quarta-feira, 24 de maio de 2017







Os caminhos de Temer


O destino político do presidente Michel Temer, que nesta noite sua para manter um mínimo de governabilidade, vai caminhando para se definir, em meio a uma das maiores crises que o País já enfrentou. E sob um clima de tamanhas confusões, que se tornou arriscado elaborar previsões. Vivo fosse, o ex-vereador José Oceano Soares diria que ninguém sabe de nada, e quem disser que sabe está mal informado. Seu futuro pode estar definido nos próximos dias, resultado de fato inédito: ele perderia o mandato por decisão do TSE, não por culpa direta sua, mas pela presença, como vice, na chapa de Dilma Rouseff; ela, sim, responsável  primeira pela origem dos dinheiros suspeitos que alimentaram sua campanha. Sendo assim, Temer teria uma saída minimamente desgastante, pois perderia o cargo por causa da companheira, não de seus grampos.

Não sendo assim, cairia ele diante de soluções emergenciais que vêm povoando a imaginação das lideranças, estas sem ineditismo na história republicana. A primeira, premida pelas circunstâncias, a renúncia. Seria o quinto voluntário desembarque presidencial.  O primeiro, com Pedro I, em 1831; em 1837, a renúncia do regente Feijó. Depois, Deodoro da Fonseca, em 1891, coagido pelo vice Floriano. Em 1961 a renúncia de Jânio Quadros.

Mas, se a solução para a eventual saída de Temer for a eleição indireta de um novo presidente, seu sucessor seria o nono na escala dos que chegaram ao cargo por essa via. Indiretamente elegeram-se Deodoro da Fonseca, em 1889, depois Getúlio Vargas em 1934, seguindo-se os cinco generais da ditadura que começou em 64: Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Por fim,Tancredo Neve em 1985, sob um clima de tensão, incertezas, espectro golpista, mas também clima de alegria, antes da decepção comovida ante a tragédia que o impediu.


Sem a vírgula   

“Fora, Temer”, esse grito tantas vezes ouvido nas praças e nas ruas, ganha, nestes momentos difíceis, um sentido novo, quando se der a inversão das palavras. Ao ”Fora, Temer” cabe indagar aos que gritam o que fazer com ele ausente? Sem a vírgula, fora Temer não é mais um desejo raivoso, mas ganha novo sentido. Fora ele, o que fazer?  Afasta-se a vírgula, o presidente excluído, cabe indagar:  excluído ele, ausente, o que fazer sem ele? Quem no seu lugar? Graças a uma vírgula, que tanta diferença pode produzir numa frase ou numa ideia, o apelo da oposição vai saindo das ruas para definir nosso futuro imediato.”Fora, Temer” é muito diferente de Fora Temer. 









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