olhar
distante
Pensam muitos que, se são
oportunas e necessárias as medidas que o governo federal vem tomando para
impedir a crescente matanças nos presídios, elas acabarão se mostrando ineptas.
Ou, quando muito, servirão apenas para adiar e agravar o problema por mais
alguns meses. A explicação estaria no fato de que a superlotação nas celas,
onde quer que estejam neste Brasil, não conseguem sensibilizar a sociedade
brasileira. Não é um problema motivador, não é capaz de se tornar atração, como
no caso da corrupção.
Em poucos dias morreram 100
presos! Diga-se de passagem que a
tragédia teve mais repercussão nas
Nações Unidas que nos organismos nacionais.
A sorte dos presos e a superlotação a que estão condenados não
interessam à opinião pública, que se dá por satisfeita com as manchetes dos
jornais e o noticiário da TV. Os brasileiros não cobram providências. Uma boa
parte dessa sociedade até acha normal a crise, porque ela resulta da disputa entre
grupos criminosos. Normal, portanto, que se envolvam em sanguinários acertos de
contas. Nem faltam os que aplaudem a mortandade. “Bandido tem é que morrer
mesmo”, lê-se nas redes sociais.
Mas, com o sem o interesse da
sociedade, o governo tem de tomar tais medidas, e muitas outras, porque já
escapou totalmente dos estados o controle dos presídios, governados pelas
facções que conseguem se sobrepor às mais fracas. São os criminosos que mandam,
e nesse ponto estamos diante de organizações paralelas, que estabelecem as
regras para os criminosos que estão em nossas ruas. O crime externo é comandado
por trás das grades. A permanecer assim estamos literalmente perdidos.
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