quarta-feira, 3 de abril de 2019



Mais ou menos


De retorno ao Brasil, depois de sua quarta viagem ao Exterior, o presidente Bolsonaro passa a ser cobrado, de maneira mais incisiva, sobre os problemas internos, que não são poucos. Problemas que, onde quer que ele esteja, mostram um certo conteúdo de incertezas, como se o governo estivesse submetido à ditadura do “mais ou menos”; as decisões ficam pela metade. O que significa, de certa forma, impor ao país um clima de insegurança, porque as coisas nunca estão suficientemente explicadas e esclarecidas.

As dificuldades nas relações com o presidente de Câmara dos Deputados estão mais ou menos superadas. O horizonte se abriu parcialmente, depois que Bolsonaro qualificou as divergências “chuva de verão”. Mas é certo que, em nome da tramitação de matérias importantes, ainda há muito que superar. O destino da reforma da Previdência situa-se sob um clima de ressentimentos. Parece que as maiores simpatias destinadas ao pacote anticrime são um recado ao presidente, para mostrar que más ou boas vontades são o instrumento político do Congresso.
Nas duas casas não falta insegurança entre ceder às pressões, e negociar, o que rompe com a promessa bolsonarista de enterrar velhos hábitos políticos. O caminho adotado é ceder mais ou menos; não tanto como querem os deputados.

Mais ou menos é como se poderia definir o delicado projeto de levar a embaixada brasileira para Jerusalém, onde, por hora, funcionará um escritório comercial. O governo consegue desagradar a Israel, que queria logo uma embaixada, como também leva aborrecimento aos árabes, que estão exigindo explicações. Nossa política, nesse particular, fica no meio do caminho.

Em relação ao estado de pauperismo dos estados, que podem socorro, o governo também tem conseguido titubear. Não pode perde o apoio dos governadores, que influem junto aos deputados e senadores, mas fica mal se der abrigo a veteranos entes inadimplentes.

Nem a cordialidade com o amigo Trump fez-se exceção. Nossas pretensões no clube dos grandes do comércio internacional foram ouvidas com simpatia em Washington, mas, objetivamente, também aí ficamos no mais ou menos. Talvez menos do que mais.


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