sexta-feira, 29 de janeiro de 2016




MAQUIAGEM ELEITORAL



A nove meses das eleições que vão indicar prefeitos e vereadores (se a evolução das crises assim o permitir) não se fala mais na reforma política, o que faz prever, entre os muitos problemas que sua ausência acarreta, de novo as alianças partidárias  defeituosas, os acertos inconvenientes, os conluios adulterinos, sem espaço para os grandes interesses nacionais. Vamos ver unidos em projetos comuns partidos sem identidade ideológica, uns sem nada terem a ver com outros, convivendo apenas pelo tempo necessário para a construção do ludibrio, da enganação, das tramas a que os eleitores são convidados a se submeterem e dar o voto-aval.

Verdade que foram criados alguns limites ao embuste das coligações, mas certamente insuficientes. Ainda desta vez – e até quando? – vamos assistir às manobras que em nome delas têm sido praticadas às claras?

Neste ano mais de 30 partidos legalmente reconhecidos estarão no cenário eleitoral. Só os grandes vão figurar como atores principais, responsáveis pela peça, mas arrastando aquela infinidade de coadjuvantes nanicos, leiloeiros dos minutos de que dispõem para propaganda eleitoral na televisão. Esse acerto, sem o qual os candidatos não teriam seu apoio, é apenas o sinal de outras parcelas do pagamento caso o candidato apoiado obtenha vitória. Se tal se der, faz-se então o loteamento de secretarias, departamento e companhias mistas. Ou não tem sido assim, exatamente assim?

O processo eleitoral, com esses defeitos, tal como concebido e tolerado, é vestibular para dar aos políticos o diploma de representação de uma nova classe, uma oligarquia para cujo progresso independe a participação popular; para eles melhor até que o povo se mantenha bem distante.


Logo após a Primeira Guerra Mundial avultou a proposta de que as campanhas eleitorais devessem contemplar as ideias; não os homens, mas suas ideias, suas propostas. Isso não prosperou suficientemente. Na verdade, o que sobreviveu foi o candidato plástico, sem responsabilidades claras, livre de instrumentos que o obriguem a cumprir o que falsamente promete. E tudo cada vez mais falso, mais artificial, tal como Roger Schuwartzenberg definiu no Estado Espetáculo, onde o marketing muda tudo, plastifica tudo, capaz de submeter à maquiagem tudo e todos. O star-system. Esse faz-de-conta dos programas eleitorais a que em breve estaremos assistindo.





terça-feira, 26 de janeiro de 2016






GUERRA AO CAIXA 2 



Um combate frontal e severo ao Caixa 2, velho alimento das campanhas eleitorais, foi anunciado pela Ordem dos Advogados do Brasil, com apoio da Conferência Nacional dos Bispos, tendo como objetivo conter o vício corruptor, com a esperança de se obter resultado já na campanha deste ano. O primeiro passo, em curso, é orientar as Seccionais para que se organizem e apresentem ideias.

No desenvolvimento desse projeto a Ordem quer atrair o apoio de entidades, empresas e também dos eleitores, pois entende, corretamente, que sem uma ampla adesão, o objetivo ficará distante e difícil, para não dizer inacessível.

A dificuldade, que esperamos seja superada, está em que o exercício do Caixa 2 se inspira e funciona como base de um pacto de interesses e de silêncio. Tanto os que vendem como os que compram se ajustam no período eleitoral. E exatamente por atender a objetivos comuns para resultados a médio e longo prazos torna-se difícil detectar o crime. Porque propriamente não há vítima. No Caixa 2 há investimento sorrateiro, que se faz com discrição, sem alarde.  Glorioso monumento ao compadrio político.  

Talvez, melhor e antes de tudo, as entidades promotoras devessem trabalhar, via Congresso Nacional, um conjunto de normas para que as campanhas eleitorais no Brasil se tornem menos custosas e dependam menos desses aportes financeiros de origem e de intenções sempre suspeitas. E que as dotações formais se façam tão claramente e dentro da lei que os candidatos e partidos possam dispensar ajudas irregulares.


Exatamente por terem substituído o conteúdo pela artificialidade, isto é, a imagem plástica do candidato na televisão e nos impressos torna-se mais importante que suas ideias e propostas, as campanhas eleitorais são mais eficientes na medida em que disponham de muito dinheiro. E porque precisam de muito dinheiro concedem mais.







quinta-feira, 21 de janeiro de 2016





PARTIDOS EM FALÊNCIA


A decisão do governo de reduzir a seis meses o prazo mínimo de filiação para os que vão disputar cargos eletivos  comprovou, se é que fosse necessária nova comprovação, que a importância das organizações partidárias desceu ao mais baixo nível. Agora bastam 24 semanas, nada mais, para se apresentarem ao eleitorado com seus candidatos, estes sem compromisso programático, sem identidade com  as legendas, escolhidas certamente ao sabor das conveniências circunstanciais.  O que têm a ver esses candidatos com o trabalhismo, com o socialismo, com qualquer “ismo”? que os partidos carregam na profusão de letrinhas de nenhuma significação.  Ainda assim  protegidos para exercer tendência oligárquica sobre a vontade popular.  

Resulta dessa singularidade uma das explicações para os maus rumos da nossa política e as mazelas por ela produzidas.  Os candidatos que nos serão impostos em outubro não têm responsabilidade minimamente ideológica  com os partidos que escolheram; e estes, sem compromisso consigo mesmos, sentem-se desobrigados de prestar contas à sociedade. Ninguém deve nada num quadro do mais perfeito surrealismo, do qual talvez só possamos escapar quando entendermos que a única reforma política que convém é aquela que comece pela adoção do parlamentarismo. Sem isto, como reconhecem e receitam os melhores pensadores, tudo que se fizer serão  remendos costurados com linhas podres.


Tais deformações, que vão se deformando mais em cada eleição, facilitam -  eis aqui outra entre as nossas infelicidades políticas – os conchavos que substituem os partidos nos plenários legislativos, onde são grupos ou correntes informais que acertam ponteiros e fazem o jogo dos interesses com o Executivo.  Quem souber que não tem sido assim que nos diga.







terça-feira, 19 de janeiro de 2016




 O BRASIL DERRETE


Observadores estrangeiros andam realmente preocupados com os rumos do Brasil, talvez com intensidade e perspicácia maiores que as que têm manifestado nossas lideranças. No começo da semana alguns dos mais autorizados garantiam que, se temos certeza de um 2016 perdido, é preciso rezar para que o ano seguinte seja menos pior. E concordam em que, mesmo assim, indispensável partir de um diálogo verdadeiramente patriótico dos partidos e dos políticos em nome dos altos interesses do País. Talvez – quem sabe? - começando por um gesto soberano da presidente  reconhecendo a inviabilidade de sua gestão, cujo gesto de grandeza é concordar em que o primeiro passo pode estar na antecipação da eleição de seu sucessor.   

O que mais temos de esperar? O Brasil está derretendo. Não bastassem a inflação, o desemprego, o desânimo nacional diante da corrupção institucionalizada, os estados sem honrar as folhas dos servidores, assiste-se a uma economia cada dia escalando novos degraus rumo ao desastre. As indústrias naval e automobilística vivem a maior crise de sua história. Nas próximas semanas o fechamento de cerca de 500 concessionárias. Esperar mais o quê?

 Todo esse cenário sinistro se abre (ou se fecha?) diante da constatação de que o governo e a oposição não conseguem convergir o diálogo político, que poderia ser nossa luz no fim do túnel. Mas não. Cada qual empaca na defesa de suas trincheiras, só quer falar sem ouvir. Os três poderes longe de obter um conjunto de resultados satisfatórios para conduzir a Nação. Olhando para eles, o cenário é de poderes que se contentam com monólogos alternados, sem cuidarem do que Raymond Aron ensinou em seu “Polémiques”: a verdadeira função da polêmica nem é convencer, mas ajudar cada um a compreender o outro. Monólogos não fazem o diálogo.



TEMPO DE DEMAGOGIA


 A nação vive uma crise existencial baseada no descrédito político. Significa que esta é uma hora de crepúsculo em que as coisas se confundem e um demagogo pode ser aclamado como salvador da pátria. Isto ou mais ou menos isto foi dito pelo ministro Marcelo Pimentel, do Tribunal Superior do Trabalho, cerca de trinta anos passados, mas com sensível atualidade, principalmente se consideramos que estamos em ano eleitoral convivendo com grave crise; crise que não sabemos quando poderá terminar. E como terminará.

É um tempo realmente propício a propostas demagógicas. Hora em que proliferam falsos salvadores da pátria, alguns sobejamente conhecidos,que nos deixaram uma dolorosa herança. A três meses das convenções partidárias que vão indicar os candidatos, e nove da eleição do prefeito e vereadores, é preciso que a cidade tenha pleno conhecimento do risco das aventuras que vêm atreladas a demagogos, incluídos entre eles os despreparados, que, exatamente por causa do despreparo, são capazes de lançar mão de projetos impossíveis de serem concretizados, sonhos  impossíveis e soluções milagrosas. Oportunistas demagogos.

Impõe-se - e aqui os partidos surgem como primeiros responsáveis – uma discussão antes de tudo honesta sobre os problemas do município, cujas soluções exigem poderosos investimentos, tendo à frente lideranças políticas eficientes, dessas que têm os pés no chão, sem sofismas, sem enganação. Então, os partidos responsáveis pelas candidaturas precisam saber desde já, e logo cobrados pela sociedade organizada, que suas decisões não podem estar desviadas de uma conduta séria e voltada para o futuro de Juiz de Fora, sem contorcionismos e sem demagogia. Têm obrigação de recusar pré-candidaturas  que nossos interesses rejeitam.



A FARSA DOS CASSINOS


Sob os auspícios desse governo tonto, sem rumo, sem norte, a abertura dos cassinos com seus jogos de azar vai vencendo barreiras no Congresso. Há dias ganhou aplausos em comissão especial do Senado, onde fomos obrigados a ouvir o representante mineiro, Antônio Anastasia, dizer simplesmente que se o jogo se deu bem no Canadá e em países europeus por que seria diferente no Brasil?, sem explicar a razão de muitas coisas darem certo lá e totalmente erradas aqui.

O que se está se propondo é um engodo, um farsa produzida em gabinetes que se especializaram nas mistificações. Ora, este é um país em que há anos se joga todo dia, com megas, lotos, raspadinhas e maquininhas, as fábricas de dinheiro para o poder central. E nem assim o Brasil anda bem. Até Eduardo Cunha vê isso, ao comparar esse governo em busca de dinheiro ao desempregado que vai à roleta tentar o salário que não recebeu...  

A liberação dos cassinos, longe de produzir impostos, servirá exatamente para encobrir a sonegação, a lavagem do dinheiro sujo. Não podemos ignorar que os milionários  que vão ao pano verde são os grandes mestres na sonegação. Fala-se em mais empregos para assalariados? Garçom, músico, crupier? Quantos seriam esses beneficiários? em número suficiente para compensar as desgraças.

É preciso passar à frente de raciocínios insólitos e superficiais o real custo social das roletas e bacarás. Leia-se Roger Caillois em “O Jogo e os Homens”. No cassino não há uma competição entre pessoas ou times, o chamado Agon. Ali o adversário é o destino, o azar, sobre o qual o jogador não tem qualquer domínio. Ele se demite da responsabilidade pessoal para se entregar à ambição do ganho fácil e rápido. Nada pode salvá-lo, a  não ser o desfavor dos deuses, diria Dostoievsk em “O Jogador”.

Rui Barbosa volta aos nossos dias para repetir, quase cem anos depois, que o jogo “como as grandes endemias devasta a humanidade, universal como o vício, furtivo como o crime, zomba da decência e das leis. Alcança o requinte de suas seduções as alturas mais aristocráticas da inteligência”. Os jogadores? Esses são apenas os náufragos das noites tempestuosas do azar.








segunda-feira, 18 de janeiro de 2016



 CILADAS EM ASAS DOURADAS


Nos cafés das galerias, no lanche dos vereadores na Câmara ou mesmo nas conversas ligeiras dos elevadores e salas de estar um assunto-especulação que vai ganhando espaço e atenções é a sucessão municipal, caixa fechada onde o que se tem como certo, até agora, é que o PMDB  lançará a candidatura do prefeito Bruno Siqueira a um segundo mandato. Fora isto tudo são dúvidas, e assim continuarão nos três meses que antecedem as convenções.   

Mas, quem quer que pretenda se apresentar deve, para não sair totalmente escalpelado da refrega, considerar alguns desafios e riscos de ciladas. São condições e cuidados básicos:

1) Ter consciência de sua capacidade de construir poder político para enfrentar as dificuldades e suficiente competência de articulador para superá-las.

2) Uma considerável visão dos problemas crônicos e circunstanciais da cidade, frente a finanças sempre na indigência.

3)  Redefinição de prioridades nos setores onde isso se revelar mais que prudente, necessário.

4) Fortalecer a política agressiva de atração de investimentos, adotada pela atual Administração, já com resultados  visíveis.

5) Em relação aos de primeira viagem: sentir e pesquisar bem para saber se – quem sabe? – não estão sendo lembrados apenas para servirem de candidatos-suicidas, esses que só entram na guerra porque os líderes não querem colocar a cara na frente, embora tivessem obrigação partidária de enfrentar as urnas. Imitam hoje aquilo que informa o antigo folclore do presidente Antônio Carlos: “Preparemo-nos e vão!”...

Têm sido citados para a prefeitura de Juiz de Fora alguns nomes de pessoas bem sucedidas em seus negócios, com prestígio social, mas totalmente desconhecidos pela política, mais ainda pelas urnas. Estão sendo maldosamente arrancados do aconchego pelas vias da mosca azul, que os políticos matreiros sabem muito bem como usar sobre os incautos. A mosca azul, tirada das páginas de Machado de Assis, é um bichinho terrível. É azul com asas de ouro, e ao picar deixa a vítima deslumbrada, sem capacidade de refletir a realidade das coisas. É o devaneio de subir ao impossível.

Neófitos, cuidado!  Não é apenas o mosquito da dengue que está no ar. 







quinta-feira, 14 de janeiro de 2016





POR UMA DECISÃO


Com um posto destacado e altamente influente em Minas, a vice-governadoria, e uma bancada parlamentar expressiva o PMDB parece disposto a não deixar para a última hora a montagem do esquema eleitoral de 2016, no qual o objetivo primeiro é ganhar a prefeitura nos municípios mais importantes. Razão pela qual o partido e sua alta direção gostariam que o prefeito Bruno Siqueira se decidisse logo pelo projeto da reeleição. Porque, ainda que seja seu candidato natural, com amplas possibilidades, importante é a preservação de espaços político-partidários, antes que sejam ocupados ou se diluam com o passar do tempo e com a aproximação das convenções. Mas no caso local trata-se de uma preocupação que, já se percebe, transita mais no campo das formalidades, pois a candidatura de Bruno é tida como questão decidida.

Conversas nesse sentido são encaminhadas pelo vice-governador Antônio Andrade, com quem de há muito o prefeito mantém diálogo e estreitas ligações.

Um prolongado adiamento do projeto peemedebista seria motivo de preocupação também para os candidatos que pretendem se opor a Bruno.  Ficam sem poder definir suas estratégias, a principal dentre elas o leque das alianças possíveis. Se o prefeito disputar, sabe-se que terá condições de absorvê-las em maior número. Mas este é um dado que também encontra contestações: no último fim de semana, quando participou de 12 reuniões políticas em Juiz de Fora, entendeu diferentemente o atual secretário de governo da prefeitura de Belo Horizonte, Vitor Valverde. Ele acha que a chance de grandes alianças está é com os contrários. Nessa linha de oposição o próprio Vitor é um nome cogitado.







terça-feira, 12 de janeiro de 2016




 EM COMPENSAÇÃO


Para o setor produtivo de meias em Juiz de Fora o ano que se foi não deixou saudades, porque a retração do mercado impôs limitação dos negócios e demissão de empregados. O presidente do Sindimeias JF, Tadeu Monteiro, diz que esse quadro deixou um rastro de preocupações, mas também motivo para  a expectativa de vendas maiores para o Exterior. É que a desvalorização do real frente ao dólar e a outras moedas estrangeiras abriu espaço para a exportações,  e é de olho nelas que o setor entrou em 2016.

No novo ano, contudo, ainda persistir algo desagradável: o baixo nível de confiança do empresariado na política econômica do governo, o que, aliás, é objeto de críticas dos produtores em todo o País.


 VELHA PROMESSA


É o que se ouvia em todo princípio de ano.  Assustados com o custo do material escolar de seus filhos, os pais eram tranquilizados pelo governo. “No ano seguinte serão tomadas providências para que os livros didáticos sejam reaproveitados”, prometia-se. Mas isso jamais aconteceu e também desta vez. Pelo menos, o Ministério da Educação fez a gentileza de não prometer o que certamente não cumpriria.

A indústria gráfica tem um lobby poderoso para garantir que boa parte do material escolar seja descartável. O que uma criança usou não terá utilidade para o irmão mais novo.



ESPONTANEIDADE


Por causa da crise da economia, que forçou uma política severa de restrições na prefeitura, não foi possível a realização do desfile das escolas de samba. Mas nem tudo está perdido. A Funalfa decidiu concentrar atenções nos blocos carnavalescos, sendo que mais de 80 deles já se inscreveram para se apresentar a partir do dia 29.

Quem conhece carnaval e trabalha para preservar o que essa festa popular tem de mais legítimo e autêntico bate palmas para  os blocos. Com eles desfila a espontaneidade dos foliões.






sexta-feira, 8 de janeiro de 2016





DESTINOS INCERTOS



A generosidade da legislação eleitoral, que sempre se permite remendos de ocasião, veio agora conceder aos futuros candidatos um prazo mais amplo para decidirem a filiação partidária que mais lhes convier. Antes, a lei era clara: a escolha da legenda em que se abrigariam tinha de ser tomada com um ano de antecedência; agora, apenas seis meses. De forma que só em abril é que deverão estar inscritos. É o que vem permitindo filiações emergenciais, onde os políticos pretendentes entram já sabendo que em breve estarão tomando outro rumo. O que se dá, por exemplo, com o jovem  PMB – Partido da Mulher Brasileira, onde as mulheres são raras, mas numerosos os homens. Sob uma legenda que não faz mal a ninguém e pouco pretende, os futuros candidatos esperam que a paisagem política tenha cores menos incertas. Como futuros navegantes, sobem à gávea aguardando o sinal dos ventos e do horizonte. Mas não só a generosa legenda feminina; também outras estão recebendo políticos viajantes que farão baldeação nas próximas semanas. Em abril optarão por algo que pareça mais favorável aos seus projetos.

Diante do caráter provisório dessas filiações, que não permite saber onde exatamente estarão os candidatos a prefeito e à vereança, tornam-se imperfeitas ou mesmo inócuas previsões antecipadas quanto às possibilidades de cada qual. Porque sendo desconhecidas as posições partidárias, são igualmente distantes e incertas as fórmulas das legendas e as alianças que poderão produzir.

Interessante observar que à medida em que o tempo passa os partidos vão perdendo a autenticidade e um mínimo de conteúdo ideológico. Os filiados passam de passagem, ficam ali apenas por tempo determinado, ao sabor das conveniências da hora. E exatamente por se prestarem a esse papel que eles são cada vez mais numerosos. Lei da oferta e da procura.



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016





MISSÃO EM MINAS



Previsões elaboradas com dados de hoje podem indicar que na campanha eleitoral deste ano ao governador Fernando Pimentel caberá um contorcionismo que seja capaz de evitar que seu partido, o PT sofra nas urnas as dificuldades da gestão, que são muitas, crescentes e diversificadas. Neste particular o estado é o menos invejável do País. Aqui, os problemas começam com a incapacidade de a Fazenda honrar em dia as folhas dos servidores, além da ameaça de sangrias mensais. Ao que tudo indica, o 13º virá retalhado, de tal forma que a última parcela chegará em véspera do benefício seguinte, situação jejuna de antecedentes.

Diante de tal quadro, além do impasse com os servidores, parece inimaginável a capacidade de o governo mineiro praticar, nos próximos meses, obras que dependam da fartura dos cofres. O quadro navega em penumbras.

Pode ser, então, que mantidas tais expectativas o governo Pimentel entre desgastado no processo eleitoral. Mas também pode ser que não, se consideradas suas consolidadas raízes com o poder central, além da notória simpatia pessoal da presidente em relação ao seu ex-ministro, que certamente viria em seu socorro, prestigiando-o com verbas e bênçãos políticas, ainda que dona Dilma também não ande se banhando em mar de rosas. Em situações anteriores ficou claro que, mesmo na quase indigência, o Planalto sempre tem algo a oferecer, que não sejam  meras migalhas.

O PT tem um projeto delta que, no primeiro estágio, pretende ganhar a maioria das prefeituras, entre elas as mais importantes. Passo inicial para tentar a reeleição de Pimentel. No estágio seguinte, decorrente, medir em que proporções seus mineiros poderão contribuir para o partido ganhar a sucessão de Dilma em 18.





terça-feira, 5 de janeiro de 2016




COMEÇOU CEDO


As preocupações em relação a 2016 não esperaram para se confirmar, mesmo que as tensões políticas tenham sido transferidas para fevereiro, quando estarão retomando as atenções os processos de corrupção e impeachment da presidente. Em Minas, para citar o exemplo de casa, os serviços estão sendo cancelados e servidores dispensados em volume preocupante. No resto do Brasil, atrasos na liberação de pagamentos e salários, o que, além dos reflexos sociais, denuncia o risco de a máquina administrativa parar de vez.

Como fator a mais para ampliar as preocupações, vem o caso das commodities, que sofreram o primeiro solavanco do ano, repercutindo a retração do mercado chinês. A interdependência da economia mundial se confirma de novo: não basta estarmos bem ou mal; dependemos também do que vai pelo resto do mundo.



OLHO NOS CHAPAS


Os principais partidos, mas principalmente o PSB e PMDB, começam a cuidar de um assunto que às vezes deixa arranhões, queixas e frustrações: a elaboração das chapas de candidatos a vereador. Os dirigentes têm de se exercitar entre interesses atendidos e aspirações recusadas, estas muitas vezes superiores àqueles.

Os atuais vereadores são candidatos naturais à reeleição, e os partidos lhes concedem vagas cativas nas chapas. Muitas vezes funciona um esquema matreiro: novas candidaturas são aceitas na medida em que possam contribuir para a legenda, isto é, as que levam determinado número de votos capazes de ajudar os candidatos preferenciais a se elegerem, mas sem o risco de os ”ajudantes” irem além do papel que estarão desempenhando, uma cilada que nem sempre suas ilusões conseguem identificar a tempo.
  

  

SEM ESTOQUE


A presidente e seus ministros, se se tomar por base o balanço do  segundo semestre do ano passado, praticamente esgotaram seus estoques de manobras e negociações políticas para superar dificuldades. Basta lembrar que entraram em 2016 confiando seu oxigênio à perspicácia e aos poderes do senador Renan Calheiros, que, por sua vez, também está sob a mira do juiz Moro a da Polícia Federal. São escassos os recursos de que dispõem hoje para uma sustentação política mínima.

Não há mais coelhos para tirar da cartola mágica.



FEVEREIRO NEGRO


A expectativa sombria vem dos Estados Unidos, precisamente de Washington. Em fevereiro a Justiça começar a tratar dos interesses dos investidores americanos junto à Petrobras, frente ao escândalo da estatal, já denunciado pelos especialistas como o maior do Ocidente em todos os tempos. O que se diz lá é que as revelações decorrentes do processo serão algo de deixar o Brasil humilhado perante o mundo.