quinta-feira, 31 de maio de 2012

Inimigos divididos

Desde a batalha de Austerlitz, em dezembro de 1805, que Napoleão ensina ao mundo que a melhor maneira de vencer os inimigos é dividi-los, de forma que cada um deles possa ser atacado segundo suas forças e seus hábitos. Toda vez que há eleição com muitos flancos abertos alguém sai ganhando. O prefeito Custódio Mattos, que disputará a reeleição, pode estar entrando em campo com os principais adversários enfrentando divergências internas. Primeiro o PMDB, com duas facções defendendo condutas diferentes, e com possibilidade de não haver reconciliação. E no PT, ainda que não conteste a candidatura de Margarida Salomão, um grupo reage à aliança com os dissidentes peemedebistas e o PSB. E mais: exige que o vice seja do próprio partido, o que causa dificuldades na construção de alianças. Diante desse quadro, exultam os tucanos, porque suas divergências, ainda que existam, não chegam ao grande eleitorado.
Segundo turno
Considerados os dados de hoje, a menos que ocorram grandes mudanças, nenhuma outra eleição de prefeito, como a deste ano, teve tantos indícios de que a decisão ficará para o segundo turno. O prenúncio de três candidaturas com expectativa de votação média muito próxima está a sugerir tal previsão. O segundo turno tem acentuadas diferenças em relação ao primeiro, a começar pelo fato de que o veto pesa quase tanto como o voto. Outro aspecto é que, resumida a disputa entre dois candidatos, é que na segunda rodada estão expostos votos que não tiveram aproveitamento na primeira. Chega a assustar. Para se ter uma ideia: quando Custódio se elegeu em 2008, foram 28.524 nulos, 11.140 em branco e 54.645 abstenções. Não foi diferente o segundo turno de 2010 na eleição de Dilma: 24,7 milhões que não compareceram, 3,4 milhões que preferiram dar o voto em branco, 6,1 milhões anularam o voto.
Ainda na promessa
Tão logo assumiu, a presidente Dilma manifestou desejo de dar fim à guerra fiscal que se trava entre os estados. E vai correndo para a metade de seu mandato sabendo que os incentivos fiscais constituem desafio que ainda não foi possível superar. A desordem dos níveis com que são operados tais estímulos tem gerado e agravado um perigoso contraste entre regiões de significativa densidade industrial e outras, vizinhas de divisa, com forte identidade social, mas carentes de indústrias que possam lhes render ICMS e empregos. A presidente sabe que os estados fluminense e mineiro têm traçado uma situação ilustrativa dessa crise.
Na última hora
Os partidos que terão candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador podem escolher qualquer dia de junho, mas preferem os domingos para realizar suas convenções, na expectativa de atraírem maior número de convencionais. Para esses há três datas: 10, 17 e 24. Uma consulta realizada nesta semana com dirigentes de dez partidos indicou que a maioria dá preferência ao último domingo, tal como o PPS e certamente se dará com o PSDB.
Contribuição
O debate político que já vai começar precisa mergulhar na origem das dificuldades municipais, restando um importante papel aos sindicatos e entidades credenciadas: apontá-las aos candidatos, com base no sentimento e na experiência da população, que devem conhecer. Já advertiu recente editorial deste jornal que “é preciso ir além da formalidade dos discursos de campanha, mas isso só se obtém com a participação comunitária, o que haverá de nos permitir uma saudável inversão: antes que os candidatos nos digam o que querem, a população mostra o que exige. As entidades, sejam empresariais, sociais ou trabalhistas, devem relegar, por algum tempo, suas preocupações corporativistas, e abrir a campanha eleitoral, patrocinando debates e estudos sobre a nossa realidade de hoje e os obstáculos de amanhã, elaborando-se pautas-compromisso para os candidatos e seus partidos”
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

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