domingo, 14 de abril de 2013

A campanha está aberta

No final de semana, ao mesmo tempo em que o ministro Pimentel, virtual candidato do PT ao governo de Minas, garantia que é muito cedo para falar de eleição, que só virá dentro de 17 meses, o vice-governador Alberto Pinto Coelho parecia ter outro entendimento sobre o uso do tempo. Desejado pelo PP na sucessão de Anastasia, ele foi a Muriaé para o lançamento do programa Pró-Município, que tem todos os indícios de uma campanha eleitoral já em curso. Esse programa prevê a próxima destinação de R$ 350 mil a cada município, para que o prefeito aplique da forma que achar mais conveniente. Para uma pequena prefeitura, isso é um presentão.
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Mesmo com seu candidato em campanha, o PP sabe ser insuficiente a disposição pessoal de Pinto Coelho, que, segundo o presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, também na disputa, tem apoio de segmentos do PP, não de todo o partido. Há duas barreiras para o PP superar. A primeira é remover os tucanos do desejo de continuar no Palácio da Liberdade. A segunda é conciliar sua pretensão com o projeto presidencial do senador Aécio Neves.
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Por falar em campanha eleitoral, o ex-presidente Lula está desembarcando em Minas, onde criou um constrangimento que exige solução imediata, sob pena de causar dificuldades futuras. Empenhado em abrir a carreira política de Josué, filho do ex-vice-presidente José Alencar, ele está forçando para que o rico empresário seja candidato ao governo de Minas. O alvo do projeto é o PMDB, que se ressente. Lula já havia tentado o PT, mas o partido recusou logo, segundo informou ontem o jornalista Cláudio Humberto.
Quando o tiro
sai pela culatra
Os deputados tiveram a boa intenção de ampliar direitos e garantias dos empregados domésticos, mas correm o risco de terem desconsiderado que a lei, de tão generosa, pode acabar em prejuízo para quem ela pretende atingir. Precisam refletir sobre o que escreveu José Pastore, considerado autoridade nacional em relações do trabalho, citando outro especialista, Osmani Teixeira: “Em médio prazo, vai sobrar empregada doméstica, porque muitos empregadores não terão condições de cumprir a nova lei. Na empresa, quando há um aumento de custo, o empresário o repassa ao preço ou o retira do lucro. O empregador doméstico não tem como fazer isso, porque geralmente é empregado e vive de salário, que não é elástico”.
Uma vitória
sobre a morte
A reunião de hoje à tarde do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural terá uma cadeira vazia. A mesma em que, por quase uma década sem ausências, sentou-se Wilson Jabour Júnior, insuperável no ânimo de defender pessoas, fatos e obras que a cidade tem obrigação de guardar do seu passado para exemplo de todas as gerações futuras. Essa vida breve, que um infarto impiedoso interrompeu no exato momento em que acenava mais promissora do que nunca, fica como a vitória sobre o destino cruel, porque foi uma vida plena de realizações; muitas e notáveis realizações. A morte, que o poeta Bandeira disse ser a indesejada das gentes, no caso de Wilsinho sai humilhada no projeto sinistro de correr contra o tempo e antecipar seu fim. A morte apressada fracassou, porque nele os cinquenta anos foram suficientes para fazer o que outros só fariam em um século. Na manhã desolada de sábado, quando o corpo se foi para sempre, os amigos só tinham a consolá-los a certeza de que ele não partiu sozinho, porque se deixou muito de si também levou muito de nós.
Nasce proposta
para os jovens
Dimas Fagundes, do primeiro ano do ensino médio, foi eleito presidente do Grêmio Estudantil do Colégio dos Jesuítas. Sua chapa, “Inove”, uma das três concorrentes, venceu por 450 votos contra 383, quando a disputa foi para o segundo turno. Nasceu aí um projeto que se propõe a desenvolver atividades para a conscientização dos jovens em relação ao meio ambiente, à atualidade política e sua valorização, com base no estudo e na discussão acadêmica. O engajamento da juventude no aperfeiçoamento das instituições é o que de melhor se pode desejar ao Brasil.
Valorizar a
prata da casa
Não faltará quem seja capaz de instar a direção nacional do PMDB a acolher e ampliar proposta de setores do partido em Minas empenhados, desde agora, em forçá-lo a entrar em 2014 com o propósito de disputar com seus candidatos, abandonando a tendência de praticar acordos que o levem a abrir mão de correr em raia doméstica. Mas é um movimento que terá êxito, no máximo, em Minas e alguns outros poucos estados, porque, quanto à presidência da República, Michel Temer já definiu apoio a Dilma e à sua própria permanência como vice. Os peemedebistas mineiros podem se ver absorvidos pelo esquema nacional. Desde a chegada de José Sarney à presidência da República, após a morte de Tancredo Neves, o PMDB esteve no poder, sem ter de enfrentar grandes testes de urna.
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O partido, sempre com uma poderosa bancada de parlamentares no Congresso, deu sustentação aos governos nas crises, com Collor e depois Itamar, e, em seguida, ajudou Fernando Henrique a ficar no poder por oito anos, aprovando sua reeleição. Quando Ulysses Guimarães e Itamar Franco quiseram ser candidatos, a preferência pela adesão ficou clara. O primeiro, abandonado; o segundo, nem aceito. Na sequência, o partido socorreu o governo Lula desde o início do mensalão. E adquiriu a condição de participar do consórcio de poder com a eleição da presidente Dilma.
Dívidas que
dividem
No fim de semana, em uma entrevista radiofônica, o ex-prefeito Custódio Mattos deixou o silêncio, para se defender da acusação de que legou dívidas ao seu sucessor, afirmando que os recursos para honrar compromissos foram passados em ordem, o que inclui a primeira parcela para o novo prefeito tocar as obras viárias. A administração anterior, através de seus colaboradores, tem alegado que, tanto o problema da dívida não existiu, que assessores responsáveis e ex-vereadores do PSDB foram convidados a integrar a nova equipe, até com poderes ampliados, o que seria um aval das responsabilidades transferidas. Em defesa de Bruno levantou-se o ex-prefeito Tarcísio Delgado, ao comentar em seu blog, com a ressalva de estar “bastante afastado das atividades da administração”, que imagina que o novo prefeito realmente tem enfrentado dificuldades com a situação financeira da Prefeitura, “porque já conhecia, desde 1977, a forma como o ex-prefeito Custódio deixa a Prefeitura, em péssimas condições financeiras”.
(( publicado também na edição desta segunda-feira do FOLHA JF ))

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