quinta-feira, 29 de dezembro de 2016






DA boca pra fora 


Há uma preocupação internacional, espalhada por segmentos diversos, em relação ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem ameaçado mundos e fundos, radicaliza e apregoa retaliações. Quanto mais fala mais o mundo se recolhe. Quanto ao Brasil, diretamente, o que preocupa são as reiteradas promessas de Trump de uma política protecionista mais severa em relação aos produtos americanos, o que não é boa notícia para  as exportações, pois os americanos são nossos maiores compradores.

Mas em relação ao novo presidente talvez o mais prudente seja não levar ao extremo a aceitação de seus discursos ameaçadores. Todo presidente falastrão, quando despeja o traseiro na poltrona histórica, fica logo sabendo que não tem os poderes que achava que teria, mesmo quando governa o país mais poderoso do mundo. Aliás, em muitos casos suas insuficiências vêm da própria força sonhada. Um paradoxo que a realidade cuida de confirmar. Assim, é provável que ele não tenha como cumprir a metade do que ameaça.

Trump deve ter lido seu conterrâneo Steve Peiczenik, psiquiatra, assessor de quatro presidentes americanos para as questões de política externa. Escreveu ele: “Cedo verificam que não têm o poder que imaginam. O sistema os inibe, tornam-se frustrados, clinicamente deprimidos”. Diante disto, Pieczenik conclui que ser presidente nos Estados Unidos é ofício mais exigente do que se imagina.    
                                                                                                     
Já séculos atrás a sabedoria taoísta advertia para as limitações dos governantes, principalmente os que falam demais. Allan Watts, em “Tao, o curso do rio”, cita que o poder político deve ser visto como a profunda loucura da ambição, pois é um fardo sempre muito pesado para quem o detém.                                                                                                                                 


A eleição no Senado                                                                                                                    

O empreiteiro Marcelo Odebrecht (mesmo encarcerado) deverá indicar o novo presidente e o novo líder do PMDB no Senado, segundo especulações de bastidores da política em Brasília. De acordo com estas fontes (não oficiais) a bancada do Grupo Odebrecht no Senado é formada pelos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Eunício Oliveira; senadores peemedebistas que foram citados em depoimentos de colaboração premiada, por executivos da citada empreiteira, conforme vazamentos de informações à imprensa. Eles foram acusados de comercializar leis e medidas provisórias (os ‘jabotis’) e de receber propinas em nome do correligionário e presidente Michel Temer.

Quem fez o comentário (por rede social) nesta semana foi o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que também pleiteia a presidência do Senado. A eleição será no dia 1º de fevereiro.

O senador Renan Calheiros (AL), por exemplo, luta para ficar com a poderosa CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, na pior das hipóteses, com a liderança do PMDB. O Senador Eunício Oliveira sonha com a presidência do Senado, mas está nas listas oficiosas de envolvidos com a corrupção na Petrobrás.


As difíceis emendas


Boa notícia acaba de ser transmitida pelo deputado Lafayette de Andrada. Por iniciativa sua, o Orçamento de Minas para 2017  inclui emenda que destina R$ 400 mil à Santa Casa de Juiz de Fora. Sobre as emendas parlamentares, o que se tem observado é a necessidade do esforço de seus autores para ver liberadas as verbas propostas. Minas, com sua indigência, lamentavelmente não constitui exceção. No plano federal Juiz de Fora tem exemplos. Há mais de três anos os deputados Marcus Pestana e Margarida Salomão destinaram, cada um, emendas de R$ 500 mil para obras no Museu Mariano Procópio. Dinheiro que jamais chegou.



Olhar sobre 2017 

Cada um tem seu jeito de voltar os olhos para o novo ano que vai chegando. Desta vez parecem mais numerosos os pessimistas, talvez mais por precaução, pois se as coisas vierem mesmo ruins terão o direito de não se surpreenderem. Mas tudo depende da maneira de ver os fatos e como esperá-los, como explica Eduardo Almeida Reis, citando Robert White: “o otimista  acha que o copo está cheio; o pessimista, meio vazio; o racionalista acha que o copo tem o dobro do tamanho que devia ter”. Os otimistas nos desejam feliz 2017, os racionalistas transferem suas expectativas para 2018, enquanto os pessimistas empurram todas as esperanças para 2020...

Para o Brasil, seja qual for a corrente de quem espera novos tempos, o sincero desejo é que continuemos colocando as coisas nos seus devidos lugares, depois de uma desarrumação total, quase caótica. O País vai se afastando do abismo que nos ameaçava, e cuja profundidade ignoramos. Já sabemos por onde caminhar, e isto já é alguma coisa.

Conforta saber que os problemas brasileiros são toleráveis e superáveis, se os comparamos com os sacrifícios de outros povos, aqueles que enfrentam devastações provocadas pelas calamidades criadas pelos homens, como a guerra da Síria; as dores que acompanham as multidões de refugiados; ou as devastações provocadas pela natureza vingativa.

Mas esses problemas, ainda que não nos aflijam na pele, estão a sugerir que em 2017 o Brasil se deixe envolver mais nos esforços para tornar o mundo melhor. Temos mantido uma postura de indiferença diante do resto do mundo e dos desafios internacionais, que estão a insinuar a aproximação de um grande conflito das civilizações, do qual não teremos como escapar. Um conflito como previu Samuel Huntington em obra monumental.  Há o prenúncio de uma civilização das culturas, e estaremos em uma das poucas sobreviventes, a latino-americana.




Um comentário:

  1. Eu Acredito muito que o ano de 2017 seja um ano de reinventar!
    Rever métodos e metas de trabalho,fazer a diferença para conquistar o público alvo perante a concorrência que somente visa o lado financeiro sem olhar para a qualidade do produto ou serviço prestado.

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