quarta-feira, 29 de junho de 2016







VIOLÊNCIA EM CENA


O psicólogo juiz-forano Jacob Goldberg, que tem seus primeiros anos de vida no velho Granbery, hoje trabalhando em S.Paulo, onde tem um dos consultórios mais procurados. Foi interessante a palestra que pela televisão ele tratou da delinquência juvenil, tema que ganha preocupante atualidade, quando se sabe que dois entre três menores que se entregaram ao crime não tiveram convivência com o pai. Ficaram confiados à mãe ou a parentes, estes também ausentes por terem de trabalhar. Jacob adverte para a importância de os meninos estarem com o pai, não apenas com a mãe. O pai, estando ausente, contribui para que o menor busque nas ruas e no convívio com estranhos a figura do herói e do protetor que não encontra em casa. Esse herói, não raro, será o bandido, que não tem regras nem leis para obedecer e é um péssimo professor.

O pronunciamento do psicólogo juiz-forano sugere reflexões mais demoradas, numa sociedade em que os meninos   estão cada vez mais esquecidos e carentes de amor.

Outra intervenção no campo da violência e do crime é do engenheiro civil Marcelo Frank, que trata da questão diretamente frente aos desafios de Juiz de Fora nesse campo. Transcrevo sua reflexão, intitulada “O Município e a segurança pública”.

"A violência está presente também em Juiz de Fora. Os dados estatísticos demonstram essa perversa evolução. Os homicídios e as tentativas de homicídios registrados na cidade revelam uma reprodução do fenômeno da violência, que acontece nas regiões metropolitanas do país. Juiz de Fora já foi uma cidade boa de viver, relembram os habitantes mais antigos. A população um dia se orgulhou desse valor. Hoje os moradores desta cidade compartilham suas apreensões da intranquilidade de ir e vir pelas nossas ruas.

Os governos e a sociedade precisam, com certa urgência, tomar decisões capazes de inibir a progressão desses fatos lamentáveis, sob o risco da situação sair do controle. Afinal, segurança pública é um direito humano! E como tal devemos lutar por ele. Bem sabemos das causas estruturais que contribuem para o fenômeno da violência, mas também conhecemos programas governamentais que têm se revelado ineficazes no enfrentamento da questão.

O diálogo entre governo e sociedade precisa evoluir de forma que a insegurança pública possa diminuir. O município se defronta com a situação de insegurança e o cidadão destina a demanda ao gestor municipal. Mas a competência é do governo estadual. Isto é verdade por preceito legal. Entretanto, as polícias não estão dando conta da escalada de violência. As políticas públicas sociais que objetivam a inclusão social precisam de mais recursos para diminuir a quantidade de jovens envolvidos na violência urbana.

O que fazer? Como o município pode contribuir para melhorar a sensação de segurança do cidadão? O prefeito pode melhorar a segurança pública da cidade quando estabelece parceria com o governo estadual em diversos aspectos dentro de sua competência legal. Um exemplo é quando a Prefeitura, através do setor atinente ao assunto, mantém a iluminação pública de forma permanente e abrangente. As correções de defeitos e a substituição de lâmpadas queimadas precisam muito da rapidez. Outro exemplo de cooperação são as câmeras de vigilância em logradouros, inibindo os crimes ou ajudando a identificar criminosos. Nestes casos a manutenção do serviço precisa ser efetiva nas ruas, praças e demais espaços públicos.

As iniciativas citadas anteriormente já existem em nossa cidade, podendo ser aprimoradas e otimizadas. Outras poderiam ser lembradas caso fosse feito um inventário completo dos acordos de cooperação entre os governos municipal e estadual. O que nos preocupa é a possibilidade de municipalização da segurança pública, assim como ocorreu com a saúde e a assistência social. Na prática, o município recebeu as obrigações de atendimento dessas políticas públicas, mas sem o necessário aporte de recursos. As guardas municipais, que inicialmente se destinavam à proteção do patrimônio de propriedade do município, gradativamente tendem a absorver outras tarefas da segurança pública.

As próximas eleições municipais vão proporcionar o debate deste assunto, e os candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal deviam elaborar suas propostas para o tema, de forma objetiva e sem onerar mais o orçamento municipal. O aprofundamento do tema pode inserir soluções possíveis para o problema da segurança sem desconhecer as causas estruturais e sem cair na tentação de municipalizar mais uma política pública".



MEMÓRIA (X)


Muito mais que o concurso de uns poucos homens deslocados para dar combate aos paulistas de 1932, Juiz de Fora se inscreveu na crônica daquele conflito constitucionalista graças a uma atitude corajosa do juiz-forano Hélio Lobo, advogado e deputado. Naquele ano, estando a serviço da embaixada brasileira na Holanda, ele se recusou a dar visto em documentos de despacho de armas e munições para o Brasil, que teriam logo o destino da frente de luta contra os rebeldes. Negou-se, mesmo sabendo que tal atitude poderia comprometer sua carreira. Em carta pessoal ao presidente Getúlio Vargas, Hélio explicou que assinando a documentação consular estaria contribuindo para o morticínio de jovens idealistas, referindo-se aos soldados de São Paulo.  






Nenhum comentário:

Postar um comentário