quinta-feira, 1 de março de 2012

Disputa entre aliados, um problema para o governo

Uma situação criada na disputa política nos municípios tem tudo para levar dificuldades ao governo federal, quando estiverem digladiando candidatos de partidos que compõem a base parlamentar. O prenúncio de problemas se refere principalmente aos centros em que PT e PMDB terão candidatos, o que não exclui situações relacionadas a outros partidos que, embora separados nas disputa das prefeituras, dão apoio ao governo federal ou ao governador Anastasia.
No quadro que se forma em Minas há um dado interessante: dos 118 municípios que têm maior expressão eleitoral em 72 deles PMDB e PT estarão em caminhos diferentes. Por mais cuidado que se tenha, isso afeta a base política da presidente ou do governador. Em Belo Horizonte, onde são mais nítidas as diferenças entre os partidos da base federal, PT e PMDB terão candidatos separados. Mas as circunstâncias levam os petistas a uma campanha em que estarão ao lado dos tucanos, seus adversários consagrados.
Em Juiz de Fora, a campanha eleitoral que se aproxima também será marcada por algumas separações. Basta lembrar: setores mais antigos do PMDB, achando inviável nova candidatura de Tarcísio Delgado, pretenderam aliança com o PT, na qual indicariam o nome do vice na chapa aliada. Mas a direção estadual exigiu candidatura própria, e as duas legendas devem correr separadas.
O PSB, que promete a candidatura de Júlio Delgado, tem boas relações com o governo Anastasia e com o senador Aécio Neves, mas não tem como ficar com Custódio Mattos, candidato apoiado por eles.



Quantos candidatos?

Falou-se de consulta a ser formulada ao Tribunal Regional Eleitoral sobre o número de candidatos que devem compor uma chapa de vereadores. Duas vezes e meia ou uma vez e meia o número de cadeiras existentes na Câmara? O objeto da dúvida não faz sentido, porque, na verdade, cada partido pode apresentar uma vez e meia o número de postulantes. Vinte e oito, no caso de Juiz de Fora. Quando houver coligação soma-se mais um ,do partido que está coligando.
Mas resta uma razão para consulta ao TSE: para se fazer o cálculo observa-se o número atual de cadeiras ou o próximo, quando for o caso de câmaras que acabam de decidir pelo aumento de seus representantes?
Parece que o razoável é formar chapa com base na próxima legislatura, pois é a ela que os eleitos vão servir.


Nada a reclamar

Por trás das queixas que são levadas à presidente Dilma pelos partidos da base parlamentar, que se sentem desprestigiados e querem mais cargos, percebe-se a ação dos paulistas, insatisfeitos com os poderes que já têm, e usam os parlamentares para que suas reivindicações subam a rampa do Palácio do Planalto. Mas, se aos partidos faltam razões para reclamar, muito mais aos paulistas, que detêm seis ministérios: Saúde, Fazenda, Justiça, Planejamento, Educação e Secretaria-Geral da Presidência.
Enquanto isso, Minas, segundo colégio eleitoral, tem apenas um ministro, Fernando Pimentel. Sabe-se lá a que custo.


Em família


O governo não consegue convencer quando diz que a indicação de Marcelo Crivella para o Ministério da Pesca nada tem a ver com sua liderança nos meios evangélicos, embora não chegue à audácia de atribuir ao novo ministro conhecimentos na área da aquicultura. Pelo que se sabe, ele jamais pescou um lambari num País em que esse ministério revela total ausência de importância.
O novo ministro representa uma bancada numerosa e poderosa: os evangélicos. Ela é suprapartidária e influente. Garante a governabilidade à gestão de Dilma, que terá um ano difícil. Após o discurso feminista da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, favorável à descriminalização do aborto, veio uma turbulência no meio evangélico e no segmento majoritário católico.
Crivella, sobrinho dos “bispos” Edir Macedo e RR Soares, poderá articular o apoio evangélico ao candidato petista à prefeitura de S. Paulo, o ex-ministro da educação Fernando Haddad.
 
Questões menores

Nem sempre as pessoas conseguem compreender como questões partidárias, mínimas que sejam, são capazes de dificultar e até inviabilizar os projetos de interesse do estado. Ainda agora, há dúvidas sobre a necessidade de os deputados estarem unidos em torno das reivindicações de Minas junto ao governo federal, pois temem que alguns possam tirar maiores proveitos políticos.
A deputada comunista Jô Moraes, que na campanha de 2004 esteva em Juiz de Fora apoiando a candidatura de alberto bejani, não gostou de em uma folha do memorial enviado a Brasília aparecer a logomarca do governo do estado.


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De Memória

Lembrando JK

Em agosto de 1976, quando a ditadura ainda despertava temores e cuidados, a Universidade Federal, criada por Juscelino 16 anos antes, recusou-se a qualquer manifestação pela morte trágica do ex-presidente. O silêncio da reitoria irritou o Diretório Central dos Estudantes e os Diretórios Acadêmicos, que reagiram ao que chamaram de “fácil refúgio da omissão”. Uma nota de pesar foi distribuída nas ruas, destacando o homem público e realizador que foi Juscelino.
Por causa daqueles tempos de chumbo, o silêncio foi geral. Os estudantes fizeram a exceção.


(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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