quarta-feira, 7 de março de 2012

As mulheres e a política

Há quantos séculos a mulher luta para ter acesso a decisões da sociedade em que vive? Muitos, certamente, porque vêm de longe as restrições criadas até por alguns gênios da Humanidade, como Platão, que dizia ser o nascimento das mulheres uma punição dos deuses. O discípulo Aristóteles também negava a elas a condição de pessoa, assegurando que não tinham alma. E por aí andaram os desprezos sociais e a negação dos direitos políticos, a ponto de se ouvir na Alemanha dos tempos de Guilherme II que a mulher se definia com três Ks - kirch, kitch e kinder: igreja, cozinha e filhos.
Entre os primeiros direitos civis e o acesso ao voto ocorreram longos intervalos, mas acaba que foi a Nova Zelândia o primeiro país a admitir o voto feminino, em 1893, embora antes disso, por volta de 1880, Elizabeth Stanler e Lucrecia Mott travassem na Inglaterra árdua campanha para tal conquista. Nos Estados Unidos, algumas categorias sociais podiam votar, o que foi pior, pois inscrevia uma discriminação dentro de outra discriminação.
No final dos anos 20 a ideia da integração política da mulher amadurecia fortemente em Minas e Rio Grande do Sul, mas o Brasil entrou definitivamente nessa história só em 1927, em Mossoró, com o gesto audacioso de Celina Guimarães Viana, que requereu título eleitoral, e serviu de modelo até para as inglesas. Na década de 30, Getúlio Vargas reconheceu o voto feminino no Código Eleitoral. Contudo, deu com a esquerda o que a mão direita depois tirou, pois logo veio a ditadura que se estenderia até 1945, deixando as urnas fechadas. O breve interregno foi suficiente para que se elegesse a primeira deputada brasileira, a paulista Carlota Pereira de Queiroz. Agora, quando se observa a foto da instalação da legislatura de 1932, ela única entre 200 homens, eles é que aparecem totalmente dominados pelo constrangimento...
Hoje, no Congresso ,a bancada das damas representa 9%. Pouquíssimo, de forma até a incomodar as Nações Unidas. Só em 1982 uma brasileira vai chegar ao ministério, com Esther Figueiredo assumindo a Educação. Hoje, com dona Dilma, são quase dez.
A palavra final é sobre as mineiras, que passaram o tempo vivendo todas as aventuras humanas. Ou como Bárbara Heliodora, pungente dama do amor, que morreu louca vagando pelas ruas de São João Del-Rey declamando versos do namorado inconfidente, ou a bela Ana Joaquina de São José, Dona Beja, que administrou com talento a alcova que dividia com Joaquim da Silveira, e com isso conseguiu reverter para Minas 94.500 quilômetros do Farinha Podre, em Goiás. Ficamos devendo aos seus favores amorosos o nosso próspero Triângulo Mineiro.


Temer dá folego à
queixa do PMDB

É provável que a presidente Dilma tenha ficado surpresa quando leu que o vice-presidente Michel Temer, que a substitui nas viagens ao Exterior, abraçou a causa do PMDB na campanha por um maior número de cargos no governo. O apoio de Temer, considerado importante na proposta do partido, do qual é presidente licenciado, é mesmo fundamental para que as reivindicações sejam atendidas, porque o porta-voz ocupa uma posição mais estratégica para essa missão. Mas é uma postulação que logo encontra a resistência do PT. Os petistas entendem que os descontentamentos são problema interno dos peemedebistas, e o governo deve ser poupado.
Observa-se que continua aguçado o senso de oportunidade que o partido aprendeu ao longo de sua jornada na política brasileira: a faca vai ao pescoço da presidente no exato momento em que se ensaiam rebeldias da base aliada no plenário da Câmara. O pretexto é o Código Florestal. O PR, por exemplo, surge como linha auxiliar nas insatisfações do PMDB.
Mas, ainda que tenha endossado de imediato as reclamações das bancadas de seu partido na Câmara e no Senado, Temer deixou o recado: o poder de pressão vai estar na proporção dos votos, e para isso conclamou os correligionários a elegerem o maior número possível de prefeitos.


Suplência
Pode ser que a reforma política não elimine a discrepância da figura do senador suplente, um critério proporcional em eleição majoritária. Mas, a se tomar por base a leitura do relatório da comissão especial para a reforma, no futuro será eleito apenas um suplente.
Resulta disso que essa suplência seria valorizadíssima, o que pode ampliar as portas da influência do poder econômico.


Pé na estrada

Tanto Antônio Anastasia como Aécio Neves têm planos de viajar com grande frequência nas próximas semanas. O governador, com a intenção de mobilizar os mineiros para apoiar as reivindicações que Minas está levando ao governo federal. E o senador tem de arregimentar apoios ao seu projeto presidencial.


Poucas raias

Dependendo de tanta conversa que se realiza entre dirigentes partidários e pré-candidatos a prefeito, vão se revelar abaladas as previsões de muita gente na disputa. Falava-se e oito ou nove, mas o número deve cair pela metade.

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De Memória


Ângelo Biggi
Qual o real acervo que o grande pintor Ângelo Biggi deixou em Juiz de Fora, onde desempenhou sua arte por cerca de 40 anos? Nascido em Roma e sepultado aqui em 1953, dele o que mais se conhece são as parietais no Cine Theatro Central, da Associação Comercial e na capela mortuária da família Arcuri no cemitério municipal. Reclama-se o levantamento completo de sua produção, de resto pouco conhecida pelos juiz-foranos. Mas as obras que assinou chamaram a atenção, tanto que a Real Academia de Belas Artes de Roma, onde havia estudado, sugeriu que voltasse à Itália para ensinar, mas ele se radicou aqui em definitivo.
Seu prestígio se acentuou ainda mais em 1922, quando foi agraciado com a Medalha de Honra do 1º Grau no Salão Nacional de Belas Artes, com a pintura A Hora do Chá. Dois anos depois voltaria a ser premiado ali. Biggi também deixou pinturas em Barbacena, Manhuaçu, Rio Casca e Lafaiete.

(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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