domingo, 1 de novembro de 2015




REFLEXÕES


No dia de Finados, que está para chegar, bom seria que além das visitas atropeladas aos cemitérios, a gente se prestasse a uma reflexão sobre a morte, a ela todos condenados, por mais que queiramos nos imaginar como fantástica exceção. Refletir a começar pelo fato de que a vida do homem e as relações com outrem se aperfeiçoam exatamente na valorização da morte, o que há dois mil anos tem levado os cristãos a aprender e ensinar que o verdadeiro sentido da experiência humana é estar preparada para o que vem depois. Não obstante, alguém já teria dito que bom mesmo é morrer jovem, com a idade bem avançada...

 

E se a morte é eterna, sem retornos e sem avanços, a duração do viver é o de menos, principalmente “depois de se contemplar o voo dos pássaros, a alegria das flores ao sol, as cores e linhas de um quadro de Velasquez, qualquer que seja a duração da nossa vida”, no dizer do jornalista Mauro Santayana.

E olhando melhor esse grande mistério já vivido pelos que nos antecederam, não há quem possa discordar do teólogo Leonardo Boff, quando escreve que somos inteiros, mas não prontos. Porque vamos nascendo lentamente, até acabar de nascer. É quando estamos morrendo.

Darcy Ribeiro definiu que ela “é quando a pulsão da vida que está na carne se apaga. Então a carne volta a ser o que ela é, volta à natureza cósmica. A grande coisa que há na vida é o nascimento da morte”.


O que não podemos esquecer, principalmente amanhã, é que estar vivo é estar condenado. Como diria Joel da Silveira, é a certeza de que a última batalha nós vamos perder. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário