quinta-feira, 23 de julho de 2020


- Repete-se em Juiz de Fora cena vivida pelos partidos em anos anteriores: a dificuldade em “laçar” mulheres que se disponham a disputar a vereança. Encontrá-las e abrigá-las é imposição da legislação eleitoral, que lhes reserva a terça parte das vagas existentes nas chapas. Com uma espécie de “reserva de domínio”: não havendo presença feminina suficiente, nem por isso os espaços podem ser ocupados por homens.
Em casos anteriores muitas candidatas permitiam ser registradas, apenas em troca de alguns favores. Agora correm o risco de serem processadas se se prestarem ao papel de “laranjas”.


2 - Tão logo as autoridades municipais autorizem a reabertura do Parque Halfeld, fechado para não favorecer a contaminação da coronavírus, podiam aproveitar a ocasião para corrigir um erro na placa que identifica o local. O Halfeld que ali se lê não é o fundador da cidade, o Henrique; mas o filho dele, coronel Francisco, que no começo do século passado financiou a urbanização do espaço, onde antes amarravam-se cavalos e realizavam-se touradas. Incomoda o erro na placa.


3 – Em programa de TV o senador e ex-presidente Fernando Collor, com certo otimismo, admite que Bolsonaro realmente adotou nova postura, menos provocador, mais calmo e sem disposição para desnecessárias hostilidades. Sobre as más relações com a imprensa, que ele também experimentou antes do impeachment, confessa agora ter percebido o erro, mas já era tarde.


4 - Nestes tempos em que a pandemia viaja a bordo de tantas incertezas, recorro a uma reflexão do redentorista Padre Dalton. “Estamos numa travessia inimaginada: águas tumultuadas, mas redentoras (..), o mundo ferido na sua pretensa maneira de tudo contemporizar mediante a criatividade técnica, o apego a produzir e consumir, mesmo gerando desigualdades”.
Ainda assim, “nada de capitular na desesperança e no desencanto. Confiar e ousar nas transformações “.


((((((( “nada de capituar na desesperança e no desencanto” ))))



5 - Comenta-se, entre as novidades deste tempo pré-eleitoral, o torpor vivido pelo MDB, depois de longas e agitadas campanhas na política municipal. Permanente queixa nesse sentido fazia o ex-vereador Júlio Gasparette, que morreu na semana passada. Ele andava “incomodando” nas reuniões de segunda-feira.


6 – Quaisquer que sejam os planos e ambições dos candidatos que se preparam para o embate de novembro, e para que não se vejam expostos a decepções, recomenda-se levar em consideração a imprevisibilidade que tem se identificado no eleitor mineiro. Um exemplo: em 2018 todas as pesquisas para o Senado contemplavam a ex-presidente Dilma Rouseff em primeiro lugar, antes de ser abandonada às feras pelo partido. Ela acabou em quarto lugar.
7 - O imprevisível sempre acontece também nas eleições de Juiz de Fora. Em todos os tempos; muitas vezes derrubando os maiorais, como se viu em 1860, ano em que foram escolhidos os primeiros vereadores: Henrique Halfeld em 11º lugar e Mariano Procópio em 18º...


8 - Raramente lembrado na cidade, a não ser por dar o nome a uma rua do Poço Rico, Pinto de Moura acaba de ser citado na Enciclopédia Decenal Latino-Americano de Trabalho Primário, editado no Chile. A razão é o seu pioneirismo. Quando vereador, ele fez aprovar a primeira lei que regulamentou o trabalho do menor, há 108 anos: 18 de outubro de 1912.


9 - Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, falando a uma TV francesa, concluiu que o Brasil tem duas lideranças populistas: Lula, na esquerda, e Bolsonaro na direita. Disse o que todos já sabem. Geralmente citado como possível candidato à presidência, Moro melhor faria se ensinasse o que se faz para escapar do populismo, que alguém já definiu como doença venérea da democracia: infecciona e não fecunda.

10 – O deputado mineiro Zé Vitor (PL), uma das vozes ruralistas na Câmara, queixa-se dos excessos burocráticos que perturbam a vida dos fazendeiros. Um exemplo: na Zona da Mata o proprietário de 800 alqueires que adquiriu 300 alqueires do vizinho ao lado é obrigado a pagar um novo caríssimo plano de preservação ambiental, mesmo que as duas já tivessem todos os procedimentos legalizados.


11 - É incontestável que o mapa dos casos de suicídio em Juiz de Fora, como em todo o Brasil, se desfigure na subnotificação. Muitas famílias das vítimas preferem esconder a tragédia, achando que ela resulta de uma fraqueza moral do suicida. De forma que, com toda certeza, os 11 casos registrados no ano passado foram mais numerosos. Mesmo assim, sabe-se que houve aumento de 33% em relação ao período anterior.
Na Câmara, quem tem tratado frequentemente do problema é o vereador José Fiorilo (PL), que acaba de aprovar projeto que define 10 de setembro como Dia Municipal de Prevenção do Suicídio.


((((( “casos de suicídio desfigurados na subnotiicação” )))))


12 - Agentes de fiscalização orientados para abordar pedestres sem máscara, queixam-se de hostilidades e resistências, mesmo fazendo abordagem educadamente. Infratores mais audaciosos, reagem às máscaras, afirmando que têm direito de não usá-las. Têm direito, mas também têm o dever. Em questão de liberdade, quando se desfruta de um, automaticamente se submete o outro.


13 - Leio no blog da deputada Sheila Oliveira: “Juiz de Fora não aguenta mais com tanto tempo o comércio fechado”. Não só à deputada aflige o problema, do qual padecemos todos nós. A questão é que, tratando-se de medida drástica para evitar que as pessoas morram, qual a alternativa que ela adotaria, tratando-se der virtual candidata à prefeitura.


14 - O estigma do estado do Rio de Janeiro, nas últimas décadas, é sofrer cruelmente com a péssima qualidade dos governadores, a começar pelo campeão da bandidagem, Sérgio Cabral, já contemplado com mais de dois séculos de cadeia. Do mesmo naipe, com ele ou depois dele, Garotinho, Rosinha Garotinho, Pesão, e para enriquecer a “Lista Metralha”, Wilson Witzel. Quanto a este, tratando-se de um juiz, esperava-se coisa melhor.


15 - Aberta a temporada das pesquisas eleitorais, é preciso atentar para o que exige a lei. Têm de ser registradas na Justiça Eleitoral, identificando-se a empresa ou instituto encarregado do trabalho, quem encomendou e quem financiou. É uma tentativa de impedir que falsas conclusões sejam usadas para influir no destino da votação.




A História de Fato


Um fato insólito, tendo Juiz de Fora como cenário, contribuiu muito para agravar as relações entre Getúlio Vargas e seu interventor em Minas, Benedito Valadares. No centro do tiroteio, sem qualquer culpa, o grande Lindolfo Gomes (foto). Escreveu o presidente em seu diário, 4 de junho de 1937: “O governador de Minas ameaça crise porque nomeei, sem consultá-lo, um inspetor de ensino para um colégio de Juiz de Fora (Escola Normal). Faz ameaça e intimou o ministro da Educação a pedir demissão (…). E esse inspetor chama-se Lindolfo Gomes, um professor cultíssimo e paupérrimo”.


A História de fato

Em 1934, tentando preservar-se da hegemonia política dos mineiros e paulistas, o ditador Getúlio Vargas tentou, e fracassou, criar a representação classista na Câmara dos Deputados, uma inovação que não havia sido experimentada tentada por qualquer outro pais. Tentou depois as representações profissionais, mais inviáveis ainda, porque faltava a elas a necessária personalidade jurídica, como explicou Antônio Carlos, contrário à manobra getulista. No ardil do ditador argumentava-se que era preciso tirar o poder legislativo dos currais eleitorais do interior. E nisso tinha alguma razão. Mesmo com vida efêmera, a classista chegou a ter seus representantes votados. De Juiz de Fora, entre os 11 mineiros, Alberto Surek (foto), que aqui promoveu o primeiro congresso proletário do estado e ajudou a fundar o Sindicato dos Bancários.






Mulher na política. É preciso

Quando qualquer eleição se aproxima - e isso não é de hoje - é usual estranhar e criticar a sempre a modesta participação das mulheres na política, sem que se possa censurá-las por desinteresse, embora sejam maioria no colégio eleitoral. Verdade é que a culpa não é delas; culpa da própria política, que cada vez mais desencanta, deixa de ser atraente, além de se revelar infestada pelos maus exemplos da maioria masculina. Elas votam, e preferem limitar a esse ato cívico a sua participação. Da mesma forma, já sabendo que a política tem revelado pequena capacidade de aperfeiçoar a vida do cidadão comum, sem bons remédios para os grandes males, elas acreditam que nem vale a pena eleger representantes da população feminina. Mulher não vota em mulher, está na boca do povo. Mas isso talvez ajude a explicar o fato de apenas 14% das cadeiras da Câmara dos Deputados estarem ocupadas por elas. No Senado, 3,4%.

Em Juiz de Fora, onde nunca se elegeu prefeita, em 160 anos só 10 vereadoras.

Mas, neste ano, para quebrar a tradição, devem apresentar candidatas a prefeito nada menos que cinco partidos: PSL, PT, PSTU, Psol e Republicanos. A se confirmar, não deixa de ser um to
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