quinta-feira, 10 de setembro de 2015





CINTO APERTADO


A reedição da CPMF, imposto de renda mais pesado e congelamento de obras, ainda que muitas delas essenciais. Eis alguns dos itens da prescrição medicamentosa com que o governo acena para o tratamento das enfermidades da política econômico-financeira, que, digamos, talvez com uma dose de pessimismo, já se internou no CTI. Observe-se que, sem qualquer toque de criatividade, o recurso anunciado é o de sempre: transferir o ônus para os ombros do contribuinte. Nem o doutor Lery, considerado um especialista experimentado, cuidou de buscar receita mais criativa, e também manda transferir mais alguns quilos dos erros do governo para o costado de um País que já ostenta um primeiro lugar olímpico entre os mais cruéis e famintos na relação com os contribuintes.

Recorrendo aos sacrifícios de costume, que sabe muito bem transferir, o governo também vai deixando de lado a ideia da redução do número de ministérios, anunciada como contrapartida da pena a ser aplicada sobre a população. Poucos acreditaram ou ainda acreditam nesse corte na carne, até porque a redução de cargos significaria reduzir fontes de atendimento aos interesses políticos da base de apoio parlamentar. Sem cargos disponíveis e oferecidos o governo não respira.




VERSO E REVERSO


Não é coisa que se ignore a peste com que as drogas vêm que assolando a população jovem do Brasil e do resto do mundo, já com a certeza sinistra que estamos assistindo à derrocada de uma geração inteira, sem que se tenham à mão, pelo menos de imediato, recursos eficazes para conter o ritmo da tragédia.

Mas essa tragédia tem um segundo lado não menos desanimador, tomando-se por base fatos que se tornam conhecidos nos relatos de educadores diretamente envolvidos nas políticas municipais de combate ao tráfico e consumo de drogas. São os casos, não raros, de meninos e meninas que enfrentam o problema da dependência dos pais que vivem permanentemente drogados.

Em um determinado bairro, numa casa já por si miserável, duas meninas são obrigadas à tarefa diária de lavar o quarto comum, que fica num ambiente insuportável depois dos constantes vômitos da mãe, usuária de drogas, em quem os malefícios aumentam em razão da alimentação insuficiente.


Em outro caso, não menos trágico, duas adolescentes, já trabalhando, são muitas vezes chamadas a deixar a empresa e correr a Benfica para retirar da rua a mãe totalmente drogada e caída. 





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