segunda-feira, 27 de julho de 2020



Eleitor com raiva


A gente lê e ouve pessoas afirmando disposição de anular o voto em novembro ou abster-se, sendo mais frequente a explicação de que não adianta: os políticos não servem ou apenas se servem. Os que optam pela abstenção preferem pagar a multa, quando forem chamados a explicar a ausência. Essa multa, em geral, é apenas o dinheiro que se gasta para comprar uma lata de cerveja. Ora, se para a Justiça o voto vale tão pouco, começa exatamente nela o pouco caso, o baixo valor com que define a manifestação do ato cívico do cidadão. Se os legisladores realmente considerassem voto como algo valioso fixariam multa capaz de machucar a bolso de quem faltasse à urna.

Essa é uma questão importante, mas não a única, quando se analisa a raiva do eleitor com os agentes políticos, que para ele não prestam, genericamente. A começar, por mais que se respeite a opinião contrária, a generalização é errada e injusta.

Depois – e aqui vai o crime da omissão - é que o eleitor que protesta, que tem competência para julgar e decidir, se não vota acaba deixando espaço aberto para o mau eleitor; aquele que vende ou o troca o voto por qualquer interesse. Percebam que o eleitor corrupto – esse não deixa de votar, porque precisa do cargo que lhe foi prometido; ou aquele que recebe do candidato corruptor metade da nota de 100, para receber depois a outra metade.

Aquele tipo de eleitor irado, omisso, é tão pernicioso como o que vende o voto. O omisso entrega de graça seu direito e o interesseiro toma seu lugar. Faz lembrar Padre Vieira, o grande sermonista: a omissão é o pecado que se faz não fazendo…



O que fazer?

O deputado Noraldino Jr levou à Assembleia um problema que, até agora, não tem sido objeto de maiores atenções. Com a passagem da pandemia, o mundo fica na obrigação de descobrir um destino para cerca de 65 bilhões de luvas plásticas descartadas, principalmente pelos agentes de saúde. Para ele, ainda que o mundo não se preocupe com o problema, em Minas podíamos pensar alguma coisa, porque também aqui já são conhecidos casos de esgotos entupidos com esse material descartado.


Prenúncio sombrio

A greve do pessoal do transporte coletivo, que ofendeu a uma população já sacrificada com problemas de saúde, talvez seja a primeira de uma série de crises das quais dificilmente poderá escapar o próximo prefeito. A começar pelas planilhas em que se baseia o cálculo para a fixação da tarifa. Esta, para remunerar o que os empresários julgam merecer, pode chegar a um valor que o usuário não terá como aceitar. Eis o impasse previsto: é justo cobrar, mas não há como pagar. Fala-se em que parte da tarifa seja subsidiada pela prefeitura, mas também com ela as vacas andam magras, como atestará o futuro prefeito, com uma bomba nas mãos.


A fala comunista

Primeiro a falar como candidato a prefeito, pelo PCdoB, João Vítor Garcia deu trato à questão da greve dos motoristas de ônibus, categoria profissional que ampliou os problemas da população. Diz ele que a cidade não pode dispensar os ônibus para se locomover, mas os motoristas, por sua vez, não têm como tolerar atrasos no pagamento dos salários.
Os políticos, sem preferência, solidarizaram-se com usuários e grevistas. Mas não falaram sobre a solução, que sempre cabe à prefeitura, poder concedente das tarifas e das permissões.



Voz do Brasil

O programa Voz do Brasil, que sobrevive sem se preocupar com índices de audiência, está completando 85 anos de irradiação permanente. Sua história tem dados interessantes, como o fato de ter realizado a cobertura oficial da outorga ou promulgação de cinco constituições brasileiras, o que prova nossa vocação legiferante. A atual presidente da Adesg em Juiz de Fora, jornalista Neusa Bernardes, já integrou o quadro de comunicadores da Agência Nacional, que produz o programa.


Terapêutica amarga

Quando se fala, com tantos temores, sobre a custosa obra de recuperação da economia, quando tivermos vencido a Covid 19, o que se tem como certo, impossível evitar, é que haverá grande sacrifício da parte da população. O governo federal já prepara o remédio, embora preferindo não usar a expressão “aumento de imposto”, que, segundo Roberto Campos, é perigoso purgante para se prescrever em tempo de eleição. Sobre as dificuldades a serem enfrentadas, é aquela velha máxima: se complexa a doença, complexa a terapêutica.




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