segunda-feira, 22 de janeiro de 2018






Governo refém


Por causa de 16 votos da bancada do Partido Trabalhista Brasileiro na Câmara, o presidente Michel Temer optou por sujeitar seu governo a uma humilhante peregrinação pelos tribunais, com a teimosia de dar posse à deputada Cristiane Brasil como ministra do Trabalho. A Justiça não a quer, pois ela já foi condenada em ação trabalhista... Uma ironia que não raro atropela as relações do governo com seus representantes. Os trabalhistas assumiram com fé a indicação, o que os credencia a insistir na deputada carioca, e acenam com os votos que podem ajudar na aprovação da reforma da Previdência, hoje uma questão de honra para o Palácio do Planalto. Sem embargo de uma evidência aritmética: dos 16 votos do PTB, certos mesmo são 14. Quatro deputados se fazem de difíceis, ameaçam não acatar a orientação do partido.

A ministra Carmém Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, avocou a si a palavra final sobre essa novela. Deve admitir a posse de dona Cristiane, para ficar com os louros do epílogo, o que deve se dar amanhã.

O episódio, perfeitamente desconfortável para um país democrático em que os poderes se respeitam, serve para mostrar, antes de tudo, que o Executivo é duplamente refém, tanto do Legislativo como do Judiciário. Desejável seria que o presidente reagisse. Não pode ceder repetidas vezes a imposições e interesses, como zeloso serviçal de pressões político-partidárias.

O País anda sofrendo muito com experiências negativas. Bom que as sofridas experiências sirvam para animar uma nova geração a varrer os vícios que as urnas ainda não souberam corrigir. 








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