segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Salvo os grandes


Um por um, cada qual a seu tempo, os condenados do mensalão vão sendo soltos ou ganhando certas generosidades da Justiça, de forma que daqui a pouco estarão todos em casa, gozando as benesses da impunidade.
Prisão domiciliar para quem não precisa trabalhar é prêmio ou aposentadoria qualificada, diga-se de passagem.
Fica mais uma vez demonstrado que as cadeias do Brasil não têm espaço para os poderosos.
Mas isso não é de hoje. Ainda há pouco, lendo “Rotina Bancária”, que o ex-prefeito José Procópio Teixeira publicou em 1946, anotei este trecho:
“(...)pois enquanto as prisões estão cheias de ladrões de galinha, as avenidas se acham infestadas de chatagistas e falsários”.
Anos depois, Eduardo Almeida Reis, em “Burrice Emocional”, lembraria a Roma dos césares:
“Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar o ladrão por ter roubado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, um ditador, por ter roubado uma província”.



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sem Constituinte


A promessa do senador Aécio Neves de levar a ferro e fogo a oposição ao novo governo Dilma deve se centralizar, entre as questões essenciais, na tentativa de impedir que o PT amplie sua campanha para a convocação de uma Constituinte. É bem sabido que com os votos dos beneficiários nordestinos do Bolsa Família, que são a versão contemporânea do voto de cabresto, o governo não teria dificuldade em escrever uma Constituição como bem entender. Para a oposição é insuficiente (a última eleição confirmou) o argumento de que para uma Carta democrática não cabem restrições de quaisquer ordens.
No projeto de Brasília, um dos objetivos é construir certo controle sobre os meios de comunicação, o que seria mordaça disfarçada. Coisa irrelevante para os eleitores do Bolsa Família.


Remédios amargos


O governo precisa criar, urgentemente, um esquema de reação política ao quadro de decepções que criou com as más notícias que guardou a sete chaves para divulgar após a eleição. Sob pena de criar um clima de hostilidades, greves e manifestações de rua que logo virão. Escondeu os dois aumentos quase sucessivos no preço da gasolina, o pior desempenho da economia comercial nos últimos 16 anos, rombo de R$ 24 bi no Tesouro Nacional, inflação engordando, 20% na tarifa de energia. Precisa se explicar, enquanto vive o frescor da vitória das urnas.


Como sempre


Há cerca de 35 anos, no “Estado de S.Paulo”, Fernando Pedreira escreveu o que, sem qualquer esforço para atualizá-lo, justifica a reedição:
“A impunidade está garantida, porque a sofisticada e complexa aparelhagem estatal assegura, primeiro, a socialização dos prejuízos, e depois a competente “desapuração” dos crimes e das irregularidades praticados, por meio de relatórios e inquéritos que se alongam até que a opinião pública se esqueça de tudo”.


Derrota geral


Alguns raros êxitos isolados; ausentes e encantoados os partidos; indigência de ideias e propostas, tudo coroado com uma escandalosa votação conferida a candidatos “estrangeiros”, traçam um quadro que denuncia a falência da classe política na cidade. As lideranças precisam descer dos cabedais e mergulhar na autocrítica. Enquanto é tempo.