A Pauta é Política
24 outubro 2025
FALTA ALINHAR
O presidente Lula chamou a esquerda às falas, cobrando ânimo para uma participação mais produtiva no quadro político nacional, depois de queixar-se de uma situação que lhe parece grave: ”nós nos distanciamos do povo”. Na verdade, o que ele sente é uma realidade que pode levar prejuízos para a campanha eleitoral do PT, isto é, as divergências internas.
Se o presidente cobra alinhamento das lideranças da esquerda e da militância, situação semelhante viveria a direita, onde a ala mais forte não perde de vista a liderança de Bolsonaro, que deve ser mantida e preservada a qualquer custo, embora para outros, é preciso jogar com a realidade: o ex-presidente está fora do jogo, por conta de condenação e prisão, acusado de tentativa de golpe de estado. Os direitistas têm mais um problema para resolver: sabem que a melhor chance de retomar a Presidência da República está diretamente vinculada à candidatura de Tarcísio Freitas, que, contudo, insiste em manter o projeto de um segundo mandato como governador de São Paulo.
A menos de um ano da eleição, todos precisam alinhar os projetos.
PONTO DE PARTIDA
É da tradição da política mineira: quando se trata de pensar em eleição, o primeiro passo há de ser o posicionamento do governo estadual; do governador, pessoalmente. Entendem alguns observadores que, na semana passada, aconteceu esse primeiro passo, quando o virtual candidato governista, o vice Mateus Simões, decidiu filiar-se ao PSD, o que acontecerá oficialmente neste fim de semana. Fica, portanto, definida a posição do governador Romeu Zema, o mais forte e influente eleitor do Estado, como também sente-se estar decretada morte do Novo, que sobrevive na sombra de Zema. Minas é o único estado em que o partido comanda o Executivo.
O PSD vinha cozinhando a candidatura de Rodrigo Pacheco, estimulado pelo desejo do presidente de fazê-lo candidato.
Outra peça, entre as muitas que se seguem ao posicionamento do governo estadual, é o PDT, que nunca teve força própria para aspirar ao Palácio da Liberdade, está filiando o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil. Quer entrar na disputa mineira.
ALGO IMPOSSÍVEL
O jovem deputado estadual Tadeu Leite, presidente da Assembleia, não pode ser ingênuo, pois descende de político experiente do qual herdou o nome. E, se chegou à presidência da Casa, é porque possui capacidade de articulação política. Pois, ao defender a privatização da Copasa, prometendo tarifa justa e serviço de qualidade para todos os municípios, ele faz discurso inconsistente. A empresa privada trabalha com a lógica do lucro, e não fará serviços que tragam prejuízos. Não existe lei que obrigue o setor privado a realizar um serviço deficitário. Muitas experiências de privatização demonstram que, quando percebem que fizeram negócio ruim, os empresários devolvem o serviço. Como exemplo de insucessos, basta lembrar as concessões de rodovias e aeroportos. E as reclamações de usuários de serviços ruins de água, saneamento básico e energia elétrica em São Paulo. Por fim, nada assegura que um empresário vai realizar determinado serviço que dá prejuízo. Quando isto acontece ele rompe o contrato e devolve o serviço para o setor público.
FALA JF
Até a próxima quarta-feira a Câmara Municipal realiza o projeto Fala JF. Pretende, com isso, consultar a população quanto ao futuro da cidade, opinando sobre prioridades, o que será importante na elaboração do Plano Plurianual 2026-2029 e a Lei Orçamentária Anual 2026. Entrevistadores vão visitar as diversas regiões da cidade e a zona rural.
É oportuna a iniciativa, pois contribui para atualizar demandas da cidade que precisam ser implementadas. Os recursos orçamentários são escassos, mas, interagindo com aqueles que precisam do serviço público, boas iniciativas podem surgir.
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