segunda-feira, 22 de abril de 2019

Concessões políticas

O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se, em Brasília, com representantes de grandes partidos, num gesto destinado a aplacar problemas que ocorrem na base aliada. A propósito, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, lembrou que Bolsonaro se desculpou com os líderes partidários, em virtude de pronunciamentos recentes em que havia criticado a classe política. Participaram do encontro, no Palácio do Planalto, integrantes do MDB, PSDB, PP, PRB, PSD e DEM, prevendo-se que novas rodadas de conversa ocorram na semana que vem. Estima-se que o somatório desses partidos represente 195 votos na Câmara dos Deputados. Nos próximos dias a reunião será com outros partidos, estes de média representação no parlamento.

Houve uma mudança na estratégia do governo no relacionamento com o Congresso Nacional. Inicialmente, o presidente havia inovado, articulando-se
com as bancadas temáticas (evangélicos, ruralistas e segurança pública), lembrando-se que a escolha dos ministros foi feita com a ausculta apenas desses segmentos. Mas trouxe, como efeito colateral, a má vontade de políticos influentes nas agremiações partidárias em relação às intenções do governo. Aqueles habituados a acompanhar a cena política em Brasília dizem que nenhum governo consegue aprovar suas propostas hostilizando caciques partidários. Parece que o presidente agora se rende a essa realidade histórica.

No caso da reforma da Previdência, que interessa prioritariamente ao governo, a matéria pode ter êxito, desde que Bolsonaro queira compartilhar o poder, cedendo vagas nos ministérios em todos os escalões. Alguns ministros já estão desgastados, como, por exemplo, o ministro da Educação, que poderá ser substituído por um político, começando a satisfazer, gradativamente, os pleitos dos líderes partidários. E, assim, as coisas vão se acomodando em Brasília, prevalecendo a 'boa política', como disse Romero Jucá, presidente do MDB, uma das raposas felpudas da política brasileira. Quem não vai gostar disso são aqueles eleitores do presidente que esperavam mudanças radicais na postura política. Poderão engrossar, em breve, as estatísticas das pesquisas de opinião na avaliação ruim do governo. Vida que segue.

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