terça-feira, 2 de março de 2021

 



A TRAGÉDIA


Ao chegar a 250 mil mortes, sem que o mal nem permita as derradeiras homenagens de um velórios, o Brasil já tem como eleger a Covid 19 sua maior tragédia em todos os tempos. Nem as guerras, nem as catástrofes foram capazes de produzir tamanho luto; nem as enchentes, nem os incêndios devastadores. A pandemia fica também com o galardão sinistro de destruir vidas mais que todas as que a antecederam.


Quanto a Juiz de Fora, o obituário do vírus decidiu fechar fevereiro levando uma figura querida por todos, Zé Kodak, criador das alegrias dos carnavais, que certamente nunca mais serão os mesmos, sem ele. Na verdade, os dois primeiros meses do ano foram cruéis com a cidade. Já são 15 as personalidades ilustres que não mais estarão aqui.


A escala sinistra da morte leva a algumas reflexões, sem que se dispense a dor que invade famílias, cancela amizades e prejudica negócios. A primeira questão causa estranheza, porque as mortes não têm sido suficientes para recomendar cuidados a milhares de pessoas, que insistem em desafiar o vírus, não se protegem e nem protegem os outros. O revellion já está cobrando caro dos cariocas e paulistas, mas não serve de advertência nas aglomerações do futebol.


Cabe refletir, igualmente, sobre o comportamento adotado pelo presidente da República, que não tem perdido ocasião para desmentir, desautorizar e desqualificar as medidas preventivas recomendadas pelos organismos de defesa sanitária. Ele tem parte na responsabilidade pelos números que estão infelicitando o Brasil.



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FEMINICÍDIO


A alegação de defesa da honra em crimes que envolvam feminicídio é insuficiente e inconstitucional, segundo o ministro Dias Tófoli, do Supremo Tribunal Federal. Na quinta-feira, o Pleno da corte decide se referenda ou não o voto, que se baseou no que o ministro chamou de “argumento retórico e odioso”. A aprovação seria boa iniciativa para abrir o mês dedicado aos direitos da mulher.



JUMENTOS


Projeto do deputado Célio Studart (PE-CE) pretende instituir, no calendário oficial do país o Dia Nacional do Jumento, definido como patrimônio do povo brasileiro, que dele se serve para incontáveis serviços. Não se pode dizer que sejam infundadas as preocupações do deputado cearense, que já definiu o dia 13 de maio para a comemoração. Mas ele corre o risco da chacota, pois de jumentos já andam cheios muitos plenários políticos.



MOROSIDADE


O governo tem pressa na tramitação da PEC da Eletrobras, que o presidente Bolsonaro cuidou de levar, pessoalmente, ao Congresso, mas é pouco provável que obtenha resultado em curto prazo. Para se prever longo atraso, bastaria lembrar que os parlamentares já encaminharam 570 emendas ao texto original.



NEOLOGISMO


Para advertir quem espera que desamine de tudo que diz e pretende fazer, o presidente Bolsonaro garante que é “imbrochável”; quer dizer, não perde o ânimo, mesmo que seja para enfrentar grandes dificuldades.

Nessa incursão ao dicionário, para criar o neologismo, ele faz lembrar um ministro do Trabalho no governo Collor, Antônio Magri, que inventou o “imexível”, para explicar qualquer coisa que não se pudesse remover.



DÚVIDAS


Matéria que entra na linha das pautas principais, a retomada das atividades presenciais nos estabelecimentos de ensino não é decisão fácil de ser tomada, ao contrário do que muitos pensam. Sobrepõe-se, no caso, uma tríplice responsabilidade: da prefeitura, por saber que a pandemia ainda impera; dos colégios, que têm de garantir condições sanitárias mínimas para os alunos; e a responsabilidade dos pais, que expõem os filhos a um risco que ninguém pode negar.



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