A Pauta é Política
23 maio 2025
ZEMA EM CAMPO
O governador Romeu Zema parece decidido a deixar o cargo nas primeiras semanas de 2026, para se dedicar totalmente ao processo eleitoral. Não se trata apenas de um projeto de espectador, porque a intenção é entrar firme como candidato a vice-presidente numa chapa inspirada no centro direita. Cabeça dessa chapa será o governador Tarcísio Freitas, se considerada definitiva a inelegibilidade de Bolsonaro.
REAÇÕES
Prova de que está em curso a montagem do esquema eleitoral é que o palácio da Liberdade vai removendo peças desalinhadas de todos os escalões - primeiro, segundo e terceiro. Não importa se os ocupantes dos cargos têm suficiente força política para preocupar. Saem, substituídos por gente de confiança direta.
No rol das substituições já são conhecidos dois de Juiz de Fora: João Paulo Castro Ferreira, que ocupava assessoria especial na Cemig, e, mais recente, o ex-vereador Rodrigo Mattos, duas vezes presidente da Câmara, que durante quatro meses foi superintendente de Saúde. Atribui-se a mudança à influência do deputado Noraldino Júnior.
Outros virão.
SEM ESPANTO
No começo da semana, dentro e fora do Brasil, surpresa pelo fato de 5,5 milhões de eleitores tenham se ausentado dos três últimos pleitos; estranheza justificada, pelo fato de a legislação brasileira considerar o voto obrigatório. Na verdade, sem razão para espanto, porque o mesmo Tribunal que cobra a frequência do eleitor é o que fixa em R$ 3,10 a multa sobre o faltoso. A Justiça acha que o voto não vale mais que meia lata de cerveja…
OBRA INACABADA
Uma reforma eleitoral definitiva, permanente, sem a necessidade de periódicos consertos e adesivos, é, no Brasil, o que uma antiga lenda portuguesa definia como “obra de Santa Engrácia!”, a que nunca termina. Vê-se que é matéria que o Congresso mexe e remexe, sempre com a preocupação de ajustá-la a conveniências do momento.
Entre as dúvidas que persistem, uma, acentuada a partir da eleição presidencial de 2022, é sobre a conveniência da verificação da autenticidade do voto, com a emissão de impresso, para dar ao eleitor a garantia de que a urna eletrônica registrou verdadeiramente o candidato de sua preferência. Não se nega o avanço que representou a computação eletrônica, mas a comprovação daria uma certeza a mais sobre a destinação do voto. Vários países aderiram à precaução, em nome da legitimação. Não se entende a desconfiança que alguns setores políticos sustentam em relação ao que a própria urna deve imprimir.
O senador Marcelo Castro (MDB-PI), que se especializou em eleições, combate incertezas e temores quanto ao processo, lembrando que na eleição passada concorreram 450.000 brasileiros para os diversos cargos, sem que se registrasse uma única queixa quanto a fraudes. Mas ele se refere a candidatos, não a eleitores, que, quanto a isso, não tão seguros estão.
Castro atribui a uma psicose dos cariocas os temores quanto a eleições fraudadas, por causa do famoso caso Proconsult, de 1982, quando se montou um escandaloso esquema para transformar os brancos e nulos em votos para o candidato a governador Moreira Franco, no Rio de Janeiro, contra seu concorrente, Leonel Brizola. O senador não pode negar que, graças à veemência dos protestos e a uma contagem paralela de votos, liderada por este jornal, o Rio se levantou em nome da democracia representativa. Psicótico ou não, foi o eleitor carioca que abortou o maior crime que se tentou perpetrar contra eleições contemporâneas.
BREVE AUSÊNCIA
Inicialmente, a notícia era da ausência da prefeita, por dez dias, em viagem à Europa. Depois, falou-se da viagem, em igual período, do vice Marcelo Detoni. O que exigiu ser votada, pela Câmara, a licença temporária dos dois. E o presidente da Câmara, José Márcio Garotinho, assumiu interinamente, e fica no cargo até domingo.
A expectativa era que o vice ocupasse o cargo de prefeito, talvez marcando o período com alguma medida relevante. Mas veio a coincidência das viagens. Nada feito.
Em exercício, Garotinho registrou sua passagem pelo Executivo municipal no seu currículo político. Mas é sabido que ser prefeito efetivo é seu projeto para 2028.
DOIS
PESOS
O PT faz uma demonstração para o público externo de que há democracia interna no partido, com escolha direta com dirigentes municipais e estaduais. Mas, tratando-se de questão nacional, ora faz eleição indireta, ora faz direta. Este ano, eleição direta para presidente nacional do partido. Analistas acreditam que Lula achava que seu candidato, Edinho Silva (ex-prefeito de Araraquara), teria maior êxito. Afinal, Lula sempre deu a última ordem.
SEM REELEIÇÃO
O fim da reeleição para cargos executivos, como decidiu comissão do Senado Federal, é uma boa-nova. Porém há ainda uma longa tramitação pelo Congresso. A experiência da reeleição demonstrou como se tornou perversidade do sistema político brasileiro. O Chefe do Executivo (em todos os níveis) após eleito já pensa em continuar no poder, e usa da máquina administrativa para conseguir seu desejo.
Melhor seria se essa medida impedisse também reeleições de mandatos legislativos. Facilitaria a renovação na classe política. Porém é um sonho, infelizmente.
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