quinta-feira, 21 de janeiro de 2016





PARTIDOS EM FALÊNCIA


A decisão do governo de reduzir a seis meses o prazo mínimo de filiação para os que vão disputar cargos eletivos  comprovou, se é que fosse necessária nova comprovação, que a importância das organizações partidárias desceu ao mais baixo nível. Agora bastam 24 semanas, nada mais, para se apresentarem ao eleitorado com seus candidatos, estes sem compromisso programático, sem identidade com  as legendas, escolhidas certamente ao sabor das conveniências circunstanciais.  O que têm a ver esses candidatos com o trabalhismo, com o socialismo, com qualquer “ismo”? que os partidos carregam na profusão de letrinhas de nenhuma significação.  Ainda assim  protegidos para exercer tendência oligárquica sobre a vontade popular.  

Resulta dessa singularidade uma das explicações para os maus rumos da nossa política e as mazelas por ela produzidas.  Os candidatos que nos serão impostos em outubro não têm responsabilidade minimamente ideológica  com os partidos que escolheram; e estes, sem compromisso consigo mesmos, sentem-se desobrigados de prestar contas à sociedade. Ninguém deve nada num quadro do mais perfeito surrealismo, do qual talvez só possamos escapar quando entendermos que a única reforma política que convém é aquela que comece pela adoção do parlamentarismo. Sem isto, como reconhecem e receitam os melhores pensadores, tudo que se fizer serão  remendos costurados com linhas podres.


Tais deformações, que vão se deformando mais em cada eleição, facilitam -  eis aqui outra entre as nossas infelicidades políticas – os conchavos que substituem os partidos nos plenários legislativos, onde são grupos ou correntes informais que acertam ponteiros e fazem o jogo dos interesses com o Executivo.  Quem souber que não tem sido assim que nos diga.







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