segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016






PERGUNTAS



Há em Brasília e em outras capitais onde estão cabeças pensantes uma série de perguntas, em sua maioria intencionalmente em resposta:

1 – Diz o ex-presidente Lula que seu partido, o PT, praticou mais acertos que erros. Como nisso se inclui um apelo à reflexão, não devia ter indicado onde estão os erros e os acertos?

2 -  Onde estariam os recursos anunciados e garantidos pelo Ministério da Saúde para dar combate mortal à dengue, se há anos investimentos muito mais modestos não foram capazes de tirar o Brasil do caos na rede pública de atendimento do SUS? Há anos que milhares morrem nas filas e nos corredores dos hospitais por falta de socorro imediato.

3 – Se ao PMDB não interessa a condenação de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral, porque nesse caso o castigo repicaria em Michel Temer, seu vice e presidente do partido, por que a base aliada não trabalha firme para acabar de vez com o risco do impeachment no Congresso?  A demora seria mais uma moeda de troca, favores por impunidade?

4 – Premidos pelas circunstâncias, a presidente quer se afastar do PT ou é o partido que tem interesse nesse distanciamento? Nesta altura dos acontecimentos quem prejudica mais a quem?

5 – Com uma amplíssima janela aberta para o voo dos políticos rumo a novas filiações,  e para se definirem sendo suficientes apenas alguns dias antes da eleição, afinal de que servem os partidos?  

6  - O que têm a dizer os técnicos do Tribunal Superior Eleitoral sobre novas denúncias de especialistas sobre a vulnerabilidade das urnas eletrônicas?, sistema recusado em outros países com base nessa mesma suspeita.



A CRISE



A cidade não tem acompanhado as repercussões locais da grande crise de desemprego que se abate sobre o País. Mas em nossas indústrias e lojas diariamente dezenas de pessoas estão perdendo o emprego. E nem escapam os setores de serviços essenciais. No fim de semana a Santa Casa dispensou 50!  




quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016





BEIRA DO ABISMO


Não só os partidos de oposição guardam, ainda que escamoteando alguma reserva, a  esperança de verem a presidente Dilma realmente complicada num processo de impeachment. Nas salas e na cozinha do governo há intenções semelhantes, e elas são encontradas também no PMDB. O partido, fazendo um balanço de riscos e dos abismos que estão abertos na política brasileira, conclui que melhor é não criar dificuldades para a tramitação do impeachment no Congresso, onde Dilma, e somente ela, seria sacrificada. Eis a forma de evitar sua condenação no Tribunal Superior Eleitoral, onde evidências de corrupção podem condenar a chapa vencedora, e nesse caso também cai o vice Temer, presidente do PMDB. Talvez seja esta a razão de a presidente voltar tentar articular uma convivência mais estreita com seu vice.

Entre os peemedebistas não é unânime o entendimento de que no TSE a condenação de Dilma  não significa automaticamente a condenação de Temer. Para esses a campanha presidencial que venceu Aécio deixou claro que os aportes irregulares de recursos financeiros foram para benefício exclusivo da candidata do PT; não para a chapa, da qual o PMDB fez parte. Mas é bom não confiar em tal interpretação, pois se houve dinheiro farto para eleger Dilma ele também elegeu Temer.



ASSUNTO MORTO


Em Brasília já não se tem falado no projeto do governo de eliminar meia dúzia de ministérios, como forma de reduzir os sacrifícios do erário. Para explica isso não há necessidade de especialistas, pois o governo, ainda que alimente a boa intenção com o enxugamento, criaria dificuldades paralelas e consequentes, como não ter cargos para contemplar a base aliada. Um impasse visível.

Interessante observar que quanto menos importante um setor da administração pública é exatamente ali que melhor se ajustam as premiações.  

Agora, o governo Fernando Pimentel, também asfixiado por dificuldades financeiras, quer eliminar, ajustar ou fundir alguns órgãos da administração mineira. Se o fizer estará enfrentando as mesmas dificuldades com que se depara a presidente.



SKATES


Antigo ditado mineiro lembra que só depois de a casa estar arrombada é que o dono vai providenciar a trava da porta. Sabedoria nunca negada e que sobrevive em nossos dias. Pois só quando ocorrer uma tragédia e que se pensará na proibição dos skates nas pistas centrais da Rio Branco e ruas adjacentes. Entre ônibus e carros deslizam os skatistas, nem todos jovens, cada dia mais numerosos nas suas aventuras, sem o mínimo de proteção, sem chance de levar vantagem num choque com o mais pesado. É preciso esperar que alguém morra?        






terça-feira, 23 de fevereiro de 2016






TESTEMUNHA


O ex-deputado Milton Reis, que morreu no Rio, aos 86 anos, não gostava de falar sobre isso, mas ele testemunhou um fato raro: tiros e morte no Congresso Nacional. Há anos, ao entrevistá-lo na antiga Rádio Sociedade, consegui alguma coisa, com esforço.

Milton conversava num dos acessos ao plenário da Câmara com o colega Souto Maior (pai do piloto Nélson Piquet), que, vendo aproximar-se o deputado Nélson Carneiro, não conteve a ofensa, chamando a atenção  do mineiro que estava ao lado: ”Lá vem o mulato baiano”. E repetiu isso até que o ofendido pudesse ouvi-lo. Resultou daí um tiroteio, com as balas passando perto de Mílton, que nada podia fazer além de tentar escapar. Souto Maior, que foi ministro da Saúde no governo Jango, morreu meses depois de complicações que começaram com a bala que o atingiu no peito.

O jornalista Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, escreveu sobre o episódio, que, como se disse, figura entre as raridades da vida parlamentar. Outros tiroteios narrados tiveram como protagonistas o deputado Gilberto Amado, que matou o colega Anibal Teófilo, e o senador Arnon de Mello (pai de Fernando Collor) que atirou em Silvestre Péricles com a intenção de matar, mas acertou Jorge Cailara, que nada tinha a ver com o caso.



NO ESQUECIMENTO
 

As campanhas educativas no trânsito não têm oferecido resultados satisfatórios. Condenam-se os pedestres por abuso e desatenção, mas a fiscalização sempre se mostra muito tolerante com os ciclistas, que fazem o que bem entendem sem serem admoestados. Motoqueiros há que também ofendem as leis do trânsito, mas estes, ao contrário dos ciclistas, costumam pagar com a vida.

Chegamos agora ao ponto em que o sujeito desce o Calçadão da Rua Halfeld, fazendo piruetas na bicicleta sem que seja advertido pelos agentes da lei. Duas pessoas já saíram gravemente feridas. Uma delas morreu. Mas foram tragédias que caíram no esquecimento.






segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016







PREÇOS TABELADOS?


De Brasília vem a notícia de que surgem políticos sugerindo estudos para o tabelamento de preços de gêneros de primeira necessidade, como visionária forma de conter a carestia, primogênita e filha dileta da inflação que dói na bolsa das donas de casa espantadas nos supermercados. Estima-se que viva alguém de suficiente juízo para recomendar que se afaste logo o risco dessa medida, que tem longa história de insucessos.

O tabelamento (ou congelamento, como queiram) gera o atravessador e esconde o produto que vai ser vendido em câmbio negro. À medida em que somem os gêneros de primeira necessidade, no mercado marginal os preços sobem e só ricos podem comer com fartura. Que Brasília busque outros remédios para a doença, como o excessivo ônus que pesa sobre a produção.

Economistas contemporâneos sabem disso, e é possível que se disponham a dar testemunho útil ao governo. Os exemplos vêm de longe. De muito longe. Foi o caso de Deocleciano, ano 301 da Era Cristã (precisávamos voltar tanto no tempo?). Ele tabelou os preços, e disso resultou grave escassez de óleo, pão e sal. Resultado não menos traumático, em 1794, foi o desaparecimento do trigo na França.

No Brasil mais recente a medida teve resultados constrangedores no governo Sarney. Os supermercados não podiam aumentar os preços dos produtos; em compensação sumiram das prateleiras, facilitando a figura monstruosa do ágio. Mas do congelamento de preços também resulta imediato dividendo demagógico, tão ao gosto de governantes populistas. Por isso, não faltam seguidores românticos,  o que há anos levou o senador Roberto Campos a lembrar que o tabelamento de preços é como certas balzaquianas que rejuvenescem à medida em que esquecem experiências passadas.





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016



EM CAMPANHA 


No ano passado, quando a Comissão da Verdade o convidou a vir à cidade receber seus documentos pessoais embargados na ditadura, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, esquivou-se. Alegava-se que guardava o trauma de, sendo preso político depois de 64 submeteu-se à humilhação de descer a Rua Halfeld sob algemas. Pode ter sido isso realmente, embora a solenidade de restituição dos documentos, com todo o sentido de desagravo, fosse mais significativa que um almoço com empresários.

Fato é que a tudo supera o projeto político do prefeito da capital de disputar o governo do Estado, com todas as credenciais e sinais visíveis de competência. Pelo menos até agora não se conhece quem com ele possa ombrear-se nesse plano.

E já que Lacerda começa por Juiz de Fora sua peregrinação pelo Interior, certamente sentiu que aqui seu partido, o PSB, não se entusiasma.



POR EXTENSÃO


Pode ser que as coisas não andem bem para a presidente Dilma, perseguida sem dó pelo astral de um horóscopo de horrores, mas quando se trata da tentativa junto ao Tribunal Superior Eleitoral de promover seu impeachment ela tem a solidariedade compulsória do vice Michel Temer. O pretexto de dotações financeiras criminosas para a campanha atinge igualmente o vice, pois disso ele também se beneficiou. No PMDB há muitos que torcem para o impeachment, mas não pela via do TSE, pois nesse caso o tiro que fere Dilma é o mesmo que tira sangue em Temer.

Assunto para estar resolvido até abril.



MÃOS À OBRA 


O governo do Estado dá garantias ao prefeito Bruno Siqueira de que as obras do hospital regional serão retomadas e não mais interrompidas. Para tanto, estaria garantida uma suplementação mensal de verba na ordem de R$ 5 milhões.
Bom seria que tal disposição fosse adotada igualmente pelo governo federal, do qual dependem algumas importantes na zona urbana.



INSINUAÇÕES


O prefeito Bruno Siqueira insiste em afirmar que ainda não se definiu sobre a candidatura a um segundo turno, o que não impede que grupos que eventualmente o apoiariam insinuem, desde já, nomes para figurar em sua chapa como vice.


Numa versão de antigo ditado popular, passam-se os carros à frente dos bois. 





quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016






 

 A RESOLUÇÃO DO TSE


O governo ainda não sinalizou reações objetivas à Resolução do Tribunal Superior Eleitoral que limitou a apresentação de candidatos a prefeito e vereador a partidos que cuidaram de ter diretórios instalados nos municípios, excluídos, portanto, as comissões provisórias, que são a grande maioria. A expectativa quanto à preocupação do governo reside no fato de os pequenos partidos prejudicados pela Resolução são invariavelmente peças da base parlamentar. Certamente vai reagir a essa ofensa, mas precisa cuidar que os prazos são curtos, e no TSE seu poder de influência já não é como em outros tempos.

Seja qual for o desfecho, estamos diante de uma grande lição com a intencionalidade do Tribunal. Vale repetir o que a propósito escreveu Marcelo Frank:

“Os partidos brasileiros adquiriram ao longo do tempo (mesmo após a redemocratização de 1985) a cultura política do mandonismo do líder político ou de um seleto e minúsculo grupo de dirigentes. Assim estes conduzem os partidos de forma pouco democrática, se é que podemos graduá-la... O passado de autoritarismo no Brasil inseriu no DNA da classe política esse fator de decisões de cúpula, mesmo nos partidos ligados aos movimentos sociais, considerados de esquerda. O exercício permanente do debate interno favorece as escolhas mais acertadas pelos partidos, mas não é o que ocorre na prática. É comum verificarmos que passadas as eleições, quando o candidato ao cargo do poder executivo é derrotado, as avaliações sempre conduzem para um ponto: o líder do partido impôs o candidato, e o conjunto não apoiou”.

Frank  considera que o TSE introduziu um requisito interessante para mudar a cultura político-partidária com a exigência de diretórios municipais deliberando sobre a vida partidária. “Com isto teremos uma reforma partidária com a revisão dos estatutos, que serão os espelhos de uma decisão mais coletiva dos interesses dos partidos. Como consequência poderá haver maior participação das mulheres, dos jovens e demais segmentos sociais, conclui.






terça-feira, 16 de fevereiro de 2016





REPRISE NO PMDB

O presidente do PMDB, Michel Temer, em campanha na capital mineira, mostrou-se enfático ao garantir que o partido tem projeto de disputar a sucessão de dona Dilma em 2018, sem que para tanto indicasse novas razões de ordem política. Temer, que teve entre seus ouvintes o prefeito Bruno Siqueira, não poderia dizer que o PMDB atingiu experiência e maturidade suficientes para tal campanha, porque tais predicados o acompanham desde os primeiros tempos de luta pela democracia. Também não poderia citar conveniência circunstancial,  isto é, o fracasso da aliança com o PT e com a presidente, porque ficaria mal dizer isso.

A declaração do presidente nada tem de ineditismo; pelo contrário, é uma velha repetição. O partido sempre fala em candidatura própria, mas na hora da decisão opta por um acordo confortável, alia-se a uma legenda com êxito visível, esquecendo-se rapidamente  de lutar em linha própria. Prefere, como na Pasárgada, ser amigo do rei; amigo do governo, sem os incômodos inerentes ao exercício  do poder.

Detalhe interessante é que se o partido sempre escapa de concorrer à presidência da República, nos municípios, principalmente os mais importantes, exige e impõe candidaturas próprias à prefeitura. Aí a ordem é façam o que falo e não o que faço.

Mais ainda, reporta essa orientação, está claro, a municípios que além de importantes também são considerados estratégicos, como  Juiz de Fora. Mas aqui não haverá problema, pois o partido já tem como definida a candidatura de Bruno a  um segundo mandato.




TARCÍSIO


Depois de longa enfermidade, morreu em Cataguases o ex-prefeito Tarcísio Henriques, aos 81 anos. Além dos dois mandatos no executivo municipal e durante uma década exercendo liderança na região, ele também participou do secretariado do governador Newton Cardoso.

No domingo, na igreja de São Mateus, os amigos de Tarcísio encomendaram a celebração de missa em sua memória.







quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016






SUSTO ENTRE NANICOS



As preocupações políticas nem esperaram que voltassem ao chão as poeiras do carnaval. Entram logo em cena com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de fazer cumprir Resolução que limita aos partidos com diretórios municipais formalmente instalados o direito de terem candidatos a prefeito e vereador. O que vale dizer: um direito que em Juiz de Fora estaria concentrado no PMDB, PT e PSDB. Tal Resolução, com força normativa, garante estar instruída em dispositivo constitucional, portanto inquestionável.

Mas, passado o primeiro momento do susto, e para muitos a aflição, nada menos de 15 pequenas legendas já estão procurando o Supremo Tribunal, onde vão pedir socorro e a derrubada da novidade restritiva. Para os partidos nanicos que acreditam na revogação, a esperança está na pressão do governo federal, visto que sua base parlamentar é em grande parte formada pelos partidos prejudicados. É o que justifica acreditar que vingará a norma antiga, e as comissões provisórias, não apenas os diretórios formais, poderão lançar candidatos nas eleições de outubro próximo.

Se assim for e tudo ficar como dantes, o susto já terá mostrado alguma utilidade. Serve para pôr em xeque a velha e velhaca manobra dos deputados de dificultar a criação dos diretórios, pois nas comissões provisórias, que formam ao seu bel-prazer, manobram como querem, escolhem amigos fiéis e destituem com a mesma facilidade com que instituem. Fica a advertência.






quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016





PRETO NO BRANCO


Para o deputado Marcus Pestana, PSDB, a política nacional e suas crises chegaram a um estágio em que se torna indispensável o ex-presidente Lula vir a público para confessar e explicar suas “relações incestuosas” com as empreiteiras e os favores delas recebidos. Sem isso, sem que tudo fique bem explicado, a política e o governo vão continuar patinando.

Pestana deu a sugestão durante entrevista na TV Câmara, da qual também participava o deputado petista  Bonh Gass, para quem tudo que se tem dito contra Lula é balela, mentira. O deputado mineiro nada mais podia fazer além de responder com um sorriso sarcástico.



FIM DE FESTA


A previsão é unânime e promete ser mais acertada que as indicações dos meteorologistas: a crise política brasileira espera apenas que assentem as poeiras do carnaval para retornar ao cenário com toda intensidade. O próprio governo parece acreditar nisso e se agarra nos ministros de confiança para reorganizar a base parlamentar que se deteriorou. Prova das dificuldades é que a CPMF, salva-vidas que a presidente Dilma lançou em seu mar revolto, entra na Quaresma condenada ao naufrágio.

Mas como miséria pouca é bobagem, agora ainda cai no colo ao Palácio do Planalto a responsabilidade de salvar os costados do senador Renan Calheiros, contra quem, mais uma vez, voltam-se as atenções policiais.




SEM EXPLICAÇÃO


Não há quem possa negar virtude nos governos europeus e intelectuais de todo o mundo ao clamarem acolhida e abrigo para milhares de refugiados do Oriente, que fogem de seus países em conflito. Palmas principalmente para o Papa Francisco, em quem o sentimento humanista nesse particular superou reservas da Igreja em relação ao islamismo. Assim definido, não custa perguntar onde fica nessa história de aventuras e desassossego o papel dos países árabes, que não se mexem. Dos refugiados eles têm a mesma língua, a mesma cultura, a mesma crença religiosa, riquíssimos, mas nem por isso abrem suas fronteiras aos irmãos de raça. Por quê?

E por que os refugiados jamais procuram o asilo árabe, preferindo Alemanha, França e Hungria, que culturalmente com eles nada têm a ver. O que dizem a Arábia, Irã, Emirados, Iraque, Dubai tão próximos, tão ricos, onde todos os dias cinco vezes se invoca a proteção de Alá para os que sofrem.




MONOTONIA


A TV por assinatura, que se pretende uma opção para quem já não se satisfaz com os canais abertos, chegou a um ponto em que precisa se reciclar e aperfeiçoar seus serviços. Ela caiu na vala comum das repetições, das coisas desinteressantes. Não pode continuar assim. Certamente que há programação muito melhor para oferecer.

Aciona-se o controle remoto e lá vêm os pastores e missionários vendendo milagres por atacado ou a granel em seus 8 canais exclusivos. Os informativos, tendo todo direito de reeditar as pautas mais importantes, fariam grande favor se arquivassem as baboseiras, que são numerosas. E os filmes? Estes, pelo que se sente, programados infinitas vezes, dias seguidos, é como se o telespectador desejasse memorizar invasores, demolidores, super-homens, os vampiros e vampirezas. Enfadonho.






sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016





 AFTER DAY


Os políticos costumam dizer que, para se tomarem decisões importantes, é preciso esperar o carnaval passar. Antes dele, muito menos durante ele, nada se acerta, nada está valendo,  até porque esse é o tempo do faz de conta. O governador Hélio Garcia não discordava, mas entendia que em ano de eleição melhor mesmo é esperar que passe a parada de Sete de Setembro...

Neste 2016 o carnaval de fevereiro parece se tornar um divisor ainda mais sensível, porque é depois dele, portanto daqui a uma semana, que o governo traça seu destino: ou reorganiza as bases de apoio e cria um novo modelo de diálogo com o Congresso ou terá de  enfrentar momentos delicados, tendo o impeachment da presidente como ameaça constante. Se são raros os que hoje ainda apostam no impedimento de dona Dilma, são muitos os que admitem a ameaça como trunfo indispensável dos opositores.

Soma-se ao quadro de expectativas a situação complicada dos presidentes da Câmara e do Senado. E o destino do ex-presidente Lula, o mais complicado e implicado dos brasileiros, a dele pendentes algumas questões políticas, como a vida do PT.

De modo geral, o que se tem recomendado é que esses homens e mulheres tão envolvidos aproveitem bem o carnaval.  Depois da quarta-feira de Cinzas as coisas podem mudar, muitas máscaras podem cair.



ESQUECIMENTO


O deputado Fábio Ramalho, coordenador da bancada de Minas no Congresso,  tem queixas amargas em relação à presidente Dilma. Acusa-a de ignorar os interesses do Estado, e foi à tribuna para relacionar uma série de obras que o governo tem esquecido.

Ramalho manifestou particular tristeza em relação aos sentimentos de solidariedade de dona Dilma: quando ocorreu o massacre terrorista de Paris, no mesmo dia ela se manifestou em nome do governo;  na tragédia da barragem de Mariana, só muitas horas depois.



CARNAVAL


A Funalfa, que coordena a programação do carnaval, patrocina e promove neste ano nada menos de 80 eventos, excluídos os desfiles das escolas de samba, pois as entidades consideram insuficiente a verba oferecida pela prefeitura.

Assim, a base dessa grande festa popular são os blocos. E é através deles que o carnaval ganha um caráter mais espontâneo, exigindo pouco dos foliões. E, diferentemente das escolas, que se concentram na avenida, os blocos também fazem a alegria dos bairros.






terça-feira, 2 de fevereiro de 2016






ORDEM DO DIA




1) O ex-ministro Delfim Neto, um dos homens mais poderosos da ditadura militar, é conselheiro  privilegiado de Lula, e agora também da presidente Dilma. Foi quem recomendou a ela que fosse pessoalmente ao Congresso levar a mensagem de abertura do ano político. Dilma acatou.

Hoje com grande prestígio no governo, Delfim ironiza. Antes, quando entrava no elevador os petistas saíam...


2)  O Tribunal Superior Eleitoral estuda uma medida, da qual já se convenceu mas hesita quanto à sua aplicabilidade: só poderiam concorrer à prefeitura candidatos de partidos que tenham diretórios municipais organizados.  No caso de Juiz de Fora, o prefeito Bruno Siqueira, do PMDB, teria reduzido o número de seus concorrentes, pois aqui são raros os diretórios; em sua maioria os partidos preferem funcionar, se é que funcionam, com comissões provisórias. PT e o PSDB também têm diretórios formados.


3) Estou com o intelectual Ignácio Loyola Brandão, quando diz que o Big Brother Brasil estarrece os mais lúcidos pelo seu louvor à estupidez humana.


4) Há 20 anos, e nestas quarta-feira será o vigésimo, a paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no Bairu, promove a festa de São Brás, protetor da garganta e da voz. Às 19 horas celebra-se missa para os radialistas, cantores e todos os profissionais da voz.


5) Aos que se mostram estarrecidos com os escândalos da Petrobras, recomenda-se uma reserva de espanto e indignação para quando souberem o que os governos dos últimos dez anos andaram fazendo com os fundos de pensão, hoje praticamente falidos.


6) Nenhuma festa e alguma frustração. Nesta quarta-feira o calendário municipal assinala que há exatos 30 anos começamos a falar no projeto de remoção dos trilhos ferroviários da zona urbana.

Hoje o assunto está morto, embora muito vivos e robustos os problemas de tráfego e trânsito que sempre recomendaram tal obra. Na realidade, a execução do projeto exige muito dinheiro, e as prioridades de Juiz de Fora raramente coincidem com as do governo federal.


Vale lembrar: certa vez, com sua comitiva engarrafada numa passagem de nível na zona norte, Tancredo Neves disse ao então prefeito Tarcísio Delgado que, sendo presidente, a questão seria definitivamente encaminhada. 






segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016





 PT NA ENCRUZILHADA

  

A história das republiquetas e ditaduras desmedidas geralmente confundem política e corrupção, como se siameses fossem, onde o organismo de uma depende da outra. Oxigenam-se mutuamente.  O Brasil, lamentavelmente, tem servido de cenário para mostrar que aquela dependência é real e substancial, e de certa forma mostra-se até mais indecente. Não é outra coisa a que estamos assistindo. De fato, o jogo interdependente dos interesses de empreiteiras e dirigentes políticos chegou a um nível que nos permite saber porque estamos aquinhoados com a distinção de país que convive com a maior corrupção conhecida no mundo ocidental.  Em nosso caso, a imensa corrupção gerada nas entranhas da Petrobras.

O Brasil padece dessa doença, cuja gravidade faz lembrar o quadro epidêmico que se agrava e se robustece todo dia com novas descobertas policiais. Nos jornais as editorias política e policial trabalham embreadas, porque as pautas são as mesmas. Pergunta-se:  Quem se salva no governo do mosquito dessa dengue imoral?

As denúncias de gravidade crescente contra o ex-presidente Lula, das quais não escapam a mulher e o filho, se deixam a sociedade perplexa e envergonhada, por outro lado vão arrastando o PT, seu partido, a uma encruzilhada a ser traçada nas convenções municipais que se aproximam. Naquela hora, que chegará dentro de cinco meses, será posto diante do dilema de ter decidir entre o seu futuro, renovar-se como partido, ou abraçar solidário o passado de Lula que hoje sobrenada em mar tenebroso. O futuro do PT significa retomar antigos sonhos, fazer o mea-culpa e assumir o compromisso com novos tempos. Mas se ao contrário preferir a lealdade a Lula e acobertá-lo terá, como tarefa imediata, de descobrir candidatos a prefeito que se disponham a carregar a sigla nos ombros e enfrentar uma batalha em que o apoio do ex-presidente, outrora tão desejável,  agora se afigura perigoso e infrutífero. Quem na TV e no palanque diria que essas coisas que estão acontecendo, essa orquestra desafinada e desencontrada, não teve e tem a regência dele.   

A esses corajosos o PT, sem ignorar a jornada tenebrosa, terá de oferecer garantias reais, a começar por lhes dar certeza de que não sairiam pessoalmente endividados da campanha. Na eleição passada candidatos houve que ainda hoje amargam o dissabor de herdar dívidas que foram autorizados a assumir, com promessa de ressarcimento,  e ainda hoje têm seus bens nas mão de credores.  Confiaram no partido e se endividaram, sem terem recebido um naco das imensas fortunas que as empreiteiras distribuíam. Haja coragem.