quinta-feira, 11 de abril de 2013

Duplo desafio para os partidos

A partida para as eleições de 2014 será dada dentro de seis meses, quando se cumprirá a primeira exigência da legislação, isto é, os candidatos deverão estar com filiação partidária definida, o que terá de ser cumprido tanto pelos novatos como os já filiados e que pretendem mudar de sigla. Em relação a Juiz de Fora, tomando-se por base as previsões até agora conhecidas, não haverá mudanças significativas pois os deputados que tentarão a reeleição e os que disputarão pela primeira vez já estão em seus devidos lugares. Surpresa, se houver, será mínima, talvez no PMDB, onde o grande atrativo é a esperança de ganhar cobertura do prestígio do prefeito.
Logo depois,
outro desafio
O segundo desafio partidário, este independentemente de serem novos ou veteranos os candidatos a deputado, é procurar sensibilizar o eleitorado para que prestigie os que têm domicílio eleitoral em Juiz de Fora ou na microrregião. O município e seis vizinhos têm nos seus colégios eleitorais a tradição de contemplar candidatos de lugares distantes. Em Juiz de Fora, mais que em qualquer município da Zona da Mata, os chamados “paraquedistas” levam muita vantagem: nos últimos dez anos eles abiscoitaram cerca de 30% dos votos. Todos desapareceram depois de eleitos.
Deputados
podem ajudar
Num modelo político como o atual, em que os deputados não conseguem legislar, mas têm poder de pressão junto ao governo, o município com parlamentares em sua base pode encontrar maior facilidade para levar avante suas postulações. Diferentemente do que ocorre com o prefeito Bruno, que representa população de 600 mil, e quando trata com o governo estadual tem apenas um deputado estadual e um federal para ajudá-lo.
Responsabilidade
dos partidos
Um movimento que pretendesse favorecer os candidatos mais identificados com a microrregião de Juiz de Fora não excluiria – pelo contrário exigiria - o total engajamento dos partidos, começando por apresentar ao eleitorado nomes qualificados. Nem sempre seus dirigentes se deixaram pautar pelo interesse coletivo. Em ocasiões anteriores ocorreu de alguns partidos, em sua maioria os chamados ”nanicos”, darem apoio a aventureiros em troca de interesses que não eram os mesmos da população. Somados os indesejáveis à sua inviabilidade eleitoral, eles ajudaram a diluir os votos e comprometer a representação parlamentar. Não se elegeram e ajudaram outros a não se eleger.
Entidades
são chamadas
Se os partidos não podem ser excluídos de uma responsabilidade desse vulto, não menos as entidades de representação classista, supondo-se que conheçam questões que afetam suas áreas respectivas, e que refletem interesses coletivos. Tanto como os partidos, as entidades de trabalhadores ou patronais, as culturais e sociais, podem exercer papel corporativista e municipalista, como forma de ampliar a bancada de deputados. Os evangélicos são a prova do corporativismo bem sucedido a serviço da política, e suas bancadas o atestam.
Antiga e sempre
esquecida lição
Descoberta num sebo da cidade a coleção de artigos que Paulino de Oliveira publicou no velho “Diário Mercantil”, deles fazendo parte um decálogo atribuído ao prefeito Menelick de Carvalho sobre os assessores. É textual: “O mal em nomear assessores só por causa de reciprocidades e acordos políticos é que eles passam todo o tempo trabalhando para ganhar na eleição seguinte. Mas, se em meio do caminho são destituídos ou substituídos, passam a trabalhar contra o prefeito, ainda que a ele tenham jurado lealdade”.
Mulheres tucanas
entram em portal
Na quarta-feira, as militantes do PSDB vão inaugurar, com portal na internet, um novo instrumento de luta que condena a discriminação, preconceito e violência sofrida pela mulher. Mais que a política, o que se pretende é discutir a situação feminina na sociedade brasileira, suas ideias e propostas. O partido quer estimular o novo portal, pois considera que já tem uma história de pronunciamentos contra os modelos de uma sociedade machista.
Nova onda de
privatização
Não tinham razão os que queriam crucificar o PT pelo fato de seu governo reagir à iniciativa privada, mesmo que a ela fossem confiados três dos mais importantes aeroportos do País; e mesmo que muitos ainda estejam engolindo seco o mesmo caroço que repugnavam nos tempos de Fernando Henrique. Agora, com os prenúncios de uma nova onda privativista, petistas e tucanos se aliam no pragmatismo, para confirmar o economista Gilberto Ramos: a esquerda nada mais é que a direita quando está fora do poder. Delfim Neto (quatro vezes recebido por Dilma) ro não via de outra maneira: “nada é mais parecido com o governo do que a oposição no governo”. Seria impossível, dizem deputados do PT, cobrar da presidente que deixe de fazer o que a sensatez recomenda, sem apelos à ideologização, mas com pés e mãos na realidade.
Mais tempo
na cadeia
Sete décadas atrás, o Código Penal estabeleceu em 30 anos o tempo máximo para que alguém cumprisse pena por crime praticado, não faltando quem observasse que, em rigor, aplicava-se a prisão perpétua. É que naquele tempo a expectativa de vida do brasileiro era de 45 anos. Se o criminoso fosse condenado a ficar preso dois terço da vida provável, quando tinha mais de 18 pelo delito, a contabilidade de sua tragédia acabava levando à prisão perpétua. Hoje, se o brasileiro goza de expectativa de 70 anos, a pena máxima deve seguir a ordem do tempo. Deve subir para 50 anos. É o que propõem quatro projetos que estão na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, um deles herança de Demóstenes Torres, pouco antes de deixar Congresso sob severas suspeitas. Mas, com ele ou sem ele, a revisão da pena merece ser discutida.
(( publicado também na edição desta sexta-feira do FOLHA JF ))

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