terça-feira, 30 de novembro de 2010

Notas do dia

1 – Trabalha-se, em Belo Horizonte, para que o deputado Júlio Delgado tenha uma cadeira no Secretariado do governador Antônio Anastasia, sem que ele saiba se é um bom negócio deixar o mandato antes mesmo de começá-lo. Ocorre que, sendo secretário, Júlio abre vaga na Câmara para o primeiro suplente, Isaías Silvestre. É o que desejam os evangélicos.

2 – Acompanhado de Marcello Siqueira e da secretária Neusa, o ex-presidente Itamar Franco aproveitou a tarde de segunda-feira para um giro pelas ruas centrais. O primeiro tour, desde que foi eleito senador, em outubro último. Muito cumprimentado pelos eleitores.

3 – Um dos mais polêmicos secretários do prefeito Custódio Mattos, Marcelo Garcia, que comandou a política de ação social em Juiz de Fora, já está fazendo parte do governo Anastasia. Acaba de assumir uma diretoria do Banco de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.

4 -  A Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paraibuna está completando 30 anos de sua fundação, mas distante de atingir os objetivos integracionistas que a inspiraram. O início de um novo governo no estado pode ser  fator de estímulo às prefeituras representadas na entidade. Importante também  uma tentativa de reconquistar a participação de Juiz de Fora, hoje afastada.

5 -  Na composição do Secretariado estadual e no deslocamento de deputados federais eleitos já se tem como certa a volta à Câmara de dois veteranos: Bonifácio Andrada e Vítor Penido.

Proposta para uma reforma que demora

A reforma política, a mais prometida e mais adiada, recebeu, durante a recente campanha eleitoral, uma nova proposta, que ganha lugar entre as que mais afetam a atual organização partidária; e tanto afeta, que provavelmente exigirá grande esforço para ser incluída na pauta das discussões do Congresso. Partiu do ex-presidente e senador eleito Itamar Franco a ideia de se pensar no candidato avulso; aquele que poderia disputar cargo eletivo sem a necessidade de estar filiado a qualquer partido. Para tanto, não faltaria a experiência única que tivemos na década de 30, e só naquela vez, pois logo veio a reação demolidora dos dirigentes de grandes partidos, que se viam prejudicados e desprestigiados. Com a mesma intensidade, essa reação certamente será reeditada, se o senador mineiro se dispuser a levar avante sua proposta.
Mas, mesmo que o autor não consiga viabilizá-la, fica o sinal de que alguma coisa tem de ser feita contra a ditadura dos partidos, que esqueceram suas bases, impõem decisões laboratoriais às convenções, escravizam os que dependem da legenda, além de terem sepultado seus compromissos programáticos.    




Sumário

1 – Entrando dezembro, os vereadores não terão mais como dissimular ou transferir suas preferências em relação à eleição do novo presidente da Câmara, que terá de ser empossado em 1º de janeiro. O PSDB mantém contatos em torno do vereador José Laerte.

2 – Políticos de expressão no Rio, inclusive um representante do governador Sérgio Cabral, chegam na sexta-feira para assistir à entrega do diploma de Cidadã Honorária à colunista social Hildegard. Ela assinava coluna no Jornal do Brasil, que deixou de circular neste semestre.

3 – Vereador Isauro Calais acha que o Tribunal Regional Eleitoral sinaliza dores de cabeça para muitos candidatos que fizeram concessões a irregularidades na prestação de contas de suas campanhas. Muitos gastaram mais do que podiam e agora têm dificuldades para revelar as fontes.

4 – Pergunta que se ouve nas rodas políticas: em janeiro, quando começa a segunda metade de seu mandato, o prefeito Custódio Mattos removeria alguns de seus secetários?  Há quem aposte em mexidas e ajustes, principalmente nos setores que causaram maiores desgastes políticos.

5 -  Esta é uma semana em que o PT mineiro deve receber sinalizações sobre sua participação no governo de dona Dilma. De imediato e de fato, apenas Fernando Pimentel recebeu recado para ir arrumando as malas.

sábado, 27 de novembro de 2010

As portas para o crime

Desde a sexta-feira, numa operação preventiva que não tem data para terminar, as polícias estaduais instalaram-se em Simão Pereira, tentando impedir que bandidos do Rio, agora acuados, tentem escapar para Minas. A medida havia sido sugerida muito antes de começarem as tensões nas favelas cariocas, porque evadir-se para território mineiro sempre foi, nos momentos críticos, a opção preferencial do crime da Baixada Fluminense.
O que não ficou explicado é se as medidas de precaução estão restritas a Simão Pereira, no meio de uma rodovia federal, junto a um posto de pedágio dos mais movimentados do País. Óbvio demais para bandidos calejados na arte de escapar. Certamente preferem outras rotas.
Antigo mapa de ações estratégicas da Polícia Militar indicava que, saindo do Rio, um bandido pode chegar a Juiz de Fora utilizando 21caminhos, entre os mais comuns os que cortam as regiões de Santana do Deserto e Rio Preto.

Um cadastro pra valer

Até junho de 2011, no mais tardar, a prefeitura pretende colocar à disposição de seus órgãos de fiscalização um novo cadastro que, diferentemente dos que foram elaborados até agora, é um acervo multifinalitário, que, como o próprio nome indica, terá utilidades diversas. As bases desse trabalho foram mostradas ontem em reunião do Rotary Club, pela secretária de Atividades Urbanas, Sueli Reis, e a chefe do Departamento de Cadastro, Lígia Berthoque.
O novo serviço deve disponibilizar 400 mil documentos, que permitem, com a nitidez oferecida pela moderna tecnologia, expor a radiografia detalhada do município.
Diz a secretária que o multifinalitário é o primeiro passo para a aplicação mais justa do IPTU, de forma que a carga do imposto alto não onere excessivamente os poucos que pagam. A propósito: já se identificou malharia que ocupa 42 mil metros quadrados e paga IPTU equivalente a uma sala de escritório.

Arte e cultura

1 -  Neste sábado, 21h, na capela do Colégio Cristo Redentor, o Museu Mariano Procópio promove recital com o cravista Bruno Procópio, como parte do programa cultural da exposição Doce França. Procópio é um juiz-forano que tem, hoje, expressão internacional.

2  - O professor Rogério da Silva Tjäder, um dos principais estudiosos da monarquia brasileira, esteve em Juiz de Fora a convite do Instituto Histórico e Geográfico. Ele estranha que muitos continuem afirmando que dona Dilma Rousseff seja a primeira mulher a governar o Brasil. É a terceira. A primeira foi a regente Leopoldina, nos tempos de D. Pedro I. A segunda, Isabel, filha de Pedro II, que substituía o pai em suas viagens à Europa.

3 – No Colégio Granbery, dia 4 de dezembro, às 9h30min, o III Encontro Nacional de Granberienses vai promover um painel sobre “A gota e os gotosos famosos”, presidido pelo médico Aloísio Fellet. 

4 - “Raízes Históricas de Juiz de Fora” é o nome dos originais de um livro que Sinval Santiago não conseguiu publicar, apesar de ter se dedicado a estudos até então inéditos, como as relações de Tiradentes com Juiz de Fora. Esse trabalho, concluído há 28 anos, a família acaba de confiar a amigos, na expectativa de patrocínio para a publicação. Sinval foi um oficial da PM que se dedicou à história da Zona da Mata.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Reforma pelo atacado?

É de se recordar que a recente campanha eleitoral, mesmo jejuna dos debates que o País desejava largos, profundos e abrangentes, levou todos os candidados à presidência, viáveis e inviáveis, a prometer empenho e prioridade para a reforma política. Mãe de todas as reformas, e por isso mesmo devendo anteceder-se a todas as demais, os dois finalistas do segundo turno reafirmaram o solene compromisso, que agora não mais pode ser cobrado de José Serra, mas apenas da ex-ministra Dilma Rousseff, que se elegeu no último domingo de outubro.
Terminada a eleição, todos caídos na real, é preciso considerar que a desejada mexida na estrutura política e nos mecanismos eleitorais arranha interesses de setores tradicionais, que vêm se dando muito bem com o modelo atual. Reagem a novidades. E esses setores continuarão sendo maioria no Congresso, prontos para dificultar o caminho de dona Dilma, se dela for, de fato, o desejo de reformar.

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Na reorganização político-eleitoral há vários itens a serem discutidos. Mas, antes deles, cabe definir se devem ser tratados caso a caso ou por atacado. O que seria mais facilmente aceitado por um Congresso ainda conservador?: o tratamento de choque ou aplicar doses homeopáticas? São muitas as dúvidas quanto a esse aspecto.
Hoje, conversavam com jornalistas sobre a reforma os vereadores Bruno Siqueira (PMDB) e José Laerte (PSDB). Eles reconhecem a ausência de consenso. Bruno, que em fevereiro será deputado estadual, já levanta um desafio para a tramitação do financiamento público das campanhas eleitorais, considerado tema de abertura dos debates. Como seriam divididos recursos iguais para candidatos de possibilidades desiguais? Primeira entre muitas dúvidas.



O novo prefeito

Quando a Assembleia e o Congresso abrirem o novo ano legislativo, e o governador Antônio Anastasia já tiver preenchido quase todos os cargos de importância na administração estadual, as lideranças políticas começarão a conversar sobre a eleição do novo prefeito, mesmo estando distantes as decisões e os quadros partidários não definidos. A razão de tamanha antecedência pode ser explicada por um detalhe que cabe considerar: a eleição de outubro último deixou um cenário de candidaturas naturais à prefeitura em 2012.
A professora Margarida Salomão, ao se eleger deputada federal com ampla maioria dos votos, depois de ter chegado em segundo lugar na campanha para a prefeitura, será, por essas razões, convocada pelo PT. Os petistas não têm melhor opção.
Forçados pelo último desempenho nas urnas também são tidos como candidatos naturais Bruno Siqueira, no PMDB, e Júlio Delgado, no PSB. Seus partidos não teriam escolha: ou eles ou ninguém.
Mas os fatos podem levar a uma situação incômoda os partidos ligados ao governador, porque gravitam na área de influência do Palácio da Liberdade o peemedebista Bruno Siqueira, Antônio Jorge, do PPS, e, antes deles, o projeto de reeleição do prefeito Custódio Mattos. Se não surgir um prévio entendimento capaz de acomodá-los é possível que Anastasia peça ao senador Itamar Franco que ajude a descascar o abacaxi.


Caminho verde

Parece ter partido da senadora Marina Silva uma recomendação à executiva estadual do PV em Minas no sentido de que se apressasse a reorganização da comissão de Juiz de Fora, onde o primeiro turno da eleição presidencial a colocou em vantagem sobre José Serra, mas também por considerar que a cidade tem suficiente importância para merecer atenção especial.
Resultou que, mantendo-se a promoter Jane na presidência, a vice foi confiada a José Elias Valério, um dos fundadores da legenda verde na região. A novidade é que a vice-presidência passa a ter atribuições executivas e programáticas. Valério promete muito trabalho em 2011.



PT ganha a cadeira

Os petistas da cidade entram no fim de semana mais tranquilos. Com a decisão da Justiça Eleitoral de considerar computados os votos do candidato peemedebista Sylas Brasileiro, até então sub-judice, a coligação formada pelo PT ganha mais uma vaga na Câmara dos Deputados, e quem leva a melhor é a dona da primeira suplência, Margarida Salomão.


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A guerra é ali mesmo

Nas últimas 72 horas o Rio de Janeiro vive o clima de guerra civil não declarada. Instalou-se a medição de forças entre a segurança pública insuficiente e o estado paralelo sob comando do crime organizado em complexa e perigosa ramificação. Para que se reconheça o quadro de beligerância basta apenas declará-lo, pois para tanto já se conta com a presença das Forças Armada de prontidão nos quartéis, férias e descansos suspensos nos contingentes, armas de guerra na ruas. E a população, como em qualquer guerra civil, nada mais pode fazer além de se mostrar perplexa, insegura e sem saber exatamente o que deve ser feito.

Nesta tarde, se ainda fossem insuficientes as razões para se temer a expansão do mal, as autoridades fluminenses faziam advertência aos municípios vizinhos, pois também eles podem ser alvo da ação das quadrilhas. E, quando se fala em vizinhos, é preciso lembrar que Juiz de Fora também se inclui nessa faixa de risco. Não apenas agora. Vem de longe que uma cota dos nossos problemas de segurança pública se debita à proximidade com o Rio, havendo ocasião em que uma terça parte nossos presídios era ocupada por bandidos que atravessaram para o lado mineiro da ponte de Paraibuna.

Agora, quando a polícia do Rio decide aceitar o desafio proposto pelos traficantes, com dezenas de mortos e destruições, é hora de botar a barba de molho. Juiz de Fora vive o perigo de se tornar alternativa para os bandidos acuados.  

Evidente que os aparelhos de segurança pública em Minas estão atentos. Mas a população precisa ser informada sobre o que, neste momento delicado, está sendo feito para defendê-la de visitantes indesejáveis.

Personalidades


1 – A secretária Sueli Reis foi quem falou, hoje de manhã, em nome da cidade, à beira do túmulo onde estava sendo sepultado Mello Reis, no Parque da Saudade. Disse que a obra administrativa do ex-prefeito é um legado para a História de Juiz de Fora.

2 - O reitor da Universidade Federal Federal, Henrique Duque, prepara-se para lançar livro em que registra seu olhar sobre pontos capitais da paisagem de Juiz de Fora.

3 - O jornalista Roberto Gonçalves despede-se, neste fim de semana, da chefia do telejornalismo da Panorama. Depois de três anos em Juiz de Fora, ele vai para Sergipe, ainda servido à Rede Globo.

4 – Liberado pelos médicos das aplicações de quimioterapia a que vinha sendo submetido, o metropolita, dom Gil Antônio, agradeceu a Deus essa dádiva, e promete redobrar dedicação aos bons resultados do sínodo arquidiocesano, que promete novidades para a Igreja em Juiz de Fora em junho.




Mello Sepultado

O ex-prefeito Mello Reis, 73 anos, foi sepultado, hoje, às 11h, no Parque da Saudade, com a cidade sob luto oficial de três dias decretado pelo prefeito Custódio Mattos. Calcula-se que 1,4 mil pessoas foram ao Parque da Saudade, desde a tarde anterior para render homenagem ao ex-prefeio e apresentar pêsames à viúva, Vera Mello Reis.
A encomendação do corpo foi feita pelo arccebispo emérito, dom Eurico Veloso, para quem Mello Reis, “pelo bem que fez à cidade e ao País, garantiu, ele próprio, por sua obra, um bom descanso na vida eterta”.
As últimas e oficiais homenagens foram coordenadas pelo secretário de Administração, Vitor Valverde, que cobriu o caixão com a bandeira de Juiz de Fora, depois oferecida à família. A Guarda Municipal prestou honras de estilo e a banda da Polícia Militar executou os hinos Nacional e da cidade. Era conhecido o interesse de Mello tinha pelas bandas, que gostava de acompanhar.
Até o momento do sepultamento participaram do velório ex-prefeitos, prefeitos da região, os deputados eleitos Marcus Pesstana e Bruno Siqueira, este também representando o ex-presidente Itamar Franco. Tarcísio Delgado, veterano adversário, disse que na figura de Mello Reis ele sempre identificou um grande idealista.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

* 1937 Prefeito Mello Reis 2010 +




Francisco Antônio de Mello Reis, que morreu hoje, depois de quase dois anos de luta com o câncer, foi uma das mais importantes figuras da História recente de Juiz de Fora. Com militância política que já vai emcontrá-lo, nos anos 60, na velha Faculdadde de Filosofia, onde presidiu o diretório acadêmico, ele se revelou em duas vertentes: a polêmica partidária e o conhecimento dos problemas da cidade. Polêmico, principalmente quando entrou nas campanhas eleitorais, disputando pela Arena, partido que apoiava o regime militar. Poir esse partido execrado pela oposição aos militartes, ele se elegeu vereador e depois prefeito, fenômeno só conseguido em duas grandes cidades: Juiz de Fora e Campinas, com repercussão nacional. A cidade deu a vitória a Mello Reis, em 1977, com a promesa de um novo tempo de desenvolvimento econômico. Nesse particular, sua campanha ganhou até o aval do presidente Ernesto Geisel.
Sua passagem pela prefeiturta, que durou seis anos, por força da prorrogação dos mandatos, é caracterizada pelo conhecimento detalhado dos problemas de sua época, que iam dos investimentos na indústria pesada até os buracos da rua de um bairro distante. Mas era, sobretudo, arrojado, como demonstrou no aval do município de 250 milhões de dólares para viabilizar a implantação da Siderúrgica Mendes Júnior, dívida que jamais seria pago, e ele sabia disso. Lance semelhante mostraria mais tarde, quando secretário de Indústria de Minas, ao conseguir converter dívidas consolidadas da antiga Rede Ferroviária junto ao Estado, do que resultaram recursos para as obras de infraestrutura que permitiram a vinda da montadora Mercedes Benz.

Outra iniciativa que a cidade fica a lhe dever foi ter argumentado, com êxito, junto ao Ministério dos Transportes, para a contrução do “mergulhão” da Avenida Rio Branco com recursos federais. Mas a obra de Mello Reis que a cidade mais conhece é a reurbanização da Rio Branco, com a pista central destinada aos ônibus. No setor de transportes, pouco lembrada e não menso importante, foi a redução de 13 para seis do número de empresas de ônibus, o que acabou com vários problemas, como a desordem dos horários e itinerários.
Mello gostava de pensar longe. Seu primeiro projeto como vereador é ainda hoje uma ideia cabível: a criação da Companhia de Desenvolvimento de Juiz de Fora, “para financiar projetos, participação acionária do município em projetos pioneiros, aceite de letras de câmbio e planos de capital misto”. Foi uma visão antecipada dos atuais PPP, os público-privados. Em tudo isso revelava o temperamento do executivo. Tanto que no final da década de 80, eleito deputado federal, depois com a atribuição de constituinte, experimentou e não gostou do tédio da vida parlamentar, na qual as decisões se diluem. Ele não disputou novo mandato. Mas a Constituição de 88, que Ulysses Guimarães chamaria de “Constituição Cidadã , guarda sua assinatura.





DEPOIMENTO NA UNIVERSIDADE


Prefeito de Juiz de Fora de 1977 a 83, o professor Francisco Antônio de Mello Reis não tinha dúvida em afirmar que a maior realização de sua administração foi a criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento, onde chegaram a trabalhar 40 técnicos “para pensar a cidade e o seu futuro”. Vinte e seis anos depois, ele lamentou que os sucessores tenham reduzido ou subestimado a importância do velho Ipplan.

Mello foi o 32º entrevistado do projeto Diálogos Abertos, no Museu Murilo Mendes, da Universidade Federal. Produziu o mais longo depoimento, durante quase três horas, em mesa de entrevistadores presidida pelo professor José Alberto Pinho Neves. A primeira parte da gravação foi dedicada a uma ficha técnica desse juizforano de 73 anos, que nasceu em uma fazenda de Sarandira, foi bancário, trabalhou na construção de Brasília, vereador em 71, prefeito, dono de fábrica de toalhas, de emissoras de rádio e da Folha da Mantiqueira, diretor da Camig, Metalmig, Aço Minas,e secretário de Estado da Indústria no governo Hélio Garcia, Constituinte em 88.
De todas as funções que exerceu, “a de que eu mais me orgulho foi a de prefeito”. E também aquela em que ele pôde aplicar mais os conhecimentos que tinha da cidade, e que vinha recolhendo e anotando desde os tempos de alunos da Academia de Comércio. “Nessa época de estudante criaram para mim a apelido de Chico Melado, que só desapareceu quando o Wilson Cid, no Diário Mercantil, adotou o Mello Reis”, rememorou.
Como prefeito, apontado como alguém que ousou mais que qualquer outro, ele teve como realizações principais, além do citado Ipplan, a reurbanização da Avenida Rio Branco, o Demlurb, a reserva da Lajinha, a abertura da política de preservação do patrimônio, a reorganização do serviço de transporte de passageiros, que reduziu de 28 para sete as empresas operadoras do sistema e a implantação da Siderúrgica Mendes Júnior, em cujo projeto a prefeitura assumiu 25 milhões de dólares, uma participação que custou caro, por ela ficou sem capacidade de endividamento.

CRONOLOGIA

1937, maio, nasce em Sarandira

1950 estuda na Academia de Comércio, preside o Diretório Estudantil e o Grêmio Literário.

1954 trabalha no Banco Irmãos Guimarães

1961 Cursa Filosofia e Letras e é presidente do Diretório Acadâmico Tristão de Athayde.

1960 trabalha na Cia Urbanizadora de Brasília

1970 Eleito vereador à Câmara Municipal (no. 2203).

1972 disputa a prefeitura

1974 funda o Jornal da Mantiqueira

1976 eleito prefeito com mandato de seis anos

1978 eleito presidente da Associação Mineira de Municípios

1983 passa a ocupar cargos estaduais: diretor da Camig, Açominas e Metalmig


1988 eleito deputado federal, é também membro da Assembléia Nacional Constituinte

1988 disputa a prefeitura

1989 funda a Rádio Nova Cidade

1991 é diretor do Instituto de Desenvolvimento Industrial, e, durante um ano, acumula a Secretaria de Minas e Energia.

1992 secretário de Indústria e Comércio no governo Hélio Garcia

1996 eleito membro do Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio

2004 eleito diretor do Museu Mariano Procópio, cargo que ocupou até agosto.


Com Dona Ilva, sua mãe, em 1937 / entrando para a Academia de Comércio

Em campanha na Rua Halfeld, 1965




Prefeito, reúne-se pela primeira vez com secretários.
 


Primeira entrevista como Prefeito eleito



 No tombamento de árvore histórica



O primeiro momento das obras do Mergulhão

Visitando obras


 Despedindo-se da vida pública