sábado, 12 de março de 2011

Tráfego insuportável

Fala-se que no final deste mês a prefeitura divulgará os primeiros editais para a realização de obras pontuais e vitais na zona urbana, destinadas a melhorar as condições do tráfego, que já chegou a um ponto crítico e caminha para o caos. As principais intervenções serão destinadas às áreas onde se dão os congestinamentos, como na Benjamin Constant com Francisco Bernardino e Avenida dos Andradas, além de correções no velho traçado da Rio Branco. Essa avenida será alargada no Alto dos Passos, como também está previsto um novo desenho do Largo do Riachuelo, e para tanto o Conselho do Patrimônio Cultural já autorizou a remoção de alguns monumentos que há anos se encontram naquela praça.
Há poucas informações sobre as reais disponibilidades financeiras da prefeitura para a realização dessas obras, caríssimas, que talvez exijam mais de R$ 50 milhões, pois incluem viadutos ou passagens de nível inferior. Tem-se como garantia a boa vontade do governador Anastasia, pois o estado suportaria o ônus de uns vinte milhões.
Seja como for, obtendo-se tais recursos, parcial ou totalmente, ideal é que a Administração Municipal dê logo início às obras. Primeiro, porque já se esgotaram os paliativos, e os problemas se agravam dia a dia. Segundo: a população precisa ir se acostumando com as coisas que vão mudar.




Um sinal para a reforma

Para se elaborar previsão mínima sobre as chances de progredir o projeto de reforma política seria bom tomar por base o tema mais frequente dos pronunciamentos dos deputados nestes primeiros quarenta dias do ano legislativo. A preferência por eles manifestada aponta para o financiamento público das campanhas eleitorais, e é por aí que o Congresso certamente poderá enveredar nos caminhos dessa reforma, discutida e adiada há vinte anos.
Preferido pelos parlamentares como ponto de partida para a reforma, o mesmo não se pode dizer em relação ao eleitorado. Insuficientemente orientado sobre o financiamento público, o brasileiro prefere achar que vai às raias do absurdo o contribuinte pagar para que um político se eleja. Sem aferir os benefícios da inovação, o cidadão comum reage ao saber que terá de desembolsar R$ 7,00, como cota pessoal...
O Congresso andaria bem se, concomitantemente à tramitação do projeto, realizasse amplo debate didático sobre um modelo de financimento que começaria pelo barateamento das campanhas, tirando delas o caráter de uma corrida onde sempre ganham os milionários. Sem falar na virtude de inibir a influência do famigerado caixa dois.





Dilma entre polos éticos

Dois e meio meses desde sua investidura, a presidente Dilma vai colecionando pontos que, se não divergem, pelo menos mostram diferenças em relação a seu antecessor. É mais discreta, dispensa o falatório inútil e, nos encontros com seus assessores, prefere soluções imediatas, sem reuniões protelatórias.
Antes mesmo de se concluir se está certa ou errada, reconheça-se que ela tem direito de adotar seu próprio estilo de trabalho.
Vai daí que se tornam numerosos os que antecipam conflitos entre ela e Lula, que, se ocorrerem, serão para o futuro.
Mas, em rigor, Dilma começa a enfrentar é o que, não raro, enfrentaram os presidentes eleitos por força de esquemas políticos poderosos ou sob bênçãos de grandes lideranças populares.
A presidente vive a relação entre dois polos éticos, como há vinte e três anos o senador Artur da Távola diria a respeito das dificuldades de Fernando Henrique: a ética do pensamento e a ética da responsabilidade.
Quanto ao pensamento, ela não pode deixar de reconhecer que é fruto de monumental estrutura política que Lula montou e executou, diga-se de passagem acima das leis e apesar das leis.
O segundo polo ético é o da responsabilidade, já que se tornou presidente de todos os brasileiros, não apenas dos que a elegeram. Pensamento e responsabilidade são, portanto, questões éticas desafiantes, das quais certamente não tem como escapar. O sociólogo Max Weber falava sobre isso em 1904.
No caso de Dilma, esquerdista revolucionária, oriunda da resistência armada à ditadura, um outro exemplo claro e recente: pelo pensamento de quem pegou em armas em nome dos oprimidos, o novo salário mínimo que ela fixou não podia ser essa miséria que se viu. Mas a responsabilidade da governante impôs coisa diferente. Em suma: quando se está na oposição é fácil defender convicções.

2 comentários:

  1. Prezado Wilson

    De tudo que se discute a respeito da bendita reforma política, dentro da minha modesta opinião, a 'pedra de toque' é o financiamento público das campanhas.

    Diria mais: é a única mudança que realmente importa! Outras podem até vir - algumas, por sinal, de eficácia bastante discutível -, mas nada é mais urgente do que romper o vínculo estreito entre o poder político e o poder econômico. Aquilo que transforma dez em cada dez político um arremedo de 'Fausto'.

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