quarta-feira, 30 de março de 2016






MOMENTO POLÍTICO


1 - Uma coisa que o alto comando do PMDB não pode negar é que a decisão de desembarcar do governo Dilma coincide, num prazo não muito longo nem muito curto, com o projeto de chegar ao poder, tomando-se os cuidados necessários para que isso seja resultado não de conspiração mas dos próprios tropeços do PT. As críticas feitas ao governo não escapam das vias legais, mas o sonho é mesmo levar Temer a assumir a cadeira de Dilma, e a ela debitando todas as culpas. Interessantes os cuidados que estão sendo mantidos, um deles é que na reunião relâmpago que votou o desenlace providenciou-se para que a decisão se fizesse por aclamação. Claro, o partido quis preserva a impessoalidade da votação. Em um plenário onde se aclama, a decisão não tem rosto. Ninguém tem de enfrentar constrangimentos nem ser cobrado, se a coisa acabar não dando certo e se dona Dilma se recompuser, mesmo que hoje isso pareça impossível.

A aclamação não foi um gesto de unanimidade, mas de impessoalidade, o que também pode ajudar o partido a escamotear o fato de diretórios de cinco estados não terem comparecido. Dispensada a contagem dos votos substituídos pelas palmas evitou-se também a obrigação de expor setores contrários ao desembarque, estes em monumental minoria.

Se obtiver êxito o plano de substituir dona Dilma, o PMDB terá de exercitar a arte de enfrentar os desgastes do poder, porque há tempos que usufrui os benefícios decorrentes de uma maioria no Congresso sem ter de batalhar muito. O partido gostou do papel de amigo do rei, sem os aborrecimentos do reinado. Eis a novidade que pode ocorrer.


2 – Sobre as imensas dificuldades do governo, vale citar a situação de constrangimento da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Ela decidiu enfrentar seu partido, o PMDB, diz que não cumpre a ordem de entregar o cargo, e não se desfilia. Mas corre o risco de sair à força, poque todos os órgãos de representação da agricultura e pecuária do País apóiam o impeachment da presidente Dilma. Kátia não tem com quem conversar no ministério. Ao seu redor, todos contra.


3 – O deputado tucano Marcus Pestana não mais alimenta dúvidas quanto ao próximo fim do governo Dilma. Ontem ele arriscou um placar para a Comissão Processante do impeachment: 40 a favor e 25 contra. Com isso, a proposta seguiria para o plenário, onde o deputado acha que a matéria contará com 342 votos necessários para subir ao Senado.





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