segunda-feira, 16 de janeiro de 2017






Crise orquestrada



O fato de as tragédias penitenciárias estarem pipocando em pontos diversos do País, com idênticos sinais de desafio às autoridades do setor, somando-se a isso condutas de crueldade medieval assumidas pelos criminosos, revela que estamos  diante de uma crise orquestrada, simultaneamente inspirada e comandada por fatores externos e internos, isto é, de dentro e fora dos muros dessas casas sinistras. Internamente, as facções criminosas se eliminam em nome do controle das celas, mas há evidências de que organizações além dos presídios influem, por interesses diversos, como o comando do contrabando e do tráfico. Não seria ousadia dizer que nem a estabilidade do governo Temer está fora do alvo dessa crise. Absurdo? Certamente que não. A matança que se vê nestes primeiros dias do ano pode estar interessando a grupos ou partidos empenhados na desestabilização. Se não tanto, - quem sabe, - até uma tentativa de levar o Ministério da Justiça a mandar para casa vários criminosos políticos, como forma de esvaziar as celas ocupadas por bandidos do colarinho branco. Um argumento malandro, fútil, mas nem por isso pode ser descartado. Nada é impossível neste Brasil dos dias que correm.

Quando se fala na possível intenção de enfraquecer o governo a partir do caos penitenciário, é importante perceber como sinaliza o esforço de alguns setores em atirar todas as culpas sobre os ombros do novo ministro da Justiça, como se lhe coubessem responsabilidades, por exemplo, na superlotação das celas, problema secular, que todo dia se agrava um pouco mais.   O inferno da superlotação sobreviveu a todos os governos anteriores, e não haveria mesmo de ser solucionado por governantes que apenas acabam de chegar. Eles têm de agir, devem ser cobrados pela sociedade, mas, por agora, só podem ser condenados se cruzarem os braços, o que não é o caso.


Não seria inoportuno lembrar que as condições desumanas do estabelecimento penitenciário de Juiz de Fora em nada ficam devendo à paisagem caótica que se traçou em outras partes do País. Ponhamos nossas barbas de molho. 





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