá entrevistas e pelo telefone divide com Dilma as tarefas do governo. Se os médicos não o contivessem, o carnaval o veria folião em carro de escola de samba.
Lula é o oposto do bom paciente. Confia demais nos seus deuses; mas os deuses não gostam de ser desafios.


Tempo de conversa

Dizia o presidente Tancredo Naves que eleição só se conversa depois da procissão do Senhor Morto, alusão às indefinições que se veem antes da Semana Santa. Não tanto, como parece acreditar o neto, Aécio, que já está em campo conversando sobre as composições e os caminhos que se abrem ao PSDB e seus aliados. Em 2010, com idêntica disposição, ele conseguiu agregar grandes forças em torno da candidatura de Anastasia.
Em Belo Horizonte, onde se conversa muito, quase exclusivamente sobre o projeto da reeleição do perfeito Márcio Lacerda, nos dias 14 e 15 a Associação Mineira dos Municípios vai promover um encontro de prefeitos, vereadores e dirigentes partidários, para discutir o processo eleitoral. Certamente a entidade não vai indicar candidatos, mas oferecerá diretrizes para os municípios imporem à campanha suas grandes questões.



Assunto esticado

Se o governo já tem desafios demais, ideal seria que os assessores políticos da presidente (afinal, quem são eles?) trabalhassem para reduzir ao máximo a carga dos problemas que sobem ao seu gabinete. A ascensão só quando não houver mesmo jeito de filtrá-los. É para isso que são criadas e funcionam as assessorias.
Discrepa, portanto, a timidez com que os auxiliares se posicionaram frente ao protesto dos militares da reserva, aborrecidos com o que entendem ser revanchismo a apuração de responsabilidades nas violências contra políticos nos tempos da ditadura. O governo devia ter deixado que o assunto se esgotasse em si mesmo, mas preferiu soprar as brasas e reacender um fogo que se mostrava brando e pouco ameaçador. O protesto, que nem era das casernas, acabou escapando para as ruas, triplicou as adesões e criou um problema sério: desafiantes, os miliares afirmam que não reconhecem autoridade no ministro da Defesa. E agora?



Sob ameaça

Qualquer candidato a prefeito está sujeito a pressões, provocadas pelos interesses políticos que eles podem ajudar ou prejudicar. No caso de Juiz de Fora, considerados os partidos a que pertencem e as alianças nacionais e estaduais de que fazem parte, Júlio Delgado e Bruno Siqueira podem ser alvo de insinuações, principalmente da parte do PT e do PSDB.




Relatório

O vereador Isauro Calais encaminhou à imprensa, ontem, o relatório de suas atividades em 2011, onde destaca como principal realização os cinco meses de estudos e debates para a implantação de uma política de defesa e promoção dos idosos, em comissão especial que criou e presidiu. Segundo ele, o que se estabeleceu para o aumento da qualidade de vida da terceira idade em Juiz de Fora ficou acima da média do que se propõe nos grandes centros brasileiros.
Na relação dos seus 267 requerimentos e 27 projetos cabe destaque também para o que estabelece a ficha limpa como norma para ingresso no serviço público municipal. E, como proposta regional, Calais criou a comissão especial de reforma política, destinada a levar a Brasília as preocupações da Zona da Mata nessa questão.



As ciladas

No encontro de sábado, quando o PTdoB reuniu militantes de municípios vizinhos, os candidatos foram advertido sobre ciladas inevitáveis criadas na legislação eleitoral no que diz respeito à propaganda em campanha. Uma camisa com o nome do candidato é proibida no dia da eleição? Há juiz que a admite, mas outros veem nela um impedimento. Melhor é não correr o risco.

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A volta às aulas na Universidade foi marcada, como sempre, pela calourada, que em Juiz de Fora se transformou no casamento sinistro do mau gosto com a falta de criatividade.

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De Memória

Na manhã de 3l de maio de 1963, ainda a bordo do Viscont presidencial, que o trazia a Juiz de Fora, o presidente João Goulart, entre uma laranjada e alguns bombons, retocava o discurso que pronunciaria na Câmara. Desejou saber de dois deputados que o acompanhavam, Clodesmidt Riani e Olavo Costa, e de um jornalista da comitiva, qual a principal reivindicação que ouviria da cidade: a abertura da Avenida Brasil, segundo a unanimidade dos consultados, dada a importância que ela representaria para a desobstrução (já naquela época!) no tráfego urbano. Em uma das laudas datilografadas duas linhas estavam reservadas aos pontos centrais do discurso, que, além da avenida, garantiu a Juiz de Fora que as reformas de base viriam de qualquer maneira.


(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 4 de março de 2012

Reforma: um passo à frente

Se não vier qualquer imprevisto – e em política os imprevistos são facilmente previsíveis - a comissão especial da Câmara que trata da reforma política começa a votar, amanhã à tarde, o relatório do deputado petista Henrique Fontana. A primeira dúvida é se haverá quorum suficiente, embora se soubesse, ontem à tarde, que havia deputados suficientes em Brasília.
O relatório abre os caminhos da reforma propondo o sistema proporcional de lista flexível e o modelo de financiamento público de campanha eleitoral.
Nos últimos dias ampliaram-se as possibilidades de aprovação da matéria, diante da garantia de que, quaisquer que sejam as decisões, elas serão submetidas a um plebiscito, antes de terem valor para as eleições de 2014.


PTdoB define
apoio a Júlio

No encontro que promoveu, no fim de semana, na Câmara Municipal, com 16 representantes do partido na Zona da Mata, o PTdoB confirmou seu apoio à candidatura do deputado Júlio Delgado à prefeitura, decisão que foi explicada pelos dirigentes como resultado das boas relações do partido com o PSB, ao qual pertence o deputado. Esse entrosamento também é visível em Juiz de Fora, pois o PTdoB funciona junto ao escritório político do deputado, na Rua Machado Sobrinho, o que foi confirmado pelo coordenador local, ex-vereador Gilberto Vaz de Melo. A esperada presença do presidente nacional do partido, Luís Tibé, não aconteceu. Ele alegou estar viajando.
Com duas horas de duração, a primeira das quais destinada a esclarecer dúvidas sobre os procedimentos em campanha, a reunião deixou claro que os dirigentes estaduais poderão esbarrar em dificuldades para impor alianças em alguns municípios, por causa de divergências locais e os interesses políticos nem sempre convergentes. O representante de Rio Pomba, José Lucas, disse que ele e seus companheiros não aceitam apoiar qualquer dos quatro candidatos já anunciados naquele município, e prefere ser destituído a aceitar aliança com um deles.
Nos minutos finais, o deputado Júlio Delgado visitou os participantes do encontro regional, e anunciou que em seu projeto de chegar à prefeitura o PSB já conta com apoio de mais três partidos, que ele não revelou. O discurso também foi ouvido por militantes de outros partidos, como PSD, PSL e do PCdoB.



O bom exemplo

Na contramão da gulodice de muitas câmaras municipais de Minas, a de Dores do Indaiá decidiu, com o voto unânime dos vereadores, não aumentar, mas reduzir os subsídios, não apenas de seus integrantes, mas também os do prefeito e do vice-prefeito. Estabeleceu-se que o prefeito, que ganhava R$ 16.200,00 vai agora para R$ 10.000,00; o vice-prefeito foi reduzido de R$ 8.100,00 para R$ 2.500. Quanto aos vereadores, o subsídio desce de R$2.900,00 para R$ 2.500,00.
Ficou decidido que o dinheiro que se vai economizar será aplicado em obras municipais.



Esforço para
enterrar Deus

Parecia que o assunto já estava superado, depois de tantos fracassos, mas eis que um procurador da República reacende a discussão. O Estado é laico e, portanto, não pode contemplar manifestações de amor a Deus. Sua preocupação central está na expressão “Deus seja louvado” nas notas de dinheiro, porque o Estado tem de estar fora das questões metafísicas. Claro, esse novo esforço para sepultar Deus acabará como acabaram as tentativas anteriores: esquecimento.
Interessante é que os ferozes defensores da extinção de Deus nas cédulas e os que pedem a remoção dos crucifixos das paredes oficiais nada falam sobre o fim dos feriados religiosos, do descanso prolongado da Semana Santa ou das festas de Natal. Quanto a esses, nenhum protesto.
Afastar o povo de suas tradições e sentimentos da religiosidade seria um esforço inútil, aqui e em todo o mundo. Nos Estados Unidos grandes símbolos inscrevem “em Deus confiamos” e os ingleses não cansam de dizer “Deus salve a rainha”. Como indaga o juiz federal Marcelo da Costa, proibidos os nomes religiosos, como faremos com São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo?
E, afinal, como lidar com a Constituição ”inconstitucional”, que já no enunciado se evoca ”sob a proteção de Deus”?


Teocracia

Bastou a presidente Dilma entregar o Ministério da Pesca ao senador e bispo licenciado (sic) Crivella para que outros setores evangélicos manifestassem desejos parecidos; porque essa história de”irmãos em Cristo” não funciona quando chega a hora de dividir poder político. O PSC, partido do pastor Everaldo, mandou dizer ao Planalto que ficaria feliz em ganhar o Ministério do Trabalho, e para tanto denuncia logo o principal concorrente, o PDT, acusado de não ser fiel à base do governo.
A presidente está assumindo a responsabilidades de dar os primeiros passos para uma teocracia disfarçada.

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De Memória

Israel e JF

Israel Pinheiro, eleito governador depois de ter sido o principal executivo na construção de Brasília, não era de Juiz de Fora, mas teve sua longa história política iniciada aqui. Em 1933, na Fazenda da Floresta, onde Olegário Maciel e Antônio Carlos haviam se reunido para formar a lista de candidatos do PRM para a Constituinte, três anos depois, Olegário manifestou interesse em lançar um “jovem engenheiro, filho de João Pinheiro, que cuidava da cerâmica da família em Caeté”. No dia seguinte, Antônio Carlos despachou para aquela cidade o delegado Pedro Mendes, para convocar Israel a Juiz de Fora, onde foi oficialmente convidado. Disputou e ganhou.

(( PUBLICADO NA EDIÇÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA DO TER NOTÍCIAS ))